CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ FERNANDA AMARAL GAMA DOMISSANITÁRIOS CLANDESTINOS

Documentos relacionados
DETERMINAÇÃO DE TEOR DE HIPOCLORITO DE SÓDIO EM ÁGUAS SANITÁRIAS. Introdução

Registro de Água Sanitária e Alvejante

RESINA FENÓLICA PARA FUNDIÇÃO - DETERMINAÇÃO DO TEOR DE FENOL LIVRE

Prova de conhecimento em Química Analítica DQ/UFMG

QUI219 QUÍMICA ANALÍTICA (Farmácia) Prof. Mauricio X. Coutrim

TITULAÇÃO EM QUÍMICA ANALÍTICA

MÉTODOS ENVOLVENDO O IODO, I 2 TITULAÇÃO IODOMÉTRICA. O par redox iodo/iodeto pode ser caracterizado pela semi- reação,

AULA PRÁTICA N 15: DETERMINAÇÃO DE PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO NA ÁGUA OXIGENADA Volumetria de oxirredução permanganimetria volumetria direta

AULA 3. Soluções: preparo e diluição. Laboratório de Química QUI OBJETIVOS

Reconhecer as vidrarias volumétricas utilizadas no preparo de soluções;

QUÍMICA - 3 o ANO MÓDULO 24 DILUIÇÃO DE SOLUÇÕES

FISPQ FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS

Orientações para os consumidores de saneantes

Calcule o ph de uma solução de HCl 1x10-7 mol L-1

TITULAÇÃO EM QUÍMICA ANALÍTICA

PRÁTICA 05 - DETERMINAÇÃO DE CLORO ATIVO EM ÁGUA SANITÁRIA E DETERMINAÇÃO IODOMÉTRICA DE ÁCIDO ASCÓRBICO

ENTRAR SEMPRE EM CONTATO COM O CENTRO DE AUXÍLIO TOXICOLÓGICO CEATOX

Qui. Professores: Allan Rodrigues Xandão Monitor: Thamiris Gouvêa

INTRODUÇÃO A TITULAÇÃO

FUVEST 1999 Prova de Química. Magnésio e seus compostos podem ser produzidos a partir da água do mar, como mostra o esquema a seguir:

VOLUMETRIA DE NEUTRALIZAÇÃO.

Volumetria. Procedimentos gerais

Estudo Estudo da Química

a) Escreva os nomes das substâncias presentes nos frascos A, B e C. A B C

Aprender a preparar soluções aquosas, realizar diluições e determinar suas concentrações.

Equipe de Química QUÍMICA

LISTA DE EXERCÍCIOS # 05 QUÍMICA ANALÍTICA PROF. Wendell

Lista de Exercício. Professor: Cassio Pacheco Disciplina: Química 2 Ano Data de entrega: 04/03/2016. Concentração Comum

Circuito Indeba de Treinamento Química Básica I Aplicada a Higienização

INTRODUÇÃO À TITULOMETRIA PADRONIZAÇÃO DE SOLUÇÕES. META Determinar a concentração de ácido clorídrico por titulometria de neutralização.

Ficha de informações de segurança de produto químico FISPQ PRODUTO: SABÃO LÍQUIDO PEROLADO

INTRODUÇÃO A TITULAÇÃO

OL Combo Dengue NS1/IgG/IgM

Esclarecimentos sobre a Resolução RDC nº. 13/07

TITULAÇÃO EM QUÍMICA ANALÍTICA

LABORATÓRIO DE QUÍMICA QUI126 2ª LISTA DE EXERCÍCIOS

Esclarecimentos sobre a Resolução RDC nº. 14/07

QUÍMICA TITULAÇÃO ,0 ml de uma solução de NaOH neutralizam totalmente 10,0 ml de uma solução de HNO

Nome químico comum ou técnico N CAS Concentração ou faixa de concentração % Hidróxido de Sódio ,5%

Universidade Federal de Sergipe Departamento de Química Química Analítica Experimental Prof. Marcelo da Rosa Alexandre Alunos:

PROVA FINAL DE QUÍMICA ANALÍTICA 1 /2015 Departamento de Química - Setor de Química Analítica

3ª Série / Vestibular. As equações (I) e (II), acima, representam reações que podem ocorrer na formação do H 2SO 4. É correto afirmar que, na reação:

Questões dos exercícios avaliativos para QUI232 t. 43, 44 e 45 em , Prof. Mauricio

PRÁTICA 01 - INTRODUÇÃO AO TRABALHO NO LABORATÓRIO DE QUÍMICA ANALÍTICA E PREPARO E PADRONIZAÇÃO DE SOLUÇÕES

2ª SÉRIE roteiro 1 SOLUÇÕES

FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTO QUÍMICO

FISPQ FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS

PRÁTICA: EQUILÍBRIO QUÍMICO EM SOLUÇÕES. CH3COOCH2CH3 + H2O CH3COOH + CH3CH2OH (1) Acetato de etila água ácido acético etanol

SUPER GLOBO QUÍMICA LTDA

Nome químico comum ou técnico N CAS Concentração ou faixa de concentração % Hidróxido de Amônio 25% ,10 0,20%

ECOWAY TECNOLOGIA SUSTENTÁVEL

TÍTULO: ANÁLISE TITRIMÉTRICA (Volumétrica)

REAGENTES H 2 C N CH 2 CH 2 N CH 2

RIZE SOFT 2% Não irritante. Irritante leve. Caso ocorra o fato, procurar um oftalmologista.

OQ-SP 2012 Exame da Fase Final Nota parcial. Série: 2ª ou 3ª; Ingresso: Redação Fuvest ORRP TVQ; Senha [ ] Parte I Experimentos de combustão da vela

QUÍMICA - 3 o ANO MÓDULO 25 MISTURA DE SOLUÇÕES

FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS (FISPQ)

FISPQ Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos

Química Analítica I Tratamento dos dados analíticos Soluções analíticas

1. PREPARO DE SOLUÇÕES E TITULAÇÃO

FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTO QUÍMICO FISPQ LIMPADOR A BASE DE ÁLCOOL

FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS (FISPQ) HIPOCLORO

FISPQ FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS MSDS MATERIAL SAFETY DATA SHEET ABNT NBR 14725

FISPQ FICHA DE INFORMAÇÃO E SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS. MPQ Higiene e Limpeza

Não é Toxico A composição adequada para uso em alimentos garante que Sumaveg não provoca nenhum dano ao organismo quando utilizado corretamente.

Tratamento de Água: Desinfecção

FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS (FISPQ) Revisão: 03 Aprovação: 17/06/2015 Página 1 de 6 RIZE CHLOR

Preparar e fazer cálculos prévios para o preparo de soluções diluídas a partir de soluções estoque;

ECOWAY TECNOLOGIA SUSTENTÁVEL

DILUIÇÃO DE SOLUÇÕES. É o processo que consiste em adicionar solvente puro a uma solução, com o objetivo de diminuir sua concentração SOLVENTE PURO

FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos) Mon Bijou Amaciante de Roupas

RESOLUÇÃO - RDC No- 55, DE 10 DE NOVEMBRO DE 2009

CURVAS DE TITULAÇÃO REDOX

1 Titulação Redox (Volumetria de Oxirredução)

Química Fascículo 06 Elisabeth Pontes Araújo Elizabeth Loureiro Zink José Ricardo Lemes de Almeida

NEUTRALIZAÇÃO: UMA REACÇÃO DE ÁCIDO BASE

Prof a. Dr a. Luciana M. Saran

1-) IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO E DA EMPRESA:

FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS (FISPQ) RIZE SOFT 1%

FISPQ FICHA DE INFORMAÇÃO E SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS

Diluição de soluções

Crivialli Indústria de Produtos de Higiene e. FISPQ - Ficha de Informação de Segurança de Produto Químico

Alexandra Silva Fernandes

FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos)

CONCURSO PÚBLICO UERJ 2010

Substâncias que Contribuem - Hidróxido de Sódio à 50% e Hipoclorito de Sódio à 12%

Vigilância Sanitária de Saneantes

FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS (FISPQ) Revisão: 03 Aprovação: 09/06/2015 Página 1 de 6 RIZE SOFT 2%

Aprender a utilizar um medidor de ph e indicadores para medir o ph de uma solução.

LG INDUSTRIA QUIMICA LTDA

FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS FISPQ. Água sanitária / Solução de Hipoclorito de Sódio

C O L É G I O I M P E R AT R I Z L E O P O L D I N A

mol / kg de água do mar NaCl 0,4186 MgCl 2 0,0596 Na 2 SO 4 0,02856

Meu Deus, ajude me a passar na prova de Química. Amém. a) 0,9. b) 1,3. c) 2,8. d) 5,7. e) 15.

PRÁTICA 07: PADRONIZAÇÃO DE SOLUÇÕES

Prof.: Fernanda Turma: TR. Tema da aula: Diluição de Soluções. Figura 1. Diluição de uma solução genérica.

FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS.

FISPQ FICHA DE INFORMAÇÃO E SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS. Perfumax (versões Floral Frutal, Frutas Vermelhas, Laranja, Marine) Razão Social:

Transcrição:

CENTRO UNIVERSITÁRIO FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ FERNANDA AMARAL GAMA DOMISSANITÁRIOS CLANDESTINOS SANTO ANDRÉ 2005

FERNANDA AMARAL GAMA DOMISSANITÁRIOS CLANDESTINOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Filosofia Ciência e Letras do Centro Universitário Fundação Santo André, como exigência parcial para obtenção do grau de Bacharel em Química. Orientador: Júlio Cezar Foschini Lisbôa SANTO ANDRÉ 2005

FOLHA DE APROVAÇÃO Candidato (a): Fernanda Amaral Gama Título: Domissanitários Clandestinos A Banca Examinadora dos Trabalhos de Conclusão de Curso de Graduação, em sessão pública realizada a 03/06/2006, considerou o (a) candidato (a): (X) Aprovada ( ) Reprovada 1) Examinador (a) Prof. Dr. Heron Dominguez Torres da Silva 2) Presidente Prof. Júlio Cezar Foschini Lisbôa SANTO ANDRÉ 2005

DEDICATÓRIA Aos meus queridos pais: Dorival e Maria pelos momentos de dedicação, incentivo, carinho e grandes ensinamentos de caráter, honestidade e humildade. Este trabalho é dedicado à vocês que sempre acreditaram e sonharam com a minha formação. Muito obrigada.

AGRADECIMENTOS Ao bom Deus pela força e coragem que me deu para enfrentar os inúmeros obstáculos ao longo deste anos. À minha querida família: Dorival, Maria, Francine e Felipe, pela paciência, incentivo e por serem o meu porto seguro. Ao meu amor Thiago, pela compreensão durante estes anos. Aos meus amigos acadêmicos: Adriana Gallene, Camila Corazim, Fernanda Pedro, Lucineide Inácio, Wálace Anderson, pela amizade, companheirismo, ajuda mútua e por fazerem parte da minha vida. Aos amigos da empresa ITW Chemicals, pela importante ajuda neste trabalho. À minha amiga Adriana Bandeira, por partilhar seus conhecimentos. Ao Prof. Júlio César Foschini Lisboa, pela dedicação e orientação a este trabalho. À Dra. Neuza, médica sanitarista do Centro de Controle de Intoxicações do estado de São Paulo (CCI), pela disposição e empenho com que me auxiliou. E a todos aqueles que de alguma maneira contribuíram para a realização deste trabalho.

EPÍGRAFE De tudo ficam três coisas: a certeza de que estamos sempre começando, a certeza de que precisamos continuar e a certeza de que seremos interrompidos antes de terminar. Portanto, devemos fazer da interrupção um caminho novo, da queda, um passo de dança, do medo, uma escada, do sonho, uma ponte, da procura, um encontro. (Fernando Pessoa)

RESUMO A incidência de intoxicações por domissanitários vem sendo relatada nas diversas partes do mundo, e atualmente, estes produtos constituem uma das principais causas de intoxicações humanas motivadas por diferentes meios e causas. Alguns fatores determinam a periculosidade do uso de domissanitários tais como: concentração, método de aplicação, modo de fabricação, tempo de exposição, etc. O projeto tem como objetivo verificar se a água sanitária clandestina encontra-se dentro dos padrões exigidos pela vigilância sanitária para a comercialização, os riscos que o usuário corre ao utilizar domissanitários clandestinos e a dificuldade em socorrer vítimas de acidentes com esses produtos. Para isso foi utilizado método de análise para determinação de cloro ativo, através de análises físico-químicas da água sanitária e medidas de ph com peagômetro. Palavras-chave: intoxicações; água sanitária; cloro ativo.

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...Erro! Indicador não definido. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...11 2.1 A água sanitária...14 2.2 O hipoclorito de sódio...15 2.3 O cloro ativo...16 2.4 Como identificar os produtos clandestinos...17 3. A ESTATÍSTICA...19 4. METODOLOGIA...23 4.1 Amostragem...23 4.2 Ensaios...23 4.2.1 O ph...23 4.2.2 Teor de cloro ativo...24 4.3 Materiais e reagentes...25 4.4 Procedimento...26 5. CÁLCULOS E RESULTADOS...27 6. CONCLUSÃO...35 7. REFERÊNCIAS...37 8. GLOSSÁRIO...39

9 Quando o consumidor adquire um produto clandestino, não tem qualquer tipo de garantia sobre a confiabilidade do que está comprando e os riscos que tais produtos podem trazer a saúde e segurança de quem compra. Produtos domissanitários são desinfetantes, águas sanitárias, inseticidas, amaciantes, detergentes e raticidas. Os domissanitários clandestinos são comercializados por ambulantes em carros, peruas, caminhões, etc., sem autorização do Ministério da Saúde e na maioria das vezes sem um Químico responsável registrado no Conselho Regional de Química (CRQ). Geralmente são embalados em garrafas de refrigerantes reaproveitadas, com líquidos coloridos, aparentemente inofensivos, mas em geral são grandes responsáveis por casos de graves intoxicações, queimaduras, problemas respiratórios, irritações e até morte. Um dos maiores problemas é o desconhecimento sobre o conteúdo das substâncias, pois em casos de acidentes com uma vítima de um produto clandestino, não há informações sobre os componentes da fórmula e quais procedimentos devem ser adotados. Em 2001, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) realizou em São Paulo, uma pesquisa para Abipla (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e afins), que analisou a venda nas ruas dos seguintes itens: água sanitária, detergentes, multiusos, amaciantes e desinfetantes. O estudo constatou que cerca de 42% da água sanitária, 30,6% dos desinfetantes e 15,2% dos amaciantes vendidos são clandestinos. (RAYMUNDI,V., 2005). Um dos aspectos mais graves do uso de domissanitários clandestinos é que grande parcela das vítimas por intoxicações é formada por crianças.

10 A fabricação clandestina de domissanitários é uma fonte de renda para muitos desempregados. Sem registro junto à Vigilância Sanitária e sem um cadastro nacional de pessoa jurídica (CNPJ), os fabricantes atuam na informalidade e não têm conhecimento do perigo de manipular os produtos químicos. (RODRIGUES, N., 2004). O objetivo deste trabalho é analisar de forma simples, água sanitária clandestina e comparar com a comercializada legalmente e os riscos que ela apresenta para a sociedade.

11 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Domissanitários são produtos destinados à limpeza, desinfecção e desodorização de superfícies fixas inanimadas, em geral de uso doméstico, que entrem em contato direto ou indireto com o ser humano. Os domissanitários são de grande importância, pois acabam com a sujeira, germes, bactérias, evitando assim, doenças causadas pela falta de limpeza dos ambientes. Podemos citar, como exemplos de domissanitários, detergente, sabão em pó, cera, água sanitária, desinfetante, amaciante, inseticida, repelente de insetos e raticida. Todos esses domissanitários para serem comercializados, devem seguir normas legais e técnicas e obter autorização do Ministério da Saúde para cada produto colocado à venda. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é o órgão do Ministério da Saúde que faz as regras para a fabricação e comercialização dos domissanitários e fiscaliza se as empresas estão obedecendo estas regras. A ANVISA também exige que as empresas desenvolvam produtos seguros, que dêem bons resultados e tenham rigorosos controles de qualidade. Todos os fabricantes são obrigados a seguir normas legais e técnicas e obter autorização do Ministério da Saúde para cada produto domissanitário colocado à venda.(anvisa, 2004) Aqueles que estão à venda sem permissão do Ministério da Saúde, são produtos que não tem qualquer avaliação sobre sua eficácia e segurança ao serem usados,

12 manuseados ou armazenados. Na maioria das vezes, utilizam materiais de péssima qualidade, não são fabricados com a quantidade ideal de componentes, não estão de acordo com as normas sanitárias, metrológicas e de fabricação e por isso são considerados clandestinos. A expansão do mercado desses produtos deve-se, possivelmente, à inexistência de barreiras técnicas, ou seja, a simplicidade da tecnologia empregada na fabricação desses produtos, geralmente basta misturar componentes adquiridos no mercado, deve-se também à ausência de pagamentos de impostos, de direitos trabalhistas e outras obrigações legais conseguindo assim oferecer ao mercado produtos de baixo custo. Os produtos clandestinos são oferecidos ao consumidor por meio de vendas diretas em domicilio, ou seja, no esquema porta-a-porta ou em pequenos estabelecimentos comerciais, em carros, peruas e caminhões. São embalados em frascos reaproveitados de refrigerantes, sucos e outras bebidas, geralmente têm cores bonitas e atrativas, principalmente para as crianças. (Foto 1 e 2). Foto 1: Perua de domissanitários clandestinos Fonte: ANVISA Foto2: Domissanitários em embalagens de refrigerantes sem identificação. Fonte ANVISA

13 A fiscalização da venda de produtos de limpeza é responsabilidade das vigilâncias sanitárias estaduais e municipais. Os vendedores de produtos clandestinos possuem uma mobilidade muito grande, ora estão no meio de uma rua, ora estão no quintal de uma casa dificultando assim a fiscalização. (PICH, T., 2004). A escolha por água sanitária clandestina para realização deste trabalho justifica-se pelo fato de ser um produto de grande consumo pela população, independente do seu nível social, além de oferecer grande risco à saúde dos consumidores.

14 2.1 A água sanitária A expressão água sanitária refere-se, portanto, a um produto químico, líquido, resultante da diluição em água do hipoclorito de sódio que é formado pela reação do cloro com uma solução de hidróxido de sódio. 2 NaOH + Cl 2 NaClO + NaCl + H 2 O (1) A água sanitária contém cloro e hipoclorito, espécies responsáveis pelas ações de oxidação e desinfecção, que na prática consistem em branqueamento, desinfecção e desodorização. A principal característica da água sanitária é ser um poderoso bactericida (devido à presença de cloro), propiciando ação alvejante (branqueadora), em função do hipoclorito. A água sanitária tende a branquear peças que tenham contato com ela. No seu uso doméstico mais comum, a água sanitária é aplicada para branquear roupas durante a lavagem. Possui ação bactericida, quando adicionada a um meio, a água sanitária tem a capacidade (pela ação do cloro e do hipoclorito) de eliminar com enorme eficiência os microorganismos ali presentes. No uso doméstico, a água sanitária é aplicada na higiene de banheiros e utensílios da cozinha. Em cozinhas e locais onde se processam alimentos, a água sanitária é usada para evitar mau cheiro (decomposição de materiais), e impedir, de forma geral, a proliferação de microorganismos. Usa-se também a água sanitária na limpeza de alimentos (frutas e vegetais) que sejam ingeridos crus. Nestes casos, depois da limpeza com água sanitária, o alimento não precisa ser lavado em água corrente, pois esta pode conter microorganismos quando

15 não tratada. Outro importante uso da água sanitária é na desinfecção da água de poços ou de rios, tornando-a muito mais segura de ser ingerida. Possui também ação desodorizante. Por isso é utilizada em ambientes onde existe decomposição de matéria orgânica, eliminando totalmente seu odor. É importante ressaltar que, com o tempo, o cloro da água sanitária se evapora (no caso de recipiente aberto) ou se combina com outros produtos presentes na própria água sanitária, com isso, esse produto perde parte da sua ação bactericida e branqueadora, que é exatamente a ação que interessa ao usuário. As águas sanitárias comerciais (com registro na ANVISA) trazem avisos, em sua embalagem, sobre a validade do produto (tempo máximo de uso) após sua fabricação, indica o teor de "cloro ativo" do produto. Essas informações não estão disponíveis para águas sanitárias clandestinas, pois as mesmas são armazenadas em embalagens inapropriadas, sem rótulo ou qualquer informação. 2.2 O hipoclorito de sódio Embora seja considerado como substância isolada de fórmula química NaClO e massa molar 74,5 g/mol, o hipoclorito de sódio praticamente não existe como substância pura, pois é instável no ar. O produto comercial é uma solução aquosa obtida através da ação do cloro sobre uma solução de soda, segundo a reação química global: 2NaOH + Cl 2 NaClO + NaCl + H 2 O (2)

16 O hipoclorito de sódio é usado na produção de água sanitária, no tratamento de efluentes domésticos ou industriais, em águas de piscinas, na desinfecção doméstica e hospitalar e, principalmente, no tratamento de água destinada ao consumo humano. Neste caso, tanto o hipoclorito de sódio quanto à água sanitária são eficientes no combate a doenças potencialmente transmissíveis pela água. 2.3 O cloro ativo A expressão técnica "cloro ativo", usual até entre os consumidores, refere-se à parte do cloro da água sanitária que pode ser utilizada. Por vezes, usam-se outras expressões como cloro livre, cloro disponível, etc. Deixar o recipiente aberto ou estocar e deixar envelhecer a água sanitária significa pôr a perder a sua eficiência, pois ocorre naturalmente uma redução do teor de cloro ativo na água sanitária. No início, a perda desse cloro ativo se dá com maior rapidez, com a diminuição do teor de cloro ativo na água sanitária, isso ocorre mais lentamente. Além do fator tempo, também contribuem para a perda do cloro ativo da água sanitária: Aumento da temperatura ambiente; Deixar a embalagem aberta; Armazenar a água sanitária em outra embalagem diferente da original;

17 O teor de cloro ativo varia de 2 % a 2,5 % (m/m), sendo esta, a concentração de cloro com que realmente se pode contar como agente bactericida disponível. Como grande parte das águas sanitárias comerciais (com registro na ANVISA), são comercializadas em embalagens de 1 litro (1000 cm³), 2 litros (2000 cm³) e de 5 litros (5000 cm³) a quantidade de cloro ativo em cada embalagem é de 20 g a 25 g (embalagem de 1 litro), 40 g a 50 g (embalagem de 2 litros) e 100 g a 125 g (embalagem de 5 litros). Sendo a água sanitária muito fácil de ser dissolvida em água, pode acontecer uma completa diluição do produto. Isso ocorre geralmente com marcas de baixa qualidade, produzidas por fabricantes de terceira linha e fabricantes clandestinos. Assim, muitas dessas águas sanitárias, possivelmente apresentam baixíssimo teor de cloro ativo, o que significa baixa eficiência. 2.4 Como identificar os produtos clandestinos Alguns cuidados devem ser tomados ao se adquirir produtos domissanitários. Um deles é ler com bastante atenção o rótulo desses produtos. Todo produto tem que ter rótulo, dessa forma, só adquira produtos que tenham no rótulo, de forma clara, para que ele serve. De acordo com a ANVISA essa identificação deve constar na parte frontal da embalagem, próximo ao nome do produto. Por exemplo: sabão em pó, desinfetante, amaciante, detergente, água sanitária, inseticida. No rótulo, você lê informações sobre o produto. Todos os rótulos devem conter:

18 Nome do fabricante ou importador, com endereço completo, telefone e também o nome do técnico responsável pelo produto; A frase Produto notificado na ANVISA/MS ou número do registro no Ministério da Saúde; A frase Antes de usar leia as instruções do rótulo, para que você saiba como usá-lo; Avisos sobre os perigos e informações de primeiros socorros; O número de telefone do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC); Caso esteja escrito no rótulo PROIBIDA A VENDA DIRETA AO PÚBLICO ou USO PROFISSIOAL este produto somente poderá ser utilizado por profissional habilitado. O rótulo não pode estar rasgado, descolado da embalagem, manchado ou com letras que não dêem para ler. (ANVISA, 2004) Figura 1: Dados que devem conter no rótulo. Fonte: ANVISA

19 A ANVISA lançou em fevereiro de 2004 uma cartilha para orientar os cidadãos sobre como se prevenir dos produtos de limpeza clandestinos e sensibilizar os consumidores, que, muitas vezes, compra o produto clandestino, por economia ou por acreditar que é eficiente, sem avaliar o perigo que leva para sua casa. Com ela, a população aprenderá a identificar se um produto está dentro das normas do Ministério da Saúde, saberão quais os cuidados gerais a serem adotados ao comprar, usar e guardar esses produtos e o que fazer e a quem recorrer em casos de intoxicações. A iniciativa foi uma parceria da ANVISA com a ABIPLA (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e afins), ABAS (Associação Brasileira de Aerossóis e Saneantes Domissanitários e com a (SMS-SP), Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. A publicação ajuda na identificação de produtos de origem suspeita e ilegal e endossa a campanha nacional contra a pirataria. A cartilha foi distribuída em unidades básicas de saúde e hospitais municipais e também em 176 postos de combustíveis da Petrobrás. 3. A ESTATÍSTICA Dados do CCI (Centro de Controle de Intoxicações do município de São Paulo) demonstram os acidentes com domissanitários registrados nos anos de 2000, 2001, 2002 e 2003, conforme tabelas 1, 2, 3 e 4.

20 Tabela 1 Distribuição dos atendimentos por agente tóxico em São Paulo, por categoria, sexo, total global e porcentagem no ano de 2000. SEXO Categoria Masculino Feminino Ignorado Total Global % Medicamentos 1664 2319 123 4106 42,80 Domissanitários 796 736 30 1562 16,28 Raticidas 312 359 35 706 7,36 Agrotóxicos/Uso Doméstico 230 248 110 588 6,13 Desconhecido 225 170 66 461 4,81 Outro 245 180 35 460 4,79 Prod.Químicos Industriais 237 164 55 456 4,75 Drogas de Abuso 195 78 24 297 3,10 Agrotóxicos/Uso Agrícola 169 64 43 276 2,88 Cosméticos 100 108 11 219 2,28 Plantas 63 71 14 148 1,54 Produtos Veterinários 55 30 16 101 1,05 Alimentos 21 35 5 61 0,64 Outros animais peç./ venenosos 23 15 4 42 0,44 Animais não Peçonhentos 7 15 8 30 0,31 An. Peçonhentos/Escorpiões 12 10 4 26 0,27 An. Peçonhentos/Aranhas 14 9 2 25 0,26 Metais 7 3 6 16 0,17 An. Peçonhentos/Serpentes 8 3 3 14 0,15 Total Global 4383 4617 594 9594 100,00 Fonte: Centro de Controle de Intoxicações CCI Tabela 2 Distribuição dos atendimentos por agente tóxico em São Paulo, por categoria, sexo, total global e porcentagem no ano de 2001. SEXO Categoria Masculino Feminino Ignorado Total Global % Medicamentos 1679 2395 114 4188 39,20 Domissanitários 882 805 55 1742 16,30 Raticidas 463 460 50 973 9,11 Desconhecido 358 346 175 879 8,23 Agrotóxicos/Uso Doméstico 269 266 93 628 5,88 Outro 242 196 51 489 4,58 Prod.Químicos Industriais 274 160 38 472 4,42 Drogas de Abuso 238 88 41 367 3,43 Agrotóxicos/Uso Agrícola 124 70 34 228 2,13 Cosméticos 107 111 4 222 2,08 Plantas 61 75 17 153 1,43 Produtos Veterinários 70 54 10 134 1,25 Alimentos 42 28 11 81 0,76 Outros animais peç./ venenosos 15 13 8 36 0,34 An. Peçonhentos/Aranhas 12 12 3 27 0,25 Metais 13 6 3 22 0,21 An. Peçonhentos/Escorpiões 6 8 6 20 0,19 Animais não Peçonhentos 6 6 2 14 0,13 An. Peçonhentos/Serpentes 7 3 10 0,09 Total Global 4868 5099 718 10685 100,00 Fonte: Centro de Controle de Intoxicações - CCI

21 Tabela 3 Distribuição dos atendimentos por agente tóxico em São Paulo, por categoria, sexo, total global e porcentagem no ano de 2002. SEXO Categoria Masculino Feminino Ignorado Total Global % Medicamentos 1735 2604 122 4461 34,63 Desconhecido 472 504 1348 2324 18,04 Domissanitários 908 813 84 1805 14,01 Raticidas 459 566 83 1108 8,60 Agrotóxicos/Uso Doméstico 275 283 139 697 5,41 Outro 246 194 121 561 4,35 Drogas de Abuso 277 128 93 498 3,87 Prod.Químicos Industriais 255 155 37 447 3,47 Agrotóxicos/Uso Agrícola 126 67 54 247 1,92 Cosméticos 103 123 14 240 1,86 Plantas 77 81 24 182 1,41 Produtos Veterinários 52 48 17 117 0,91 Alimentos 21 20 21 62 0,48 Outros animais peç./ venenosos 11 9 10 30 0,23 Metais 15 11 2 28 0,22 An. Peçonhentos/Aranhas 9 7 9 25 0,19 Animais não Peçonhentos 7 4 11 22 0,17 An. Peçonhentos/Escorpiões 5 5 7 17 0,13 An. Peçonhentos/Serpentes 7 2 3 12 0,09 Total Global 5060 5624 2199 12883 100,00 Fonte: Centro de Controle de Intoxicações CCI Tabela 4 Distribuição dos atendimentos por agente tóxico em São Paulo, por categoria, sexo, total global e porcentagem no ano de 2003. SEXO Categoria Masculino Feminino Ignorado Total Global % Medicamentos 1721 2593 87 4401 37,00 Desconhecido 343 274 1374 1991 16,74 Domissanitários 802 746 48 1596 13,42 Raticidas 437 557 56 1050 8,83 Agrotóxicos/Uso Doméstico 197 224 93 514 4,32 Drogas de Abuso 303 142 37 482 4,05 Prod.Químicos Industriais 287 153 29 469 3,94 Outro 242 171 38 451 3,79 Agrotóxicos/Uso Agrícola 134 74 48 256 2,15 Cosméticos 112 104 5 221 1,86 Plantas 65 98 27 190 1,60 Produtos Veterinários 55 56 17 128 1,08 Alimentos 10 21 8 39 0,33 Outros animais peç./ venenosos 18 8 5 31 0,26 Metais 12 11 4 27 0,23 An. Peçonhentos/Escorpiões 8 6 4 18 0,15 An. Peçonhentos/Serpentes 4 5 4 13 0,11 Animais não Peçonhentos 8 4 12 0,10 An. Peçonhentos/Aranhas 2 3 2 7 0,06 Total Global 4760 5250 1886 11896 100,00 Fonte: Centro de Controle de Intoxicações CCI

22 O Centro de Controle de Intoxicações (CCI) foi criado pelo Decreto Nº 9.652, de 27 de setembro de 1971, com o objetivo de centralizar informações sobre o atendimento de pessoas expostas a substâncias químicas. Teve passagem por dois hospitais (Hospital do Servidor Público Municipal e Hospital Infantil Menino Jesus) antes de se instalar definitivamente em sua sede atual, Hospital Municipal Dr. Arthur Ribeiro de Saboya, onde pôde contar com equipe maior de técnicos, diversificando suas atividades. A principal atividade do CCI é fornecer orientação aos profissionais de saúde sobre o diagnóstico e o tratamento das intoxicações agudas, o que é feito, principalmente, através de atendimento telefônico, em plantão contínuo (24 horas). O médico de plantão também orienta a população quanto aos primeiros socorros e medidas de descontaminações em casos de exposições a substâncias tóxicas.

23 4. METODOLOGIA 4.1 Amostragem Foram compradas três (3) marcas diferentes de água sanitária comercial com registro na ANVISA e três (3) amostras de água sanitária clandestina de três (3) cidades diferentes 4.2 Ensaios 4.2.1 O ph Foram realizados ensaios em todas as 6 amostras de água sanitária para determinação do ph em solução a 1% (m/m). O ph é uma indicação se o produto é ácido ou alcalino. O valor de ph pode variar entre 0 e 14. Um produto neutro possui ph de valor 7 e, quanto mais baixo esse valor,

24 maior é a sua acidez. Ao contrário, quanto mais alto, ou seja, quanto mais próximo de 14, maior é a alcalinidade do produto. As águas sanitárias são produtos alcalinos, logo possuem valores de ph próximos de 14, no entanto esses valores devem ser limitados para não causar queimaduras, seja pelo contato direto com a pele ou com os olhos. A legislação da Anvisa especifica os valores máximos de ph para água sanitária pura ph=13,5 e água sanitária diluída a 1% (m/m) ph=11,5. A determinação do ph, foi feita por peagômetro digital Thermo Orion. 4.2.2 Teor de cloro ativo Foram realizados ensaios em todas as 6 amostras de água sanitária em triplicata para determinação do teor de cloro ativo. O teor de cloro ativo presente na água sanitária especifica a quantidade de hipoclorito de sódio presente na mistura com água. Se houver uma quantidade menor do que a estabelecida pela legislação, o consumidor está sendo lesado porque a ação da água sanitária não será suficiente, já que o cloro é o princípio ativo da água sanitária, ou seja, com menos cloro ativo do que o definido pela legislação, o consumidor estaria levando praticamente água comum para casa. Uma quantidade acima do permitido, significa maior quantidade de cloro que pode ser liberado em forma

25 de gás e pode ser absorvido pelo corpo humano através da respiração. A legislação define o intervalo entre 2,0 a 2,5 % m/m para fins de registro. Entretanto para fins de fiscalização, a ANVISA considera um intervalo de aceitação entre 1,75 e 2,75 % m/m. A determinação de cloro, foi feita por iodometria, conforme as equações seguintes: 4.3 Materiais e reagentes Amostra de água sanitária Água destilada Solução de Iodeto de Potássio (KI) 10% (m/m) Ácido acético concentrado P.A. Solução de Tiossulfato de sódio (Na 2 S 2 O 3 ) 0,1 mol/l Solução de amido 0,5% P.A. Balança semi-analítica, com menor divisão de 0,001g. Pipeta volumétrica de 10 ml Proveta graduada de 100 ml Erlenmeyer de 250 ml Bureta volumétrica de 50 ml Balão vo lumétrico de 100 ml

26 4.4 Procedimento Pesar aproximadamente 5,0 +/- 0,2 g de amostra de água sanitária em um balão volumétrico de 100 ml e anotar a massa. Avolumar o balão volumétrico com água destilada e homogeneizar. Adicionar 30 ml de KI 10% (m/m) em um erlenemeyer. Pipetar 10 ml da solução preparada e transferir para o erlenmeyer com a solução de KI 10% Adicionar 30 ml de ácido acético concentrado P.A. ao erlenmeyer. Iniciar imediatamente a titulação com Na 2 S 2 O 3 0,1 mol/l até atingir a cor amarelo claro e adicionar 5 gotas de solução de amido P.A. 0.5 % (m/m). Continuar a titulação até que a solução se torne incolor. Anotar o volume gasto. Na água sanitária há o equilíbrio: Cl 2 (aq) + 2NaOH (aq) NaClO(aq) + NaCl(aq)+ H 2 O(l) Ou na forma iônica: Cl 2 + 2OH ClO + Cl + H 2 O Com a adição de ácido, esse equilíbrio é deslocado, favorecendo a formação de cloro.

27 2H + + OCl + Cl OCl + H + HOCl + H + + Cl OCl + Cl + H + 2 Cl 2 + H 2 O HOCl Cl2 + H2O Cl 2 + H 2 O O cloro reage com íons iodeto que é convertido em iodo. Este por sua vez é titulado com tiossulfato de sódio. Cl 2 + 2I 2Cl + I 2 2S 2 O 3 2- + I 2 2I - + S 4 O 6 2-5. CÁLCULOS E RESULTADOS Tabela 5 - Resultados Amostras Volume gasto de Na 2 S 2 O 3 Massa de água sanitária (g) ph (solução à 1% m/m) Teor de cloro (%) 1 2 3 Média A 3,0 3,0 3,0 3,0 5,048g 10,85 2,109 B 1,4 1,5 1,5 1,46 5,098g 9,66 1,017 C 4,1 4,1 4,1 4,1 5,015g 10,74 2,902 D 4,0 4,1 4,0 4,03 5,020g 9,83 2,849 E 3,8 4,0 3,9 3,9 5,055g 10,02 2,739 F 2,0 1,4 1,6 1,66 5,003g 5,003g 1,178 Amostras A,B e C: Clandestinas Amostras D,E e F: Comerciais

28 AMOSTRA A V= 100ml (Solução com 5,048g de água sanitária) Alíquota de 10 ml ou 0,010L C(Na 2 S 2 O 3 ) = 0,1 mol.l -1 Volume gasto = 3,0 ml ou 0,003L Água sanitária = 10 ml KI à 10% = 30 ml Ácido acético P.A = 30 ml n (Na 2 S 2 O 3 ) = C (Na 2 S 2 O 3 ).V n (Na 2 S 2 O 3 ) = 0,1 x 0,003 n (Na 2 S 2 O 3 ) = 3,0 x 10-4 mol 2 S 2 O 3-2 + I 2 2I - + S 4 O 6-2 2 mol 1 mo 3,0.10-4 x x = 1,5 x 10-4 = n (I 2 ) = 1,5 x10-4 mol n (I 2 ) = n (Cl 2 ) = 1,5 x10-4 mol n (Cl 2 ) = C (Cl 2 ).V 1,5 x10-4 = C (Cl 2 ).0,010 C (Cl 2 ) = 0,015 mol.l -1

29 C (Cl 2 )= m mm.v 0,015 = m 71.0,010 m = 0,01065 g Cl 2 0,01065g - 10mL x - 100mL x = 0,1065g Cl 2 5,048g - 100% 0,1065 - x x = 2,109% Cl 2 Teor de cloro = 2,109%(m/m) AMOSTRA B V= 100ml (Solução com 5,098g de água sanitária) Alíquota de 10 ml ou 0,010L Volume gasto = 1,46 ml ou 0,00146L C (Na 2 S 2 O 3 ) = 0,1 mol.l -1 n (Na 2 S 2 O 3 ) = C (Na 2 S 2 O 3 ).V n (Na 2 S 2 O 3 ) = 0,1 x 0,00146 n (Na 2 S 2 O 3 ) = 1,46 x 10-4 2 S 2 O 3-2 + I 2 2I - + S 4 O 6-2 2 mol 1 mol 1,46 x 10-4 x x = 7,3 x 10-5 = n (I 2 ) = 7,3 x10-5 mol n (I 2 ) = n (Cl 2 ) = 7,3 x10-5 mol n (Cl 2 ) = C (Cl 2 ). V 7,3 x10-5 = C (Cl 2 ). 0,010 C (Cl 2 ) = 7,3 x10-3 mol.l -1

30 C (Cl 2 ) = m mm.v 7,3 x10-3 = m 71.0,010 m = 0,005183 g Cl 2 0,005183g - 10mL x - 100mL x = 0,05183g Cl 2 5,098g - 100% 0,05183g - x x = 1,017 % Cl 2 Teor de cloro = 1,017 % (m/m) AMOSTRA C V= 100ml (Solução com 5,015g de água sanitária) Alíquota de 10 ml ou 0,010L Volume gasto = 4,1 ml ou 0,0041L C (Na2S2O3) = 0,1 mol.l -1 n (Na 2 S 2 O 3 ) = C (Na 2 S 2 O 3 ).V n (Na 2 S 2 O 3 ) = 0,1 x 0,0041 n (Na 2 S 2 O 3 ) = 4,1 x 10-4 2 S 2O3-2 + I2 2I - + S4O6-2 2 mol 1 mol 4,1 x 10-4 x x = 2,05 x 10-4 = n (I 2 ) = 2,05 x10-4 mol n (I 2 ) = n (Cl 2 ) = 2,05 x10-4 mol n (Cl 2 ) = C (Cl 2 ). V 2,05 x10-4 = C (Cl 2 ). 0,010 C (Cl 2 ) = 2,05 x10-2 mol.l -1

31 C (Cl 2 ) = m mm.v 2,05 x10-2 = m 71.0,010 m = 0,014555 g Cl 2 0,014555g - 10mL x - 100mL x = 0,14555g Cl 2 5,015g - 100% 0,14555g - x x = 2,902 % Cl 2 Teor de cloro = 2,902 % (m/m) AMOSTRA D V= 100ml (Solução com 5,020g de água sanitária) Alíquota de 10 ml ou 0,010L Volume gasto = 4,03 ml ou 0,00403L C (Na 2 S 2 O 3 ) = 0,1 mol.l -1 n (Na 2 S 2 O 3 ) = C (Na 2 S 2 O 3 ).V n (Na 2 S 2 O 3 ) = 0,1 x 0,00403 n (Na 2 S 2 O 3 ) = 4,03 x 10-4 2 S 2 O 3-2 + I 2 2I - + S 4 O 6-2 2 mol 1 mol 4,03 x10-4 x x = 2,015 x10-4 = n (I2) = 2,015 x10-4 mol n (I 2 ) = n (Cl 2 ) = 2,015 x10-4 mol n (Cl 2 ) = C(Cl 2 ).V 2,015 x10-4 = C(Cl 2 ). 0,010 C(Cl 2 ) = 2,015 x10-2 mol.l -1

32 C(Cl 2 )= m mm.v 2,015 x10-2 = m 71.0,010 m = 0,01430 g Cl 2 0,01430g - 10mL x - 100mL x = 0,1430g Cl 2 5,020g - 100% 0,1430g - x x = 2,849 % Cl 2 Teor de cloro = 2,849 % (m/m) AMOSTRA E V= 100ml (Solução com 5,055g de água sanitária) Alíquota de 10 ml ou 0,010L Volume gasto = 3,9 ml ou 0,0039L C (Na 2 S 2 O 3 ) = 0,1 mol.l -1 n (Na 2 S 2 O 3 ) = C (Na 2 S 2 O 3 ).V n (Na 2 S 2 O 3 ) = 0,1 x 0,0039 n (Na 2 S 2 O 3 ) = 3,9 x 10-4 2 S 2 O 3-2 + I 2 2I - + S 4 O 6-2 2 mol 1 mol 3,9 x10-4 x x = 1,95 x10-4 = n (I2) = 1,95 x10-4 mol n (I 2 ) = n (Cl 2 ) = 1,95 x10-4 mol n (Cl 2 ) = C (Cl 2 ). V 1,95 x10-4 = C (Cl 2 ). 0,010 C (Cl 2 ) = 1,95 x10-2 mol.l -1

33 C (Cl 2 ) = m mm.v 1,95 x10-2 = m 71.0,010 m = 0,013845 g Cl 2 0,013845g - 10mL x - 100mL x = 0,13845g Cl 2 5,055g - 100% 0,13845g - x x = 2,739 % Cl 2 Teor de cloro = 2,739 % (m/m) AMOSTRA F V= 100ml (Solução com 5,003g de água sanitária) Alíquota de 10 ml ou 0,010L Volume gasto = 1,66 ml ou 0,00166L C (Na 2 S 2 O 3 ) = 0,1 mol.l -1 n (Na 2 S 2 O 3 ) = C(Na 2 S 2 O 3 ).V n (Na 2 S 2 O 3 ) = 0,1 x 0,00166 n (Na 2 S 2 O 3 ) = 1,66 x 10-4 2 S 2 O 3-2 + I 2 2I - + S 4 O 6-2 2 mol 1 mol 1,66 x 10-4 x x = 8,3 x10-5 = n (I2) = 8,3 x10-5 mol n (I 2 ) = n (Cl 2 ) = 8,3 x10-5 mol n (Cl 2 ) = C (Cl 2 ).V 8,3 x10-5 = C (Cl 2 ). 0,010 C (Cl 2 ) = 8,3 x10-3 mol.l -1

34 C (Cl 2 ) = m mm.v 8,3 x10-3 = m 71.0,010 m = 0,005893 g Cl 2 0,005893g - 10mL x - 100mL x = 0,05893g Cl 2 5,003g - 100% 0,05893g - x x = 1,178 % Cl 2 Teor de cloro = 1,178 % (m/m)

35 6. CONCLUSÃO Neste trabalho, foram selecionadas seis amostras de água sanitária, sendo três, água sanitária clandestina e três água sanitária comercializada legalmente. Os resultados encontrados para a análise de teor de cloro, demonstraram que, quatro amostras, ou seja, 66,66% das amostras analisadas não atendem às exigências da ANVISA. As amostras B (clandestina) e F (comercializada legalmente), apresentaram teor de cloro inferior ao esperado, ou seja, o consumidor está sendo lesado, pois terá que utilizar uma quantidade de água sanitária maior para eliminar microorganismos e bactérias que é justamente o resultado desejado. As amostras C (clandestina) e D (comercializada legalmente), apresentaram teor de cloro superior ao desejado, que representa risco para o consumidor, pois este usará uma dosagem de cloro acima do recomendado podendo sofrer intoxicação por inalação. A amostra E (comercializada legalmente), apresentou resultado considerado aceitável, segundo os padrões exigidos pela ANVISA. Somente a amostra A (clandestina), apresentou resultado satisfatório. As análises de ph em soluções diluídas a 1% (m/m), demonstram que todas as amostras de água sanitária encontram-se conforme, segundo as exigências da ANVISA. De acordo com os resultados obtidos conclui-se que não há confiabilidade na aquisição e utilização de água sanitária clandestina e nem a comercializada legalmente,

36 pois ambas apresentaram irregularidades que podem afetar diretamente o consumidor final. Apesar das águas sanitárias comercializadas legalmente apresentarem-se inadequadas, elas sofrem fiscalizações constantes, que permite a autuação e adequação às exigências da ANVISA. Outro fator considerável é o fato de ser um produto registrado no Ministério da Saúde e ter a notificação da ANVISA, estes produtos atendem às normas de rotulagem, fator importante para a identificação e prestação de socorro em casos de acidentes.

37 7. REFERÊNCIAS SALDANHA, Maria Eugênia. Cuidados com produtos de limpeza piratas. Revista H&C. São Paulo, set/out. 2004. Disponível em: <http://www.abipla.org.br/artigos/cuidadospiratas.jpg>. Acesso em 01 mar. 2005. ÁGUA Sanitária Dragão é retirada do mercado. Estado de São Paulo, São Paulo, 28 jan. 2002. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/print/2002/jan/28/273.htm>. Acesso em: 01 abr. 2005. RAYMUNDI, Viviane. Prefeitura distribui cartilha sobre produtos que intoxicam. Diário de São Paulo, São Paulo, 11 fev. 2004. Disponível em: http://www.diariosp.com.br/includes/imprimir.asp?editoria=16&id=294881>. Acesso em: 28 fe v. 2005. RODRIGUES, Naiana. Produtos clandestinos causam riscos à saúde. Diário do Nordeste, Fortaleza, 16 ago. 2004. Disponível em: <http://diariodonordeste.globo.com/matéria_imprimir.asp?codigo=183258>. Acesso em: 01 mar. 2005 PACHIONE, Renata. Estudo aponta aumento de vendas clandestinas. Química e derivados. São Paulo, v. 402, p. 52-54, mar. 2002. ABICLOR ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE ÁLCALIS E CLORO DERIVADOS. Manual do Hipoclorito de Sódio São Paulo, 1993. 32 p.

NBR 9425 ABNT Solução de Hipoclorito de Sódio Comercial. Determinação do Teor de cloro ativo pelo método volumétrico 1986 (adaptada). 3p. 38

39 8. GLOSSÁRIO ABAS (Associação Brasileira de Aerossóis e Saneantes Domissanitários): Fundada em 1963 representando o mercado de produtos apresentados em embalagens premidas. Posteriormente, em 1996 ampliou suas atividade para a área de domissanitários passando assim denominar-se Associação Brasileira de Aerossóis e Saneantes Domissanitários. O objetivo da ABAS é orientar e representar o setor promovendo o desenvolvimento da indústria, tanto no campo tecnológico como também congregar as empresas para agilizar reformas e negociações junto ao poder público. ABIPLA (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins): Entidade que, no Brasil e no Mercosul, representa o Setor de Produtos de Limpeza Doméstica, Profissional, Institucional e Afins. Interlocutora ativa do setor junto às instituições governamentais, em especial aquelas responsáveis pela normalização de suas atividades, a Abipla tem atuado de forma sistemática junto às autoridades responsáveis pela execução da Política de Vigilância Sanitária, no sentido de buscar fórmulas mais simples de atendimento às exigências que recaem sobre o mesmo, concorrendo para o bom êxito de suas ações, com o objetivo de garantir a eficácia e a segurança dos produtos destinados ao consumidor brasileiro. ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnica): Órgão responsável pela normalização técnica no Brasil, fundado em 1940. Tem como objetivos: elaborar normas brasileiras e fomentar seu uso nos campos científico, técnico, industrial, comercial, agrícola, de serviços e outros correlatos, além de mantê-las atualizadas. ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária): Foi criada pela Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. A finalidade institucional da Agência é promover a proteção da saúde da população por intermédio do controle sanitário da produção e da comercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados. BACTERICIDA: Substâncias capazes de destruir as bactérias. São exemplos de bactericidas comuns alguns antibióticos, antisépticos e desinfetantes. CCI (Centro de Controle de Intoxicações): Criado pelo Decreto n 9,652, de 27 de setembro de 1971, com o objetivo de centralizar informações sobre o atendimento de pessoas expostas a substâncias químicas. A principal atividade é fornecer orientação aos profissionais de saúde sobre o diagnóstico e o tratamento das intoxicações agudas

40 e orientação à população quanto aos primeiros socorros e medidas de descontaminações em casos de exposições a substâncias tóxicas. CLORO ATIVO: Refere-se à parte do cloro existente na água sanitária ou hipoclorito que pode ser consumida. Outras expressões também podem ser utilizadas como cloro disponível e cloro livre ENVENENAMENTO: O envenenamento é uma intoxicação grave causada por produtos nocivos ao organismo provocando efeitos maléficos nas células do corpo a partir de substâncias químicas que, de alguma forma, entraram no organismo como drogas, gases, ervas venenosas, produtos químicos, comidas diferentes, etc. FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas): É uma instituição de Direito Privado, sem fins lucrativos, criada em 27 de novembro de 1973 e constituída com a finalidade de prover o IPE Instituto de Pesquisas Econômicas/FEA/USP, com estrutura de personalidade jurídica hábil para firmar contratos e convênios de prestação de serviços a entidades públicas e privadas. INTOXICAÇÃO: Consiste em uma série de efeitos sintomáticos produzidos quando uma substância tóxica é ingerida ou entra em contato com a pele, olhos ou membranas mucosas. Praticamente qualquer substância, se ingerida em grandes quantidades, pode ser tóxica. Porém, entre os mais de 12 milhões de produtos químicos conhecidos, menos de 3.000 causam a maior parte das intoxicações. Os idosos e as crianças são particularmente vulneráveis à intoxicação acidental. Os sintomas de intoxicação dependem do produto, da quantidade ingerida e de certas características físicas da pessoa que o ingeriu. Algumas substâncias não são muito potentes e exigem uma exposição contínua para que ocorram problemas. Outros produtos são mais tóxicos e basta uma gota sobre a pele para causar graves problemas IODOMETRIA : A iodometria é um método volumétrico indireto, onde um excesso de íons iodetos são adicionados à uma solução contendo o agente oxidante, que reagirá produzindo uma quantidade equivalente de iodo que será titulado com uma solução padronizada de tiossulfato de sódio PERICULOSIDADE: A palavra perigoso, é originária do latim perículosu e significa a situação em que há perigo, que causa ou ameaça perigo, situações em que pode ocorrer perigo de vida.

41 ph: Abreviatura de potencial hidrogeniônico, utilizado em toda a química para indicar o maior ou menor grau de acidez de uma solução. O valor sete indica solução neutra, menor que sete, solução ácida e maior que sete solução básica ou alcalina. SUBSTÂNCIAS TÓXICAS: Toda substância que tem potencialmente capacidade de provocar lesão no organismo, quer lesado no seu funcionamento normal, quer destruído reversível ou irreversivelmente as suas funções vitais.