ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DIANTE DOS CUIDADOS PALIATIVOS: UMA REVISÃO DA LITERATURA

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Transcrição:

ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DIANTE DOS CUIDADOS PALIATIVOS: UMA REVISÃO DA LITERATURA Rhyrilly Pâmella Ribeiro da Silva¹ Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal de Campina Grande. E-mail: pamella.ht@hotmail.com Emerson Araújo Do Bú² Mestrando em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba. E-mail: dobuemerson@gmail.com Janeildo Santos da Silva³ Graduando em Pedagogia pela Universidade Estadual da Paraíba. RESUMO Durante muitos anos, houve um desconhecimento sobre a etiologia da doença, o que resultou na ausência de uma consciência sobre o que seria saúde/doença. Todavia, com o avanço dos estudos, pôde-se perceber que o homem se adapta a sociedade, assim como, exerce uma influência sobre a mesma, desse modo, a doença passou a ser pensada no âmbito biopsicossocial, gerando problematizações sobre promoção da saúde, ao invés de ser reduzida a prevenção de doença. Neste sentido, vale ressaltar uma das doenças que mais tem causado mortes no Brasil e refletir como o cuidado tem sido ofertado aos pacientes. O INCA destaca que o câncer representa 8% das causas de morte entre crianças e adolescentes com idades de 1 a 19 anos, entretanto, nas últimas quatro décadas, o tratamento de câncer na infância e adolescência tem progredido, apresentando-se de forma extremamente significativa. No que refere-se aos pacientes que não possuem mais possibilidade de cura, apresenta-se os cuidados paliativos (modo de assistência humanizada) busca resgatar a dignidade e o respeito do sujeito que possui uma doença avançada, visando à abrangência de todas as necessidades do paciente, sendo necessário uma interrelação e segurança entre aquele que cuida e quem é cuidado. Assim, considerando-se a relevância dessa problemática, o presente artigo intenta apresentar e discutir, de forma crítico-reflexiva, o estado da arte de estudos desenvolvidos sobre pacientes que estão em CP e os cuidados que são ofertados pela equipe de saúde. Para tanto, fez-se uma revisão sistemática da literatura pertinente, publicada entre os anos de 2007 2015, da qual fora possível recuperar 11 artigos que referem-se à temática proposta. O material analisado revelou que discutir sobre a temática de cuidados paliativos, ainda é delicado, principalmente se tratando de crianças, pois os profissionais ainda apresentam resistência sobre trabalhar com a morte diante do contexto hospitalar. Logo, percebe-se a importância de abrir um espaço para discussão entre os profissionais, pacientes e familiares, sobre as mais diversas formas de cuidado e as possibilidades de tratamento com os pacientes em CP. Ressalta-se nesse cenário, que o acompanhamento psicológico desses sujeitos, proporciona a diminuição do sofrimento psicossocial, possibilitando aos mesmos um espaço de fala e construção de estratégias de enfrentamento da doença. Nota-se que a literatura apresenta-se incipiente acerca da temática nesta pesquisa abordada, esperando-se, nesse sentido, que incite-se com o presente estudo, a publicação de intervenções e seus consecutivos relatos de experiência que tratem da temática e deem subsídios para atuações inter/transdisciplinar. Palavras-chave: Oncologia; Cuidados Paliativos; Infância;

INTRODUÇÃO Segundo Martins et al, (2016), durante muitos anos, houve um desconhecimento sobre a etiologia da doença, o que resultou na ausência de uma consciência sobre o que seria saúde/doença. Todavia, com o avanço dos estudos, pôde-se perceber que o homem se adapta a sociedade, assim como, exerce uma influência sobre a mesma, desse modo, a doença passou a ser pensada no âmbito biopsicossocial, gerando problematizações sobre promoção da saúde, ao invés de ser reduzida a prevenção de doença. Dentre as doenças que mais causam morte no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer, ele representa a maior parte (8% do total), entre crianças e adolescentes com idades de 1 a 19 anos. Segundo as estimativas, no ano de 2017, ocorrerão cerca de 12.600 novos casos de câncer (INCA, 2011). O câncer é uma doença que apresenta um crescimento desordenado (maligno) de células que invadem tecidos e órgãos, havendo ainda a possibilidade de espalhar-se (metástase) para outras partes do corpo. Estas células dividem-se rapidamente, apresentandose de forma agressiva e incontrolável, produzindo assim, a formação de tumores ou neoplasias malígnas. Em contrapartida, um tumor benigno é caracterizado por uma massa de células que multiplica-se lentamente e possui semelhança com o seu tecido original, dificilmente apresenta riscos para a vida (MINISTERIO DA SAUDE, 2014). Destaca-se que nas últimas quatro décadas, o tratamento de câncer na infância e adolescência tem progredido, apresentando-se de forma extremamente significativa. Atualmente, cerca de 80% das crianças e adolescentes que são acometidos pelo câncer, podem ser curados caso o diagnóstico seja precoce e receba tratamento em centros especializados (INCA, 2011). A terapêutica curativa possui três fases: diagnóstico, modalidades de tratamento e controle. Ela tem como objetivo: aumentar a taxa de sobrevida e reinserir a criança no meio social com qualidade de vida. No que refere-se ao tratamento, são utilizadas as seguintes modalidades: quimioterapia, radioterapia, cirúrgica, transplante de células tronco hematopoiética e paliativa. Caso a criança seja diagnosticada como fora das possibilidades terapêuticas de cura, faz-se necessário a transição gradual para um cuidado paliativo. Desse modo, faz-se necessário uma comunicação clara, construída através de uma relação de confiança entre equipe de saúde, familiares e paciente (MUTTI et al., 2012).

Observa-se que atualmente o contexto da saúde tem sido repensado no que diz respeito aos cuidados que são ofertados aos usuários dos serviços, logo, tem-se desenvolvido programas que sejam voltados para a humanização. Destaca-se que no ano 2000 foi efetivado o Programa Nacional de Humanização dos Serviços de Saúde, este propõe reduzir as dificuldades do tratamento, favorecer a comunicação entre a equipe de profissionais, usuário e familiares diante da fragilidade emocional e física do paciente. A humanizaçao dos cuidados em saúde visa considerar a essência do ser, o respeito à singularidade e a construção de um espaço que legitima o humano dos sujeitos que fazem uso dos serviços de saúde (PESSINI; BERTACHINI, 2006). A humanização no atendimento exige dos profissionais da saúde compartilhar com os seus pacientes, experiências e vivências que possibilitem a ampliação do foco de suas ações, compreendendo que cada pessoa possui suas particularidades e singularidades. Humanizar o cuidar é dar qualidade à relação profissional da saúde-paciente. (PESSINI; BERTACHINI, 2006). Os cuidados paliativos (modo de assistência humanizada) busca resgatar a dignidade e o respeito do sujeito que possui uma doença avançada (MUTTI et al., 2012). Ele visa à abrangência de todas as necessidades do paciente, sendo necessário uma interrelação e segurança entre aquele que cuida e quem é cuidado (FRANÇA, 2013). Para disponibilizar esse tipo de assistência especializada, faz-se necessário uma equipe multiprofissional que possua habilidades para avaliar as condições dos pacientes, além de desenvolver projetos terapêuticos singulares e acompanhar o decorrer do tratamento. Durante esse processo, devese levar em consideração a objetividade (pautada por uma técnica) e a subjetividade (do paciente e de seus familiares) (MUTTI et al., 2012). Ressalta-se que os CP ainda é percebido como um desafio, pois o mesmo trabalha com a aceitação da morte como um processo, oferecendo ao paciente um tratamento ativo, abrangente e completo, contando com uma integração multidisciplinar (PESSINI; BERTACHINI, 2006). O paciente e seus familiares ao receber o diagnóstico de cuidados paliativos passam a ser assistidos por uma equipe de profissionais multidisciplinar, dentre eles, ressalta-se a atuação do profissional psico-oncologista, que atua no manejo e compreensão dos aspectos emocionais, buscando minimizar o sofrimento dos pacientes, familiares e equipe de saúde, possibilitando a construção de diálogos entre médico-paciente, assim como, o estabelecimento de uma relação (MONTEIRO; LANG, 2015).

O profissional da psicologia tem um papel fundamental nesse processo de cuidado, uma vez que, ele atuará frente aos sentimentos que surgem nos pacientes e familiares durante o diagnóstico, trabalhando questões como a raiva, o medo, a angústia, o desespero, a desesperança, a morte, dor, dentre outros, proporcionando um espaço de fala e acolhimento para esses sujeitos. Destarte, considerando-se a relevância dessa problemática, o presente artigo visa apresentar e discutir, de forma crítico-reflexiva, os estudos que foram desenvolvidos sobre crianças que encontram-se em cuidados paliativos e a atuação dos profissionais que cuidam desses pacientes. Busca-se assim, realçar um panorama geral de estudos brasileiros que tratam da temática, fornecendo elementos que podem fomentar novas discussões e práticas profissionais. MÉTODO O presente estudo trata-se de uma revisão sistemática da literatura, em que recuperouse estudos publicados entre os anos de 2007-2015. Foi utilizado os seguintes critérios de exclusão: artigos repetidos, que não tratassem diretamente do tema abordado; e, que não disponibilizassem conteúdo completo para acesso. Ao total foram localizados 40 artigos, porém, apenas atenderam aos critérios de refinamento 11 estudos. Os artigos foram encontrados nas bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO), além destes, foram utilizados referência de livros e dois sites que tratam diretamente da temática, entre eles: o Portal da Saúde e do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Para recuperar tais artigos empregou-se os seguintes descritores: Oncologia pediátrica and cuidados paliativos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Segundo a Organização Mundial de Saúde (1998), cuidados paliativos pediátricos visam à melhoria da qualidade de vida da criança, possibilitando o alívio dos sintomas físicos, apoio as necessidades emocionais e espirituais. Além disso, oferece um suporte a rede familiar, que também necessita de cuidados durante o tratamento.

Ressalta-se assim, que a atuação dos profissionais seja pautada pela oferta de apoio, proporcionando orientações sobre alterações que podem ocorrer no corpo da criança, motivo da internação ou da necessidade de retornar ao hospital, os efeitos colaterais que as medicações podem causar e as limitações para algumas atividades (GUIMARÃES et al., 2016). Desse modo, tanto o paciente quanto os familiares poderão significar o tratamento que está sendo ofertando, além de compreender sobre a sua doença. Alguns profissionais que trabalham com os CP, ao significarem o cuidado, expressam envolvimento com a criança, como afinidade, aproximação, apego e vínculo de amizade. Pode-se dizer que essa relação passa a existir devido ao longo período de internação no ambiente hospitalar (MUTTI et al., 2012). Diante desse cuidado ofertado a crianças com doença oncológica avançada, pôde-se percebe-se que a mesma e sua família possuem necessidades físicas, psicológicas e sociais. Logo, mobilizam nos profissionais inúmeras percepções e sentimentos distintos diante do tratamento oncológico pediátrico, como: dor, sofrimento, angústia e pesar (REIS; BIN, 2014). Durante o tratamento oncológico a dor apresenta-se como um dos sintomas mais persistentes, sendo assim, deve-se considerar que minimizá-la é um dos princípios básicos para a qualidade de vida, todavia, em crianças existe uma dificuldade em avaliar a dimensão da dor (devido à faixa etária da mesma) o que torna o tratamento bastante crítico. Desse modo, buscam-se procedimentos e medidas que minimizem a dor e o sofrimento do sujeito. (MONTEIRO et al., 2012). Destaca-se que o cuidado ofertado as crianças não resume-se aos sintomas que apresentam-se conforme o diagnóstico, mas também ao que elas necessitam naquele momento. Sendo assim, os profissionais necessitam ter sensibilidade diante o tratamento do paciente, proporcionando-lhe bem-estar, minimizando o sofrimento e direcionando uma terapêutica individual para cada pessoa. (MONTEIRO et al., 2014). Vale ressaltar que os cuidados paliativos em oncologia pediátrica envolvem aspectos complexos, dentre eles: a impossibilidade de cura e a finitude da vida de uma criança. Destarte, os profissionais ao se depararem com essa realidade necessitam estar preparados para atuar diante desse contexto. Desse modo, o cuidado paliativo em oncologia pediátrica é um tema que necessita ser abordado durante a graduação dos profissionais de saúde, uma vez que, pode propiciar um espaço de sensibilização e preparo dos futuros profissionais (GUIMARÃES, 2016).

No que refere-se ao campo de atuação, pode observar que existem lacunas de conhecimento que não foram preenchidas na graduação. Tem-se que os profissionais possuem o preparo técnico, porém não sabem se comunicar, dialogar e perceber o sujeito como um todo (COROPES, et al., 2016). Salienta-se também a importância da educação permanente sobre a temática da morte e o seu processo, uma vez que, possibilitará aos profissionais um melhor preparo diante dessas situações. Quando a equipe de saúde depara-se com a morte de crianças, pode-se gerar conflitos internos sobre a finitude da vida, dúvidas sobre a eficácia, relevância e objetivos dos cuidados, além de reflexões sobre sua própria autonomia (SOUZA, et al., 2013). O trabalho que a equipe de saúde necessita oferecer perpassa pelo cuidado, levando-se em consideração a realidade das famílias, incentivo a participação de todos os atores frente ao processo de tratamento, ofertar uma escuta atenta e um cuidado que seja integral. Frente à atuação das instituições de saúde e dos hospitais, estes podem promover capacitação dos profissionais, um ambiente favorável e mão de obra necessária para uma melhor qualidade na assistência (COROPES, et al., 2016). Destaca-se que nos cuidados pós-morte, a equipe de saúde deve atentar-se ao apoio a família diante da perda, possibilitando a permanência junto à criança diante desse processo de transição, nota-se que esse diálogo deve ser iniciado durante o processo de morrer. (CARMO, 2014). O cuidado ofertado pelos profissionais diante dos momentos de grande sofrimento, seja ele emocional ou relacionado ao processo de trabalho, proporciona aos profissionais a compreensão de que o cuidado com uma criança em tratamento tão complexo requer um conhecimento além do científico, ou seja, mobiliza os mesmos a terem mais atos de carinho e humanidade. A equipe de saúde durante o tratamento pode envolver-se com as crianças e familiares, construindo laços afetivos, ao mesmo tempo que realizam os procedimentos técnicos. Pode-se observar que os profissionais compartilham entre si, saberes, vivencias e troca de experiências, com o intuito de construir bases para o cuidado singular (SILVA et a., 2015). Os profissionais destacam a importância de se aproveitar todos os momentos, pois o agora é unívoco e não retornará. Esse posicionamento possibilita uma compreensão frente à adoção de atitudes junto aos familiares, propiciando um espaço de promoção de cuidado sensível à criança e para os profissionais da equipe, possibilita lidar com as circunstâncias da

morte e uma valorização da vida, que ainda pulsa e necessita ser cuidada (SILVA et al., 2011). O cuidado que é ofertado as crianças em CP, necessita ser humanizado, desse modo, é possível valorizar os sujeitos que estão implicados no processo de produção da saúde, além disso, percebe-se a importância da autonomia e protagonismo do sujeito, os vínculos que são estabelecidos com a equipe, a corresponsabilidade e a participação coletiva nas práticas de saúde (CLÍNICA AMPLIADA E COMPARTILHADA, 2010). Destaca-se que o profissional da psicologia pode possibilitar a construção de novas crenças dos pacientes diante do processo de hospitalização, enfrentamento diante da doença, da morte e da existência (MONTEIRO; LANG, 2015). Logo, um paciente que esteja em CP, poderá trabalhar com o psicólogo suas crenças, medo diante do morrer, o que lhe pode ser ofertado, o alívio dos sintomas, uma oferta de cuidado e um espaço para fala. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto, percebe-se que as definições de saúde e doença já passaram por modificações e que atualmente são levados em consideração: fatores biológicos, psicológicos, sociais e espirituais. Além disso, existe uma problemática frente a não redução do sujeito ao biológico, devendo-se perceber o mesmo como um todo. Tratar da temática de cuidados paliativos, ainda é delicado, principalmente se tratando de crianças, pois os profissionais ainda possuem uma resistência sobre trabalhar com a morte diante do contexto hospitalar. Logo, percebe-se a importância de abrir um espaço para discussão entre os profissionais, pacientes e familiares, sobre as mais diversas formas de cuidado e as possibilidades de tratamento com os pacientes em CP. Percebe-se assim, a importância que o profissional da psicologia desempenha diante do processo de hospitalização dos sujeitos, uma vez que, ele poderá trabalhar as questões mais emergentes, possibilitar um espaço para fala e participação do sujeito, enquanto houver vida. Além disso, é possível desenvolver trabalhos com os familiares e equipe de saúde que também participam desse processo de cuidado e de hospitalização. Nota-se assim, a necessidade de discutir sobre tal temática, uma vez que, os cuidados paliativos visa uma melhoria na qualidade de vida do sujeito, mobilizando assim uma equipe multidisciplinar, para tal cuidado. Além disso, os CP lidam com as singularidades da saúde e da doença, da vida e da morte, demonstrando a

necessidade de uma oferta de cuidado integral ao paciente e seus familiares. REFERÊNCIAS COROPES, V. B. A. S.; VALENTE, G.S.C.; OLIVEIRA, A. C. F.; PAULA, C.L.; SOUZA, C. Q. S.; FUNCHAL, A. C. L. A. A assistência dos enfermeiros aos pacientes com câncer em fase terminal: revisão integrativa. Rev. Enferm. UFPE, online. v.10, n.6, 4920-4926. Dez, 2006. FRANÇA, J. R. F. S.; COSTA, S. F. G.; LOPES, M. E. L.; NÓBREGA, M. M. L. FRANÇA, I. S. X. Importância da comunicação nos cuidados paliativos em oncologia pediátrica: enfoque na Teoria Humanística de Enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem. v.21, n.3. 2013. GUIMARÃES, T.M.; SILVA, L. F.; SANTOS, F. H. E.; MORAES, J. R. M.M. Cuidados paliativos em oncologia pediátrica na percepção dos acadêmicos de enfermagem. Esc. Anna Nery. v.20, n.2. 261-267, 2016. MARTINS, L. K.; MORAES, A. C.; APPEL, A. P. RODRIGUES, R. M.; CONTERNO, S. F. R. Educação em saúde na oncologia: uma revisão integrativa de literatura. Varia Scientia- Ciências da Saúde. v.2, n.1. 2016. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Instituto Nacional do Câncer (INCA). Rio de Janeiro, 2011. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção a Saúde. Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Clínica Ampliada e Compartilhada. 1 ed. Brasília, 2010. MONTEIRO, A. C. M.; RODRIGUES, B. M. R. D.; PACHECO, S. T. A.; A atuação do enfermeiro junto à criança com câncer sem possibilidade atual de cura. Rev. Esc. Anna Nery. v.16, n. 4, 741-746, 2012. MONTEIRO, A. C. M.; RODRIGUES, B. M. R. D.; PACHECO, S. T. A. PIMENTA, L. S. A atuação do enfermeiro junto á criança com câncer: cuidados paliativos. Rev. Enferm, UERJ, v.22, n.6, 778-783., 2014. MONTEIRO, S. LANG, C. S. Acompanhamento psicológico ao cuidador familiar de paciente oncológico. PsicoArgum. v.33, n.83. 483-495. 2015. MOREIRA, M. C. Cuidados paliativos na assistência de alta complexidade em oncologia: percepção de enfermeiros. Esc. Anna Nery. v.19, n.3. 460-466, 2015.

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