OS MEIOS DE DEFESA DO RÉU: A CONTESTAÇÃO E DEMAIS DEFESAS
DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO ART. 334 DO CPC Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
Art. 334, 2º, do CPC 2 o Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 (dois) meses da data de realização da primeira sessão, desde que necessárias à composição das partes.
Art. 334, 4º, do CPC A audiência não será realizada: I Se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual; II quando não se admitir a autocomposição.
A audiência não será realizada se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual. Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados ENFAM N. 35
Além das situações em que a flexibilização do procedimento é autorizada pelo art. 139, VI, do CPC/2015, pode o juiz, de ofício, preservada a previsibilidade do rito, adaptá-lo às especificidades da causa, observadas as garantias fundamentais do processo.
Art. 334, 4º, do CPC combinado com o art. 319, VII, do CPC O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência.
Art. 334, 7º, do CPC A audiência de conciliação ou mediação pode realizarse por meio eletrônico, nos termos da lei.
Art. 334, 8º, do CPC O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado.
Art. 334, 9º, do CPC As partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou defensores públicos [na audiência de conciliação ou mediação].
As partes podem constituir representante, por meio de procuração específica, com poderes para negociar ou transigir. O advogado pode receber poderes na procuração ad judicia para transigir em juízo.
A autocomposição será reduzida a termo e homologada por sentença. Art. 487, III, b, CPC Haverá resolução de mérito quando o juiz: III homologar: b) transação.
1. Conceito A contestação é a peça de defesa apresentada pelo réu para se opor ao pedido formulado pelo autor na petição inicial.
OBSERVAÇÃO: A contestação é escrita no procedimento comum.
Art. 335 do CPC O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias.
I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição;
II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do artigo 334, 4º, inciso I, do CPC.
III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos.
Art. 219 do CPC Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.
A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da publicação. Exclui-se o primeiro dia e inclui-se o segundo.
Art. 231 do CPC: Considera-se o dia do começo do prazo: A data da juntada aos autos do aviso de recebimento, quando a citação for realizada pelo correio.
A data de juntada aos autos do mandado cumprido, quando a citação for realizada pelo oficial de justiça.
A data de realização da citação, quando ela se der por ato do escrivão ou do chefe da secretaria.
O dia útil seguinte ao término da dilação assinada pelo juiz, quando a citação for realizada por edital.
O dia útil seguinte à consulta ao teor da citação, quando esta for por meio eletrônico.
A data da publicação, quando a intimação se der pelo Diário da Justiça impresso ou eletrônico.
O dia da carga, quando a intimação se der por meio da retirada dos autos, em carga, do cartório ou da secretaria.
Quando o litígio não admitir autocomposição (art. 334, 4º, inc. II, do CPC), no caso de litisconsórcio passivo, o termo inicial previsto no inciso II (do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou mediação), o prazo para contestar será, para cada um dos réus, contados da data de apresentação do seu respectivo pedido de cancelamento da audiência.
2 o Quando ocorrer a hipótese do art. 334, 4 o, inciso II, havendo litisconsórcio passivo e o autor desistir da ação em relação a réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá da data de intimação da decisão que homologar a desistência.
Art. 336 do CPC Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.
Art. 337 do CPC Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar: Nesse caso, trata-se das PRELIMINARES
I - inexistência ou nulidade da citação: nessa caso a citação não existiu ou se existiu foi nula. Por exemplo: na ação usucapião é obrigatória a citação dos confinantes. A ausência de citação induz nulidade e desconstituição da sentença.
Nulidade de citação: A citação por edital da parte demandada somente pode substituir a pessoal na hipótese de ocorrer o exaurimento dos meios existentes, à disposição da parte autora, para a localização daquela. Não havendo este esgotamento, revela-se nula a citação por edital.
II - incompetência absoluta e relativa: dá-se a incompetência absoluta em razão da matéria e da função. Pode ser alegada a qualquer tempo e grau de jurisdição e, também, de ofício. A relativa opera-se em razão do lugar e do valor da causa.
III - incorreção do valor da causa: o autor deve indicar o valor da causa na inicial, no entanto, se a indicação houver incorreção, o réu deve impugná-lo sob pena de se convalidar o valor dado à causa.
IV Inépcia da petição inicial: dar-se-á a inépcia da inicial, quando ela não preencher os requisitos do art. 330, 1º, I a IV, do CPC, ou apresentar os defeitos indicados no art. 330 do CPC.
V Perempção: entendemos por perempção a extinção do processo sem que o juiz tenha resolvido o mérito, por culpa do autor, porque deixou de praticar ato processual que lhe competia, durante período de tempo superior a 30 (trinta) dias, caracterizando abandono da causa (extinção do processo sem resolução de mérito); ou, porque abandonou a causa, deixando-a extinguir por três vezes. Assim, o autor estará impedido de ajuizar a mesma demanda pela quarta vez.
VI litispendência: esta palavra origina-se do latim litis que significa litígio, e a palavra pendência. Inferimos, portanto, que litispendência é litígio em andamento. Ocorre a litispendência quando houver duas ou mais ações judiciais propostas que apresentam as mesmas partes, o mesmo pedido e a mesma causa de pedir. A consequência jurídica do acolhimento da litispendência é a extinção do processo sem resolução de mérito;
VII - coisa julgada: trata-se da reprodução de ação anteriormente ajuizada e decidida por sentença; a coisa julgada ocorre quando o autor repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba mais recurso. O art. 502 do CPC explica que a coisa julgada material a sentença que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito de uma ação não mais sujeita a recurso. Neste caso o juiz não resolverá o mérito do processo, extinguindo-o sem resolução de mérito.
VIII conexão: trata-se da existência de dois processos que apresentam o mesmo pedido ou a mesma causa de pedir. As partes são diferentes. É uma defesa dilatória e visa à reunião de dois ou mais processos para julgá-los em conjunto, diante do juízo prevento, evitando decisões conflitantes entre si.
IX - incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização: quando alguém ingressa com uma ação ordinária, precisa ter capacidade para ser parte, isto é, aptidão para ingressar pessoalmente em juízo. O mesmo ocorre no caso da representação ou autorização. Para o autor iniciar uma demanda judicial, ele precisa estar representado por procurador ou advogado legalmente habilitado, ou deve ter autorização do cônjuge nos casos exigidos por lei. Estes três institutos referem-se aos pressupostos de desenvolvimento válido e regular do processo e ensejam a extinção do feito sem resolução de mérito se tais vícios não forem sanados no prazo fixado pelo juiz.
X - convenção de arbitragem: foi instituída pela Lei nº. 9.307/96. A arbitragem permite solucionar conflito de interesses estabelecido entre as partes sem que a questão seja submetida ao Poder Judiciário. As pessoas têm liberdade de decidir que problemas originários da interpretação e descumprimento contratual serão levados ao conhecimento de um árbitro e por ele decididos. O árbitro pode ser designado desde já ou escolhido futuramente. A convenção de arbitragem é incluída em cláusula denominada cláusula arbitral. Se a convenção de arbitragem for aceita, o processo será extinto sem resolução de mérito. É defesa peremptória
XI - ausência de legitimidade ou de interesse processual: para figurar na ação, a parte deve ter legitimidade ou interesse da demanda. Isso significa que o bem pleiteado deve pertencer efetivamente à parte demandante. Caso contrário, o processo será extinto sem resolução de mérito. Extingue-se o processo sem resolução de mérito.
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar: l) falta de caução ou outra prestação: Neste caso, a caução ou outra prestação funcionam como um meio idôneo para a existência do processo. Se não houver a prestação da caução ou outra prestação, o feito será extinto sem resolução do mérito. Para que algumas ações judiciais possam ser ajuizadas, a lei exige a prestação de caução ou outra prestação. Caso o autor não preste caução ou não ofereça a prestação exigida, o advogado do réu, ao contestar, suscitará esta preliminar, sob pena de extinção do feito.
XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça: o autor que não pode arcar com as despesas e custas processuais faz jus aos benefícios da justiça gratuita. Deverá comprovar por meio de documento que é pessoa pobre na acepção jurídica do termo. Se o juiz conceder a justiça gratuita, e o réu souber que o autor tem condições de suportar o ônus das custas e despesas processuais poderá, em sede de preliminar da contestação, demonstrar que a concessão do benefício de justiça gratuita é indevida.
Art. 337, 6º, do CPC Excetuadas a convenção de arbitragem e a incompetência relativa, o juiz conhecerá de ofício das matérias enumeradas neste artigo. Súmula 33 do STJ: A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício.
Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu.
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, 8 o.
Art. 339 do CPC Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.
Art. 339 do CPC 1 o O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338. (Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído)
Art. 339, 2º, do CPC No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.
Art. 340 do CPC Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa, preferencialmente por meio eletrônico.
Art. 340, 1º, do CPC A contestação será submetida a livre distribuição ou, se o réu houver sido citado por meio de carta precatória, juntada aos autos dessa carta, seguindo-se a sua imediata remessa para o juízo da causa.
Art. 340, 2º do CPC Reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, o juízo para o qual for distribuída a contestação será considerado prevento.
Art. 340, 3º, do CPC Alegada a incompetência nos termos do caput, será suspensa a realização da audiência de conciliação ou de mediação, se tiver sido designada.
Art. 340, 4º, do CPC Definida a competência, o juízo competente designará nova data para a audiência de conciliação ou de mediação.
Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão: são os casos de direitos indisponíveis como, por exemplo, aqueles referentes à personalidade. Uma pessoa não pode vender um órgão do seu corpo, embora ele lhe pertença. Aplica-se também o caso de direito indisponível nas ações de alimentos. (Outros exemplos: divórcio, reconhecimento de paternidade etc.)
II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato: a norma está de conformidade com aquela indicada no artigo 406 do Código Processo Civil que registra o seguinte: Quando a lei exigir instrumento público como da substância do ato, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.
Demanda que versa sobre propriedade do terreno (ação reivindicatória) a petição inicial deverá vir com instrumento público que comprove a propriedade do terreno.
III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto: acontece essa situação jurídica, quando o autor desenvolve uma série de fatos na petição inicial e o réu impugna diretamente apenas alguns, porém da impugnação destes surge, ainda que implicitamente, a rejeição dos demais, por incompatibilidade lógica entre o que foi arguido e os acontecimentos não apreciados pelo réu.
Art. 342 do CPC Depois da contestação, o réu somente poderá deduzir novas alegações quando: a) relativas a direito superveniente; b) competir ao juiz conhecer delas de ofício; c) por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo.
a) Relativas ao direito superveniente: direito superveniente: Pelo termo superveniente entende-se o surgimento um novo direito para o autor que ocorre posteriormente à contestação.
b) Reconhecimento de ofício pelo juiz: as objeções processuais, defesas que digam respeito à matéria de ordem pública. Exemplo: prescrição e decadência.
c) Por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e juízo: essa hipótese coincide com a anterior, em parte, porque a matéria que o réu pode alegar, por autorização legal, são as de ordem pública, não sujeitas à preclusão.
A defesa material ou de mérito classifica-se em: a) defesa de mérito de forma direta: o réu resiste diretamente ao fato constitutivo ou ao direito alegado pelo autor. Este deve comprovar a veracidade dos fatos alegados.
b) defesa de mérito de forma indireta: reconhecimento pelo réu da existência de fato jurídico alegado pelo autor, mas com a apresentação de um fato novo que modifica, impede ou extingue o direito do autor.
Depois da contestação, só é permitido ao réu deduzir novas alegações, quando: a) relativas a direito ou a fato supervenientes: é possível defesas novas, depois de protocolado a contestação, quando os fatos novos estiverem apoiados em direito superveniente à própria contestação, isto é, direito que somente se constituiu ou se integrou posteriormente a esta. Assim, por exemplo, os aluguéis, as rendas, as prestações periódicas em geral, que se tornaram exigíveis somente depois da contestação.
b) competir ao juiz conhecer delas de ofício: é permitido ao réu aduzir novas alegações mesmo depois do prazo da contestação, quando se verificar que assistia ao juiz tomar conhecimento delas de ofício, como é o caso, por exemplo, de nulidades absolutas, ou o surgimento de fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito do autor;
c) por expressa autorização legal, puderem ser formadas em qualquer tempo e juízo: nesse caso, são defesas que podem ser formuladas em qualquer fase do processo, como a prescrição, a incompetência absoluta do juízo etc.
RECONVENÇÃO Art. 343 do CPC Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento da defesa.
Art. 343, 1º, do CPC 1 o Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
Art. 343 do CPC 2 o A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção.
Art. 343, 2º, CPC 2 o A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção.