Aula 116. Tutela provisória (Parte VII):

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1 Turma e Ano: Direito Processual Civil - NCPC (2016) Matéria / Aula: Estabilização da tutela provisória / 116 Professor: Edward Carlyle Monitora: Laryssa Marques Aula 116 Tutela provisória (Parte VII): Estabilização da Tutela provisória: A tutela é provisória, porque produz efeitos durante determinado período de tempo até que venha a ser substituída por uma tutela definitiva. Segundo o CPC, possui dois fundamentos: urgência e evidência. Por ora, estamos analisando a chamada tutela provisória de urgência (arts. 300 a 302). Juiz decide/decisão interlocutória: Defere o pedido de tutela provisória -> art. 303, 1 o e seguintes, CPC. Indefere o pedido de tutela provisória -> art. 303, 6 o, CPC. - Indeferimento do pedido de tutela provisória de urgência com procedimento da tutela antecipada requerida em caráter antecedente: CPC, Art o Caso entenda que não há elementos para a concessão de tutela antecipada, o órgão jurisdicional determinará a emenda da petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser extinto sem resolução de mérito [com base no art. 485, I, CPC]. - Concessão do pedido de tutela provisória de urgência com procedimento da tutela antecipada (de caráter satisfativo) requerida em caráter antecedente: artigo: CPC, Art. 303, 1 o Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste 1

2 I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias [úteis] ou em outro prazo maior que o juiz fixar; II - o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de mediação na forma do art ; III - não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art o Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do 1 o deste artigo, o processo será extinto sem resolução do mérito. O art. 304 dispõe que: Art A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso. A decisão que a concedeu é interlocutória e, como tal, o recurso cabível é o agravo de instrumento (Art , I, CPC). O que acontece com os efeitos da tutela provisória se o réu não recorre da decisão interlocutória que a concede? Ocorrerá a chamada estabilização da tutela provisória. Portanto, não é a conduta do autor que leva à esta estabilização, mas sim a inércia do réu em recorrer. Pressupostos para estabilização da tutela provisória: 1) Autor deve formular o pedido de tutela antecipada em caráter antecedente. Não pode ser incidental. 2) Autor não pode manifestar, na petição inicial, a intenção de dar prosseguimento ao processo (não pode dizer que pretende a obtenção da tutela definitiva). 1 Art Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. 2 Art O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data: I - da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição; II - do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, 4 o, inciso I; III - prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos. 2

3 3) Deve ter sido proferida decisão concessiva da tutela antecipada (tutela provisória de urgência satisfativa). 4) Inércia do réu em recorrer da decisão art. 304, CPC. recorrer). Obs.: Determinados autores preferem falar em inércia total do réu (não apenas em E se o réu é revel? Vimos que, segundo o 1 o do art. 303, uma vez conferida a tutela antecipada e tendo o autor realizado o aditamento, será intimado/citado o réu. Se o réu for revel, a revelia também acarreta a estabilização da tutela provisória? Situação delicada. Pela letra da lei, não. O que acarreta a estabilização da tutela provisória é a falta de recurso e não a revelia. Ocorre que até ter início do prazo de resposta, pode transcorrer muito tempo; daí a razão pela qual a revelia não se dá imediatamente, o que, em tese, para alguns autores, não impediria a estabilização em sua decorrência. E se, no prazo de resposta, for apresentada contestação (impugnação do réu, que discute a validade da tutela provisória)? Em verdade, o réu deveria ter apresentado recurso, mas apresentou contestação. Há estabilização da tutela provisória? Situação que também é delicada. Pela letra fria da lei, como não houve interposição de recurso, a tutela provisória está estabilizada (a contestação não obsta a estabilização). Mas, os adeptos da ideia de inércia total defendem que se o réu contesta, ele impugna e, portanto, não se estabiliza a tutela provisória. Tutela antecipada (tutela provisória de urgência satisfativa) Pressupostos (pedido em caráter antecedente; autor não requer tutela definitiva; concessão de tutela antecipada; inércia do réu em recorrer) Estabilização da tutela antecipada Processo será extinto se o interessado não recorrer Sem resolução do mérito (por ser tutela provisória/cognição sumária/precarieda de/inaptidão para formar coisa julgada; e por não ser decidida a relação jurídica de direito material discutida entre as partes) 3

4 CPC, Art. 304: 3 o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida na ação de que trata o 2 o [e 5 o ]. 4 o Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi concedida a medida, para instruir a petição inicial da ação a que se refere o 2 o, prevento o juízo em que a tutela antecipada foi concedida. 5 o O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no 2 o deste artigo, extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos do 1 o. Apesar de alguns autores defenderem que se trata de coisa julgada, a estabilização da tutela provisória não pode ser assim considerada, porque não diz respeito ao mérito da causa. Neste sentido: Fredie Didier. O que se torna estável, na verdade, são os efeitos materiais, que são provisoriamente antecipados por força da tutela provisória. processo. Assim, a estabilização da tutela antecipada é uma espécie de monitorização do Sobre a monitorização do processo: A cognição secundum eventum defensionis depende de o réu se defender ou não. O principal exemplo é a ação monitória (arts. 700 a 702, CPC). Daí o termo monitorização. Art A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz: I - o pagamento de quantia em dinheiro; II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel; III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer. 1 o A prova escrita pode consistir em prova oral documentada, produzida antecipadamente nos termos do art

5 2 o Na petição inicial, incumbe ao autor explicitar, conforme o caso: I - a importância devida, instruindo-a com memória de cálculo; II - o valor atual da coisa reclamada; III - o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito econômico perseguido. (...) 7 o Na ação monitória, admite-se citação por qualquer dos meios permitidos para o procedimento comum. Art Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à causa. no prazo. 1 o O réu será isento do pagamento de custas processuais se cumprir o mandado 2 o Constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial, independentemente de qualquer formalidade, se não realizado o pagamento e não apresentados os embargos previstos no art. 702, observando-se, no que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial. É a inércia do réu em pagar ou embargar que acarreta a convolação da prova escrita sem eficácia de título executivo em título executivo judicial (art. 700, caput c/c art. 701, 2 o ). O mesmo (cognição secundum eventum defensionis) ocorre na estabilização da tutela provisória: é a inércia do réu em recorrer da decisão que concede tutela provisória que acarreta, automaticamente, a estabilização da tutela antecipada. Por isso, há quem defenda, inclusive, que foi criado um minissistema de monitorização no âmbito da estabilização da tutela provisória. 5