Espécies de questões preliminares

Transcrição

1 Turma e Ano: Direito Processual Civil - NCPC (2016) Matéria / Aula: Espécies de questões e de cognição judicial / 106 Professor: Edward Carlyle Monitora: Laryssa Marques Aula 106 Questões (Parte II): Espécies de questões preliminares: Esta abordagem tem origem nos estudos de Barbosa Moreira e conta com vários adeptos na doutrina e na jurisprudência. São três espécies: Espécies de questões preliminares ao exame do mérito do recurso de mérito Art. 337, CPC - são as defesas processuais indiretas Requisitos de admissibilidade recursal Matéria de mérito que precisa ser analisada antes das outras matérias de mérito: decadência e prescrição (art. 487, II) Intrínsecos: legitimidade; interesse em recorrer; cabimento do recurso; inexistência de fatos impeditivos ou extintivos do direito de recorrer. Extrínsecos: tempestividade; preparo; regularidade formal do recurso. 1

2 Em síntese: primeiro, se analisa as questões preliminares ao exame do mérito (Art. 337); após, passa-se ao exame das questões preliminares de mérito: prescrição ou decadência. E, somente depois, é feita a análise das questões de mérito. Espécies de questões prejudiciais: As questões prejudiciais são autônomas, vinculadas a Direito Material. Por isso, usualmente, a doutrina as distingue as em internas e externas. Espécies de questões prejudiciais Internas Externas São aquelas que são decididas dentro de um mesmo processo em que foi formulado um pedido principal (que se constitui na questão prejudicada). São aquelas em que a questão prejudicial precisa ser decidida em outro processo, diferente daquele do pedido principal Ex.: ação de alimentos o pedido é de alimentos; mas há uma questão prejudicial que diz respeito à filiação Ação de reparação de danos ocasionados por uma conduta tipificada penalmente. O juiz da vara cível não pode analisar a ocorrência do evento criminoso - autoria e materialidade atinente aos danos tramita na vara criminal; e indenização tramita na vara cível. 2

3 Outras classificações: Questões prejudiciais homogêneas e heterogêneas: As questões prejudiciais internas são também homogêneas (decididas mesmo processo do pedido principal e pelo mesmo ramo do direito). Já as externas são heterogêneas (decidas em processos e ramos distintos do direito). Questões de admissibilidade e de mérito: As questões de admissibilidade são: pressupostos processuais; legitimidade e interesse. Acarretam a extinção do processo sem resolução do mérito (art. 485). Já as questões de mérito dizem respeito à análise do pedido e propiciam a extinção do processo com resolução do mérito (art. 487). Resolução incidenter tantum e principaliter: Distinção quanto às formas de resolução do processo. É preciso identificar qual é a questão apresentada, como pode ser decidida e em que termos. Resolução incidenter tantum Resolução principaliter É decidida incidentalmente, porque não se constitui na finalidade principal da demanda. É, na verdade, um fundamento para resolução de outra questão. Ela é apenas solucionada/resolvida, e não julgada (não é pedido propriamente dito). Há o exercício da cognição judicial, mas não de julgamento. Permanece na seara da fundamentação. É o objeto litigioso do processo. Constitui-se basicamente no pedido. Há cognição e julgamento. Como é objeto do julgamento, é o próprio dispositivo da sentença. Não faz coisa julgada. Exceção: questão prejudicial incidental. Faz coisa julgada. 3

4 Espécies de cognição judicial: São duas: cognição horizontal e vertical. A horizontal diz respeito a que tipo de questão pode ser examinada pelo juiz em determinada espécie de procedimento. Se não houver qualquer restrição (liberdade em relação às alegações que podem ser formuladas no processo), a cognição é plena. A contrario sensu, se houver alguma restrição, a cognição é parcial ou limitada. Já a cognição no sentido vertical tem relação com a profundidade da análise feita pelo juiz das alegações formuladas pelas partes. Se o juiz pode examinar todas as alegações e provas produzidas pelas partes, exaustivamente e da maneira que bem entender, a cognição é exauriente. Em contrapartida, se ele não tem essa liberdade e se há restrição quanto à profundidade do exame feito pelo juiz, a cognição é sumária (relacionada às tutelas provisórias, subdivididas em tutelas de urgência e de evidência - arts. 294 e seguintes do CPC). A cognição pode ser: Plena e exauriente -> não há qualquer tipo de restrição quanto às matérias que podem ser apresentadas ao juiz (plena). E o juiz não tem nenhuma restrição quanto à profundidade de sua análise em relação às matérias alegadas pelas partes (exauriente). Ex.: procedimento comum. Parcial/limitada e exauriente -> existe restrição quanto às matérias que podem ser apresentadas pelas partes (parcial/limitada). No entanto, a profundidade da análise destas matérias pelo juiz é ampla (exauriente). Ex.: embargos de terceiro (matérias que o embargante pode alegar estão na lei art. 680, CPC). Plena e exauriente secundum eventum probationis (segundo as provas produzidas) -> não há restrição quanto às matérias que podem ser alegadas (plena). Mas, é exauriente dependendo do teor das alegações e das provas que lhe dizem respeito. Ex.: no mandado de segurança, só se admite prova pré-constituída (documental - art. 19, Lei /09 e Súmula 304, STF). 4

5 Eventual -> a questão pode surgir ou não. Poderá ser plena ou limitada e exauriente secundum eventum defensionis. Essa cognição depende da apresentação ou não de defesa pela parte ré. Ex.: ação monitória (art. 700 a 702, CPC). Se o réu apresenta defesa, o procedimento passa ser ordinário e a cognição, plena e exauriente. 5