de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia

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Transcrição:

Anais do I Seminário Internacional de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia DEGRADAÇÃO NO CONJUNTO JOÃO PAULO II E ANÁLISE COMPARATIVA COM A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL José Roselito Carmelo da Silva jrcsilva@uea.edu.br Realização Apoio

INTRODUÇÃO Podemos analisar o espaço urbano da capital, a partir do projeto iniciado no final da década de 1960 que tornou a cidade manauara em verdadeiro enclave industrial com a implantação da Zona Franca. Manaus recebeu intenso fluxo migratório do interior do Amazonas e de outras cidades da Amazônia Ocidental. A forte pressão populacional resultou em inúmeros bairros sem planejamento e surgiram as palafitas urbanas, ao longo das margens ou sobre os igarapés. A ocupação demográfica nas zonas Sul, Leste e Oeste encontram-se praticamente consolidadas, devido estarem limitadas respectivamente pelo rio Negro e o Amazonas, a bacia do rio Puraquequara e bacia do Tarumã-Açu. Atualmente a zona Norte constitui-se frente de expansão e pressão demográfica, concentrando problemas socioambientais presentes no centro urbano e bairros mais antigos como a Compensa, Educandos, Aleixo e Alvorada. Com o Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus - Prosamim e a ação denominada revitalização dos igarapés cujo objetivo é canalizar, retificar e retirar a população e suas palafitas urbanas das margens dos corpos d água, o Governo do Estado do Amazonas construiu conjuntos habitações na zona Norte, como o João Paulo II e remanejou inúmeras famílias que viviam nas calhas dos igarapés no centro da cidade e principalmente no igarapé do Quarenta. A construção desse conjunto residencial ocasionou impactos negativos sobre os cursos d águas, que o torna incompatível com a legislação ambiental vigente do município, que exige progressivamente melhoria na forma de ocupação do solo com vista a qualidade socioambiental. Dessa, forma fez-se um estudo dos impactos ambientais daquela área e analisados de acordo com o que determina o Plano Diretor Urbano e Ambiental, Normas de Uso e Ocupação do Solo e o Código Ambiental do Município de Manaus. Anais do I Seminário Internacional de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia. 2

OBJETIVOS Objetivou-se com este trabalho analisar os impactos ambientais na área de construção do Conjunto João Paulo II, observando a vulnerabilidade das obras de engenharia, sobre a microbacia com ênfase na vegetação ciliar, áreas de encostas, construção de pontes e o assoreamento do leito do igarapé com estudo comparativo com o que determina a legislação ambiental vigente no Município de Manaus. METODOLOGIA O presente trabalho foi desenvolvido no Conjunto Habitacional João Paulo II, bairro de Santa Etelvina, localizado na zona Norte da cidade de Manaus. Para avaliar o grau de perturbação decorrente das obras de engenharia na construção do conjunto, primeiramente realizou-se um diagnóstico visual in loco em quatro pontos levando-se em conta a potencialidade da área impactada e a facilidade de acesso, anotação em caderneta de campo dos impactos diagnosticados, registro fotográfico por meio de câmera digital de 3.2 mega pixels modelo MVC-CD350, marca Sony Mavica CD 250. Posteriormente em trabalho de escritório foi realizado estudo dos registros fotográficos e das anotações da caderneta para serem analisados e interpretados a partir da Lei n.º 605 de 24 de julho de 2001 que instituiu o Código Ambiental do município de Manaus, da Lei n.º 671, de 04 de novembro de 2002, que regulamenta o Plano Diretor Urbano e Ambiental e a Lei nº 672, de 04 de novembro de 2002 que instituiu as Normas de Uso e Ocupação do Solo no Município de Manaus. RESULTADOS E DISCUSSÃO A forma como foi e vem sendo construídos os conjuntos habitacionais de casas populares pelo Governo do Estado do Amazonas, a degradação ambiental torna-se um fator evidente, visto a partir dos interflúvios, sobre as planícies de inundação e nos canais da microbacia que compõe o meio físico da área do Conjunto João Paulo II, em discordâncias com a legislação ambiental vigente, quando se constata o que diz a Lei nº 605 de 24 de julho de 2001 que instituiu o Código Ambiental do Município de Manaus, em que no artigo 32 que trata das áreas de preservação permanente. No inciso II é considerada área de preservação permanente a cobertura vegetal que contribui para a estabilidade das encostas sujeitas a erosão e ao deslizamento e no inciso III as nascentes, as matas ciliares e as faixas marginais de proteção das águas superficiais, são consideradas áreas de preservação permanente. No que diz respeito ao Plano Urbano e Ambiental da Cidade de Manaus, instituído em 2002 e atualizado em 2008, tem-se nesse instrumento legal, as diretrizes para planejar o crescimento, conter o avanço em direção as áreas verdes e entre elas as Áreas de Proteção Ambiental APPs, objetivando-se o Anais do I Seminário Internacional de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia. 3

desenvolvimento da capital a partir do ordenamento da ocupação do solo urbano, com base no planejamento e à gestão do território do Município. Do que consta na Seção I do Patrimônio Natural de Manaus, do referido Plano Urbano, artigo 10º - Constituem programa de proteção do Patrimônio Natural: c) estruturação ambientalmente adequada das margens dos cursos d água com largura mínima de 50 metros para a orla dos Rios Negro e Amazonas e Igarapé do Tarumã-Açu. Para os demais cursos d água, a faixa considerada deve ser de 30 (trinta) metros, contados de cada margem da maior enchente. De acordo com os levantamentos diagnósticos no Conjunto João Paulo II, nas áreas de encostas onde deveria existir a faixa de preservação permanente previsto na lei, pois é onde se encontram nascentes e a vegetação mantêm a estabilidade do solo. O impacto diagnosticado foi sobre a retirada da vegetação ciliar e o solo ficou exposto à erosão acelerada antropogenética que se desenvolve da seguinte forma: transporte (deplúvio) de material carregado pela água da chuva e deposição (aplúvio) sedimentação do material nas partes mais baixas, ou seja, na calha do igarapé (figura 1). Figura 1 processo erosivo pela retirada da vegetação ciliar com deposição de material na calha do igarapé (ponto 4). (Foto: José R. C. da Silva, 2009) De acordo com as Normas de Uso e Ocupação do Solo no Município de Manaus, o artigo 1º expõe que se deve manter preservada as áreas vulneráveis dando-se a atenção para: a preservação das áreas de proteção e de fragilidades ambientais, incluindo as nascentes e as margens dos cursos d'água, Anais do I Seminário Internacional de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia. 4

as unidades de conservação, os fragmentos florestais e as áreas de fundo de vales (Lei nº 672, de 04 de novembro de 2002, inciso I) Constata-se que devido o assoreamento da calha principal do igarapé e pela obra de construção de pontes inadequadas que não permitem maior vazão durante o período de chuva a água fica represada, transborda pela planície inundando-a e matando a vegetação ciliar remanescente (figura 2). A esse respeito Cunha (2009), diz que a erosão hídrica demanda considerável volume de sedimentos para o canal fluvial o que contribui para as enchentes na planície de inundação. Qualquer ação sobre o meio ambiente, demanda impactos, e este está diretamente relacionado a área de intervenção e se tratando de grandes empreendimentos com fortes impactos ambientais, deverá ter um programa de acompanhamento monitoramento dos impactos ambientais, desde a fase de construção instalação até a fase de funcionamento (ROOS, p.305, 2000) Figura 2 - Planície inundada devido ao assoreamento do leito do igarapé e represamento da água pela construção da ponte (ponto 3). (Foto: José R. C. da Silva, 2009) O primeiro impacto para construção dos conjuntos residenciais é a retirada por completa da cobertura vegetal, deixando a superfície das encostas expostas à erosão das águas pluvial, se não houver planejamento adequado seguindo as determinações da legislação ambiental e se não levar em conta a intensidade de chuva que caracteriza o clima Amazônico, os efeitos de desequilíbrio sobre o meio ambiental são intensos, como é evidente no Conjunto João Paulo II, formação sobre o solo de pequenos sulcos e ravinas nas vertentes que são escavamento produzido pelo lençol de escoamento superficial, sendo o último estágio para formação das voçorocas que são grandes escavações do solo e futuramente poderá se constituir em sérios problemas ambientais para os habitantes daquele local. Além dos impactos diretos decorrentes do inadequado planejamento técnico sobre a microbacia seguido de ineficiente infra-estrutura urbana, a população do conjunto João Paulo II também Anais do I Seminário Internacional de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia. 5

contribui com os impactos indiretos que não são controlados pela legislação, praticando ações como: lançamento de esgoto doméstico, lixo e entulho no curso d água o que acentuam o desequilíbrio dos fatores naturais como topografia, geologia, solo, clima e vegetação. CONSIDERAÇÕES FINAIS Do ponto de vista socioambiental, a degradação ocorrida no Conjunto João Paulo II, quando analisada a partir da legislação ambiental, apontam para uma situação contraditória da ação implementada pelo governo, retira-se a população das áreas impactadas para revitalizar o ambiente deslocando centenas de famílias para uma área que foi degradada ou por falta de avaliação de impactos ambientais eficientes ou incapacidade de fiscalização dos órgãos competentes antes e durante da construção do conjunto. O problema ambiental se ampliou, onde áreas de floresta da zona Norte estão sendo derrubadas para ceder espaço para as mesmas situações impactantes vivenciadas no centro da cidade de Manaus e bairros mais antigos. Dessa forma, com base nos resultados obtidos podemos concluir que as práticas de planejamento urbano no Conjunto João Paulo II, seguem as mesmas características das obras de engenharia vistas em conjuntos mais antigos da cidade de Manaus, em que se apresentam contraditórias as normas ambientais da Lei n.º 605 de 24 de julho de 2001 que instituiu o Código Ambiental do município de Manaus, da Lei n.º 671, de 04 de novembro de 2002, que regulamenta o Plano Diretor Urbano e Ambiental e a Lei nº 672, de 04 de novembro de 2002 que instituiu as Normas de Uso e Ocupação do Solo no Município de Manaus que estabelecem entre suas diretrizes gerais a garantia do direito ao município sustentável, bem como o planejamento da cidade no sentido amplo de evitar e corrigir os efeitos negativos do crescimento urbano sobre o meio ambiente. As obras de engenharia edificadas potencializou as fragilidades do meio físico, contribuindo para os impactos ambientais no local. Anais do I Seminário Internacional de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia. 6

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS CUNHA, S. B.; GUERRA, A. J. T. (Org.). A questão ambiental: diferentes abordagens. 5.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. MANAUS. Código Ambiental (2001). Código Ambiental do Município de Manaus: sancionado em 24 de julho de 2001. Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Meio Ambiente. Manaus: Monkpel, 2001. MANAUS. Lei nº. 671, de 4 de novembro de 2002. Plano Diretor Urbano e Ambiental do Município de Manaus. Lei nº. 672, de 4 de novembro de 2002. Institui as normas de uso e ocupação do solo no Município de Manaus: sancionadas em 4 de novembro de 2002. Prefeitura Municipal de Manaus. Manaus: Diário Oficial nº. 628, 2002. ROOS, J. L. S. Geomorfologia aplicada aos Eias-Rimas. In: GUERRA, A. J. T; CUNHA, S. B. da (Org.). Geomorfologia e meio ambiente. 3.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. Anais do I Seminário Internacional de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia. 7