A PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTÁRIA EM ADOLESCENTES DE 12 ANOS NO BRASIL

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Transcrição:

A PREVALÊNCIA DE CÁRIE DENTÁRIA EM ADOLESCENTES DE 12 ANOS NO BRASIL Heron Teixeira Lima¹; Ana Beatriz Guedes Quirino¹; Maikon Nogueira Lima¹; Zila Daniere Dutra dos Santos¹; Sofia Vasconcelos Carneiro²; Cosmo Helder Ferreira da Silva² ¹Discentes do curso de Odontologia da UniCatólica; ²Docentes do curso de Odontologia da UniCatólica; E-mail: sofiacarneiro@fcrs.edu.br E-mail: helderferreira@fcrs.edu.br RESUMO Diversos estudos relatam o aumento dos índices de dentes cariados, perdidos e obturados (CPO-D) proporcionalmente ao aumento da idade, por isso tem-se uma necessidade de estudar a saúde bucal da população jovem, principalmente os fatores que estão associados ao aumento ou à diminuição da prevalência de cárie nesse público. O estudo objetivou relatar através da literatura a prevalência da doença cárie em adolescentes brasileiros. Foram pesquisados trabalhos dos últimos 10 anos nas bases de dados Scielo e Biblioteca Virtual em Saúde, utilizando as palavras-chaves saúde bucal, jovens, inquéritos epidemiológicos e fatores socioeconômicos. A cárie dentária acomete em maior número os adolescentes quando comparados com as crianças. A prevalência dessa doença vem diminuindo como passar dos anos, principalmente depois da década de 70, quando foi feita a incorporação de íons flúor nas águas de abastecimento e dentifrícios, facilitando o controle e prevenção de cárie na adolescência. De acordo com o Projeto SB Brasil 2010, o índice de dentes cariados nos adolescentes brasileiros reduziu ¹/ 5 quando comparado ao levantamento realizado em 2003. Diante disso, é visto que a prevalência de cárie nos adolescentes brasileiros vem diminuindo, porém, ainda necessita de uma atenção maior e a criação de políticas preventivas para que cada vez mais esse índice diminua a fim da população ter uma qualidade de vida melhor. Palavras-chaves: Saúde Bucal. Jovens. Inquéritos Epidemiológicos. Fatores Socioeconômicos.

INTRODUÇÃO A cárie dentária é a doença de maior prevalência na cavidade oral, sendo a mais estudada em todo o mundo pelos pesquisadores (ALMEIDA et al., 2012). Há algumas décadas atrás os estudos relatavam altos índices de cárie na população brasileira (BARROS et al., 2015). A diminuição da prevalência de cárie dentária se tornou possível devido fatores que contribuem para que esta doença não se desenvolva, como a incorporação de íons flúor nas águas de abastecimento, principalmente, e nos dentifrícios e as melhorias das condições de vida e na saúde pública (ALMEIDA et al., 2012). A adolescência é um período de transições complexas que representam risco para a evolução do agravo da cárie dentária (ALMEIDA et al., 2012), em que os comportamentos com a saúde se consolidam, destacando-se a higiene bucal e os hábitos alimentares (FREIRE; SHEIHAM; BINO, 2007). A falta de hábitos de vida saudáveis durante a adolescência é um importante fator de risco para a saúde na vida adulta, inclusive para a saúde bucal, devido os métodos adequados de higiene poderem entrar em confronto com o estilo de vida, pois os adolescentes não aceitam a supervisão de adultos (BARROS et al., 2015). A idade de 12 anos tem sido considerada muito importante para a realização de estudos epidemiológicos, pelo fato desses adolescentes geralmente terem todos os dentes permanentes erupcionados, com exceção dos terceiros molares, sendo, assim, escolhida como a idade de monitoramento global da cárie através do índice de dentes cariados, perdidos e obturados (CPO-D) (MOURA; CAVALCANTI; BEZERRA, 2008). Inúmeros levantamentos revelam que o índice de cárie em adolescentes é mais elevado quando comparando com as crianças, o que deveria despertar um maior interesse para estudar essa faixa etária que é mais acometida por essa doença. Diversos são estudos que relatam o aumento dos índices de CPO-D proporcionalmente ao aumento da idade (MOREIRA; ROSENBLATT; PASSOS, 2007; BRASIL, 2011; ALMEIDA et al., 2012; BARROS et al., 2015). Diante disso, o objetivo desse trabalho foi revisar a literatura acerca da prevalência de cárie dentária nos adolescentes de 12 anos no Brasil, destacando os fatores que influenciam na alta ou baixa prevalência.

METODOLOGIA O presente estudo de caráter descritivo, transversal e qualitativo, trata-se de uma revisão de literatura a fim de relatar a prevalência de cárie dentária nos adolescentes de 12 anos no Brasil, baseada na leitura e análise de textos em acervos digitais, com o intuito de gerar conclusões gerais sobre o tema. A estratégia de busca para esse estudo foi através das bases de dados Scielo e Biblioteca Virtual em Saúde, utilizando-se as palavras-chave: Saúde Bucal, Jovens, Inquéritos Epidemiológicos e Fatores Socioeconômicos, devidamente cadastradas nos Descritores em Ciências da Saúde. Foram encontrados 73 artigos, dos quais foram selecionados 11 para a elaboração do trabalho seguindo os seguintes critérios de elegibilidade pré-estabelecidos: artigos publicados na língua portuguesa e inglesa nos últimos 10 anos, feito com humanos, excluindo as monografias, artigos que envolviam outros grupos etários e os que não estavam disponíveis na integra. REVISÃO DE LITERATURA A higiene bucal é uma atividade complicada determinada por diversas razões, que sofre influência dos pais e familiares desde a infância (FREIRE; SHEIHAM; BINO, 2007). É na adolescência que se inicia o desenvolvimento de atitudes preventivas de uma maneira consciente, quando o indivíduo consegue fazer uma ligação da sua saúde com a aparência, força, autoridade e admiração (BARROS et al., 2015). Estes comportamentos estão associados a fatores demográficos, sociais, comportamentais e psicológicos, como o gênero, o nível socioeconômico e a autopercepção da saúde (FREIRE; SHEIHAM; BINO, 2007). As condições sociais, políticas, culturais e educacionais têm uma ligação muito forte com a alta prevalência e incidência de cárie, por influenciarem na educação de hábitos de higiene pessoal e coletiva, e podem ser explicações para os altos índices de CPO-D em adolescentes, deixando de sobrecarregar os fatores determinantes biológicos que interagem na etiologia da doença (LISBÔA; ABEGG, 2006). É bastante provável a interferência decisiva das características socioculturais e econômicas com o consumo de açúcar pelos adolescentes, deixando clara a necessidade de desenvolver trabalhos mais aprofundados com foco nestes aspectos (BONOTTO et al., 2015).

Nas últimas décadas houve uma melhoria na condição epidemiológica dos escolares, devido ao acesso aos serviços de saúde, obrigatoriedade de águas de abastecimento e dentifrícios fluoretados e a prevenção realizada através de ações coletivas, principalmente pelo serviço público (ALMEIDA et al., 2012). Diversos estudos mostram que o elevado consumo de alimentos ricos em sacarose está diretamente ligado a maior prevalência de cárie nos adolescentes (PEREIRA et al., 2010; BONOTTO et al., 2015; PERES et at., 2016), e quando relacionado ao gênero, as meninas são mais acometidas pela doença, condição esta que pode ser explicada pelo falo de o padrão de erupção nelas ser mais precoce, já que a cárie se manifesta dependendo do tempo de exposição do dente aos fatores etiológicos (BONOTTO et al., 2015). De acordo como Projeto SB Brasil 2010, quase 56% dos adolescentes brasileiros de 12 anos de idade tinham pelo menos um dente permanente cariado, enquanto no levantamento nacional de 2003, essa população apresentava 70% de prevalência de cárie. Esses dados mostram que houve uma melhoria nessa situação dos adolescentes desta idade, porém é possível notar as dificuldades do aumento do acesso à saúde bucal e à garantia de tratamento odontológico para estes jovens (ALMEIDA et al., 2012). Se não houver controle do índice de dentes cariados, perdidos e obturados (CPO- D) entre os adolescentes, pode ocorrer uma progressão até o envelhecimento da população, e, consequentemente, um aumento no número de dentes perdidos, se tornando importante identificar os fatores determinantes sociais e individuais que influenciam o surgimento de cárie dentária nos adolescentes, pois esse conhecimento pode contribuir para a prevenção dessa doença e para a promoção de saúde bucal (FRIAS et al., 2007). CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante disso, é visto através dos levantamentos epidemiológicos que a prevalência de cárie nos adolescentes de 12 anos no Brasil vem diminuindo, porém, ainda necessita de uma atenção maior para os cuidados bucais desta população e a criação de políticas preventivas para que cada vez mais esse índice diminua a fim desses adolescentes terem uma qualidade de vida melhor.

REFERÊNCIAS ALMEIDA, T. F. de; CANGUSSU, M. C. T.; CHAVES, S. C. L.; AMORIM, T. M. Condições de saúde bucal em crianças, adolescentes e adultos cadastrados em unidades de Saúde da Família do município de Salvador, estado da Bahia, Brasil, em 2005. Epidemiologia e Serviço de Saúde, Brasília, v.21, n.1, p.109-118, jan-mar, 2012. BARROS, W. R. C.; NASCIMENTO, L. S. do; FONTES, R. B. do C.; AGUIAR, N. L.; SILVA JÚNIOR, I. F. da; SOUZA, C. N. P. de. Prevalência de cárie dentária na adolescência em Belém do Pará: uma perspectiva amazônica. Adolescência e Saúde, Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, p. 59-68, abr/jun 2015. BONOTTO, D. M. V.; PINTARELLI, T. P.; SANTIN, G.; MONTE, G. R.; FERREIRA, F. M.; FRAIZ, F. C. Cárie dentária e gênero em adolescentes. Revista da Faculdade de Odontologia - UPF, Passo Fundo, v. 20, n. 2, p. 202-207, maio/ago. 2015. BRASIL. Ministério da Saúde. Projeto SB Brasil 2010: Pesquisa Nacional de Saúde Bucal Resultados Principais. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. FREIRE, M. C. M.; SHEIHAM, A.; BINO, Y. A. Hábitos de higiene bucal e fatores sociodemográficos em adolescentes. [S.l.], Revista Brasileira de Epidemiologia, v.10, n.4, p.606-614, 2007. FRIAS, A. C.; ANTUNES, J. L. F.; JUNQUEIRA, S. R.; NARVAI, P. C. Determinantes individuais e contextuais da prevalência de cárie dentária não tratada no Brasil. [S.l.], Revista Panamericana de Salud Pública, v.22, n.4, p.279-285, 2007. LISBÔA, I. C.; ABEGG, C. Hábitos de higiene bucal e uso de serviços odontológicos por adolescentes e adultos de Canoas, Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. [S.l.], Epidemiologia e Serviços de Saúde, v.15, n.4, p.29-39, out-dez, 2006. MOREIRA, P. V. L.; ROSENBLATT, A.; PASSOS, I. A. Prevalência de cárie em adolescentes de escolas públicas na cidade de João Pessoa, Paraíba, Brasil. [S.l.], Ciência & Saúde Coletiva, v.12, n.5, p.1229-1236, 2007. MOURA, C.; CAVALCANTI, A. L.; BEZERRA, P. K. M. Prevalência de cárie dentária em escolares de 12 anos de idade, Campina Grande, Paraíba, Brasil: enfoque socioeconômico. João Pessoa, Revista Odonto Ciência, v.23, n.3, p.256-262, 2008. PEREIRA, S. M.; TAGLIAFERRO, E. P.; PARDI, V.; CENCI, M. S.; CORTELAZZI, K. L.; AMBROSANO, G. M.; MENEGHIM, M. de C.; PEREIRA, A. C. Sugar consumption and dental health: Is there a correlation? Campinas, General Dentistry, v.58, n.1, p.6-12, 2010. PERES, M. A.; SHEIHAM, A.; LIU, P.; DEMARCO, F. F.; SILVA, A. E. R.; ASSUNÇÃO, M. C.; MENEZES, A. M.; BARROS, F. C.; PERES, K. G. Sugar Consumption and change in Dental Caries from Childhood to Adolescence. Journal of Dental Research, v.95, n.4, p.388-394, 2016.