Página 1 de 5 IPI - Avarias, deterioração e outros danos em produtos tributados 9 de Novembro de 2012 Em face da publicação do Ato Declaratório Executivo RFB nº 9/2012 - DOU 1 de 08.11.2012, este procedimento foi atualizado (subtópico 2.1 - Estorno de crédito). IPI - Avarias, deterioração e outros danos em produtos tributados Sumário 1. Introdução 2. Ocorrências verificadas no próprio estabelecimento industrial 2.1 Estorno de crédito 2.2 Apuração do valor a estornar 2.3 Escrituração fiscal 3. Ocorrências verificadas após a saída do estabelecimento industrial (produtos em trânsito) 3.1 Aspectos pertinentes ao remetente 3.2 Aspectos pertinentes ao destinatário 3.3 Parecer Normativo CST nº 95/1977 4. Perdas ocorridas na importação 4.1 Verificadas antes do desembaraço aduaneiro 1. Introdução Neste texto examinaremos os aspectos relacionados aos casos de avarias de produtos, deterioração, inutilização, furto etc. verificados no estabelecimento industrial, após a sua respectiva saída, assim como quanto àqueles constatados na importação. 2. Ocorrências verificadas no próprio estabelecimento industrial Na hipótese de ocorrências verificadas dentro do estabelecimento industrial, portanto, antes da saída do produto, deverão ser adotados os procedimentos descritos a seguir. 2.1 Estorno de crédito O estabelecimento industrial deverá anular, mediante estorno na escrita fiscal, o crédito do IPI relativo a matérias-primas, produtos intermediários, material de embalagem e quaisquer outros produtos que tenham sido furtados ou roubados, inutilizados ou deteriorados ou, ainda, empregados em outros produtos que tenham tido a mesma sorte. (Regulamento do IPI - Decreto nº 7.212/2010, art. 254, IV) 2.2 Apuração do valor a estornar
Página 2 de 5 O valor do imposto a ser estornado na escrita fiscal do contribuinte deverá corresponder exatamente àquele lançado por ocasião da respectiva entrada. Entretanto, havendo mais de uma aquisição de produtos, e não sendo possível determinar aquela a que corresponde o estorno do IPI, este será calculado com base no preço médio das aquisições. ( RIPI/2010, art. 254, 1º) 2.3 Escrituração fiscal O valor apurado a título de estorno, na forma do subitem anterior, deve ser escriturado diretamente no livro Registro de Apuração do IPI (modelo 8), no item "010 - Estorno de créditos", anotando-se resumidamente o fato que deu origem ao estorno. ( RIPI/2010, art. 477 ) 3. Ocorrências verificadas após a saída do estabelecimento industrial (produtos em trânsito) 3.1 Aspectos pertinentes ao remetente A presente questão foi examinada em diversas oportunidades pela Coordenação do Sistema de Tributação, segundo a qual as avarias de produtos (deterioração, extravio, perda etc.) verificadas após a saída do estabelecimento industrial não extinguem o crédito tributário já constituído, isto é, o débito do IPI lançado no documento fiscal que acobertou a respectiva saída. A esse respeito, vejamos o que dizem as ementas dos Pareceres Normativos CST nos 25/1970 e 209/1971 (examinar, ainda, o Parecer Normativo CST nº 95/1977, reproduzido no subitem 3.3): "Parecer Normativo CST nº 25/70 A saída de produto tributado de estabelecimento industrial é fato gerador do imposto; ocorrido este, constitui-se a obrigação tributária; desta decorre o crédito tributário, que é constituído com o lançamento. O crédito tributário assim constituído somente se modifica ou extingue por uma das modalidades expressamente contempladas na lei. O extravio de produtos posteriormente à saída de fábrica, ainda que a título de transferência, não extingue o crédito tributário já constituído." As modalidades de extinção do crédito tributário estão previstas no art. 156 (incisos I a X) da Lei nº 5.172/1966, diploma que aprovou o Código Tributário Nacional (CTN). Dentre as modalidades de extinção, citamos: o pagamento, o pagamento antecipado e a homologação do lançamento (como ocorre em relação ao IPI), a prescrição e a decadência, a remissão etc. "Parecer Normativo CST nº 209/71 Furto de produtos tributados, em poder do ambulante: não há extinção do crédito tributário, uma vez que já ocorreu o fato gerador do imposto, pela saída dos produtos do estabelecimento industrial. O contribuinte não pode, portanto, creditar-se do imposto relativo aos produtos furtados, devendo estornar esse crédito, caso o tenha escriturado." 3.2 Aspectos pertinentes ao destinatário O destinatário, ao receber produtos que tenham sido objeto de avarias (deterioração, inutilização etc.), deverá atentar, em síntese, para os seguintes aspectos (examinar, também, os itens 3 a 5 do Parecer Normativo CST nº 95/1977, transcrito no subitem 3.3):
Página 3 de 5 a) é vedada a emissão de nota fiscal de "devolução ficta" (simbólica) do produto avariado ou de quantidade, peso ou volume relativo às faltas verificadas (art. 412 do RIPI/2010 ); b) o direito ao crédito do imposto está condicionado ao efetivo recebimento do produto, inexistindo esse direito nos casos de produtos avariados que, em virtude dos danos sofridos, não mais possam ser utilizados pelo estabelecimento na industrialização de produtos nem estejam sujeitos à nova incidência do imposto na saída desse estabelecimento. ( RIPI/2010, art. 412 ) 3.3 Parecer Normativo CST nº 95/1977 Reproduzimos, a seguir, a íntegra do Parecer Normativo CST nº 95/1977, que examinou detalhadamente os aspectos relativos ao crédito do IPI nas hipóteses de faltas ou avarias de produtos em trânsito (entre os estabelecimentos remetente e destinatário): "Parecer Normativo CST nº 95/77 Imposto sobre produtos industrializados 4.18.00.00 - Crédito do Imposto Crédito do imposto nos casos de faltas ou avarias de produtos em trânsito entre os estabelecimentos remetente e destinatário. Indaga-se quanto ao direito ao crédito do imposto por parte tanto do estabelecimento remetente como do destinatário, verificada qualquer das hipóteses seguintes: a) faltas (perda total do produto, ou redução de sua quantidade, peso ou volume) decorrentes de evaporação, vazamentos, desaparecimentos ou extravios, sinistros ou furtos, e ocorrências semelhantes; b) avarias (deterioração, inutilização etc.) resultantes, principalmente, de acidentes ou de demora no trânsito. 2 - O crédito por parte do remetente, em situações semelhantes, ou seja, quando não tenha ocorrido a devolução ou o retorno dos produtos ao seu estabelecimento, já foi analisado no PN no 209/71. O entendimento então esposado, contrário ao crédito pleiteado, deve ser generalizado, pois acontecimentos tais como: perda total, redução de quantidade, peso ou volume do produto, ou sua avaria, são irrelevantes para alterar a obrigação tributária decorrente de fato gerador ocorrido por ocasião da saída da mercadoria do estabelecimento remetente, não cabendo, assim, a este creditarse do imposto correspondente às faltas ou avarias verificadas posteriormente àquela saída. 3 - Esclareça-se, por oportuno, que o destinatário das mercadorias não poderá emitir nota fiscal de 'devolução ficta' (simbólica) do produto avariado ou da quantidade, peso ou volume relativo às faltas verificadas, tendo em vista o disposto no art. 123 do RIPI /72, que proíbe a emissão de nota fiscal que não corresponda a uma efetiva saída de mercadoria, e atendendo ao fato de que a hipótese em exame não se encontra relacionada, no Regulamento, entre as exceções a esse comando. 4 - O direito ao crédito do imposto por parte do estabelecimento destinatário, nas diversas situações expostas no item 1 deste parecer, está condicionado ao efetivo recebimento do produto e, ainda, a que este seja utilizado como matéria-prima, produto intermediário ou material de embalagem na industrialização de produtos tributados, ou seja objeto de nova saída tributada, tendo em vista as disposições do art. 32 do RIPI aprovado pelo Decreto no 70.162, de 18 de fevereiro de 1972. 5 - Os lançamentos nos livros Registro de Entradas - modelo 1 - e Registro de Controle da Produção e do Estoque - modelo 2 - deverão ser feitos com base na quantidade, peso ou volume que corresponder aos produtos realmente entrados no estabelecimento, não existindo o direito ao crédito do imposto nos casos de recebimento de produtos avariados que, em virtude dos danos sofridos, não mais possam ser utilizados pelo estabelecimento destinatário na industrialização de produtos tributados nem estejam sujeitos à nova incidência do imposto na saída desse estabelecimento. Quando as faltas ou avarias acima referidas só forem constatadas após competentes registros, estes poderão ser corrigidos mediante lançamento de estorno, sempre com as necessárias anotações na coluna de observações." 4. Perdas ocorridas na importação
Página 4 de 5 4.1 Verificadas antes do desembaraço aduaneiro Caso sejam constatadas faltas de produtos importados antes de ocorrido o desembaraço aduaneiro, não será devido o IPI em relação aos produtos extraviados, visto que o fato gerador desse tributo (nas importações) ocorre no momento do respectivo desembaraço aduaneiro. A esse respeito, vejamos o que diz o Ato Declaratório (Normativo) CST nº 1/1978: "Ato Declaratório (Normativo) CST no 01/78 Imposto sobre Produtos Industrializados 4.08.06.00 - Inocorrência do fato gerador Artigo 6o, inciso I, do RIPI. O Coordenador do Sistema de Tributação, no uso das atribuições que lhe confere o item II da Instrução Normativa do Secretário da Receita Federal no 034, de 18 de setembro de 1974, e tendo em vista o Parecer CST/SIPE no 222, de 25 de janeiro de 1978, Declara, em caráter normativo, às Superintendências Regionais da Receita Federal e demais interessados que, não incide o Imposto sobre Produtos Industrializados, pela não-configuração do fato gerador previsto no art. 6o, inciso I, do RIPI/72, na hipótese de extravio de mercadorias importadas ocorrido antes do respectivo desembaraço aduaneiro." 4.2 Verificadas após o desembaraço aduaneiro As avarias poderão, ainda, ser constatadas tanto no transporte (da repartição alfandegária até o estabelecimento importador) como após a entrada dos produtos no estabelecimento (avarias nos estoques). Relativamente à primeira hipótese (avarias ocorridas no transporte), como o documento fiscal (nota fiscal relativa à entrada) deve refletir as quantidades e os valores dos produtos desembaraçados (documento este que dará ensejo à escrituração dos livros fiscais Registro de Entradas e Registro de Controle da Produção e do Estoque), cumpre ao contribuinte estornar o crédito - lançado por ocasião da escrituração do Registro de Entradas - quanto aos produtos que tenham sido avariados e se tenham tornado imprestáveis (os quais não mais serão objeto de saída tributada). Idêntico procedimento deve ser observado em relação à segunda hipótese, isto é, quando forem verificadas avarias nos estoques de produtos importados. Sobre o assunto, os itens 1 a 3 do Parecer Normativo CST no 349/1971 esclarecem: "O inciso II do art. 30 do RIPI (Decreto no 61.514/67) faculta ao importador creditar-se pelo imposto pago no desembaraço aduaneiro. 2) Nos casos de perda constatada posteriormente, qualquer que seja o motivo (deterioração do produto, obsoletismo, extravio etc.), será anulado o crédito, pelo sistema de estorno na escrita fiscal do imposto, conforme reiterados pronunciamentos desta Coordenação, ressaltando-se, por oportuno, os Pareceres CST nos 112/71 e 180/71, que focalizam a questão. 3) No que se refere à diferença no estoque, far-se-á o acerto nos livros ou fichas de controle quantitativo, desde que a perda esteja devidamente comprovada por documento hábil, observandose o fato na coluna correspondente do livro ou ficha próprios." Relativamente aos demais aspectos pertinentes à apuração e à escrituração fiscal do valor a estornar, examinar as orientações de que tratam os subitens 2.2 e 2.3. Legislação Referenciada Decreto nº 7.212/2010 Lei nº 5.172/1966 PN no 209/71 Parecer Normativo CST nº 209/71 Parecer Normativo CST nº 25/70 Parecer Normativo CST no 349/1971
Página 5 de 5 Parecer Normativo CST nº 95/1977 Sobre a IOB Política de Privacidade Copyright 2009 IOB Todos os direitos reservados