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Transcrição:

Página 1362 ESTUDO DO DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS DO PINHÃO MANSO (Jatropha curcas L.) E SEU POTENCIAL DE FIXAÇÃO DO CO2 EM CULTIVO IRRIGADO José Ronilmar de Andrade 1 ; Natássya Nyuska Cabral de Lima 1 ; Fábio Aquino de Albuquerque 2 1 Universidade Estadual da Paraíba/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Departamento de Biologia; 2 EMBRAPA Algodão/Departamento de Manejo Cultural; ronilmar_andrade@hotmail.com RESUMO O pinhão manso, Jatropha curcas L., espécie nativa do Brasil, da família das Euforbiáceas é uma cultura viável para pequenas propriedades rurais, constituindo-se como uma alternativa viável na composição de uma matriz energética ecologicamente correta. Hoje, o pinhão manso vem se destacando como uma das alternativas a mamoneira em todo o Brasil por apresentar sinais agronômicos e ambientais mais vantajosos e grande parte do semi-árido do Brasil, apresenta condições ambientais favoráveis ao seu desenvolvimento. As principais vantagens do cultivo racional do pinhão manso são o baixo custo de produção e sua capacidade de produzir em solos pouco férteis e arenosos, além da alta produtividade, da facilidade de cultivo e de colheita das sementes. Outro aspecto positivo é a fácil conservação da semente após a colheita, podendo ser armazenada por longos períodos sem os inconvenientes da deterioração do óleo como acontece com as sementes de outras oleaginosas. O presente trabalho avaliou o crescimento e desenvolvimento de plantas de pinhão manso (Jatropha curcas L.) e sua relação com a fixação do CO2. Os resultados mostraram que a determinação do diâmetro caulinar associado a altura da plantas, são medidas consistentes para estimativa da fixação de CO2 pela planta. Palavras-chave Jatropha curcas L.; pinhão manso; biocombustíveis; fixação de CO2. INTRODUÇÃO O biocombustível assume hoje em dia um papel importante na economia mundial devido à diminuição das reservas de petróleo e à crescente crise ambiental decorrente da emissão de gases do efeito de estufa (Trzeciak et al, 2009). Neste contexto surge o pinhão manso (Jatropha curcas L.), como uma alternativa viável para a produção de biodiesel, pois para além de ser uma cultura que não entra em competição com o mercado alimentar apresenta uma elevada resistência às condições de sequeiro (Luís, 2009). Dentre os benefícios ambientais agregados ao cultivo do pinhão manso está a fixação do CO2 e o reflorestamento de áreas de vegetação de caatinga (Fazenda, 2006). Segundo Ackon e Ertel (2005), o óleo de pinhão reduz as emissões de CO2, não emite gases de efeito estufa e contém enxofre em valores inexpressivos (não formando dióxido de enxofre que causa a chuva ácida),

Página 1363 sendo, portanto, uma alternativa que atende aos fatores ambientais. O cultivo e a colheita do pinhão manso, realizados de forma responsável, agregam valor socioeconômico para as comunidades locais e não competem com a produção de alimentos ou fontes de água potável (Goothuzem, 2010). O pinhão manso, por ser uma planta asselvajada, apresenta significativa desuniformidade quanto a crescimento, arquitetura e desenvolvimento (Albuquerque et al., 2008). A análise de crescimento é uma técnica válida para estudar as bases fisiológicas da produção. Esta técnica descreve as condições morfo-fisiológicas das plantas em diferentes intervalos de tempo sendo utilizada para a investigação do efeito de fenômenos ecológicos sobre o crescimento de espécies vegetais (Siva et al., 2000). Conhecer os aspectos de crescimento e desenvolvimento da planta é primordial para o desenvolvimento de um programa consistente de melhoramento para esta oleaginosa. Buscando dar continuidade às pesquisas desenvolvidas na Embrapa Algodão com foco no desenvolvimento de tecnologias de energia limpa, estudou-se a redução de gases do efeito estufa via fixação do CO2 pelas plantas do pinhão manso. Metodologia O estudo foi conduzido na fazenda Veludo, pertencente à EMEPA (Empresa Estadual de Pesquisa da Paraíba), município de Itaporanga-PB (7º 18' 16" S e 38º 09' 16" W Gr e altitude de 291 m acima do nível no mar), com clima Aw (quente e úmido). O plantio foi realizado no espaçamento 3x2 m, colocando-se três sementes por cova com profundidade de 3 cm. Foi realizada adubação com NPK (55-50 - 30), de acordo com análise de solo, sendo o nitrogênio distribuído em duas aplicações, 20% na fundação e o restante, aos 45 dias após a emergência das plântulas. Por ocasião da primeira avaliação, foi realizado o desbaste, deixando-se uma planta por cova. Foram coletadas as seguintes variáveis: altura de planta, diâmetro caulinar a 2,5 cm do colo e área foliar através da formula A. F. 0,84 N. P. L 0, 99, sugerido por Severino et al. (2005), onde N.P. = Nervura principal; L=largura do limbo foliar. Foi também determinada a fitomassa seca de cada estrutura da planta, através de método destrutivo. Os dados coletados foram submetidos à análise regressão para confecção das curvas de crescimento da planta. Para as variáveis altura de planta e diâmetro caulinar, os dados foram ajustados ao modelo sigmóide (Calbo et al., 1989a,b), devido à coerência com a fenologia de crescimento das plantas. Para a área foliar, ajustaram-se os dados a equações polinomiais. A estimativa de produção foi realizada, coletando-se os frutos de todas as

Página 1364 plantas da área experimental. A estimativa de sequestro de CO2 foi determinada pela fórmula da biomassa, considerando 1g de M.S = 1,5 g de CO2 = 0,42 g de C. (Evans, 1972). RESULTADOS E DISCUSSÃO A emergência das plântulas ocorreu aos 15 dias após a semeadura e aos 20 dias após a emergência foi realizada a primeira análise do material; nessa ocasião, as plantas apresentavam altura média de 49 cm. Observou-se que o pinhão manso apresentou um crescimento rápido até os 60 dias após a emergência, período em que as plantas apresentaram altura média de 103 cm. Drumond et al. (2010) afirma que apesar de a espécie ser considerada perene, a característica altura de plantas pode ser considerada de importância secundária, quando comparado com espécies de importância madeireira, em que a altura de plantas e o diâmetro exercem influência direta. No presente estudo, a maior expressão na altura de planta (130,20 cm) foi detectada aos 100 dias. Dentre as medidas não destrutivas, a altura (Figura 1A) foi a que cresceu mais uniformemente (R 2 =0,9988), demonstrando acúmulo constante da fitomassa ao longo do tempo. A fitomassa acumulada para o período do estudo foi de 3153,73 kg/ha. Em termos de partição de assimilados, 59% da fitomassa acumulada estavam presentes no caule, 25% nas folhas e 16% nas raízes. A fitomassa seca da planta é um importante parâmetro na avaliação do crescimento, pois sua determinação no ciclo da cultura possibilita estimar o crescimento e o desenvolvimento das plantas (Lopes et al., 2005). O acúmulo de fitomassa em folhas, caule e raízes são informações imprescindíveis para conheceremse o crescimento e o desenvolvimento de uma planta e essas informações podem servir como subsídio para compreender suas fenofases. A idade da planta, representada pelo fator época, exerceu forte influência nas características agronômicas do pinhão manso (Albuquerque, 2008). A expansão da área foliar (Figura 1C) culminou aos 40 DAE com média de 133,18 cm 2 e esse valor foi reduzido para 117 cm 2 aos 100 dias após a emergência. A área foliar das plantas é de suma importância para seu desenvolvimento e Severino et al. (2005) relatam que esta variável se relaciona diretamente com a capacidade fotossintética de interceptação da luz, interfere na cobertura do solo, na competição com outras plantas e em várias outras características. A análise de variância (ANOVA) mostrou que as medidas de diâmetro caulinar e área foliar mostraram-se como as medidas mais consistentes do ponto de vista de determinação do acúmulo de fitomassa e consequente fixação de carbono (p < 0,05).

Página 1365 O estudo realizado apresentou uma fixação de CO2 de 4,37 toneladas CO2/ha. Ferreira & Batista (2009) afirmam que o poder de absorção/fixação do CO2 d o pinhão manso é de 8 kg/planta/ha; para o espaçamento analisado (3 x 2m) com uma população de 1600 plantas tem-se uma absorção de 12,8 toneladas CO2/ha. De acordo com Andrade et al (2009) estas diferenças, provavelmente, estão relacionadas com as condições edafoclimáticas das regiões estudadas, dado que a fixação de CO2 é dependente da produção de grãos e do desenvolvimento vegetativo da planta. A produtividade média estimada para o período foi de 333,5 kg/ha. Em cultivos comerciais, a produtividade média é de 5 t ha -1, com a cultura estabelecida e em condições favoráveis de água e nutrientes (Teixeira, 2005). CONCLUSÃO O estudo da fixação do CO2 via quantificação da fitomassa foi realizado com sucesso. A análise estatística revelou que as medidas de diâmetro caulinar e área foliar foram as medidas mais consistentes do ponto de vista de determinação do acúmulo de fitomassa e consequente fixação de carbono, alcançando uma produtividade de 333,5 kg/ha, um acúmulo de fitomassa de 3153,73 kg/ha e uma fixação de 4,37 toneladas de CO2/ha. A despeito de ser cultivada há séculos em várias partes do mundo, e particularmente em países da Ásia e da África, informações quanto ao manejo de plantios comercias de pinhão manso são ainda escassas na literatura. Verifica-se que os trabalhos que avaliam a produtividade do pinhão manso normalmente estão pautados em estimativas que nem sempre correspondem à realidade do campo. No caso do pinhão manso, um número reduzido de amostras poderá expressar resultados não condizentes, pois se trata de uma planta com variadas expressões agronômicas e seu comportamento nas diversas condições edafoclimáticas merecem mais estudos.

Página 1366 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, J R; LIMA, N N C; VIANA, D L; SILVEIRA, A A C S; ALBUQUERQUE, F A. Estudo da redução dos gases do efeito estufa via fixação do CO 2 pela mamoneira BRS energia, In: XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação: anais, 2009, São José dos Campos: UVP, 2009. Disponível em: < http://www.inicepg.univap.br/cd/inic_2009/anais/arquivos/re_0825_0486_01.pdf> Acesso em: 05 maio 2010. ACKOM, E. K., ERTEL, J. An alternative energy approach to combating desertification and remotion of sustainable development in drought regions. In: FORUM DER FORSCHUNG, 18, 2005, genverlag. Anais. Eigenverlag: BTU Cottbus, 2005, p. 74-78. ALBUQUERQUE, F. A. de; OLIVEIRA, M. I. P. de.; LUCENA, A. M. A. de; BARTOLOMEU, C. R. C.; BELTRÃO, N. E. de M. Crescimento e Desenvolvimento do pinhão manso: 1º ano agrícola, Campina Grande: Embrapa Algodão, 2008. 21 p. (Embrapa Algodão. Documentos, 197). AVELAR, R. C.; SILVA, F. M.; CASTRO NETO, P.; FRAGA, A. C. Avaliação do desenvolvimento de pinhão manso (Jatropha curcas L.) do Banco de Germoplasma de UFLA, In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PLANTAS OLEAGINOSAS, ÓLEOS, GORDURAS E BIODIESEL, 5.; CLÍNICA TECNOLÓGICA EM BIODIESEL, 2., 2008, Lavras. Biodiesel: tecnologia limpa: anais completos. Lavras: UFLA, 2008. p.2796-2801. CALBO, A. G.; SILVA, W. L. C.; TORRES, A. C. Comparação de modelos e estratégias para análise de crescimento. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, v. 1, n. 1, p. 1-7, 1989a. CALBO, A. G.; SILVA, W. L. C.; TORRES, A. C. Ajuste de funções não lineares de crescimento. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, v. 1, n.1, p. 9-18, 1989b. DRUMOND, M. A.; ANJOS, J. B. dos.; MORGADO, L. B.; PAIVA, L. E. Comportamento do pinhão manso no semi-árido brasileiro, resultado do 1º ano. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROENERGIA, 2008, Botucatu. Agroenergia e desenvolvimento sustentável: anais. Botucatu: Faculdade de Ciências Agronômicas, UNESP, 2008. Disponível em: <http://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/cpatsa-2009-09/39519/1/opb1998.pdf>, Acesso em: 30 jan. 2010. EVANS, G.C. The quantitative analysis of plant growth. Blackwell. Berkeley.733p. 1972. Fazenda Tamanduá: site. Jatropha curcas: uma alternativa para geração de energia renovável no semiárido do Nordeste brasileiro. Jornal Tamanduá. Patos, 2006. Disponível em <http://www.fazendatamandua.com.br/ jt-dez06.htm> Acesso em: 05 maio 2010. FERREIRA, W J; BATISTA, G T. Perspectivas do pinhão manso no Vale do Paraíba para a produção sustentável do biodiesel. In: II Seminário de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul: Recuperação de Áreas Degradadas, Serviços Ambientais e Sustentabilidade: anais. Taubaté, Brasil, 2009, p. 313-320. Goothuzem, R. Biocombustível em vôo demonstrativo. Revista Plurale. Disponível em:<http://www.plurale.com.br/noticias-ler.php?cod_noticia=8234&origem=&filtro=> Acesso em: 05 maio 2010. LOPES, J. S.; DOURADO NETO, D.; MANFRON, P. A.; MEDEIROS, S. L. P.; BRUM, B.; COUTO, M. R. M. Ajuste de modelos para descrever a fitomassa seca da parte aérea da cultura do milho em função de graus-dia. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa Maria, v. 13, n. 1, p. 73-80, 2005. LUÍS, R M F C B. Respostas de Jatropha curcas L. ao défice hídrico - Caracterização bioquímica e ecofisiológica. Dissertação de Mestre em Engenharia Agronômica. Instituto Superior de Agronomia. Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa, 2009.

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