Marcelo Andrade da Gama Malcher



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Transcrição:

Marcelo Andrade da Gama Malcher Context-Awareness e o projeto Ambient Networks MONOGRAFIA DA DISCIPLINA INTRODUÇÃO À COMPUTAÇÃO MÓVEL DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA Programa de Pós-Graduação em Informática Rio de Janeiro Outubro de 2005 1

Índice 1 Introdução 4 1.1. Sobre Contexto em Ambient Network (AN) 5 1.2. Motivação 6 1.3. Cenário Motivador 6 1.4. Organização do restante do documento 7 2 Ambient Networks 8 2.1. Ambient Control Space 11 2.2. Ambient Network Interfaces 11 3 Context Aware em Ambient Networks 13 3.1. Gerenciamento de Contexto 14 3.2. Contextware 15 4 Conclusões 21 5 Referências 22 2

Índice de Figuras Ilustração 1 A idéia da composição de redes em Ambient Networks...5 Ilustração 2 As diversas redes se componto e acessando umas às outras através de interfaces...9 Ilustração 3 Composição de Ambient Network e Control Space...11 Ilustração 4 Arquitetura do Contextware. O fluxo se informações entre as entidades através das interfaces em várias redes compostas....16 Ilustração 5 Principais componentes do contextware....17 3

1 Introdução O projeto Ambient Networks 1 visa criar soluções de redes para sistemas móveis e sem fios além dos modelos de rede 3G vistos atualmente. Os ambientes serão compostos por inúmeros tipos de dispositivos, redes, operadores de rede, e atores, todos se comunicando com todos de modo direto e irrestrito [1]. Segundo [2], o projeto aborda a criação de um ambiente onde seja possível compor dinamicamente redes. Com isto, o acesso estará garantido a todos os tipos de redes, desde as pessoais até grandes redes corporativas, através de acordos entre as partes estabelecidos no instante da composição. Para atingir as metas propostas, alguns objetivos técnicos foram definidos [1]: Definir e validar uma solução completa e coerente para ambient networking; Assegurar que a solução do projeto irá estabelecer novos padrões para o futuro de áreas de context-aware e redes móveis; Assegurar a viabilidade comercial do projeto; Validar as várias soluções técnicas propostas pelos grupos de pesquisa do projeto. O projeto é sub-dividido em oito grupos de pesquisa que são: 1. Conceitos, arquiteturas e coordenação técnica; 2. Acesso múltiplo via rádio; 3. Conectividade e composição de redes; 4. Mobilidade e Redes Móveis 5. Transporte e roteamento de multimídia inteligentes; 6. Redes sensíveis a contexto (Context-aware); 7. Segurança; 8. Gerenciamento de redes; Esses grupos, que são todos referidos como Workpackages (WP), pretendem estudar detalhadamente e buscar novas soluções em suas respectivas áreas. Neste texto será discutida a importância do contexto no projeto Ambient 1 A sigla de Ambient Networks, AN, será usada no texto em alusão ao projeto e também às redes em si que serão implementadas de acordo com a especificação do projeto. 4

Networks, e logo serão tratados os estudos do WP6, que se referem a redes sensíveis a contexto. Na figura abaixo, pode-se ter a idéia do que é a composição instantânea de redes, a principal característica do projeto. Cada rede fornecerá interfaces de acesso às outras redes, garantindo escalabilidade e interoperabilidade [4]. Ilustração 1 A idéia da composição de redes em Ambient Networks [4] É esperado que uma ambient network suporte a heterogeneidade das diferentes redes de tal maneira que a rede pareça homogênea para os usuários finais [2]. 1.1. Sobre Contexto em Ambient Network (AN) A exploração da informação de contexto relacionada às redes pode fazer com que as comunicações entre redes se dêem de maneira mais simples, mais eficiente, e mais poderosa. Os serviços agora podem ser sensíveis a contexto, como por exemplo o gerenciamento móvel, que se beneficia de informações como localidade e direção de uma entidade no meio móvel. Mas o que é contexto? Em [2], diz-se que contexto é qualquer informação que pode ser usada para caracterizar uma situação ou uma entidade, sendo esta uma pessoa, um lugar, ou um objeto que é considerado relevante para a interação entre um usuário e uma aplicação. Um dos principais desafios em ANs é integrar a informação de contexto de modo a providenciar novas aplicações e adaptações de serviços, composição instantânea de redes, e suporte a mobilidade e 5

heterogeneidade. Um contexto pode-se referir a aspectos do mundo físico mas também às condições e às atividades no mundo virtual. 1.2.Motivação Com os vários obstáculos que as redes 3G apresentam atualmente, a criação de um padrão de redes que se adapta ao ambiente parece ser realmente o futuro [5]. As maiorias das companhias líderes em pesquisa e tecnologia do mundo estão apoiando o projeto Ambient Networks, e conclui-se que caso o projeto obtenha sucesso, este novo padrão será rapidamente adotado [1]. O estudo e a pesquisa a respeito do projeto são de extrema importância para manter-se atualizado nesta área. Vários grupos de pesquisa ao redor do mundo, já trabalham com a idéia de informação de contexto e assim será com as ambient networks. Pode-se notar que este fator é imprescindível para o sucesso do projeto. 1.3. Exemplo de Cenário Para se ter uma idéia do que seria um ambiente atendendo a essas propostas, aqui vai um cenário exemplo retirado de [8]: Arthur é um estudante que está saindo de sua escola e indo para casa com os amigos. Durante as aulas, a rede sem fio da escola provê os arquivos multimídia que são usados pelos professores nas aulas. A rede móvel presente da escola para a casa, possibilita a Arthur trocar dados via seu dispositivo portátil enquanto caminha para casa. Quando chega em casa, Arthur entra na rede da casa, que por sua vez está conectada com a rede residencial. O seu dispositivo móvel troca dados se com todos os computadores da casa. Arthur agora sabe exatamente onde os outros membros da casa estão. A irmã de Arthur, Marina, não está em seu quarto. Ela exportou seu dever de casa para a casa de sua vizinha, de modo a fazer o dever com a mesma. O fogão informa Arthur via seu dispositivo móvel de que os biscoitos estão prontos, mas que a mãe de Arthur deixou instruções para que ele não coma nada até sua irmã Marina chegue em casa. Durante o dever de casa, Arthur utiliza funções de multimídia da sua televisão, onde apresenta o resumo do que foi estudado, e os exercícios são mandados para o professor via e-mail. Arthur sai para jogar futebol, e não é necessário juiz, pois a bola possui sensores exatos da medida do campo e de sua posição atual. Qualquer dúvida, as câmeras de 6

segurança do playground automaticamente projetam na televisão mais próxima o replay do lance polêmico. Quando o jantar é servido em casa, seu dispositivo móvel é alertado, e Arthur volta para casa. 1.4.Organização do restante do documento Este documento está dividido da seguinte maneira: Na seção 2 encontram-se uma introdução às Ambient Networks e alguns detalhes importantes da estrutura; Na seção 3 estuda-se a importância, o uso e o gerenciamento do contexto no projeto; É feita uma conclusão na seção 4; Por último, encontra-se a referência bibliográfica. 7

2 Ambient Networks O projeto Ambient Networks visa à composição automática de redes heterogêneas, sem necessidade de pré-configuração, nem negociação em offline dos operadores dessas redes envolvidas, ou seja, esta composição é autoconfigurável possibilitando uma rápida adaptação da topologia da rede como requisitado pelas redes móveis [4]. Este processo é feito por demanda e é totalmente transparente aos usuários, habilitando aos mesmos e aos operadores de redes a possibilidade de explorar os recursos e serviços disponíveis após a composição. As principais características das Ambient Networks (ANs) são [4]: Rede All-IP: ANs são baseadas em redes móveis baseadas em IP e podem ser consideradas como o resultado da contínua adoção dos princípios de desenvolvimento da Internet. Heterogeneidade: ANs são baseadas em uma federação (resultado de várias composições) de várias redes de diferentes operadores e tecnologias. Mobilidade: Em arquiteturas de redes compostas dinamicamente, a mobilidade dos grupos de usuários suportaria efetiva comunicação local. Uma solução móvel de uma AN irá trabalhar com sucesso através das fronteiras administrativas e de negócios, que necessitam de soluções para as questões de segurança das operações em um mesmo domínio. Capacidade de composição: Para formar uma nova AN, várias redes são compostas dinamicamente. Essas ANs podem pertencer a diferentes entidades administrativas ou econômicas, portanto, ANs fornecem serviços de maneira cooperativa e também competitiva. Essa cooperação é facilitada pelas Ambient Networks Interfaces (explicadas na seção 2.2). Fornecimento de interfaces de controle bem-definidas para outras ANs e para plataformas de serviços ou aplicações. 8

Área Explícita de Controle: Fornecimento do Ambient Control Space (explicado na seção 2.1). Quando ANs e suas funções de controle são compostas, deve-se ter cuidado para que cada função controle exatamente os mesmos recursos que antes. Context Sensitive Communication: Comunicação entre atores no domínio da AN que será sensível às mudanças no contexto atual. Isso permite que os atores respondam a mudanças às situações de contexto. Ilustração 2 As diversas redes se compondo e acessando umas às outras através de interfaces Segundo [3], é necessário a criação de um conjunto de funções de controle padrão, que possam ser (re) configurados dinamicamente e estejam sempre disponíveis. Atualmente, existe o problema da falta de um padrão de funções de controle disponíveis e configuráveis, além da dependência das tecnologias proprietárias de rede. Esses são os maiores obstáculos que o projeto encontra, e para superá-los, serão definidas as funções mencionadas acima. Para alcançar este feito, um framework conceitual é definido, incluindo as funções de controle requeridas para alcançar todas as capacidades necessárias de uma rede. Este framework é baseado nos seguintes princípios [4]: 1. Ambient Networks terá conectividade e funções de rede abertas: Não existirá mais a restrição atual de o quê pode se conectar com o quê. O objetivo é capacitar todos os serviços de rede para todas as redes conectadas. O conceito de AN define um conjunto de funções requeridas para satisfazer as necessidades dos operadores de rede. O desafio aqui é fornecer mecanismos apropriados para permitir qualquer relacionamento. 9

2. Ambient Networks são baseadas em autocomposição e autoconfiguração: Essas características vão permitir a rápida inserção de novos serviços para todas as redes conectadas, aumentando assim os negócios dos operadores de rede. 3. Funções de Ambient Networks podem ser adicionadas a redes existentes: Para AN, os níveis de conectividade e de controle são separados logicamente. Em nível de controle, o Ambient Control Space, pode melhorar as tecnologias já existentes utilizando funções de controle distintas que são compatíveis com todos os domínios de uma ambient network. Um cenário é mostrado na figura abaixo. Com os princípios listados acima, Ambient Networks vai fornecer serviços end-to-end para cada composição de redes heterogêneas. Os operadores de redes podem decidir qual nível de suporte eles querem dar aos usuários, baseados em um conjunto de funções de controle e composição, de maneira simples, sem restrições de integração de conectividade. Redes existentes podem ser integradas e além do mais, novas tecnologias podem ser introduzidas de maneira coerente. Usuários finais podem selecionar entre diferentes funções de controle em seus dispositivos ou redes pessoais. Provedores de serviços podem se dirigir a seus usuários sem se preocupar com o acesso dos mesmos ou a capacidade de suas redes [7]. 10

Ilustração 3 Composição de Ambient Network e Control Space [4] 2.1. Ambient Control Space O Ambient Control Space (ACS) abrange todas as funções de controle em um certo domínio de rede. O ACS juntamente com a conectividade é chamado de uma Ambient Network. O ACS contém uma série de funções de controle que podem ser opcionais em certas instanciações do espaço de controle da rede. Exemplos dessas funções incluem suporte a redes móveis ou de acesso múltiplo, assim como funções de fornecimento de informações de contexto [4]. 2.2. Ambient Network Interfaces Os usuários se movem dentre os vários domínios de rede e vão explorar a capacidade dos mesmos. Control Spaces (espaços de controle) serão necessários sobre estes domínios. Estes mesmos usuários vão assumir que terão às suas disposições seus serviços pessoais, não importando sua localização nem a conexão que estão utilizando. Para permitir cooperação entre diferentes Ambient Networks, são fornecidas interfaces do tipo Ambient Network Interface (ANI), 11

que oferecem meios padrões de conectar as funções de um ACS com funções de outro domínio segundo [3] e [4]. Acessar os serviços de uma ambient network ocorre via as Ambient Service Interfaces (ASI). Mesmo em uma rede composta, as outras entidades enxergam somente um componente homogêneo de controle. Uma aplicação ou um serviço que estejam utilizando as funções do Control Space vão sempre ver o mesmo ambiente sem importar por qual ASI esteja conectado [4]. Segundo [3] e [4], deve ser garantida a escalabilidade dessas interfaces pois elas serão aplicadas desde pequenas redes pessoais a largas redes corporativas. Uma questão relacionada é a universalidade, pois este esquema deve cobrir todos os tipos de redes. A ASI e a ANI têm as seguintes propriedades: Funções similares apesar da natureza da ambient network; Uma conexão simples do estilo Plug-&-Play entre ambient networks; Re-configurabilidade da rede; Uma interface simples para o mundo externo; Suportar redes móveis. 12

3 Context Aware em Ambient Networks A busca por um ambiente híbrido, onde homens e recursos computacionais estejam integrados, encontra vários desafios que vão desde o nível de rede até o de aplicação [2]. Para superá-los, deve-se adquirir conhecimento e obter interação com o ambiente. Em [2], classifica-se contexto como o conhecimento, e a interação resultante do uso deste contexto, chama-se de context sensitive communications (tradução livre comunicação sensível ao contexto ). Para alcançar o modelo de ambiente computacional, o objetivo do projeto Ambient Network, as aplicações e a rede devem ser sensíveis ao contexto. Portanto, o termo context-sensitive communication significa um tipo de comunicação, onde o canal de comunicação entre os dispositivos é baseado em alguns contextos específicos [2]. O requisito básico de fornecimento deste tipo de comunicação é que o próprio sistema seja sensível a contexto. Os desafios para isso são: Adaptação sistemática e representação customizada do contexto; Associação do contexto em ações de tempo real; Processamento e disseminação espontânea de contextos adquiridos. Não existem métodos claros de como a informação de contexto deve ser disseminada entre as entidades, ou entre os sistemas que se beneficiariam dessa informação ao executar tarefas espontâneas que não são especificadas explicitamente pelas entidades mas sim inferidas pela situação atual. O projeto visa um novo método de comunicação que será capaz de prover conectividade automática e troca de informações em ambientes sensíveis a contexto. As comunicações nesse ambiente são sensíveis a mudanças e capazes de criar, modificar, adaptar sessões, e manter a persistência das preferências sobre contexto das outras sessões [2]. O protocolo geral deste tipo de comunicação (CSCP Context-sensitive communication protocol) tem características que o tornam essencial para uma computação ambiente, que são: 13

1. Mobilidade: o protocolo tem que suportar mobilidade em todos os domínios, internos ou externos. Também deve suportar computação distribuída, ponto-a-ponto, e baseada em eventos. Conectividade persistente e acessibilidade total a todos os recursos devem ser fornecidas. 2. Gerenciamento: CSCP deve suportar gerenciamento de sessões para todos os tipos de aplicações, sejam elas em tempo real ou não. Este gerenciamento inclui fazer handovers sem percepção do usuário entre diferentes domínios, e também abstração de rede para os usuários e aplicações. 3. Transparência de tecnologia: o CSCP deve ser o mais independente possível da tecnologia e dos dispositivos usados, facilitando assim a interoperabilidade e a extensibilidade. 4. Associação: CSCP deve associar serviços a usuários ou projetar a presença do usuário para os outros usuários, capturando de contexto do ambiente ou buscando informações do perfil do usuário da base de conhecimento do sistema. Isto facilita a invocação espontânea de serviços. 5. Personalização: CSCP deve fornecer serviços visando os requisitos do usuário, além de interfaces familiares ao usuário no ambiente. 3.1.Gerenciamento de Contexto A informação do contexto é a chave para conseguir criar ambientes de rede sensíveis a contexto. Dois tipos de informação de contexto são considerados primordiais: a informação de contexto relacionada com o usuário, por exemplo sua identificação, localização, dispositivos usados, preferências, entre outros, e a informação de contexto relacionada à rede, por exemplo à identificação da rede, os recursos disponíveis, QoS, nível de segurança, entre outros. O tipo da informação depende se o cliente desse contexto é um usuário final ou uma Functional Area (FA) 2 do Ambient Control Space. Um cliente de contexto pode ser qualquer processo, aplicação ou serviço que precise dessa embromação para melhorar sua operação [6]. Uma nova abordagem é apresentada, onde as entidades da rede coletam e tem acesso a informações de contexto relevantes e se adaptam a elas. Essa 2 Uma Functional Área, ou área de função, faz parte do ACS e é responsável por 14 alguma funcionalidade do mesmo. O ACS possui várias FAs para gerenciar seus recursos.

abordagem oferece um suporte consistente para a rede para gerenciamento de contexto. Lembrando que uma das características de uma ambient network é que ela é extremamente dinâmica. Ao contrário das redes convencionais, a informação que é usada para caracterizar uma situação muda constantemente. Portanto, é de extrema importância vigiar e gerenciar esta informação segundo [5] e [6]. A informação de contexto relacionada às redes é necessária para gerenciar as constantes interações entre as redes heterogêneas que estão formando uma ambient network e gerenciar a adaptação topológica da rede, resultado dessa composição. Com gerenciamento do contexto, a vida do usuário poderá ser facilitada. A informação de contexto pode ser usada para criar redes mais receptivas às necessidades dos usuários. 3.2. Contextware O termo contextware significa o conjunto de elementos da arquitetura de uma ambient network envolvido diretamente no fornecimento das comunicações sensíveis a contexto. A comunicação contextware seria ativada por ações como a re-implantação de um serviço, a (auto/re) configuração e a (auto) otimização de um domínio ou uma rede [5]. 15

Ilustração 4 Arquitetura do Contextware. O fluxo de informações entre as entidades através das interfaces em várias redes compostas. As principais características de contextware a respeito de ANs são [5]: Estruturação Dinâmica de AN: Todas as características chave de uma AN, como a autocomposição, re-configuração e autogerenciamento necessitam da informação do contexto para serem possíveis. Contextware providencia este contexto. Comunicação contextware: O tipo de comunicação sensível a contexto (já mencionada Context-sensitive communication) envolve: o Negociação de contexto: contextos das redes podem ser identificados e trocados, o que facilita o processo de gerenciamento de ANs. o Interpretação de contexto: método de transformar um contexto em uma informação para processamento. o Qualidade do contexto: representa a qualidade da informação do contexto para um propósito específico. Context Control Space: um conceito chave para definição de contextware, representa a funcionalidade de controle e gerenciamento do contextware. Quando um contexto é requisitado, 16

este componente é responsável por mandar mensagens de controle que são usadas para adaptar serviços via as Ambient Service Interfaces. Fornecimento de Serviços de rede: o papel dado à rede é importante neste ponto. Por um lado ela pode só prover transporte, onde as funções de rede do contextware poderiam ser implantadas e distribuídas em servidores. Por outro lado, pode-se dar um papel mais ativo a rede, onde ela própria se torna o ambiente de execução. Esta última parece ser mais escalável e é baseada nos princípios de autocomposição e gerenciamento. Para criar ambientes com integração irrestrita de informação de contexto para fornecimento de serviços, composição de redes e adaptação de serviços, a funcionalidade do contextware permite tudo isto. Redes contextware permitem a inserção de novas aplicações e serviços em ambientes, e essas aplicações podem reagir positivamente a eventos inesperados. Os cinco principais conceitos para a realização do contextware são [5]: Ilustração 5 Principais componentes do contextware. 17

Context Information Base: o CIB, base de informação de contexto, é um dos principais componentes de contextware e representa o repositório onde informação de contexto pode ser extraída. O CIB contém todos os dados de contexto relevantes que pertencem às entidades que estão submetidas ao contextware. O CIB é o componente que é usado para interação com aplicações, dispositivos, e componentes de serviço específicos em uma AN. Este componente tem como objetivo: (i) abranger de modo físico e lógico os produtores e consumidores de contexto e (ii) prover mecanismos de tratamento de contexto para distribuição, manutenção, regras de contexto, formalismos, atualização e agregação de dados de contexto. Cross-Layer Context Handle: faz parte do CIB e é encarregado de coletar, disseminar e gerenciar informações de contexto. Informação de contexto que sejam válidas e atualizadas é o elemento principal para uma utilização de com sucesso em serviços oferecidos pelas ANs. Context Control Plane (CCP): representa o controle e o gerenciamento de funcionalidades de entrega de informação para clientes. O CCP é responsável por mandar as mensagens de controle que são usadas para adaptação de serviços em tempo real via ASI. O CCP abrange várias funcionalidades de contextware como: o Políticas e acordos de contexto em um domínio AN; o Gerenciamento do ciclo de vida de políticas e acordo sobre contexto além mecanismos de resolução de conflitos; o Controle de informação de contexto que visa permitir flexibilidade. o Funções que permitem negociação de contexto através de domínios diferentes; o Funções de registro de contexto; o Funções de agregação que suportam conectar e desconectar composições de contexto entre ANs. Essas funções suportam mobilidade dos usuários, dos serviços e da rede; o Modelo homogêneo de serviços e aplicações, o que providencia uma visão única de qualquer aplicação ou serviço para o uso das funções do CCP. 18

Context Level Agreement: a vasta quantidade e qualidade da informação de contexto, como também o fato de nem todos os contextos serem importantes para os usuários e para a rede, fazem com que seja necessário um acordo entre as partes em nível de contexto fornecido. O conceito de context level agreement (CLA) tem as seguintes vantagens: o CLA fornece métodos que ajudam os usuários a especificarem as informações de contexto que precisam, e ajudam os fornecedores de contexto a oferecer serviços de informação de contexto customizados; o Os fornecedores de contexto são protegidos contra quedas inesperadas de performance, já que eles sabem exatamente o que os clientes precisam, e com isso gerenciam seus recursos da melhor maneira. o É usado através dos domínios para prover serviços de contexto em grandes ambientes. o Fornece mecanismos simples para os fornecedores de contexto, para que possam monitorar seus recursos. Existem três modos de CLA: o modo passivo, onde o as especificações de contexto dos usuários são simples e não requerem praticamente nenhuma operação complexa dos fornecedores; o modo ativo, onde as especificações dos usuários são mais complexas requerendo filtros, mesclas, composições e monitorações de contexto; e o modo espontâneo, onde o gerenciamento e a inferência do contexto devem agir de modo a cobrir as incertezas e falta de clareza relacionada a altos níveis de contexto. Neste último modo, a negociação é feita de tal maneira que os fornecedores devem gerenciar os requisitos dos contextos dos usuários [5]. Quality of Context-QoC (qualidade do contexto): a informação de contexto pode não estar correta, pode estar incompleta ou indisponível em alguns momentos. Este conceito se refere à usabilidade e qualidade da informação de contexto em relação a uma operação específica. Logo, o QoC é essencialmente qualquer informação que pode descrever a qualidade da informação de contexto. 19

20

4 Conclusões Este documento teve como objetivo apresentar o conceito das Ambient Networks e a importância e o uso das informações de contexto para o sucesso do projeto. O desenvolvimento do projeto se dará em quatro (4) fases, e o mesmo ainda se encontra na primeira fase. É de se esperar que novas arquiteturas são necessárias para atender as demandas futuras da comunicação móvel. A arquitetura proposta pelo projeto Ambient Networks requer ainda mais detalhamento e conseqüentemente mais pesquisa, porém pelo que foi estudado parece que o projeto vai obter sucesso. Sobre a parte de contexto, nota-se o quão o tratamento do mesmo é imprescindível para a arquitetura proposta. As funcionalidades que mais representam uma evolução em comunicação de redes utilizam informação de contexto para funcionar. Apesar de ainda existirem grandes dificuldades em saber como tratar estas informações, parece que o caminho já foi encontrado. Basta saber se na prática tudo dará certo como está sendo previsto. Particularmente, acredito realmente que o projeto irá obter grande sucesso e aceitação no mundo todo se tornando o padrão em comunicação de redes, o que não é difícil de constatar visto o andamento do projeto e as inúmeras empresas envolvidas, algumas dessas líderes de setores na indústria. Finalizando, acredito que seja um conceito que ainda vai ganhar força nos anos seguintes com o andamento do projeto, tornando-se realidade. Daqui a alguns anos, cenas que só víamos em filmes serão concretizadas. As pessoas estarão completamente integradas aos artefatos computacionais que as rodeiam, e uma nova gama de serviços serão oferecidos. Resumindo, ambient networks é isso: computação ubíqua visando criar novas oportunidades, e ao mesmo tempo, facilitando e simplificando a comunicação entre redes utilizando informação de contexto. Tudo isto totalmente transparente aos usuários finais. 21

5 Referências [1] WWI-AN Ambient Networks Project, WWW Server. Disponível: http://www.ambient-networks.org [2] R. Giaffreda, et al., "Context Aware Communications in Ambient Networks", Proceedings of the 11th Wireless World Research Forum (WWRF), Oslo, Noruega, Junho 2004. [3] N. Niebert, H. Flinck, R. Hancock, H. Karl, and C. Prehofer, Ambient Networks Research for Communication Networks Beyond 3G, 13th IST Mobile and Wireless Communications, Summit 2004, Lyon, França, Junho 2004. [4] N. Niebert, et al., Ambient Networks: an architecture for communication networks beyond 3G, IEEE Wireless Communication, vol.11, no.2, Abril 2004. [5] A. Karmouch, et al., Contextware Research Challenges in Ambient Networks IEEE MATA 04, Florianopolis, Brasil, Outubro 2004. Disponível: http://www.ic.unicamp.br/mata04 [6] A. Karmouch, et al., Context Management Architecture for Ambient Networks Disponível: http://www.ambientnetworks.org/docs/context_management_architecture_for_ambient_networ ks.pdf [7] Ville Typpö1, et al., Research Challenges in Mobility and Movving Networks: An Ambient Networks View Disponível: http://www.ambientnetworks.org/docs/research_challenges_in_mobility_and_moving_network s_an_ambient_networks_view.pdf [8] P. Jacquet Ambient Network Disponível: http://www.ercim.org/publication/ercim_news/enw48/jacquet.html 22