CATEDRAL DE VISEU Abóbada dos nós.



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Transcrição:

CATEDRAL DE VISEU A Sé Catedral de Viseu, domina de forma alternativa o Centro Histórico de Viseu. Nela estão quase dez séculos de história. A Catedral de Viseu é um ímpar mosaico de estilos arquitectónicos. Podemos afirmar que todas as grandes correntes artísticas nacionais ali estão presentes, nalguns casos, mesmo em expressões de inexcedível beleza. A construção do grande edifício viria a arrastar-se por largo tempo, por efeitos adversos, por exemplo, o mortífero e devastador surto epidémico de 1310 (Peste Negra), e destruições provocadas na cidade e região por sucessivas incursões castelhanas no tempo dos reis D. Fernando e D. João I. Mesmo assim, ainda que incompleta, foi na Sé que os moradores da cidade perseguidos pelo inimigo de além fronteiras, encontraram refugio que o desbarato castelo já não lhes podia dar. Assim, temos fundamentalmente o estilo românico-gótico, Gótico, Manuelino, Renascentista, Barroco e também a modernidade, na arrojada expressão do novo altar mor. A actual Catedral de Viseu é um edifício gótico, fortificado, dos séculos XIII-XIV, ao qual diversas obras das centúrias seguintes deram a fisionomia inconfundível que, nos nossos dias, apresenta. A Sé de Viseu é um monumento de nobres proporções, notável entre os seus congéneres portugueses Internamente é uma igreja de três naves, divididas em três tramos e um transepto, havendo para além deste uma profunda capela-mor levantada no séc. XVII para substituir a capela-mor românica que o tempo de Grão Vasco enchera de belíssimas pinturas. Os arcos divisórios são apoiados em grossos pilares, formados por feixes de doze colunelos, assentes por sua vez, em largas bases manuelinas, modificadas na Grande Vacância de 1720-1741. Uma das mais originais abóbadas construídas em Portugal cobre as três naves desta igreja-salão. Mandou-a edificar o bispo D. Diogo Ortiz de Vilhegas que foi do Conselho do Rei, ficando terminada em 1513. Oferece uma impositiva imagem de gigantescas cordas que se atam num vigoroso nó central, alusão fácil à epopeia dos descobrimentos que então se vivia. È a Abóbada dos nós. A abóbada que suporta o coro alto deve-se sem dúvida ao arrojo de João de Castilho, grande mestre dos Jerónimos. O retábulo da capela-mor, joanino, é preciosíssima obra do arquitecto de Lisboa, Santos Pacheco, sendo do séc. XVIII também os altares colaterais que receberam

excelente imaginária atribuída à oficina de Claude Laprade A Sacristia, de D. Jorge de Ataíde, é um verdadeiro núcleo museológico com o seu revestimento azulejar e a pintura do tecto. Na fachada exterior, as duas torres lembram o românico original, mas apenas a torre da direita vem do tempo Dionísio da fundação, o séc. XIII. A outra foi levantada do chão no séc. XVII. Havia sido derrubada em 1635 por um fortíssimo temporal que fez arrastar com ela a fachada manuelina, de uma grande beleza, como escreveu o cronista da cidade, Botelho Pereira, em 1630. Depois disso o arquitecto salamantino João Moreno levantou com sobriedade a presente fachada que sugere retábulo maneirista de três balcões sobrepostos, em cujos nichos laterais se resguardam os quatro evangelistas, S. Marcos, S: Lucas, S. João e S. Mateus, deixando ao centro a Senhora da Assunção e S. Teotónio

RELIQUIAS DA SÉ As Relíquias localizam-se particularmente no Museu de Arte Sacra em Viseu (Sé). Estas são constituídas por ouro, pedras preciosas, combinadas com as mais requintadas peças eclesiásticas como o pluvial (bordado a ouro). Estão presentes também, peças trabalhadas ao pormenor com um grande valor histórico como é exemplo a Custódia do Gótico Flamejante. Um detalhe importante a salientar é a presença de fragmentos de crânio de Santa Ursula. Assim, o Museu de Arte Sacra apresenta inúmeras peças de valor histórico e cultural.

Para o claustro alto abre-se hoje o Museu de Arte Sacra (O Tesouro da Sé ou Relíquias da Sé), valioso escrínio de preciosíssimas peças que estiveram ligadas ao culto. O seu espaço interior renovado no séc. XVIII a partir da chamada Casa de S. Teotónio é constituído pela casa Capitular em que merece particular interesse o lambril de azulejos de Coimbra (Oficina de Agostinho de Paiva), a Sala do Cartório com um singular núcleo de paramentaria e o andar alto da Torre do Relógio. Este espaço guarda um verdadeiro tesouro constituído por uma caixa de madeira, românica, do séc.xii, com a pintura de uma poética cena de cavaleiresca, um precioso Evangeliário do séc. XII, dois cofres-relicários, de Limoge do séc. XIII, a custódia da prata dourada que D. Miguel da Silva ofereceu à Santa Sé em 1533 e um cálice de prata dourada, de 1620, oferecido por Estêvão Gonçalves Neto e muitas mais raridades. Vale a pena ir ver. Nós já fomos

IGREJA DA MISERICÓRDIA A Igreja da Misericórdia ergue-se com toda a imponência e beleza fronteira à Catedral. Parece uma mansão fidalga. A Misericórdia foi fundada em 1510, e a Igreja foi mandada construir em 1775 pelo Provedor da Misericórdia, Bernardo de Nápoles Telo de Meneses Para a sua construção procedeu-se à demolição de uma capelinha datada do séc. XVI que servia de sede à Confraria da Misericórdia. A Igreja tem um pórtico faustoso (fachada rocaille ), com algumas bonitas janelas de varandas e balaustradas de granito lavrado. Algumas das suas varandas sobrepõem-se aos pórticos com função exterior do que interior. Uma balaustrada elegante remata os corpos laterais, elevando-se sobre os últimos as torres cimeiras de coruchéus aligeirados pelo recorte do granito. O interior despojado merece, mais que não seja, um olhar leve. A parte interior, que é de uma só nave é de muita simplicidade, apesar de ter sido remodelada em 1842. O seu tecto apresenta arabescos decorativos que foram pintados em 1744, com gosto neo-clássico

IGREJA DE SANTO ANTÓNIO Situada no Largo Mouzinho de Albuquerque o antigo Terreiro das Freiras de S. Bento (mesmo em frente à nossa Escola), esta igreja foi reedificada nos séc. XVII e XVIII e fazendo parte do antigo convento de S. Bento a Igreja de Santo António, apresenta uma fachada de características jesuíticas. Interiormente de amplas dimensões é constituída por uma nave central, capelamor, coro alto e sacristia, por onde se faz a ligação para as restantes dependências do convento. Dentro das espécies existentes, a capela-mor possui um retábulo de talha dourada de estilo rocaille, da segunda metade do século XVIII, apresentando uma estrutura de arco-de-triunfo, com decoração de anjos e elementos vegetalistas. As paredes são revestidas de azulejos. Os azulejos da capela-mor são dos finais do séc. XVII, do ceramista espanhol Gadriel del Barco e os azulejos com cenas da vida de S. Bento e Santa Escolástica, datados de 1739-1740, atribuídos à família Oliveira Bernardes. A separação da capela-mor para a nave é feita por um arco de volta inteira, decorada com pinturas do século XVIII. Este arco é ainda todo revestido com talha dourada. A segunda parte da nave até à porta encontra-se pintada de branco, possuindo também alguns fragmentos de azulejos