INTRODUÇÃO O presente documento constitui o Resumo Não Técnico (RNT) do processo de Licenciamento Ambiental da empresa METALOCARDOSO Construções Metálicas e Galvanização, S.A., localizada na freguesia de Fregim, concelho de Amarante, que tem como atividade principal o fabrico de estruturas metálicas e como secundária a galvanização por imersão a quente. Ao longo deste documento a unidade industrial será designada unicamente por METALOCARDOSO. A METALOCARDOSO foi fundada em 1988 e encontra-se a laborar na sua atual localização desde 1991. Para responder às solicitações do mercado, a empresa efetuou uma ampliação em meados de 2009, aumentando a sua capacidade produtiva. Este processo engloba-se no processo de licenciamento industrial da METALOCARDOSO, cuja finalidade é regularizar a sua situação nesta matéria. As atividades desenvolvidas pela METALOCARDOSO enquadram-na no regime jurídico da prevenção e controlo integrados da poluição (RJPCIP) 1, designadamente nas rubricas de Processamento de metais ferrosos por aplicação de revestimentos protetores de metal em fusão com uma capacidade de tratamento superior a 2 t de aço bruto por hora (rubrica 2.3 c) do Anexo I do RJPCIP) e Tratamento de superfície de metais ou matérias plásticas que utilizem um processo eletrolítico ou químico, quando o volume das cubas utilizadas no tratamento realizado for superior a 30 m 3 (rubrica 2.6 do Anexo I do RJPCIP). Tendo em consideração os objetivos de um Resumo não técnico, este documento sintetiza os dados e informações apresentados no formulário de Licenciamento Ambiental com maior relevância para o público. 1 Aprovado pelo Decreto-Lei n.º 127/2013, de 30 de agosto. 1/10
1. INFORMAÇÃO GERAL 1.1 Identificação e localização da instalação A METALOCARDOSO é uma indústria que se dedica ao fabrico de estruturas metálicas (atividade principal, com CAE n.º 25110) e aos tratamentos de superfície através da galvanização por imersão a quente (atividade secundária, com CAE n.º 25610). Centra a sua atividade na produção de elementos metálicos, nomeadamente de guardas de segurança para estradas, pórticos metálicos e estruturas metálicas diversas. Localiza-se na Rua da Igreja, n.º 1207, Apartado 55, Fregim, concelho de Amarante e distrito do Porto (Figura 1). Ocupa atualmente uma área coberta de cerca de 22763 m 2, correspondendo a 2 pavilhões (assinalados a azul na figura 1) e uma área total de 105343 m 2 (esta área inclui a área ocupada atualmente por uma instalação industrial (serralharia) que utiliza o edifício da METALOCARDOSO (9000 m 2 ). 1 Figura 1 Localização da METALOCARDOSO (fonte: Google Earth). 1.2 Regime de Funcionamento e número de trabalhadores A METALOCARDOSO funciona 5 dias por semana, cerca de 8 horas por dia. Não existe período de paragem anual. O número total de colaboradores é de 75, dos quais 12 são administrativos / comerciais. 1.3 Produções Em 2015 a produção de estruturas metálicas foi de 3.100 t. 1.4 Atividades desenvolvidas De uma forma geral, o processo de fabrico da METALOCARDOSO está dividido nas seguintes atividades: 1. Fabricação e montagem de estruturas metálicas para a construção em geral e para proteção rodoviária. 2. Galvanização por imersão a quente e Pintura líquida. 2/10
A Figura 2 representa o fluxograma geral do processo produtivo. Receção e armazenagem de material Maquinagem corte, quinagem, furação, calandrar, etc. Soldadura e/ou montagem Decapagem Galvanização Pintura Embalagem / expedição Figura 2 Fluxograma do processo de fabrico da METALOCARDOSO. Para além das atividades identificadas anteriormente, é possível identificar várias atividades de apoio ao processo produtivo da empresa, tais como: - Manutenção. - Áreas sociais (instalações sanitárias e balneários). - Produção de ar comprimido. - Transformação de energia. - Sistema de recuperação de calor. - Sistemas de tratamento de emissões para a atmosfera (filtro de mangas e lavadores de gases). - Estação de regeneração do fluxante. - Áreas de armazenamento (matéria-prima, produto acabado, componentes, resíduos não perigosos, resíduos perigosos e produtos químicos). 3/10
1.5 Segurança e saúde no trabalho Os serviços de Segurança e Saúde no trabalho estão organizados de acordo com a Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, alterada pela Lei n.º 3/2014, de 28 de janeiro, encontrando-se na modalidade de serviços externos. 4/10
2. INFORMAÇÃO AMBIENTAL 2.1 Condições Ambientais do Local De acordo com a Carta de Ordenamento do Plano Diretor Municipal (PDM) de Amarante em vigor, o terreno onde se encontra instalada a METALOCARDOSO está classificado como Espaço Agrícola Complementar e Espaço Florestal. De referir que de acordo com o PDM que se encontra em revisão, a área onde se localiza a METALOCARDOSO será classificada como Área de atividade económica informação obtida junto do Departamento de urbanismo e planeamento da Câmara Municipal de Amarante. A área onde se insere a METALOCARDOSO não se encontra incluída em Reserva Ecológica Nacional (REN) e Reserva Agrícola Nacional (RAN). Também não apresenta na envolvente próxima áreas protegidas e Zonas com espécies (flora ou fauna) de valor ao abrigo da rede Natura 2000. É importante destacar que o projeto da METALOCARDOSO que se descreve está, em simultâneo com o processo de Licenciamento Ambiental, sujeito a um procedimento de avaliação de impacte ambiental (AIA) que tem como objetivo, de uma forma preventiva, estabelecer as medidas para evitar, reduzir ou compensar os efeitos mais importantes do projeto no ambiente. Estas medidas são designadas, no seu conjunto, por medidas de mitigação. 2.2 Consumos de materiais Como matéria-prima a METALOCARDOSO consome materiais não perigosos, designadamente zinco para a galvanização e material metálico para a construção das estruturas metálicas (chapa de aço, perfis, barramentos e tubos de aço). As matérias subsidiárias consistem em diversos acessórios, tais como parafusos, porcas, anilhas, elétrodos e produtos químicos, nomeadamente, diluentes, tintas, ácido clorídrico e fluxo. 2.3 Consumos de água O abastecimento de água à METALOCARDOSO para o processo industrial é realizado através de um poço existente nas instalações da empresa e a curto prazo pela rede pública para as utilizações domésticas. A captação subterrânea da empresa encontra-se devidamente licenciada junto da entidade competente. A água no processo industrial destina-se essencialmente à linha de tratamento de superfície que antecede o processo de galvanização por imersão a quente e lavador de gases associado ao tratamento das emissões gasosas provenientes da decapagem. Estima-se um consumo anual de água pela METALOCARDOSO de 1.100 m 3. De referir também o reaproveitamento de águas pluviais. A METALOCARDOSO tem implementadas na sua instalação medidas de utilização racional dos consumos de água, das quais de destacam a reutilização da água saturada da lavagem estática na preparação de banhos de decapagem química; minimização dos consumos através do prolongamento do tempo de utilização dos banhos de tratamento, designadamente o de fluxagem (unidade de regeneração do banho de fluxo) e desengorduramento. 5/10
2.4 Consumos energéticos A METALOCARDOSO utiliza energia elétrica, energia térmica que é obtida a partir da queima de gás natural e gasóleo. A energia elétrica é utilizada em toda a instalação que implique este uso (equipamentos, iluminação, etc.); o gás natural é usado nos queimadores associados à galvanização e o gasóleo na frota da empresa e empilhadores. Estima-se um consumo anual de energia pela METALOCARDOSO de 370 tep (tonelada equivalente de petróleo). Este valor não inclui o consumo de gás propano que é utilizado apenas por uma máquina da empresa, mas que será substituído por gás natural a curto prazo. A METALOCARDOSO tem implementadas medidas de utilização racional da energia, destacando-se o aproveitamento do calor dos gases do forno de galvanização para aquecimento dos banhos de desengorduramento e fluxagem, bem como a estufa de secagem; controlo eletrónico dos queimadores associados ao forno de galvanização por PLC; colocação de cobertura translúcida e vitrais laterais para melhor aproveitamento de luz natural; existência de um plano de manutenção das instalações de modo a otimizar a sua eficiência energética e sensibilização dos colaboradores para as boas práticas na utilização de equipamentos. 2.5 Emissões de águas residuais e pluviais As águas residuais da METALOCARDOSO são exclusivamente de origem doméstica (casas de banho, balneários e refeitórios), uma vez que os banhos da linha de tratamento de superfície associada à galvanização são encaminhados como resíduos quando se encontram saturados, para entidades devidamente licenciadas para o efeito. As águas residuais domésticas são encaminhadas para uma fossa sética existente nas instalações da METALOCARDOSO (águas resultantes do pavilhão onde se desenvolve a atividade de galvanização) e, a curto prazo, pelo coletor municipal (para as instalações sociais do pavilhão onde se desenvolve as operações de construções metálicas). A descarga das águas residuais domésticas para a fossa sética encontra-se devidamente licenciada junto da entidade. As águas pluviais são recolhidas em rede própria e descarregadas em dois pontos situados fora do perímetro da unidade industrial. Face às condições existentes, a descarga das águas residuais domésticas e pluviais da METALOCARDOSO não deverá resultar em impactes significativos sobre o ambiente no seu todo. 2.6 Emissões para a atmosfera A METALOCARDOSO tem na sua instalação 11 fontes fixas, associadas ao processo de galvanização por imersão a quente (1 fonte fixa), aos queimadores a gás natural associados ao forno (1 fonte fixa), decapagem com ácido clorídrico (1 fonte fixa) e pintura líquida (8 fontes fixas). As emissões resultantes do forno de galvanização são encaminhadas para um sistema de filtro de mangas previamente à sua descarga na atmosfera. As emissões gasosas do processo de decapagem química são conduzidas para equipamento de fim-de-linha para o respetivo tratamento (lavador de gases), sendo posteriormente canalizadas para o exterior através de chaminé. As emissões resultantes da aplicação de tinta nas superfícies metálicas são extraídas pela parte inferior do pavilhão, sendo descarregadas para a atmosfera após passagem por sistema de filtros. 6/10
O histórico existente sobre as monitorizações das fontes referidas demonstra o cumprimento dos valores limite de emissão para os parâmetros monitorizados. Estas fontes serão alvo de monitorizações periódicas de modo a avaliar a conformidade das emissões com os limites legais estabelecidos. Para além das fontes fixas, na METALOCARDOSO existem emissões difusas associadas essencialmente ao processo de pintura líquida de base solvente, que são monitorizadas e controladas através da realização de balanço mássico anual. Atendendo ao descrito, não se prevê a emissão de odores nocivos ou incómodos para a atmosfera nem a existência de impactes ambientais significativos sobre o ambiente no seu todo. 2.7 Gestão de Resíduos Os resíduos produzidos na METALOCARDOSO são recolhidos de modo seletivo, codificados, quantificados e entregues a entidades licenciadas para a sua gestão, quer no transporte, quer no destino final, dando cumprimento ao estabelecido no regime geral da gestão de resíduos. Em 2015 a METALOCARDOSO produziu cerca de 360 t de resíduos, tendo sido enviado para eliminação apenas um dos tipos de resíduos produzidos Ácidos de decapagem, uma vez que os resíduos associados à pintura ficaram armazenados nas instalações da empresa para posterior expedição para operador licenciado. A METALOCARDOSO dispõe de áreas específicas para o armazenamento dos resíduos gerados, procedendo ao seu envio para entidades externas licenciadas para a sua gestão quando as quantidades armazenadas assim o justificam. No envio dos resíduos para o exterior da unidade são utilizadas as Guias de Acompanhamento de Resíduos, as quais são mantidas em arquivo atualizado em conjunto com a restante documentação deste domínio. Atendendo ao tipo de equipamento e infraestruturas instalados na METALOCARDOSO para a recolha e armazenamento dos resíduos gerados, bem como ao facto das operações de transporte, valorização e eliminação dos resíduos a enviar para o exterior serem efetuadas por entidades devidamente licenciadas para o efeito, não se afiguram como previsíveis quaisquer impactes significativos sobre o ambiente, nas suas diversas componentes. 2.8 Controlo de Ruído Em fevereiro de 2016 a METALOCARDOSO realizou uma avaliação de ruído ambiental, de acordo com o Regulamento Geral do Ruído (RGR), que permitiu verificar que nos locais analisados e nas condições verificadas nos dias de ensaio, os níveis sonoros de longa duração caraterizados pelos pontos de medição Ponto 1 e Ponto 2, no âmbito dos Valores Limite de Exposição no exterior cumprem os limites aplicáveis para ausência de classificação acústica, dado que o respetivo concelho ainda não possui classificação acústica. No Período Diurno (onde ocorre a atividade), quando se verifica a laboração no Pavilhão de Galvanização com os extratores da pintura ligados, não são cumpridos os limites no que respeita ao Critério de Incomodidade nos recetores sensíveis caraterizados pelo Ponto 1, mas são cumpridos nos recetores sensíveis caraterizados pelo ponto 2. 7/10
No Período Diurno (onde ocorre a atividade), quando se verifica a laboração com os extratores da pintura desligados (Pavilhão de Galvanização), são cumpridos os limites no que respeita ao Critério de Incomodidade, nos recetores sensíveis caraterizados pelos pontos de medição Ponto 1 e Ponto 2. De forma a reduzir os níveis de ruído para o exterior, a METALOCARDOSO irá implementar atenuadores sonoros nos extratores e condutas associadas às fontes da pintura. 8/10
3. DESATIVAÇÃO DA INSTALAÇÃO Não se prevê que as instalações da METALOCARDOSO venham a ser desativadas, nem parcial nem totalmente. Caso venha a acontecer, previamente à desativação será elaborado e submetido à aprovação da Agência Portuguesa do Ambiente (APA, IP) um Plano de Desativação com o objetivo de adotar as medidas necessárias e destinadas a evitar qualquer risco de poluição e a repor o local da exploração em estado ambientalmente satisfatório e compatível com o futuro uso previsto para o local desativado. 9/10
4. ADOÇÃO DAS MELHORES TÉCNICAS DISPONÍVEIS A METALOCARDOSO quando efetuou a ampliação das suas instalações (construção de pavilhão), para desenvolvimento de novo processo de galvanização por imersão a quente e pintura líquida, procurou instalar processos tecnologicamente avançados em concordância com as Melhores Técnicas Disponíveis no âmbito do Regime PCIP e do setor que lhe é aplicável. De destacar as seguintes medidas: Forno de galvanização de alto rendimento. O isolamento da câmara de combustão é efetuado com fibra cerâmica. A baixa capacidade de calor da fibra cerâmica garante uma rápida transferência de calor para o forno, de acordo com as necessidades. Controlo eletrónico dos queimadores por PLC. É admitido o funcionamento automático ON-OFF dos queimadores com o fecho completo da alimentação de gás e dos motores elétricos com significativas poupanças energéticas. O posicionamento dos queimadores também permite uma melhor distribuição do calor. De referir ainda o facto de os queimadores estarem equipados com sistema de alimentação que mantém a taxa de combustão ar/combustível no valor correto para garantir o máximo de rendimento térmico. Existência de controlador eletrónico digital de temperatura no forno de galvanização. Captura das emissões provenientes da imersão no banho de zinco fundido por meio de encerramento da cuba e redução das poeiras por tratamento em filtro de mangas, assegurando uma emissão de partículas dentro da gama <5 mg/nm3. Aproveitamento do calor dos gases do forno de galvanização para aquecimento do banho de fluxagem e desengorduramento, bem como estufa de secagem. Instalação de uma fase de desengorduramento para pré-tratamento das peças. Otimização da gama de operação do banho de decapagem com controlo regular dos parâmetros operacionais, designadamente o teor de ferro e teor de ácido livre. Existência de unidade de extração e tratamento, por lavador de gases do ar extraído da decapagem assegurando uma emissão de ácido clorídrico dentro da gama 2 30 mg/nm3. Controlo do efeito real de decapagem do banho, com utilização de um inibidor de decapagem para impedir uma sobredecapagem. Reutilização da água saturada proveniente da etapa de lavagem na preparação de banhos de decapagem. A água utilizada no lavador de gases encontra-se em circuito fechado através do processo de neutralização que ocorre no mesmo, sendo gerida como resíduo quando se encontra saturada. Etapa de lavagem estática depois da decapagem química. O banho de fluxagem é continuamente purificado do teor de ferro causado por arrastamento através passagem na unidade de tratamento do fluxante 10/10