CARACTERIZAÇÃO DOS ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO DE BANANA RESISTENTE À SIGATOKA NEGRA VARIEDADE THAP MAEO Melissa de Lima Matias 1 ; Ebenézer de Oliveira Silva 2 ; Raimundo Wilane Figueiredo 3 ; Andréia Hansen Oster 2 ; Deborah dos Santos Garruti 2 ; Paloma Lira Pinto 1 1 UFC, Fortaleza, CE, mellmatias@gmail.com; 2 CNPAT, Fortaleza, CE, ebenezer@cnpat.embrapa.br; 3 CCA/UFC, Fortaleza, CE, figueira@ufc.br INTRODUÇÃO A banana Thap Maeo é uma variante da Mysore, procedente da Tailândia, e o fruto é semelhante à banana Maçã, com casca delicada, polpa amarelada e levemente ácida. Selecionada na Embrapa Mandioca e Fruticultura, apresenta pseudocaule menos manchado, mais vigor e cachos maiores. A capacidade produtiva é de 30 a 35 t há -1, quando cultivada em solos de boa fertilidade e usando as práticas culturais recomendadas para a cultura. Pertencente ao grupo genômico AAB, apresenta porte alto, ciclo vegetativo de 394 dias, e bom perfilhamento. Os cachos podem pesar de 30 a 35 kg, com mais de 10 pencas, podendo atingir até 250 frutos por cacho. É resistente às Sigatokas Negra e Amarela e ao Mal do Panamá; mas é suscetível ao moko. O presente trabalho teve como objetivo caracterizar os estádios de maturação, quanto aos aspectos físicos, químicos e físico-químicos a banana Thap Maeo, visando a obtenção de informações importantes ao desenvolvimento de um pacote tecnológico para a conservação pós-colheita dessa banana. MATERIAL E MÉTODOS As bananas foram colhidas, no Estádio de maturação 1 (Tabela 3), na Fazenda Frutacor (Limoeiro do Norte CE), sendo em seguida transportadas para a Embrapa Agroindústria Tropical (Fortaleza CE, distante 240 km), onde foram armazenadas ao ambiente (21±2 C e 85±5% UR), até o completo amadurecimento (Estádio 7). Durante esse período, a cor da casca foi avaliada diariamente e quando ocorriam mudanças na coloração, indicativas de
uma mudança de estádio, as bananas foram analisadas quanto aos aspectos físicos (massa da fruta com e sem casca, e relação polpa casca). Após essas avaliações físicas, a casca foi separada para análise de clorofila e carotenóides. A polpa foi homogeneizada em liquidificador doméstico e o suco armazenado em freezer para o doseamento de açúcares totais, amido, ph, acidez total e sólidos solúveis. Adotou-se o delineamento inteiramente casualizado, com três repetições e quatro frutos por repetição, sendo os dados submetidos à análise de variância, com o auxílio do software SISVAR 3.01, e as médias comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o amadurecimento, as modificações na banana Thap Maeo seguiram o padrão característico observado em outras bananas resistentes ou não à Sigatoka Negra. Esse padrão, como nas demais bananas estudadas, é caracterizado pela manutenção do peso total; mas com a redução do peso e da espessura da casca e o aumento do peso da polpa (Tabela 1), sugerindo uma transferência de massa da casca para a polpa. TABELA 1 - Valores médios do peso da polpa, peso da casca, peso do fruto com casca, relação Estádios de maturação polpa/casca, rendimento e espessura da casca na variedade Thap Maeo durante os sete estádios de desenvolvimento. Peso da polpa Peso da casca Peso inteira Relação polpa/ casca Rendimento Espessura da casca (mm) 1 72,08b 34,17d 106,25bc 2,10a 67,69a 2,42b 2 55,50ª 25,33b 80,92a 2,20a 68,71a 2,25b 3 74,50bc 29,75c 104,33bc 2,50b 71,22b 2,50b 4 71,33b 27,67bc 99,08b 2,56b 71,22b 2,00b 5 81,00bc 30,00c 110,83bc 2,69bc 72,90bc 2,00b 6 84,58c 29,33c 114,08c 2,87c 74,10c 1,08a 7 78,58bc 20,33a 99,08b 3,87d 79,39d 1,42a Os teores de clorofila decresceram acentuadamente como o avanço do amadurecimento, evidenciando o aparecimento da coloração amarela (Tabela 3). Essa mudança de cor (de verde para amarela) é conseqüência da decomposição estrutural da clorofila, devido aos sistemas enzimáticos que atuam isoladamente ou em conjunto (KAYS,1997), permitindo a evidenciação dos carotenóides já existentes, uma vez que não se observou aumento significativo (p<0,05) em seus teores (Tabela 2).
TABELA 2 - Valores médios de açúcares totais, sólidos solúveis, amido, acidez total, ph e AT/SS, Estádios de maturação clorofila e carotenóides na variedade Thap Maeo durante os estádios de maturação. Açúcar Total (%) Amido (%) SS ( Brix) Acidez (%) ph AT/SS Clorofila (mg/100g) 1 25,11d 0,71a 3,87a 0,18a 4,04d 0,19a 6,8a 0,19 2 25,87d 0,93a 3,93a 0,28a 4,25d 0,24a 3,18b 0,24 3 13,23c 2,37a 9,1b 0,49b 4,38c 0,24a 1,4b 0,24 4 12,39c 8,67b 13,37c 0,55bc 4,48bc 0,65b 1,4b 0,65 5 8,32bc 10,17bc 14,87cd 0,62cd 4,51a 0,68b 0,86b 0,68 6 4,94ab 11,76cd 16,7d 0,68d 5,08b 0,69b 1,97b 0,69 7 1,27a 14,25d 20,67e 0,72d 5,09c 0,71b 0,83b 0,71 Carotenóides (µg/100g) De um modo geral, os teores de sólidos solúveis, açúcar total, sólidos solúveis, amido e acidez total, que são os principais parâmetros de avaliação do processo de amadurecimento, apresentam diferença significativa (p<0,05), demonstrando a mudança de estádios de maturação dessa variedade. Umas das características de maior importância dessa variedade é o rápido e desuniforme amadurecimento dos frutos, podendo se observar na Tabela 3, que mostra a porcentagem de frutos nos estádios de maturação, que no primeiro dia de análise (dia da colheita) já se encontrava frutos no estádio de maturação cinco.
Tabela 3 - Porcentagem (%) de bananas da variedade Thap Maeo nos sete estádios de maturação durante os 16 dias (valores arredondados) e tabela de cores dos sete estádios de maturação dia/estádios 1(%) 2(%) 3(%) 4(%) 5(%) 6(%) 7(%) 1 21 50 18 7 4 2 6 30 24 18 18 4 3 4 27 3 7 25 34 4 2 35 4 1 58 5 18 22 31 28 6 15 25 5 54 7 9 32 1 2 56 8 71 14 10 5 9 65 5 14 14 2 10 57 5 6 24 8 11 47 9 9 33 3 12 42 11 14 33 13 9 31 4 11 44 14 17 57 27 15 7 70 23 16 100 1 Verde escuro 2 Verde claro 3 Verde com pouco de amarelo 4 verde nas extremidades 5 as pontas verdes 6 Totalmente amarelo 7 manchas marrons CONCLUSÃO A caracterização dos estádios de maturação da banana Thap Maeo mostrou a alta perecibilidade dessa cultivar, verificado pela rápida e desuniforme mudança dos estádios de maturação, se constituindo num grande problema pós-colheita, que pode dificultar a sua comercialização, bem como o seu plantio comercial. AGRADECIMENTOS CNPq, Banco do Nordeste e Capes.
REFERÊNCIAS Embrapa Mandioca e Fruticultura, Sistema de Produção, 6., 2003. Disponível em: <http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br>. Acesso em: 16 jul. 2008. KAYS, S. J. Postharvest physiology of perishable plant products. Athens: Avi, 1997. 532 p. 20080731_161906