PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO



Documentos relacionados
PERGUNTAS FREQUENTES SOBRE ENSINO FUNDAMENTAL DE 9 ANOS

O ENSINO FUNDAMENTAL DE 9 ANOS: CONTRIBUIÇÕES PARA UM DEBATE

CRUZ VERMELHA BRASILEIRA FILIAL NO MARANHÃO CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO: CRIAÇÃO E FUNCIONAMENTO

IMPLANTANDO O ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NA REDE ESTADUAL DE ENSINO

111 ENSINO FUNDAMENTAL

A construção da. Base Nacional Comum. para garantir. Direitos e Objetivos de Aprendizagem e Desenvolvimento

CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE FARROUPILHA

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 04/2008

ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS: PERGUNTAS MAIS FREQÜENTES E RESPOSTAS DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA (SEB/MEC)

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL E DO ENSINO FUNDAMENTAL

É com imensa satisfação que iniciamos nossas atividades das aulas 1 e 2 do Módulo IV do Curso, em que iremos tratar dos seguintes assuntos:

CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

A ESCOLA MUNICIPAL DE JATAÍ E O DESAFIO NA CONSOLIDAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS

AMPLIAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL PARA NOVE ANOS

Instrumento para revisão do Projeto Político Pedagógico

PARECER Nº 717/05 APROVADO EM PROCESSO Nº

PRÁTICA PROFISSIONAL INTEGRADA: Uma estratégia de integração curricular

O Ensino a Distância nas diferentes Modalidades da Educação Básica

Prefeitura Municipal de Vitória Secretaria Municipal de Educação. Resolução COMEV Nº. 01/2014

XXV ENCONTRO NACIONAL DA UNCME

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

2.5 AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Art. 1º Fica modificada a redação da Seção V do Título IV da Lei Complementar nº 49, de 1º de outubro de 1998, que passa ter a seguinte redação:

Alfabetização. Cleuza Repulho Dirigente Municipal de Educação de São Bernardo do Campo/ SP Presidenta da Undime

CICLO DA INFÂNCIA E CICLO DE ALFABETIZAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS: COMPARAÇÕES PRELIMINARES

MELHORIA DA INFRAESTRUTURA FÍSICA ESCOLAR

ESTÁGIO DOCENTE DICIONÁRIO

Curso de Especialização Educação Infantil 2ª Edição EMENTA DAS DISCIPLINAS

RESOLUÇÃO Nº 257/06-CEE/MT

EMENTA: Regulamenta a implantação do Ensino Fundamental de 09 anos no Sistema Estadual de Ensino de Alagoas e dá outras providências

PROCESSO N. 515/08 PROTOCOLO N.º PARECER N.º 883/08 APROVADO EM 05/12/08 INTERESSADA: SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO, CULTURA E ESPORTES

UNCME RS FALANDO DE PME 2015

Resolução SME N. 19/2015

REGULAMENTO ESTÁGIO SUPERVISIONADO CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA FACULDADE DE APUCARANA FAP

A Organização Federativa da Educação Brasileira. Manuel Palácios

AMPLIAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL PARA NOVE ANOS. 3 o RELATÓRIO DO PROGRAMA MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO ELEMENTOS PARA O NOVO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

Resgate histórico do processo de construção da Educação Profissional integrada ao Ensino Médio na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA)

PARECER HOMOLOGADO Despacho do Ministro, publicado no D.O.U. de 18/10/2010, Seção 1, Pág.10. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

CURSO: LICENCIATURA DA MATEMÁTICA DISCIPLINA: PRÁTICA DE ENSINO 4

Manual do Estagiário 2008

CONSELHO DE EDUCAÇÃO DO DISTRITO FEDERAL. Parecer nº 288/2001-CEDF Processo nº /99 Interessado: Escola CETEB de Jovens e Adultos

Considerando que as Faculdades Integradas Sévigné estão em plena reforma acadêmica que será implementada a partir de 2009 e;

CURSO DE GRADUAÇÃO LICENCIATURA EM PEDAGOGIA REGULAMENTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO

A GESTÃO ADMINISTRATIVA DA SEB NO CONTEXTO DO PLANO DE AÇÕES ARTICULADAS PAR. Florianópolis/SC. Maio, 2014

Organização dos Estados Ibero-americanos Para a Educação, a Ciência e a Cultura MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO

RESOLUÇÃO Nº 003 DE 18 DE SETEMBRO DE 2014.

REGULAMENTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA

Escola Superior de Ciências Sociais ESCS

MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS CONSELHO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO VIÇOSA/ALAGOAS PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGCIO

Prof. Vitor Hugo Zanette, 1

PDI Implementação da Instituição e Organização Acadêmica

Lei: Art. 8º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores, a partir dos 6 (seis) anos de idade, no ensino fundamental.

PROCESSO Nº 831/14 PROTOCOLO Nº PARECER CEE/CEMEP Nº 505/14 APROVADO EM 12/08/14

REGULAMENTO DOS ESTÁGIOS SUPERVISIONADOS DO CURSO DE PSICOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES LEGAIS

REGULAMENTO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO FACULDADE SUMARÉ

SISTEMA DE AVALIAÇÃO DO PROCESSO ENSINO/APRENDIZAGEM. Coerência do sistema de avaliação

SEMINÁRIO: PLANO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE PERNAMBUCO: UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA

CAPÍTULO I Das Disposições Preliminares

REEXAMINADO PELO PARECER CNE/CEB Nº7/2007 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

Licenciatura em Educação Física

PROJETO DE LEI Nº 4.398, de 2008 (Apensos: PL nº 6.520, de 2009; e PL nº 7.830, de 2010)

O Plano Nacional de Educação e a política educacional Mineira. 22 Fórum Estadual da UNDIME MG

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA DIRETORIA DE CONCEPÇÕES E ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA EDUCAÇÃO BÁSICA

REGULAMENTO DAS ATIVIDADES DO ESTÁGIO DO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM MARKETING CAPÍTULO I

EIXO IV QUALIDADE DA EDUCAÇÃO: DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO, PERMANÊNCIA, AVALIAÇÃO, CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO E APRENDIZAGEM

Plano Nacional de Educação

GUIA DE SUGESTÕES DE AÇÕES PARA IMPLEMENTAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DO PROGRAMA DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA

REGULAMENTO DE ESTÁGIO CURRICULAR DO CURSO DE PEDAGOGIA

EDUCAÇÃO INTANTIL NOS PLANOS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO

ORIENTAÇÕES SOBRE O PROGRAMA DE GARANTIA DO PERCURSO EDUCATIVO DIGNO

MATRIZES CURRICULARES MUNICIPAIS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA - MATEMÁTICA: UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA EM MOGI DAS CRUZES

PROJETO DE LEI N O, DE 2004

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Orientações para a elaboração do projeto escolar

CURSO: EDUCAR PARA TRANSFORMAR. Fundação Carmelitana Mário Palmério Faculdade de Ciências Humanas e Sociais

INSTITUTO SINGULARIDADES CURSO PEDAGOGIA MATRIZ CURRICULAR POR ANO E SEMESTRE DE CURSO

I FÓRUM DAS LICENCIATURAS UFMT/PROEG/PRODOCÊNCIA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

SERVIÇO SOCIAL MANUAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO. 2º Semestre de 2012

RESOLUÇÃO Nº 001, de 09 de dezembro de 2009.

II Encontro MPSP/MEC/UNDIME-SP. Material das Palestras

EDUCAÇÃO E CIDADANIA: OFICINAS DE DIREITOS HUMANOS COM CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA ESCOLA

Gestão por Processos e Sensibilização

Universidade Estadual do Centro-Oeste Reconhecida pelo Decreto Estadual nº 3.444, de 8 de agosto de 1997

REGULAMENTO DAS ATIVIDADES DE ACOMPANHAMENTO E ORIENTAÇÃO DO ESTÁGIO DO CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM REDES DE COMPUTADORES CAPÍTULO I

Mesa Redonda: PNE pra Valer!

META NACIONAL 20- ampliar o investimento público em educação pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do Produto

O MINISTRO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

Estado da Arte: Diálogos entre a Educação Física e a Psicologia

EDUCAÇÃO INFANTIL E LEGISLAÇÃO: UM CONVITE AO DIÁLOGO

UM RETRATO DAS MUITAS DIFICULDADES DO COTIDIANO DOS EDUCADORES

REGULAMENTO INSTITUCIONAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO OBRIGATÓRIO E NÃO OBRIGATÓRIO CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Resolução SE 80, de

ESTADO DE SANTA CATARINA Secretaria de Estado da Educação Diretoria de Educação Básica e Profissional

Diário Oficial Diário Oficial Resolução SE 52, de

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA DIRETORIA DE CONCEPÇÕES E ORIENTAÇÕES CURRICULARES PARA EDUCAÇÃO BÁSICA

Campus de Franca TÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES UNIDADE ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO COLEGIADO DO CURSO DE PEDAGOGIA

Transcrição:

Entidade Reconhecida como Utilidade Pública Internacional Decreto Federal nº 9.820/1912 PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO

CRUZ VERMELHA BRASILEIRA FILIAL NO MARANHÃO Presidente Carmen Maria Teixeira Moreira Serra Secretário Geral Vitor Tadeu Ferreira Elaboração: Profª Francisca Maria Barros Matos Departamento de Educação 2 PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO

APRESENTAÇÃO O governo federal por meio do Ministério da Educação vem enviando esforços, no sentido de apoiar os Sistemas de Ensino Municipais e Estaduais, na perspectiva de assegurar o cumprimento da legislação em vigor, que institui o Ensino Fundamental de nove anos de duração com a inclusão das crianças aos seis anos de idade. Nesse sentido, a Cruz Vermelha Brasileira Filial do Maranhão, por meio do Departamento de Educação, apresenta o documento - Procedimentos para Implantação do Ensino Fundamental de Nove Anos no Município - com a finalidade de nortear os sistemas municipais de ensino quanto às providências a serem adotadas para a efetiva implementação dessa política em 2010, assegurando o padrão de qualidade desse nível de ensino. Assim, o documento em referência, aborda os Fundamentos Legais que abrangem a legislação pertinente; a Organização do Ensino Fundamental em que propomos uma estrutura curricular em Ciclos de Aprendizagem e, finalmente, recomendamos dez estratégias para Implantação do Ensino Fundamental de Nove Anos no Município. PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO 3

1 Ampliação do Ensino Fundamental para Nove Anos A implantação do Ensino Fundamental de Nove Anos no Sistema Municipal de Ensino requer a análise de um elenco de fatores e possibilidades a serem considerados para recebermos as crianças de seis anos de idade nesse nível de ensino, nas escolas públicas. A superação desse desafio passa a exigir a participação de todos: gestores, educadores, familiares e a sociedade em geral. O debate deve ser ampliado no âmbito das secretarias municipais de educação e de cada escola, envolvendo tanto os professores dos anos iniciais como os docentes que atuam nos anos finais do Ensino Fundamental. Conforme Snyders, a cada idade corresponde uma forma de vida que tem valor, equilíbrio, coerência que merece ser respeitada e levada a sério; a cada idade correspondem problemas e conflitos reais (...) pois o tempo todo, ela (a criança) teve de enfrentar situações novas (...) Temos de incentivá-la a gostar da sua idade, a desfrutar do seu presente. Assim, a ampliação do período escolar do ensino fundamental para nove anos, atende aos propósitos de que, o ingresso das crianças com seis anos nesse nível de ensino, possibilita maiores oportunidades de aprendizagem, permitindo o alcance de elevados níveis de escolaridade. No Brasil, a maioria dos estados e municípios já adota esse sistema. Entretanto, 868 municípios de 17 estados ainda não aderiram. Dentre esses, destaca-se o Estado do Mara- 4 PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO

nhão que se encontra em 3º lugar com 89 municípios que não aderiram, sendo ultrapassado pela Bahia em 2º lugar com 141 e São Paulo em 1º lugar com 354 municípios. Esses dados apontam para a urgência por parte dos gestores municipais quanto à adoção de procedimentos e medidas que garantam aos municípios, o cumprimento do preceito legal, quanto à inclusão escolar, o que representa um significativo passo para a ampliação da escolaridade obrigatória. 2 Fundamentação legal A ampliação do Ensino Fundamental para nove anos ancora-se em preceitos legais, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) 9.394/96, que em seu artigo 87, inciso 3º determina que: cada município e, supletivamente o Estado e a União, deverá matricular todos os educandos a partir de sete anos de idade e, facultativamente, a partir dos seis anos no Ensino Fundamental. Coerente com essa legislação, o Plano Nacional da Educação - PNE, aprovado pela Lei 10172 de 09/10/2001, normatiza a política educacional do país e determina como meta para esse nível de ensino, ampliar para nove anos a duração do ensino fundamental obrigatório, com início aos seis anos de idade, à medida que for sendo universalizado o atendimento na faixa etária de 7 a 14 anos. Em 11 de maio de 2005, a Lei 11.114, altera os artigos 6º, 30, 32 e 87 da LDB, com o objetivo de tornar obrigatório o início do Ensino Fundamental aos seis anos de idade. Assim, os Pareceres do Conselho Nacional de Educação - CNE, Nº 06 de 8 de junho de 2005 e Nº 18 de 15 de setembro de 2005, estabelecem normas nacionais para a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos de PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO 5

duração e orientações para a matrícula das crianças de 6 (seis) anos de idade nesse nível de ensino. Também a Resolução CNE/CEB nº 03/2005 de 3 de agosto de 2005 estabelece como condição para a matrícula de crianças de seis de idade no ensino fundamental, as que tenham obrigatoriamente, seis anos completos ou a completar no início do ano letivo em curso. Em 6 de fevereiro de 2006, a Lei Nº 11.274, altera os artigos 29, 30, 32 e 87 da LDB e dispõe sobre a duração de nove anos para o ensino fundamental, com a inclusão obrigatória das crianças de seis anos de idade. Conforme o Art. 5º da Lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal terão prazo até 2010 para implementar a obrigatoriedade para o Ensino Fundamental, assim como a abrangência da pré-escola. Essa medida que objetiva a todas as crianças um convívio escolar mais amplo, requer planejamento e definição de diretrizes norteadoras que considerem os aspectos estruturais e teórico-administrativos da escola, bem como as dimensões física, psicológica, intelectual e social do aluno. 3 Organização do Ensino Fundamental de Nove Anos A Resolução nº 03 de 3 de agosto de 2005 do Conselho Nacional de Educação, define que, para efeito de organização do Ensino Fundamental de Nove Anos e da educação infantil, será adotada a nomenclatura a seguir: Conforme o artigo 23 da LDB, a educação básica po- 6 PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO

derá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar. Nesse sentido, propomos três alternativas de organização do Ensino Fundamental de Nove Anos, a ser adotada, coerente com a realidade de cada sistema de ensino. Séries Anuais O Ensino Fundamental com duração de nove anos estrutura-se em cinco anos iniciais e quatro anos finais, conforme quadro a seguir: Nessa estrutura, o currículo é organizado em áreas de conhecimento de forma sequencial e articulada, levando-se em consideração a definição criteriosa de tempo e carga horária. Conforme o Parecer 04/2008 CNE, mesmo que o Sistema de Ensino ou a escola, desde que goze desta autonomia, faça a opção pelo Sistema Seriado, há necessidade de considerarmos os três anos iniciais como um Bloco Pedagógico ou Ciclo Sequencial de Ensino. Ciclos Segundo Perrenoud (2007), um ciclo de estudos é concebido aqui como uma seqüência de séries (ou níveis) anuais formando um todo. Para o autor, o ciclo de aprendizagem representa um meio para o/a professor/a ensinar melhor, combater o fracasso escolar, sendo, portanto imprescindível que os objetivos a serem alcançados ao final de cada percurso sejam claramente definidos, constituindo-se em contrato para professores, alunos e pais. É importante destacar que a opção do sistema municipal de ensino por ciclo não deve ser considerada pura e simplesmente devido a aprovação automática dentro do ciclo, uma vez que o simples desaparecimento da repro- PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO 7

vação não basta para eliminar o fracasso escolar. Assim, entendemos como ciclos plurianuais de aprendizagem o espaço-tempo de formação que permite atingir os objetivos definidos em um determinado tempo. Propomos então uma segunda possibilidade de organização do Ensino Fundamental em Nove Anos. Essa organização em ciclos exige uma mudança de reorientação curricular, na redefinição dos tempos e espaços escolares em novas concepções e práticas de trabalho diferenciadas, planejamento de ensino, avaliação da aprendizagem, assim como a formação continuada de professores, gestores e equipe técnica da secretaria (supervisores, coordenadores pedagógicos). Ciclos/Séries Anuais Esse sistema mescla a adoção de ciclo nos anos iniciais e as séries anuais nos anos finais de forma integrada. Ao ingressar na escola de Ensino Fundamental (anos iniciais) a criança vivencia situações de ensino e aprendizagem em ciclos, dando continuidade ao processo de aprendizagem no sistema série/ano. A LDB nos artigos 8º, 23 e 32, admite o desdobramento do ensino fundamental em ciclos, no todo ou em parte. Propomos, portanto, como terceira alternativa, o sistema misto que adota ciclos nos anos iniciais e séries nos anos finais do Ensino Fundamental de Nove Anos. Essa estrutura possibilita a continuidade do processo de alfabetização e letramento no segundo ciclo, favorecendo a consolidação do aprendizado das crianças, levando-se em conta o domínio da leitura, da escrita e os conhecimentos matemáticos. 8 PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO

4 Estratégias para Implantação do Ensino Fundamental de Nove Anos Para a implantação do Ensino Fundamental de Nove Anos faz-se necessária a adoção de um conjunto de procedimentos, considerando as implicações de natureza administrativa e pedagógica. Recomendamos, portanto, 10 (dez) procedimentos, a saber: Reorganização do Ensino Fundamental como um todo, com base na estrutura de nove anos, devendo ser providenciada a normatização legal pelo Conselho Municipal de Educação; Realização da chamada pública, conforme determina a LDB, assegurando, assim, o ingresso de todas as crianças de seis anos no ensino fundamental; Planejamento da oferta de vagas em quantidade suficiente para atender a demanda escolar; Disponibilização de espaços físicos, de mobiliários adequados, de equipamentos, de materiais didáticopedagógicos específicos, coerentes com a faixa etária da criança de seis anos de idade. Recomendamos que o município não utilize o espaço físico da pré-escola para atendimento às crianças do Ensino Fundamental; Caso o município não tenha outra opção de espaço na escola para atendimento às crianças de seis anos de idade, poderá organizá-lo na escola de educação infantil de PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO 9

forma provisória. Entretanto, os alunos devem ser matriculados em uma escola de ensino fundamental, cabendo aos gestores assegurar às crianças e aos professores a articulação entre os dois espaços educativos; Reelaboração do Projeto Político Pedagógico das escolas, de modo a assegurar às crianças de seis anos o desenvolvimento integral, psicológico, intelectual, social e cognitivo; Reestruturação da Proposta Pedagógica e Curricular do Ensino Fundamental, na perspectiva de Nove Anos, tomando por base as Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental, da Educação Infantil, os Pareceres e as Resoluções dos Conselhos Nacional e Municipal de Educação, os fundamentos psicológicos, pedagógicos, filosóficos e sócio-culturais que respaldam os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivo-linguísticos e sociais da criança, atendendo, assim, suas características, potencialidades e necessidades específicas dessa infância; Adequação do Regimento Interno da escola a essa nova estrutura de organização administrativa e pedagógica; Implementação de política de formação continuada para professores, gestores, supervisoras, coordenadores pedagógicos e profissionais de apoio; Organização de equipes estáveis de professores, assegurando a permanência de docentes nos três anos iniciais (1º, 2º e 3º) ou 1º ciclo do Ensino Fundamental, conforme organização adotada; Reorientação do processo de acompanhamento do trabalho escolar por parte da equipe técnica da Secretaria Municipal de Educação, no sentido de prestar apoio à gestão administrativa e pedagógica para a implementação da proposta de reorganização do Ensino Fundamental. 10 PROCEDIMENTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NO MUNICÍPIO

REFERÊNCIAS BRASIL. Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996..Lei Nº 10.172 de 9 de janeiro de 2001 Plano Nacional de Educação..Lei Nº 11.114 de 16 de maio de 2005..Lei Nº 11.274 de 6 de fevereiro de 2006.. Ministério da Educação. Ensino Fundamental de Nove Anos. Brasília: julho de 2004.. Ministério da Educação. Ensino Fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Organização: Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel, Aricélia Ribeiro do Nascimento. Brasília: FNDE, Estação Gráfica, 2006. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO / CEB Pareceres Nº 06/2005, de 08/06/2005, Nº 18/2005 de 15/08/2005, Nº 04/2008 de 20/02/2008. / CEB. Resolução N 03 de 03 de agosto de 2005. MARANHÃO. Secretaria de Estado da Educação. Orientações gerais para implantação do ensino fundamental de nove anos. Maranhão, 2007. PERRENOUD, Philippe. Os ciclos de aprendizagem: um caminho para combater o fracasso escolar. Trad. Patrícia Chittoni Ramos Reuillard. Porto Alegre: Artmed, 2004.

Avenida Getúlio Vargas nº 2342, Monte Castelo. CEP: 65.030-005. São Luís - MA www.cvbma.org.br (98) 3231 8757