Aluna do curso de Farmácia na Universidade Luterana do Brasil Bolsista PIBIC/CNPq

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Transcrição:

ANÁLISE DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE POR DPPH E DAS CARACTERÍSTICAS FITOQUÍMICAS DO EXTRATO ETANÓLICO DAS PARTES AÉREAS DE PLECTANTHUS AMBOINICUS Suele Bierhals Vencato 1 Marcela S. Santos 2 Claudia C. Brigido 2 Ivana Grivicich, 2 Alexandre Barros Falcão Ferraz 2 Resumo: Plectranthus amboinicus é popularmente conhecida como hortelã-da-folha-grossa, hortelã-dafolha-graúda e malvariço. P. amboinicus é indicada para tratar uma ampla gama de alterações fisiológicas como queimadura, edema, inflamação, artrite, bronquite, asma crônica, distúrbios gastrintestinais e renais. Devido a relação de varias indicações de uso com o estresse oxidativo, este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial antioxidante e estudar a constituição fitoquímica do extrato etanólico das folhas de P. amboinicus. A capacidade antioxidante foi determinada através do ensaio com o radical 2,2-difenil-1-picrilhidrazila (DPPH), utilizando como padrão a rutina (IC50 = 22,62± 1,0 mg/ml). O extrato foi analisado por ensaios colorimétricos qualitativos (screening fitoquímico) e quantitativos (doseamento do teor de compostos fenólicos, flavonoides e taninos totais). A capacidade antioxidante do extrato etanólico das folhas de P. amboinicus apresentou o valor de IC50 = 486,83 ± 3,28 mg/ml. Quanto a constituição fitoquímica, apenas saponinas, diterpenos e flavonoides foram detectados pelos ensaios qualitativos do screening. Os doseamentos apresentaram um teor de 33,40± 3,82g EAG/g de compostos fenólicos e 4,33 ± 0,88 g EQ/g de flavonoides totais. Os dados aqui encontrados mostram que P. amboinicus possui uma baixa concentração de compostos fenólicos, o que esta de acordo com o fraco potencial antioxidante desta planta. A ausência de alcaloides e o baixo teor de compostos fenólicos encontrado no extrato etanólico das folhas de P. amboinicus, permite sugerir que as propriedades medicinais desta planta devam estar relacionadas aos derivados de origem terpênica, tais como saponinas e diterpenos. Palavras-chave: estresse oxidativo; terpenos; flavonoides; INTRODUÇÃO: As plantas são mundialmente empregadas na medicina popular, a produção de medicamentos e o tratamento farmacológico de inúmeras patologias tiveram seu início com a utilização de plantas medicinais, desde o inicio da antiguidade, sendo utilizadas e pesquisadas até o hoje (PINTO et al, 2002). Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) demonstram que cerca de 80% da população mundial faz uso de algum tipo de erva na busca de alívio de alguma sintomatologia dolorosa ou desagradável. Desse total, pelo menos 30% ocorreu por indicação médica (Silva & Casali, 2000) O conhecimento adquirido pela cultura popular sobre plantas medicinais está cada vez mais sendo buscado e pesquisado. Devido ao elevado custo de medicamentos, as plantas estão sendo cada vez mais empregadas como uso empírico popular na medicina. 1 Aluna do curso de Farmácia na Universidade Luterana do Brasil Bolsista PIBIC/CNPq 2 Programa de Pós Graduação em biologia celular e molecular aplicada à saúde alexandre.ferraz@ulbra.br

Sendo analisadas cientificamente os seus constituintes biológicos e comprovando sua eficácia e segurança para utilização (GOBBO-NETO e LOPES, 2007; PINTO et al, 2002 ) Com a evolução da ciência e dos métodos experimentais, começaram a ser estudados os seus constituintes químicos, buscando o isolamento de princípios ativos para pesquisar os efeitos que tais substâncias exercem sobre o organismo humano e animal. (ALVIM et al., 2006). Um exemplo de empírico popular muito utilizado é Plectranthus amboinicus uma planta aromática nativa da Ásia Oriental - India (WEI et al., 2006; LUKHOBA et al., 2006; LORENZI & MATOS, 2008). No Brasil é popularmente conhecida como malva-do-reino, hortelã-da-folha-grossa, hortelã-da-folha-graúda e malvariço, como descrita por GURGEL et al, (2009). É uma árvore do tipo arbusto, herbácea, perene, com caule grosso de cor verde, sua parte medicinal é a que cresce acima do solo (LUKHOBA et al., 2006; WU et al., 2008). P. amboinicus é indicada no tratamento de uma ampla gama de alterações fisiológicas como queimadura, edema, inflamação, artrite, bronquite, asma crônica, distúrbios gastrintestinais e renais, segundo KHARE et al,( 2011). Este trabalho teve como objetivo, analisar a constituição fitoquímica e avaliar o potencial antioxidante através do ensaio com o radical 2,2-difenil-1-picrilhidrazila (DPPH). METODOLOGIA: Material vegetal: As partes aéreas de P. amboinicus foram coletadas, no Município de Teresina, Estado de Piauí Brasil.. O material para produção do extrato aquoso foi selecionado e seco em ambiente arejado e ao abrigo de luz direta, depois foi triturado em moinhos de facas. Após a separação foi realizada a extração e fracionamento dos extratos. Preparação do extrato bruto: Para obtenção do extrato bruto, as folhas de P. amboinicus foram submetidas a extração em aparelho soxhlet, na relação de 1:10 (planta/solvente). O extrato bruto etanólico, foi concentrado em rota evaporador sob temperatura inferior a 50 C. Análise fitoquímica: A análise fitoquímica qualitativa (flavonóides, taninos, antraquinonas, alcalóides, saponinas, cumarinas e glicosídeos cardiotônicos) das partes aéreas de P. amboinicus foi analisada de acordo com os métodos descritos por Simões et al (2007). A presença de resultado positivo foi confirmada com a realização de cromatografia em camada delgada (CCD). As análises em cromatografia em camada delgada foram realizadas conforme sistema e desenvolvimento descrito por Wagner & Bladt (1996). Determinação de compostos fenólicos: O conteúdo total foi determinado pelo método Folin- Ciocalteu. Para a preparação da curva de calibração foi utilizada 1 ml das soluções de ácido gálico em etanol nas concentrações de 0,015, 0,024, 0,075 e 0,105 mg/ml que serão misturadas com 5 ml do reagente Folin-Ciocalteu (1:10) e 4 ml de carbonato de sódio (75 g/l) (Singleton & Rossi, 1965). Para o teste, foram utilizado 1 ml do extrato na concentração de 0,1 mg/ml. Após 1h, foi realizada a leitura da absorbância em 765 nm. (Miliauskas et al., 2004). Determinação de taninos totais: Para a quantificação de taninos totais foi utilizado o método por precipitação da caseína. As amostras foram analisadas de acordo com o método Folin- Ciocalteu (Singleton and Rossi, 1965; Miliauskas et al., 2004). A quantidade de taninos totais corresponde à diferença entre o valor obtido nesse teste e o obtido no doseamento de fenólicos totais. Os testes foram realizados em triplicada e o valor total de taninos é expresso em mg equivalentes de ácido gálico por grama de extrato.

Determinação de flavonoides totais: A quantificação de flavonoides foi realizada seguindo a metodologia descrita por Woisky e Salatino (1998) que utiliza a solução de cloreto de alumínio a 2,5% como agente cromogênico. A técnica baseia-se na formação de complexos estáveis entre o cátion alumínio e os flavonóides presentes na amostra. O teor de flavonóides será calculado através da equação da reta obtida na curva de calibração de quercetina. A curva será construída da mesma maneira que as amostras testadas, nas concentrações de 0,002 até 0,008 mg/ml. O valor obtido através da substituição da absorvância do teste na curva será convertido para expressar o resultado em flavonóides equivalentes de quercetina por grama de extrato liofilizado. Avaliação da capacidade antioxidante por DPPH: O extrato bruto foi pesado e diluído em metanol para a obtenção das concentrações 50 a 400 μg/ml. Após, 2,5 ml da amostra foi transferida para a cubeta de 3,5 ml e adicionado 1 ml da solução de DPPH na concentração de 0,2 mg/ml.o controle negativo, consiste na amostra sem o DPPH, e o controle positivo, consiste em 1 ml de DPPH diluído em 2,5 ml de metanol. O padrão, utilizado é a rutina. Após 30 minutos, será medido a absorbância em espectrofotômetro no comprimento de ondas de 518 nm (Mensor et al., 2001). Os testes com o extrato e o padrão serão realizados conforme o método já descrito para o pré-teste. Todos os testes serão feitos em triplicata. A porcentagem de inibição de DPPH, que diz respeito à atividade antioxidante, será calculada pela seguinte fórmula: % de Inibição de DPPH = [(Abs controle(+) - Abs amostra ) x 100] / Abs controle(+) RESULTADOS ALCANÇADOS E DISCUSSÃO: A partir da análise do screening fitoquimico, não foram detectados, alcaloides, antraquinonas, cardiotônicos, cumarinas e taninos. Estes dados estão de acordo quando comparados a outros resultados da espécie Plectranthus amboinicus como o trabalho de Elhawary et al, 2012a. Por outro lado sugere-se a presença de diterpenos, flavonóides e saponinas (Tabela 1). Quanto a isso, a maioria dos estudos fitoquímicos com espécies de Plectranthus presentes na literatura basicamente relatam o isolamento de uma grande variedade de diterpenos (Lukhoba, Simmonds e Paton, 2006). De acordo com (Ascensão et al. 1998), o β-cariofileno, um sequisterperno é um dos principais constituintes químicos encontrados em diferentes espécies do gênero Plectranthus. Segundo Grayer et al. (2010), há poucos casos relatados de flavonóides na espécie Plectranthus. Mas, no screening realizado por El-hawary et al, (2012a) foi detectada a presença de flavonoides assim como neste estudo. Este resultado é confirmado pela identificação do flavonoide Crisoeriol detectado por UPLC- MS no trabalho de El-hawary et al, (2012b) além dos flavonoides isolados genkwanina, crisimaritina, taxifolina, apigenina e 5-O-metil-luteolina (El-hawary et al, 2012a). Contudo, este autor relata a presença de taninos, os quais não foram encontrados no screening nem no doseamento. Esta diferença pode ser explicada pela baixíssima quantidade (81 µg/g ) detectada no estudo de El-hawary et al, (2012b) a qual em nosso métodos não podemos detectar. Tabela 1: Resultados da análise qualitativas do screening fitoquímico apresentados pelo extrato bruto etanólico de Plectranthus amboinicus. Classe Química Alcaloides Antraquinonas Cardiotônicos Screening Fitoquímico Resultado

Cumarinas Diterpenos Flavonóides Saponinas Taninos Os doseamentos apresentaram um teor de 33,40± 3,82 g EAG/g de compostos fenólicos e 4,33 ± 0,88 g EQ/g de flavonoides totais. Novamente, comparando nossos dados (Tabela 2) com o trabalho de El-hawary et al, (2012b) notamos que o teor determinado de compostos fenólicos totais nas folhas de P. amboinicus também foi muito baixo (8,4 mg/g). Tabela 2: Resultados de análise quantitativas dos doseamentos e DPPH apresentados pelo extrato bruto etanólico de Plectranthus amboinicus. Doseamentos e DPPH Flavonoides Totais 4,33 ± 0,88 1 Fenólicos Totais 33,40± 3,82 2 Taninos Totais ND DPPH 486,83 ± 3,28 3 1 Resultado equivalente a quercetina mg/g de extrato; 2 Resultado equivalente ao ácido gálico mg/ml de extrato; 3 µg/ml; ND= Não detectado A capacidade antioxidante do extrato etanólico das folhas de P. amboinicus analisado pelo método do DPPH apresentou uma baixa atividade antioxidante (IC 50 = 486,83 ± 3,28 mg/ml) quando comparada ao padrão (quercetina IC 50 = 18,22 ± 2,28 mg/ml ). A baixa atividade antioxidante para esta espécie também foi relatada no trabalho de Chia et al. (2011) que determinou a atividade frente ao DPPH em 660 µg/ml. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Após a análise fitoquimica observa-se, a presença de diterpenos, flavonóides e saponinas. Através dos doseamentos contastou-se baixos teores de compostos fenólicos para o extrato etanólico das partes aéreas de Plectranthus amboinicus. O qual apresenta uma baixa atividade antioxidante frente ao DPPH, provavelmente relacionada ao reduzido teor de compostos fenólicos detectados pelos doseamentos, o que nos permite sugerir que as propriedades medicinais desta planta devam estar relacionadas aos derivados de origem terpênica, tais como saponinas e diterpenos. REFERÊNCIAS ALVIM, N.A.T. et al. O uso de plantas medicinais como recurso terapêutico: das influências da formação profissional às implicações éticas e legais de sua aplicabilidade como extensão da prática de cuidar realizada pela enfermeira. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 14, n. 3, 2006. CHIA, JL, LIH, GC, TING, LC, WEI, MK, YING, FL, CHING, CW. The correlation between skin-care effects and phytochemical contents in Lamiaceae plants, Food Chemistry v. 124, p. 833 841, 2011

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