TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

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Transcrição:

fls. 162 SENTENÇA Processo nº: 1103312-10.2016.8.26.0100 Classe - Assunto Procedimento Comum - Rescisão do contrato e devolução do dinheiro Requerente: Maria Ligia Rodrigues Maranhão Requerido: Gafisa Spe 130 Empreendimentos Imobiliários Ltda. Prioridade Idoso Juiz(a) de Direito: Dr(a). Maria Carolina de Mattos Bertoldo Vistos. MARIA LIGIA RODRIGUES MARANHÃO, devidamente qualificada nos autos, ajuizou a presente ação em face de GAFIZA SPE 130 EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA., sustentando que firmou Instrumento Particular de Promessa de Venda e Compra com a ré em 15/12/2013, tendo como objeto o imóvel descrito na inicial. Alega que, após o pagamento parcial, pleiteou a rescisão do contrato, mas a ré informou que restituiria somente 60% do valor pago. Pleiteia, portanto, a rescisão do contrato e a devolução de 90% dos valores pagos. Inicial instruída. Citada, a ré apresentou contestação de fls. 98/113, sustentando, no mérito, que não se opõe à rescisão do negócio, desde que nos moldes contratualmente previstos. Alega existência de cláusula clara que determina que será devolvido ao comprador 60% dos valores pagos em caso de rescisão por culpa exclusiva daquele. Pugna pela improcedência da ação. Réplica às fls. 134/150. 1103312-10.2016.8.26.0100 - lauda 1

fls. 163 É o relatório. Decido. Trata-se de hipótese de julgamento antecipado da lide, diante da desnecessidade de dilação probatória, nos termos do art. 355, inc. I, do Código de Processo Civil. A ação é procedente. Trata-se de ação de rescisão contratual cumulada com pedido de devolução de quantias pagas. A existência do vínculo contratual entre as partes está devidamente demonstrada nos autos, conforme documentos de fls. 19/52, não sendo, ademais, impugnada pela ré. Divergem as partes acerca da validade de aplicação da cláusula referente à porcentagem devida em caso de rescisão do contrato. Como é cediço, é direito da parte autora, alçada na qualidade de consumidora, a rescisão do contrato e a devolução das quantias pagas. Nesse sentido: O comprador que deixa de cumprir o contrato alegando insuportabilidade da obrigação tem o direito de promover a ação para receber a restituição das importâncias pagas (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Apelação Cível nº 68.372.4/9, OSWALDO BREVIGLIERI, Relator). No caso sub judice, pretende a autora a extinção do compromisso de compra e venda de imóvel, face à impossibilidade de efetuar o pagamento do preço. Tem-se, assim, a resolução do negócio, que deve acarretar a restituição das partes à situação anterior, nela incluída a devolução das 1103312-10.2016.8.26.0100 - lauda 2

fls. 164 parcelas recebidas pela vendedora. A cláusula 5.4 do contrato firmado entre as partes (fls. 37/38) determina o modo de devolução das quantias pagas em caso de rescisão contratual, aplicando diversos descontos sobre o valor pago e determinando que, após tais descontos, haverá a devolução de 60% do saldo. Nesse ponto, observo que a mencionada cláusula, tal como redigida, não é válida, visto que abusiva, uma vez que valida descontos sobre descontos, e em desconformidade com o entendimento jurisprudencial dominante. Desta forma, é inadmissível o cumprimento da cláusula contratual referente à hipótese de rescisão contratual, o que implicaria enriquecimento ilícito por parte da ré. Ademais, sendo proprietária do imóvel, obviamente poderá a ré repassá-los a terceiros, que pagarão integralmente o preço, mediante um novo contrato. Contudo, deve-se considerar as despesas que a parte ré teve com a celebração do contrato. Deve-se ter em mente, ainda, que, no presente caso, a autora sequer chegou a possuir o imóvel objeto do contrato. A jurisprudência vem entendendo que...para evitar enriquecimento injusto, a solução é determinar que as perdas das quantias pagas se limite aos prejuízos sofridos pela vendedora. (JTJ-LEX-149/45 e 130/78). Verifico que o percentual de 10% (dez por cento) para perda pela ré das quantias pagas, em razão das despesas tidas pela ré com o contrato, é o aceito pela jurisprudência: Rescisão contratual Cláusula penal que prevê o decaimento das importâncias pagas pelo compromissário-comprador Nulidade Direito de a promitente-vendedora reter apenas 10% das parcelas pagas a título de despesas que realizou para a feitura do contrato Inteligência dos arts. 1103312-10.2016.8.26.0100 - lauda 3

fls. 165 924, do CC e 53, da Lei 8.078/90 (TJSP) RT 771/214. Cumpre ressaltar, ainda, que tal percentual deve incidir não sobre o preço atualizado do contrato, mas sobre as parcelas pagas, corrigidas monetariamente. A devolução deverá ser imediata e em única parcela. Assim, desfeito o contrato, deve a ré devolver as quantias pagas, corrigidas monetariamente, assegurando-se o direito de fazer a retenção do valor pago, tão somente, ao correspondente a dez por cento, a título de ressarcimento pelo prejuízo sofrido com o desfazimento dos negócios, sem que haja culpa de sua parte. Por fim, cabe ressaltar que, em se tratando de contrato de adesão, não foi dada oportunidade à parte autora de questionar as cláusulas contratuais. Logo é imprescindível a observância das normas estabelecidas pelo Código de Defesa do Consumidor. Nesse sentido, destaco decisão proferida em caso semelhante: Por isso, no que tange à compra e venda de imóveis incorporados, eventual previsão de antecipação de perdas e danos em contrato firmado com empresa incorporadora, à guisa de cláusula penal, não poderá exceder a 10% do total já pago pelos compromissárioscompradores, com as devidas atualizações (RT - 771/215). (grifo nosso) Assim, impõe-se a procedência da presente ação. Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE a ação que MARIA LIGIA RODRIGUES MARANHÃO move em face de GAFISA SPE 130 EMPREEDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA., para declarar rescindido o 1103312-10.2016.8.26.0100 - lauda 4

fls. 166 Instrumento Particular de Promessa de Venda e Compra firmado entre as partes, descrito na inicial, e condenar a ré a devolver as quantias efetivamente pagas pela parte autora, corrigidas monetariamente desde o desembolso, com o acréscimo dos juros de mora de 1% ao mês, a partir da citação, até o efetivo pagamento, assegurado o direito à vendedora de reter, tão somente, a quantia correspondente a 10% do total pago pela parte compradora, nos termos acima expostos. Condeno a ré, ainda, ao pagamento das custas e despesas processuais, corrigidas desde o desembolso, arcando ainda com honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor atualizado da condenação. P.R.I. São Paulo, 15 de dezembro de 2016. MARIA CAROLINA DE MATTOS BERTOLDO Juíza de Direito DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006, CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA 1103312-10.2016.8.26.0100 - lauda 5