Mudança do Clima O Sistema Institucional Brasileiro para Tramitação de Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

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Transcrição:

Centro de Gestão e Estudos Estratégicos Ciência, Tecnologia e Inovação Prospecção Tecnológica Mudança do Clima O Sistema Institucional Brasileiro para Tramitação de Projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo Marcelo Theoto Rocha

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Mudança do Clima Prospecção Tecnológica Através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), estabelecido pelo artigo 12 do Protocolo de Quioto, o Brasil pode oferecer aos países desenvolvidos Reduções Certificadas de Emissões (RCE), também conhecidas como créditos de carbono. Desta forma, cria-se o mercado de carbono. Rocha (2003), estimou a participação brasileira neste mercado, através do modelo Carbon Emission Reduction Trade (CERT). Nos cenários de referência do Modelo CERT, a participação brasileira no mercado de carbono chega a apenas 3,4% do mercado de RCE. Nesse cenário, em 2010, o Brasil exportaria 14,4 milhões de toneladas de carbono, gerando um receita de US$ 237 milhões ao custo de US$ 106,3 milhões. O lucro de todos os projetos de MDL no Brasil seria de US$ 130,7 milhões. Construindo-se cenários alternativos a participação brasileira pode chegar a 17,8% do mercado de RCE. No melhor cenário alternativo, para o ano de 2010, o Brasil exportaria 32,1 milhões de toneladas de carbono, gerando um receita de US$ 525,6 milhões ao custo de US$ 198 milhões. O lucro de todos os projetos de MDL no Brasil seria de US$ 327,6 milhões. A pequena participação brasileira se deve às diferenças de custos marginais de abatimento de carbono existentes entre os países, em especial Brasil, China e Índia. Para aumentar a participação brasileira nesse mercado, torna-se fundamental criar um ambiente político-econômico e institucional que permita que projetos de MDL tenham baixos custos de transação e alta credibilidade. 3

O ciclo de um projeto de MDL De acordo com as regras estabelecidas nas Conferências das Partes (COPs), a participação em um projeto de MDL deve ser voluntária. As Partes interessadas em participar do MDL devem, em primeiro lugar, designar uma autoridade nacional designada 1 que será responsável pela aprovação ou não dos projetos de MDL no país hospedeiro. Para que as RCE tenham validade, um projeto de MDL deve cumprir com algumas obrigações (Figura 1). Figura 1 Ciclo de um projeto de MDL (layout: IKOTEMA) Na fase de configuração do projeto, os proponentes do projeto devem estabelecer a adicionalidade e a linha de base (baseline) do projeto, além da metodologia de monitoramento que será utilizada para verificar o cumprimento das metas de redução de emissões e/ ou de remoção de CO 2 equivalente. 1 A autoridade nacional designada no Brasil é a Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima (www.mct.gov.br/clima). 4

Mudança do Clima Prospecção Tecnológica As atividades de um projeto de MDL são consideradas adicionais se as emissões antropogênicas de CO 2 equivalente forem menores do que as que ocorreriam na ausência do projeto; e/ ou se a remoção de CO 2 equivalente for superior àquela que ocorreria na ausência do projeto. A linha de base de um projeto de MDL é o cenário que representa as emissões/ remoções antropogênicas de CO 2 equivalente que ocorreriam na ausência do projeto. Para auxiliar os proponentes na apresentação de tais informações, o Conselho Executivo do MDL 2 desenvolveu um documento base denominado documento de concepção do projeto (em inglês Project Design Document PDD). A entidade operacional designada (EOD) 3 selecionada pelos proponentes do projeto para validar o projeto deve revisar o PDD e outros documentos relevantes, tais como comentários das partes interessadas ( stakeholders ) e possíveis impactos sócioambientais do projeto. A validação é o processo de avaliação independente de uma atividade de projeto por uma Entidade Operacional Designada, no tocante aos requisitos do MDL, conforme estabelecido na decisão 17/CP.7 e nas decisões pertinentes da Conferência das Partes, na qualidade de reunião das Partes no Protocolo de Quioto 2 O Conselho Executivo deve supervisionar o MDL, sob a autoridade e a orientação da COP/MOP. Nesse contexto, o Conselho Executivo deve entre outros: a) Fazer recomendações a COP/MOP sobre modalidades e procedimentos adicionais para o MDL, conforme o caso; b) Aprovar novas metodologias relacionadas, inter alia, com linhas de base, planos de monitoramento e limites de projeto; c) Rever as disposições com relação às modalidades, aos procedimentos e às definições simplificados de atividades de projeto de pequena escala e fazer recomendações a COP/MOP; d) Ser responsável pelo credenciamento das Entidades Operacionais, e fazer recomendações a COP/MOP para a designação das Entidades Operacionais, de acordo com o Artigo 12, parágrafo 5, do Protocolo de Quioto; e) Relatar a COP/MOP sobre a distribuição regional e sub-regional das atividades de projeto do MDL, com vistas à identificação de barreiras sistemáticas ou sistêmicas à sua distribuição eqüitativa; f) Tornar públicas informações pertinentes, submetidas com esse fim, sobre as atividades de projeto do MDL que necessitem de financiamento e sobre investidores que estejam buscando oportunidades, para auxiliar na obtenção de financiamento para as atividades de projeto do MDL, conforme necessário; g) Disponibilizar ao público qualquer relatório técnico comissionado e fornecer um período de pelo menos oito semanas para o recebimento de comentários do público sobre as metodologias e orientações preliminares, antes que os documentos sejam finalizados e qualquer recomendação submetida à consideração da COP/MOP; h) Desenvolver, manter e tornar público o acervo de regras, procedimentos, metodologias e padrões aprovados; i) Desenvolver e manter o registro do MDL; j) Desenvolver e manter uma base de dados, acessível ao público, de atividades de projeto do MDL, contendo informações sobre os documentos registrados de concepção do projeto, comentários recebidos, relatórios de verificação, suas decisões, bem como informações sobre todas as RCE emitidas; k) Tratar das questões relativas à observância das modalidades e dos procedimentos do MDL pelos participantes dos projetos e/ou pelas Entidades Operacionais, e relatá-las a COP/MOP 3 Entidade Operacional Designada (EOD): entidade jurídica (uma entidade jurídica nacional ou uma organização internacional) credencia pelo Comitê Executivo para: (a) Validar as atividades de projeto do MDL propostas; (b) Verificar e certificar as reduções das emissões antrópicas de gases de efeito estufa por fontes; (c) Cumprir as leis aplicáveis das Partes anfitriãs das atividades de projeto do MDL, ao realizar as funções mencionadas no subparágrafo (e) abaixo; (d) Demonstrar que ela e seus subcontratantes não têm conflitos de interesse reais ou potenciais com os participantes das atividades de projeto do MDL para as quais tenha sido selecionada para desempenhar funções de validação ou verificação e certificação; (e) Desempenhar uma das seguintes funções relativas a uma determinada atividade de projeto do MDL: validação ou verificação e certificação. Mediante solicitação, o Conselho Executivo pode, entretanto, permitir que uma única Entidade Operacional Designada realize todas essas funções dentro de uma única atividade de projeto do MDL; (f) Manter uma lista disponível para o público de todas as atividades de projeto do MDL para as quais tenha realizado validação, verificação e certificação; (g) Submeter um relatório anual de atividade ao Conselho Executivo; (h) Tornar públicas as informações obtidas dos participantes de projeto do MDL, conforme determinado pelo Conselho Executivo. 5

(COP/MOP), com base no documento de concepção do projeto. O registro é a aceitação formal, pelo Conselho Executivo, de um projeto validado como atividade de projeto do MDL. O registro é o pré-requisito para a verificação, certificação e emissão das RCE relativas a essa atividade de projeto. Uma vez registrado o projeto passa para a fase de monitoramento. Esse monitoramento acontecerá seguindo um plano estabelecido pela metodologia e terá como resultados relatórios que serão submetidos à entidade operacional para a verificação do projeto. A verificação é a revisão independente periódica e a determinação ex post, pela Entidade Operacional Designada, das reduções monitoradas das emissões antrópicas de gases de efeito estufa por fontes que ocorreram em conseqüência de uma atividade registrada de projeto do MDL, durante o período de verificação. A certificação é a garantia por escrito da Entidade Operacional Designada de que, durante um período de tempo especificado, uma atividade de projeto atingiu as reduções das emissões antrópicas de gases de efeito estufa por fontes conforme verificado. Com a certificação, é possível solicitar do Comitê Executivo as RCE relativas à quantidade reduzida e/ou removida. Nas diferentes fases de um projeto de MDL, observa-se que o papel do governo fica restrito à aprovação do projeto quanto a sua contribuição para o desenvolvimento sustentável do país. As demais fases são de responsabilidade do proponente do projeto, das EOD e do Conselho Executivo. Nestes casos o governo não deve ter uma participação direta, sendo sua principal função criar condições favoráveis às operações dos proponentes e das EOD, a fim de reduzir os custos operacionais dos projetos. 6

Mudança do Clima Prospecção Tecnológica A Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima Cada país deverá ter a sua Autoridade Nacional Designada para o MDL, cujo objetivo principal é aprovar ou não os projetos de MDL no país hospedeiro. Em outras palavras, essa entidade deverá definir se tais projetos estão cumprindo com o seu objetivo duplo: redução das emissões de GEE e/ ou remoção de CO 2 atmosférico; e, a promoção do desenvolvimento sustentável. No Brasil, foi criada em 07 de julho de 1999 a Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, "com a finalidade de articular as ações de governo decorrentes da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e seus instrumentos subsidiários de que o Brasil seja parte (Brasil, 1999). A Comissão é integrada por representantes dos seguintes Ministérios: Relações Exteriores, Agricultura, Pecuária e do Abastecimento, Transportes, Minas e Energia, Planejamento, Orçamento e Gestão, Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e da Casa Civil da Presidência da República. Aos ministros de Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente, cabem, respectivamente, a presidência e a vice-presidência da Comissão. São atribuições da Comissão: a) Emitir parecer, sempre que demandado, sobre propostas de políticas setoriais, instrumentos legais e normas que contenham componente relevante para a mitigação da mudança global do clima e para a adaptação do País aos seus impactos; b) Fornecer subsídios às posições do Governo nas negociações sob a égide da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e instrumentos subsidiários de que o Brasil seja parte; c) Definir critérios de elegibilidade adicionais aos considerados pelos Organismos da Convenção, encarregados do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), previsto no Artigo 12 do protocolo de Quioto da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, conforme estratégias nacionais de desenvolvimento sustentável; 7

d) Apreciar pareceres sobre projetos que resultem em reduções de emissões e que sejam considerados elegíveis para o MDL, e aprová-los, se for o caso; e) Realizar articulação com entidades representativas da sociedade civil, no sentido de promover as ações dos órgãos governamentais e privados, em cumprimento aos compromissos assumidos pelo Brasil perante a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e instrumentos subsidiários de que o Brasil seja parte. No dia 2 de dezembro de 2003 a Comissão publicou no Diário Oficial da União a Resolução n.1. Esta resolução estabelece as modalidades e os procedimentos para aprovação do MDL junto a Comissão Interministerial. Com a publicação desta resolução, os proponentes de projeto de MDL possuem o arcabouço legal para a apresentação de projetos. Para que o processo de aprovação tenha a maior credibilidade possível, é necessário que todos os representantes dos ministérios na Comissão tenham conhecimento mínimo sobre o tema de mudanças climáticas. Treinamentos constantes e organizados dos membros da Comissão seriam uma das formas de se garantir o entendimento da questão. Além disto, cada ministério deveria ter um Núcleo de Mudanças Climáticas, formado por técnicos e consultores externos. Estes Núcleos trabalhariam questões não apenas de projetos, mas também temas relacionados com impactos e adaptação. Além disto sugere-se que sejam criados grupos de especialistas por categoria de projetos, a fim de aumentar a credibilidade e dar agilidade ao processo. Estes grupos poderiam ser de universidades, centros de pesquisa e até mesmo empresas privadas. Teriam como principal função elaborar pareceres que embasariam as decisões da Comissão quanto à aprovação ou não de projetos. 8

Mudança do Clima Prospecção Tecnológica Resolução nº1 da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima A seguir são comentados os principais pontos da Resolução nº 1: Artigo 3º - Com vistas a obter a aprovação das atividades de projeto no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, os proponentes do projeto deverão enviar à Secretaria Executiva da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, em meio eletrônico e impresso: I. O documento de concepção do projeto na forma do Anexo II e na forma determinada pelo Conselho Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Adicionalmente, como elemento informativo à Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, deve constar no documento de concepção do projeto uma descrição da contribuição da atividade de projeto para o desenvolvimento sustentável de acordo com o Anexo III à esta resolução e em conformidade com o Artigo 12.2 do Protocolo de Quioto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. II. As cópias dos convites de comentários enviado pelos proponentes do projeto aos seguintes agentes envolvidos e afetados pelas atividades de projeto de acordo com o alínea b do parágrafo 37 do Anexo I referido no Art. 1º, identificando os destinatários: Prefeitura e Câmara dos vereadores Órgãos Ambientais Estadual e Municipal; Fórum Brasileiro de ONG s; Associações comunitárias. Ministério Público; III. O relatório de Entidade Operacional Designada, autorizada a operar no país conforme o art. 4º, de validação da atividade de projeto na forma a ser submetida ao Conselho Executivo do Mecanismo de 9

Desenvolvimento Limpo no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e em português. IV. Uma declaração assinada por todos os participantes do projeto estipulando o responsável e o modo de comunicação com a secretaria executiva da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima e termo de compromisso do envio de documento de distribuição das unidades de redução certificada de emissões que vierem a ser emitidas a cada verificação das atividades do projeto para certificação; V. Os documentos que assegurem a conformidade da atividade de projeto com a legislação ambiental e trabalhista em vigor, quando for o caso. Os documentos solicitados asseguram que o projeto apresentado tenha credibilidade, uma vez, que possui um documento de concepção de projeto elaborado e já passou pelo crivo da validação. Idéias de projetos, ou projetos que não tenham sido validados não devem ser objeto de avaliação por parte da Comissão para que não haja sobrecarga de trabalho e dispêndio de recursos. Especial atenção deve ser dada aos comentários das partes interessadas. Este processo pode estar baseado nas sugestões do Observatório do Clima. Não se trata de obrigar todos os projetos a realizar a consulta nos moldes proposto, mas apenas apresentar como sugestão, ficando a cargo de cada projeto escolher a forma de trabalhar com as partes interessadas: I. Deverão ser estabelecidas as modalidades por meio das quais o empreendedor deve promover um processo de consulta pública e antecipar a divulgação de informações. Por consulta pública entende-se uma ferramenta de administração da comunicação entre o empreendedor e o público, representado por indivíduos ou grupos direta e indiretamente atingidos pelo projeto, interessados e/ou que tenham a capacidade de influenciar os seus resultados; II. Esta consulta deverá ser feita através de audiências públicas, pesquisas, questionários, workshops, visitas, entre outras. Tem como objetivo identificar todos os atores envolvidos, o escopo sócio-ambiental dos 10

Mudança do Clima Prospecção Tecnológica impactos e estabelecer um processo de envolvimento destes atores no processo de formulação, implementação e monitoramento do projeto; III. IV. A consulta deverá ser divulgada com antecedência e publicidade necessária para alcançar todos os públicos, direta ou indiretamente, atingidos pelo projeto. O objetivo é enriquecer o processo de tomada de decisão por meio do envolvimento ativo dos atores relevantes no âmbito do projeto; A divulgação de informações deve ser feita em português, em linguagem acessível ao público em geral, em veículos de comunicação que possam ser acessados por público amplo, e colocada a disposição em prazo suficiente (mínimo de 120 dias) para que este público possa estar suficientemente informado sobre os aspectos relevantes do projeto na data da consulta pública. Artigo 4º - A validação, verificação e a certificação dos projetos no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo deverá ser feita por Entidade Operacional Designada que: I. Seja credenciada junto ao Conselho Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, e II. Esteja plenamente estabelecida em território nacional e tenha capacidade de assegurar o cumprimento dos requerimentos pertinentes da legislação brasileira. As EOD devem estar estabelecidas no Brasil, a fim de que parte dos recursos pagos pelos seus serviços seja internalizada na economia brasileira. Além disto o emprego de mão de obra-local deve ser privilegiado. A criação de entidades operacionais designadas brasileiras, ou seja, de empresas nacionais, poderia auxiliar na redução dos custos de validação, verificação e certificação. O governo brasileiro poderia auxiliar no processo de credenciamento destas empresas junto ao Conselho Executivo do MDL, através de treinamento e/ou suporte financeiro. 11

Artigo 6º - A Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima deverá proferir decisão final sobre o pedido de aprovação das atividades de projeto propostas no âmbito do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo até 60 (sessenta) dias após a data da primeira reunião ordinária da Comissão subseqüente ao recebimento dos documentos mencionados no art. 3º pela Secretaria Executiva da Comissão. O prazo para a avaliação dos projetos é adequado para que a avaliação possa ser feita adequadamente. Com a criação de grupos de especialistas pode-se esperar uma agilidade maior, o que permitiria reduzir este prazo no futuro. É preciso ter em mente que este é um processo de aprender-fazendo. Artigo 9º - Até que seja promulgado o Protocolo de Quioto, a decisão final de que trata o art. 6º subsidiará a emissão de carta de aprovação nos termos da alínea a do parágrafo 40 do Anexo I referido no art. 1º, em que conste o seu caráter condicional. O fato da carta de aprovação estar condicionada ao Protocolo de Quito é uma garantia de credibilidade dos projetos, além de uma segurança para o país. Na eventualidade do Protocolo de Quioto não entrar em vigor, os projetos apresentados passam a ser transações comerciais entre os proponentes brasileiros e os investidores internacionais. O papel do governo neste novo cenário deve ser avaliado posteriormente, tendo em vista as características do novo regime climático mundial que será negociado. Um possível cenário é a inclusão do MDL como mecanismo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Global do Clima e não como mecanismo do Protocolo de Quioto. Neste caso os projetos poderiam estar gerando débitos de carbono para o país. Conseqüentemente, o compromisso do País em relação aos projetos seria diferente do compromisso hoje assumido, ou seja, não se trataria mais de afirmar que os projetos contribuem para o desenvolvimento sustentável, mas sim assumir o compromisso de que estes débitos seriam pagos de alguma forma posteriormente. Em outras palavras, estaríamos criando uma dívida de carbono. 12

Mudança do Clima Prospecção Tecnológica Anexo III - Os participantes do projeto deverão descrever se e como a atividade de projeto contribuirá para o desenvolvimento sustentável no que diz respeito aos seguintes aspectos: a) Contribuição para a sustentabilidade ambiental local: Avalia a mitigação dos impactos ambientais locais (resíduos sólidos, efluentes líquidos, poluentes atmosféricos, dentre outros) propiciada pelo projeto em comparação com os impactos ambientais locais estimados para o cenário de referência. b) Contribuição para o desenvolvimento das condições de trabalho e a geração líquida de empregos: Avalia o compromisso do projeto com responsabilidades sociais e trabalhistas, programas de saúde e educação e defesa dos direitos civis. Avalia, também, o incremento no nível qualitativo e quantitativo de empregos (diretos e indiretos) comparando-se o cenário do projeto com o cenário de referência. c) Contribuição para a distribuição de renda: Avalia os efeitos diretos e indiretos sobre a qualidade de vida das populações de baixa renda, observando os benefícios socioeconômicos propiciados pelo projeto em relação ao cenário de referência. d) Contribuição para capacitação e desenvolvimento tecnológico: Avalia o grau de inovação tecnológica do projeto em relação ao cenário de referência e às tecnologias empregadas em atividades passíveis de comparação com as previstas no projeto. Avalia também a possibilidade de reprodução da tecnologia empregada, observando o seu efeito demonstrativo, avaliando, ainda, a origem dos equipamentos, a existência de royalties e de licenças tecnológicas e a necessidade de assistência técnica internacional. e) Contribuição para a integração regional e a articulação com outros setores: A contribuição para o desenvolvimento regional pode ser medida a partir da integração do projeto com outras atividades socioeconômicas na região de sua implantação Os indicadores estabelecidos na Resolução n.1 são os indicadores mínimos a serem demonstrados pelos proponentes do projeto. Uma lista mais extensa não seria desejável, uma vez que os projetos terão características 13

distantes um dos outros e não seria possível captar esta diversidade em uma única lista. Além disto, a demonstração de vários indicadores implicaria em custos elevados para os proponentes de projeto. Caso os proponentes tenham interesse, eles podem optar por voluntariamente atender a outros critérios e indicadores. 14

Mudança do Clima Prospecção Tecnológica Propostas para um ambiente político-econômico e institucional brasileiro competitivo No estabelecimento de um ambiente político-econômico e institucional é preciso lembrar que o objetivo do mecanismo de desenvolvimento limpo deve ser assistir às Partes não incluídas no Anexo I para que atinjam o desenvolvimento sustentável e contribuam para o objetivo final da Convenção, e assistir às Partes incluídas no Anexo I para que cumpram seus compromissos quantificados de limitação e redução de emissões, assumidos no Artigo 3. Portanto, os projetos de MDL devem atender a estes objetivos e não se deve cobrar ou exigir a incorporação de outros objetivos. Caso os proponentes dos projetos tenham interesse eles podem estar incorporando outros objetivos, assumindo os custos decorrentes. A obrigatoriedade não deve ser criada. Como propostas para a criação de um ambiental político-econômico e institucional que seja competitivo e permita que os projetos de MDL tenham credibilidade e possam ser oferecidos a baixos custos, sugere-se: 1) Criação de um Bureau de Projetos de Mitigação do Efeito Estufa: este escritório teria a incumbência de fomentar projetos de MDL e outros projetos de mitigação do efeito-estufa (projetos para o mercado não-quioto). Seria uma estrutura independente da Comissão Interministerial ou de qualquer ministério, mas que trabalharia baseado nas orientações da Comissão no caso dos projetos de MDL. Trata-se de profissionalizar a venda da imagem do Brasil no mercado de carbono. As atividades a serem desenvolvidas seriam: capacitação de proponentes de projetos; auxílio na elaboração de documentos de concepção de projetos e outros documentos de suporte; criação de um banco de dados sobre projetos brasileiros e outras informações de suporte; identificação de investidores e mercados de carbono Quioto e não-quito; divulgação do portifólio de projetos brasileiros para investidores, em especial em feiras especializadas (como por exemplo a Carbon Expo, realizada na Alemanha entre os dias 9 e 11 de junho www.carbonexpo.com); estabelecimento de memorandos de entendimento entre compradores e vendedores; entre outras. Muitas destas atividades já vem sendo feitas pelo setor privado, portanto não se trata de tentar substituir o setor privado, mas sim trabalhar em conjunto, assessorando principalmente proponentes de 15

projetos que não tenham condição de contratar os serviços de empresas privadas. 2) Estabelecimento de EOD brasileiras: a criação de EOD genuinamente brasileiras poderia reduzir os custos de validação, verificação e certificação. Como o processo de credenciamento destas empresas no Comitê Executivo do MDL é demorado e oneroso, o governo brasileiro poderia auxiliar algumas empresas (empresas públicas e/ou centros de pesquisas de universidades públicas). 3) Maior envolvimento da sociedade civil organizada: o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas (FBMC) precisa ser revitalizado a fim de que a sociedade civil possa estar participando do processo de aprovação de projetos de MDL. O FBMC deveria participar da Comissão Interministerial, ao mesmo como observador. Sugere-se que também haja a participação da sociedade civil nos Núcleos de Mudanças Climáticas dos ministérios. Os projetos de mitigação do efeito estufa, em especial os projetos de MDL só terão credibilidade se tiverem o apoio da sociedade. 4) Envolvimento e articulação de agentes econômicos (BNDES, BB, Caixa Econômica, CVM, BM&F, bancos privados, entre outros): Diversos agentes econômicos têm demonstrado interesse em participar do mercado de carbono, principalmente como clearing house para o registro dos créditos gerados pelos projetos. O governo poderia articular todas as iniciativas a fim de se evitar duplicação de esforços e conseqüentemente a elevação dos custos de transação. O governo seria o articulador para a criação de uma estratégia conjunta. Uma vez criada a estratégia, os agentes econômicos seriam os responsáveis pela implementação. Esta estratégia teria como principal objetivo facilitar a comercialização dos créditos de carbono. 16

Mudança do Clima Prospecção Tecnológica 5) Estabelecimento de uma estratégia Pós-Quioto: aqui o governo têm o seu principal papel. É necessário criar uma estratégica para a participação do Brasil no mercado de carbono Pós-Quioto. Caso o Protocolo de Quito não entre em vigor, o problema do aquecimento global continuará a existir e as transações de reduções de emissões continuarão a desempenhar um papel importante na redução dos custos de abatimento. O papel do Brasil neste novo cenário precisa ser discutido. Este papel está diretamente relacionado com as obrigações que o país pode vir a ter em outros regimes globais de mitigação do efeito estufa, ou seja, se os projetos estarão gerando créditos de carbono ou débitos de carbono. Caso esteja gerando créditos, os projetos de mitigação do efeito-estufa continuam sendo uma oportunidade de negócios e devem ser incentivados. Caso estejam gerando débitos, os projetos de mitigação do efeito estufa estarão cirando uma dívida de carbono para o país. Neste caso uma estratégia apropriada precisa ser discutida a fim de reduzir os impactos econômicos sobre a sociedade e as empresas brasileiras. Concluindo, o mercado de carbono por si só não irá resolver o problema do aquecimento global do planeta, nem tampouco todos os problemas ambientais e sociais brasileiros, mas é uma importante fonte de divisas para o Brasil que pode e deve ser explorada. Vários projetos já vêm sendo propostos e negociados, é preciso apenas que o governo melhore o ambiente político-econômico e institucional. O governo brasileiro deve criar um ambiente político-econômico e institucional que eleve a competitividade dos projetos de mitigação do efeito estufa, através de credibilidade e baixos custos de transação. Para tanto, é preciso entender que o papel do governo é principalmente de fomento e esclarecimento, ficando a cargo dos agentes de mercado a elaboração e venda de projetos. Outras ações do governo neste mercado seriam de articulação dos diferentes agentes econômicos e da sociedade civil; e estabelecimento de estratégias de longo prazo, que evite eventuais dívidas futuras e esteja de acordo com uma política nacional de mudanças climáticas. 17

REFERÊNCIAS ROCHA, M.T. Aquecimento global e o mercado de carbono: uma aplicação do modelo CERT. Tese (doutorado). Universidade de São Paulo, ESALQ, 2003 (disponível em www.teses.usp.br). 18