UMA VOZ MAIS FORTE PONTOS DE VISTA DOS CIDADÃOS SOBRE O PARLAMENTO E A UE

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Transcrição:

PARLÓMETRO 2017 UMA VOZ MAIS FORTE PONTOS DE VISTA DOS CIDADÃOS SOBRE O PARLAMENTO E A UE ESTUDO Série Acompanhamento da Opinião Pública inquérito Eurobarómetro encomendado pela Direção-Geral da Comunicação do Parlamento Europeu Unidade do Acompanhamento da Opinião Pública Outubro de 2017 PE 608.741

PARLÓMETRO 2017 UMA VOZ MAIS FORTE PONTOS DE VISTA DOS CIDADÃOS SOBRE O PARLAMENTO E A UE ESTUDO Série Acompanhamento da Opinião Pública Direção-Geral da Comunicação Unidade do Acompanhamento da Opinião Pública

4 PARLÓMETRO 2017: UMA VOZ MAIS FORTE DADOS EDITORIAIS AUTORES Philipp SCHULMEISTER, Chefe de Unidade (Editor) Elise DEFOURNY, Said HALLAOUY, Luisa MAGGIO Matthias BÜTTNER APOIO GRÁFICO Katarzyna ONISZK, Marianna COLONNA Manuscrito completado em Outubro de 2017 Bruxelas, União Europeia, 2017 Fotografia da capa: Shutterstock SOBRE O EDITOR O presente documento foi elaborado pela Unidade do Acompanhamento da Opinião Pública da Direção-Geral da Comunicação (DG COMM) do Parlamento Europeu. Para contactar a Unidade do Acompanhamento da Opinião Pública, escrever, por favor, para: public.opinion.monitoring@europarl.europa.eu VERSÃO LINGUÍSTICA Original: EN DECLARAÇÃO DE EXONERAÇÃO DE RESPONSABILIDADE O presente documento foi elaborado tendo como principais destinatários os deputados e o pessoal do PE, para fins relacionados com os seus trabalhos parlamentares. O conteúdo do documento é da exclusiva responsabilidade dos autores e quaisquer opiniões nele expressas não representam a posição oficial do Parlamento Europeu.

PARLÓMETRO 2017: UMA VOZ MAIS FORTE 5 ÍNDICE INTRODUÇÃO... 7 SÍNTESE... 9 CONTEXTO... 12 CAPÍTULO I: UMA VOZ MAIS FORTE... 14 A minha voz conta na UE e no meu país... 15 Interesse pelos assuntos europeus... 17 A pertença à UE como uma coisa boa... 19 O meu país beneficiou em ser membro da UE... e porquê... 19 A situação está a caminhar na direção certa?... 25 O meu país ou a UE na direção certa?... 28 A imagem e o papel do Parlamento Europeu... 28 Interesse pelas eleições europeias... 32 CAPÍTULO II: O QUE PROTEGER?... 34 Combater a ameaça do terrorismo... 37 Perfis sociodemográficos dos inquiridos... 43 Identidade europeia e nacional: um terreno comum de entendimento... 44 Destaque para a Europa Digital... 45 Destaque para a cibersegurança... 45 CAPÍTULO III: UM APELO À AÇÃO, COM BASE EM VALORES CLAROS... 47 A luta contra o terrorismo é uma prioridade para... 48 Combate à pobreza e à exclusão social... 49 Combate ao desemprego dos jovens... 50 Combate às alterações climáticas com soluções criativas... 52 Combate às alterações climáticas vs. estímulo da economia: uma contradição?. 52 Compromisso firme com os valores europeus... 54 ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS... 58

6 PARLÓMETRO 2017: UMA VOZ MAIS FORTE

PARLÓMETRO 2017: UMA VOZ MAIS FORTE 7 INTRODUÇÃO As opiniões contam. Para um Parlamento Europeu democraticamente eleito, enquanto representação e voz de todos os cidadãos na União Europeia, é primordial escutar estas opiniões e compreender a sua diversidade. No seu décimo ano de existência, o «Parlómetro» do Parlamento Europeu continua a examinar as opiniões dos cidadãos europeus sobre a pertença à UE e os seus benefícios, procurando saber se consideram que a sua voz é ouvida na União e, por último, mas não menos importante, conhecer as suas posições em relação ao Parlamento Europeu, às suas prioridades, ações e missão. O Parlómetro é um espelho da União Europeia de hoje, construindo uma imagem comum a partir da diversidade. Desde 2007, os inquéritos Parlómetro têm vindo a delinear uma imagem concisa e rica da evolução da opinião pública europeia ao longo do tempo. Seguem os seus altos e baixos durante tempos de crise e de sucesso, além de documentarem o firme compromisso e empenho dos cidadãos europeus a favor dos direitos e liberdades fundamentais. Os inquéritos à opinião pública realizados pelo Parlamento Europeu ajudam a esclarecer a importância da UE na resposta às ameaças globais, avaliam o nível de conhecimento dos cidadãos sobre a ação legislativa da UE e, mais concretamente, do Parlamento em seu nome e no seu interesse. Deste modo, os inquéritos Parlómetro facultam uma vasta quantidade de dados e informações, permitindo uma visão pormenorizada das tendências da opinião pública, não só a um nível médio europeu, mas também oferecendo um maior nível de detalhe a um nível nacional ou sociodemográfico. É exatamente esta quantidade de informações pormenorizadas disponíveis que faz do Parlómetro uma ferramenta tão valiosa e útil. Como se verá no presente inquérito, os resultados médios europeus relativos a cada uma das perguntas contam apenas metade da história. Só a sua combinação e muitas vezes a sua comparação com os diferentes resultados nacionais permite obter uma imagem completa da União Europeia através dos olhos de seus cidadãos. O trabalho de campo para este inquérito Eurobarómetro do Parlamento Europeu decorreu entre 23 de setembro e 2 de outubro de 2017. A Kantar Public entrevistou presencialmente 27 881 pessoas nos 28 Estados-Membros.

8 PARLÓMETRO 2017: UMA VOZ MAIS FORTE A apresentação dos resultados começa por descrever o contexto e os principais eventos políticos e económicos ocorridos nos últimos meses que são vitais para compreender as mudanças registadas nas opiniões e tendências. O relatório está estruturado em três capítulos em torno de três grandes temas: o primeiro capítulo é consagrado à voz dos cidadãos e às suas posições em relação à União Europeia e ao Parlamento Europeu. O segundo capítulo examina as opiniões dos cidadãos sobre as ameaças contra as quais a União Europeia deve protegê-los prioritariamente, assim como as conquistas e os êxitos da UE que desejam preservar. Finalmente, o terceiro capítulo ajuda a esclarecer as prioridades políticas relativamente às quais os cidadãos europeus gostariam de ver uma intervenção do Parlamento Europeu e, por último, mas não menos importante, os valores que consideram importantes. No que se refere a muitas questões importantes, a linha de tendência desde 2007 é traçada através da análise das mudanças registadas na opinião dos cidadãos europeus. Uma vez que há perguntas que não foram formuladas em todas as edições do Parlómetro, as linhas de tendência de vários indicadores podem variar.

PARLÓMETRO 2017: UMA VOZ MAIS FORTE 9 SÍNTESE O Parlómetro 2017 evidencia a voz mais vigorosa dos cidadãos europeus, a sua convicção reforçada no projeto europeu, bem como uma imagem fortalecida do Parlamento Europeu aos olhos dos cidadãos. No contexto do relançamento do debate sobre o futuro da Europa e do questionamento da unidade no seio da União Europeia, 47% dos cidadãos europeus consideram que a sua voz conta na UE. Este é o melhor resultado desde as eleições europeias de 2009. Mais, tendo em conta que 57% dos inquiridos consideram que a adesão à UE é uma coisa boa para o seu país, este indicador encontra-se também quase de volta ao seu nível anterior à crise. O Parlómetro 2017 do Parlamento Europeu examina de perto as opiniões dos cidadãos europeus sobre a adesão à UE e os seus benefícios, procurando saber se consideram que a sua voz é ouvida na União e conhecer as suas posições em relação ao Parlamento Europeu, às suas prioridades, ações e missão. Os sinais positivos de recuperação económica na UE e o regresso à estabilidade são vistos, cada vez mais, como o «novo normal». Na sua primeira parte, o Parlómetro 2017 mostra que os cidadãos são cada vez mais favoráveis à UE, tal como já foi demonstrado em inquéritos anteriores desde 2016. O último inquérito, de março de 2017, «Two years before the European elections» [Dois anos até às eleições europeias], mostrava já que os cidadãos tendem a estar cada vez mais conscientes de que a UE age em seu nome nos domínios que definem como prioritários. Com base neste reconhecimento crescente da ação da UE, o interesse na UE continua elevado, com 57% de respostas favoráveis, evidenciando um aumento constante ao longo do tempo. No âmbito do debate renovado sobre o futuro da Europa, uma clara maioria dos europeus continua a apoiar a pertença do seu país à UE. 57% dos inquiridos consideram que pertencer à UE é uma coisa boa para o seu país, quase tantos como antes da crise. Embora este sentimento seja menos evidente nos Estados-Membros mais gravemente afetados, os cidadãos de países economicamente mais estáveis tendem a ser mais favoráveis à UE. A maioria dos inquiridos em todos os Estados-Membros afirma que a adesão à UE beneficiou o seu país. Este sentimento cresceu a nível da UE em quatro pontos percentuais face a 2016, situando-se agora em 64%. Além disso, há mais cidadãos a considerar que a situação está a caminhar na direção certa na UE (31%, +6 pontos percentuais em relação a março).

10 PARLÓMETRO 2017: UMA VOZ MAIS FORTE No contexto deste crescimento consistente do otimismo, também o Parlamento Europeu regista uma evolução junto da opinião pública. Um aumento de 8 pontos percentuais mostra agora que 33% de todos os cidadãos têm uma imagem positiva do Parlamento Europeu. Este aumento é acompanhado de uma diminuição semelhante, de 7 pontos percentuais, para um total de 21%, de cidadãos que têm uma imagem negativa do PE, contra 42% dos inquiridos que continuam a ter uma imagem neutra. As próximas eleições europeias de 2019 merecem um destaque final interessante. Quando faltam menos de dois anos, 47% dos europeus apelam a um papel mais importante para o Parlamento Europeu e 55% declaram já, atualmente, o seu interesse nas próximas eleições europeias. Na sua segunda parte, o Parlómetro 2017 analisa a opinião pública no que diz respeito às ameaças e à proteção da UE. A noção de uma «Europa que protege» já se enraizou firmemente no discurso político da UE. Os recentes inquéritos Eurobarómetro demonstraram que questões como o terrorismo, a imigração e a situação económica são motivo de grande preocupação. Por conseguinte, este capítulo identifica, em primeiro lugar, os domínios em que os europeus esperam uma proteção da UE. O terrorismo, com 58 % das menções, surge como a principal ameaça para a qual os europeus desejam que a UE ofereça proteção. A situação económica precária de muitos europeus determina questões como o desemprego (43 %) e a pobreza e exclusão (ambas com 42%). A proteção contra a migração descontrolada, com uma média de 35% das menções, continua a ser uma prioridade nas preocupações dos cidadãos. Menos de um quarto dos europeus mencionou as alterações climáticas (23%), o radicalismo religioso (23%), o crime organizado (22%), os conflitos armados (21%), o extremismo político (20%), a disseminação de doenças infecciosas (10%), os ciberataques, o dumping social e as ameaças à privacidade dos dados (os três com 9%). Em seguida, o inquérito avalia as principais conquistas que os cidadãos desejam que a UE proteja. As respostas podem ser categorizadas em dois tipos principais: por um lado, os direitos fundamentais (44%) e a liberdade de viajar, trabalhar e estudar em toda a UE (36%). Por outro lado, as conquistas sociais e económicas, designadamente os direitos laborais (34%), o acesso a pensões adequadas (34%) e o bem-estar económico (33%). Estes resultados estão em adequada sintonia com os valores que os europeus querem ver defendidos prioritariamente pelo PE: a proteção dos direitos humanos (56%), a liberdade de expressão (34%) e a igualdade entre homens e mulheres (32%).

PARLÓMETRO 2017: UMA VOZ MAIS FORTE 11 No seu terceiro capítulo, o Parlómetro 2017 revela quais são as políticas concretas que os europeus esperam do Parlamento Europeu. Em linha com as ameaças previamente identificadas, os europeus apoiam sobretudo, e de forma homogénea, as ações de combate à pobreza e à exclusão (41%) e de luta contra o terrorismo (41%). O combate ao desemprego dos jovens é, em média, o terceiro tema mais referido (31%). Estes três temas principais indicam genericamente as preocupações dos cidadãos europeus, a saber: querem viver a sua vida num local que garanta as suas oportunidades económicas e proteja a sua liberdade.

12 PARLÓMETRO 2017: UMA VOZ MAIS FORTE CONTEXTO Como em todos os inquéritos deste tipo, é fundamental compreender o contexto nacional, europeu e internacional em que as entrevistas foram realizadas para analisar corretamente as suas conclusões. Na União Europeia, os sinais positivos de recuperação económica e o regresso à estabilidade são vistos, cada vez mais, como o «novo normal». Neste sentido, o discurso sobre o Estado da União proferido pelo Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, perante o Parlamento Europeu em 13 de setembro de 2017, invocou as marcas reconhecidas dos resultados positivos alcançados como um bom ponto de partida para criar uma União Europeia mais forte. Um otimismo crescente quanto ao futuro da UE parece refletir a recuperação económica gradual que os seus Estados-Membros têm vindo a registar. Segundo o Eurostat, no segundo trimestre de 2017, 235,4 milhões de homens e mulheres estavam empregados na UE28 1, os níveis mais altos alguma vez registados. Ao mesmo tempo, o Eurostat estima que o PIB, corrigido de variações sazonais, cresceu 0,6% na área do euro (AE19) e 0,7% na UE28 no segundo trimestre de 2017. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o PIB, corrigido de variações sazonais, cresceu 2,3% na área do euro e 2,4% na UE28 no segundo trimestre de 2017 2. O apelo lançado pelo Presidente Juncker para que se dê início a um processo de reforma da União Europeia foi acolhido tanto pelos políticos europeus como pelos meios de comunicação social, tendo dado origem a um debate público e a uma sensibilização crescentes. Embora o afluxo maciço de refugiados e imigrantes ilegais ao longo das principais rotas tenha diminuído e o número de requerentes de asilo tenha decrescido consideravelmente desde 2014, a União Europeia continua a enfrentar a chegada de migrantes e refugiados, sobretudo dos que fazem a travessia do Mediterrâneo, com a consequente perda trágica de vidas humanas. Os atentados terroristas continuam a atingir pessoas inocentes em vários países da UE. No passado verão, foram perpetrados dois ataques terroristas no Reino Unido, um 1 http://ec.europa.eu/eurostat/documents/2995521/8220116/2-13092017-ap-en.pdf/c2bdcb38-37b8-4b8d-9832-24e1cec1e6bf 2 http://ec.europa.eu/eurostat/documents/2995521/8213935/2-07092017-ap-en.pdf/6fe1f60c-51e2-4b98-9d14-ca6ea5c7e260

PARLÓMETRO 2017: UMA VOZ MAIS FORTE 13 na London Bridge em 3 de junho e outro no metro de Londres em 15 de setembro. Em 17 de agosto, Barcelona foi atingida por um ataque terrorista, que fez 14 mortos e mais de 130 feridos. Em 20 de junho e 25 de agosto, a Bélgica voltou a ser alvo de dois ataques terroristas em Bruxelas. Por último, mas não menos importante, dois ataques terroristas ocorreram em França, em Paris e em Marselha, em 6 de junho e 1 de outubro, respetivamente. Vários países da UE foram afetados por catástrofes naturais. Em Itália, a região de Livorno sofreu inundações em 9 de setembro e um sismo atingiu a ilha de Ischia em 21 de agosto. Um outro sismo abalou a ilha grega de Kos no dia 21 de julho. Num contexto mais amplo, os meios de comunicação social europeus fizeram uma ampla cobertura de uma série de furacões devastadores que atingiram as ilhas das Caraíbas, Porto Rico e o continente norte-americano. No que respeita ao Reino Unido e às negociações em curso sobre o Brexit, as conversações com a União Europeia continuam difíceis e os progressos são considerados ainda insuficientes, embora estejam a ser envidados esforços para relançar os procedimentos. Os meios de comunicação social de toda a União Europeia oferecem uma ampla informação sobre os desafios relacionados com o processo de saída da União Europeia e as suas possíveis consequências. Enquanto isso, a crise política em Espanha causada pela situação na Catalunha dominou fortemente o debate público, não só na própria Espanha. Muitas vezes, as eleições convocam os cidadãos a reconsiderar as suas perspetivas políticas e as suas posições sobre questões importantes. A nível nacional, tiveram lugar várias eleições legislativas e presidenciais antes ou depois do trabalho de campo. Em 24 de setembro de 2017, realizaram-se eleições legislativas na Alemanha e, no início de outubro, ocorreram as eleições autárquicas em Portugal. Em 15 de outubro, os cidadãos são também chamados a votar nas eleições legislativas na Áustria e, em 22 de outubro, na República Checa. Em outubro do corrente ano, terão ainda lugar eleições locais na Estónia, bem como a primeira volta das eleições presidenciais na Eslovénia.

14 PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL CAPÍTULO I: UMA VOZ MAIS FORTE No último ano, as tendências da opinião pública revelaram uma atitude mais favorável em relação à UE, como demonstram o Eurobarómetro Especial do Parlamento «Two years before the European elections» [Dois anos até às eleições europeias] (março de 2017) 3, o Parlómetro 2016 4 e o Eurobarómetro Standard 87 da Comissão Europeia (maio de 2017) 5. 47% dos cidadãos europeus consideram que a sua voz conta na UE. Este é o melhor resultado desde as eleições europeias de 2009. Mais, tendo em conta que 57% dos inquiridos consideram que pertencer à UE é uma coisa boa para o seu país, este indicador encontra-se também quase de volta ao seu nível anterior à crise. O interesse na UE continua elevado, com 57% de respostas favoráveis, evidenciando um aumento constante ao longo do tempo. Uma clara maioria dos europeus continua a apoiar a adesão do seu país à UE. 57% dos inquiridos consideram que pertencer à UE é uma coisa boa para o seu país, quase tantos como antes da crise. 64% dos inquiridos em toda a UE afirmam que a adesão à UE beneficiou o seu país. Este sentimento cresceu a nível da UE em quatro pontos percentuais face a 2016. Além disso, há mais cidadãos a considerar que a situação está a caminhar na direção certa na UE (31%, +6 pontos percentuais em relação a março). Os europeus têm uma abordagem multifacetada em relação à UE, que veem simultaneamente como ator global encarregado de fazer face aos desafios internacionais e como o nível adequado para agir de forma mais decisiva numa série de domínios políticos 6. No entanto, os cidadãos não só esperam mais da UE, como também parecem estar mais sensibilizados para as ações da UE nestes domínios. O último inquérito do Parlamento Europeu, «Two years before the European elections» [Dois anos até às eleições europeias], revelou claramente que os cidadãos europeus estão cada vez mais conscientes do que a UE faz por eles. Comparando os resultados de 3 Parlamento Europeu, Eurobarómetro Especial «Two years before the European elections» [Dois anos até às eleições europeias], março de 2017, http://www.europarl.europa.eu/atyourservice/ en/20170426pvl00115/two-years-until-the-2019-europe- an-elections 4 Parlamento Europeu, Eurobarómetro Especial «Parlómetro 2016», http://www.europarl.europa.eu/ atyour- service/en/20161110pvl00113/parlemeter-2016 5 Comissão Europeia, Eurobarómetro Standard 87, maio de 2017, http://ec.europa.eu/commfrontoffice/ publicopinion/index.cfm/survey/getsurveydetail/instruments/standard/surveyky/2142 6 Parlamento Europeu, Eurobarómetro Especial «Two years before the European elections» [Dois anos até às eleições europeias], março de 2017.

PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL 15 2016 com os de 2017, a percentagem de inquiridos que consideram que a «ação da UE é adequada» aumentou significativamente em quase todos os Estados-Membros na maioria dos domínios políticos. O capítulo II analisará o significado desta maior sensibilização dos cidadãos europeus relativamente à ação da União Europeia em função das suas expectativas, que poderá, inclusivamente, explicar o aumento significativo registado numa questão-chave, designadamente a de saber se os cidadãos consideram ou não que a sua voz «conta na UE». A minha voz conta na UE e no meu país Os europeus sentem que a sua opinião conta e a sua voz é ouvida: a percentagem de europeus que consideram que «a sua voz conta na UE» atinge os 47 %, o seu nível mais alto desde as eleições europeias de junho de 2009. Diga, por favor, em que medida concorda ou discorda da seguinte afirmação: «A minha voz conta na UE».? Fonte: Parlómetro 2017, D72.1 Por outro lado, a percentagem de europeus que pensam que «a sua voz não conta na UE» situa-se nos 48%, ou seja, menos 11 pontos percentuais desde o seu ponto alto em setembro de 2016. Ambas as linhas de tendência mostram uma convergência recente, tendo o sentimento positivo subido 4 pontos percentuais em relação a março de 2017 e 10 pontos percentuais em relação ao ano passado. Uma melhoria generalizada na grande maioria dos Estados-Membros induz esta evolução.

16 PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL Com uma tendência ascendente de 10 pontos percentuais ou mais, países como a Eslovénia, Suécia, Dinamarca, Áustria e Irlanda encabeçam a lista desta evolução em alta. Só na Bulgária, na Lituânia e na Roménia esta opinião regista um decréscimo, enquanto em Chipre e na Letónia permanece inalterada. As razões subjacentes à convicção dos cidadãos de que a sua voz conta mais na UE atualmente requerem uma análise atenta relativamente a cada país, tendo em conta o contexto político respetivo. Uma maior ação da UE em consonância com as expectativas expressas pode muito bem ser um fator motivador destes resultados. No entanto, desenvolvimentos políticos diferentes, como, por exemplo, o êxito de um governo nacional na prossecução de determinadas políticas ou tomadas de posição a nível europeu podem igualmente desempenhar um papel importante na perceção dos cidadãos de que a sua voz é mais ouvida na UE.? Para complementar a visão sobre a questão de saber se a sua voz conta na UE, os cidadãos foram igualmente questionados sobre o modo como percecionam a influência da sua voz no seu próprio país. Este sentimento continua forte e a um nível mais elevado do que relativamente à UE. A grande maioria dos europeus considera que a sua voz conta a nível nacional (61 %) e apenas 35 % dos inquiridos crê que a sua voz não conta no seu país. Diga, por favor, em que medida concorda ou discorda da seguinte afirmação: «A minha voz conta em [nosso país].» Fonte: Parlómetro 2017, D72.2

PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL 17 Em quase todos os países, os cidadãos acreditam que a sua voz é mais forte no contexto nacional do que no europeu. As únicas exceções são a Roménia e a Lituânia, onde os cidadãos tendem a considerar que a sua voz conta mais na UE do que no seu país, ainda que, como foi observado acima, este sentimento também esteja a diminuir. Convém assinalar, para contextualizar, que o Governo romeno caiu em junho de 2017, o que conduziu a uma mudança de primeiro-ministro, e que, no inverno de 2016, um novo governo entrou em funções na Lituânia. Onde é mais forte e mais fraco o sentimento de que «a minha voz conta»? A Suécia é o país onde a maioria dos cidadãos acredita que a sua voz conta, quer a nível nacional (95 %) quer a nível da UE (84 %). Esta perceção não é nova nos inquéritos Eurobarómetro, já que o número de cidadãos suecos que consideram que a sua voz conta foi sempre muito elevado. A mesma tendência pode ser observada na Dinamarca, onde 94 % dos cidadãos acreditam que a sua voz conta no seu país e 80 % que conta a nível da UE. A Grécia apresenta a tendência oposta, já que o sentimento dos cidadãos de que a sua voz conta, quer a nível nacional (23 %) quer a nível da UE (21 %), é fraco, embora se observe uma tendência ascendente desde o ano passado. Na Lituânia os resultados são semelhantes: 23 % dos cidadãos consideram que a sua voz conta no seu país e 25 % creem que conta na UE. As pessoas com maior nível de formação académica, os gestores e os cidadãos com menos dificuldades em pagar as suas contas tendem a responder que a sua voz conta, quer a nível da UE quer a nível nacional. Ao mesmo tempo, a grande maioria dos inquiridos que se consideram satisfeitos com a vida que levam e são mais otimistas em relação ao futuro são mais propensos a partilhar a mesma opinião. Interesse pelos assuntos europeus Após o referendo do Brexit, o interesse pelos assuntos da UE continua elevado. De igual modo, durante uma série de eleições nacionais, a dimensão da UE desempenhou um papel fundamental no discurso político. 57% dos europeus declaram ter interesse pelos assuntos europeus, mas esta média da UE esconde grandes disparidades entre os Estados-Membros.

18 PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL? Diria que está muito interessado, interessado, pouco interessado ou nada interessado nos assuntos europeus? Embora o valor médio da UE siga a tendência habitual revelada em inquéritos anteriores, alguns países, como a Finlândia e a Eslovénia, destacam-se por um marcado aumento do interesse pelos assuntos europeus (+9 pontos percentuais na Finlândia e +8 na Eslovénia). Outros, inversamente, registam uma perda significativa, como a Irlanda e a Letónia (ambos com -7 pontos percentuais). Fonte: Parlómetro 2017, QA1 Quem são os cidadãos mais interessados nos assuntos europeus? O nível de formação académica e a profissão definem divisões importantes no posicionamento em relação a esta questão, sendo mais provável que os inquiridos com maior nível de formação académica, bem como os gestores e os trabalhadores por conta própria mostrem maior interesse pelos assuntos europeus. Além disso, a análise sociodemográfica mostra que o local de residência desempenha um papel importante, pois os habitantes das zonas urbanas tendem a ser geralmente mais interessados. Se analisarmos a divisão etária, observamos que os jovens se sentem menos interessados nos assuntos da UE do que as gerações mais velhas (52% dos jovens na faixa etária dos 15-24 anos contra 57 % das pessoas com idade igual ou superior a 55 anos), em consonância com o seu menor interesse na política, como mostra, por exemplo, o estudo pós-eleitoral do Parlamento Europeu 7. Não obstante, a par da sua visão geralmente mais otimista sobre a UE 8, os mais jovens são mais propensos a acreditar que a sua voz conta na UE (49% contra 44% no caso das pessoas com idade igual ou superior a 55 anos). 7 Parlamento Europeu. Estudo pós-eleitoral 2014, outubro de 2014, trabalho de campo maio-junho de 2014, http://www.europarl.europa.eu/atyourservice/pt/20150201pvl00053/estudo-p%c3%b3s-eleitoral-ee-2014 8 Este estudo mostra, por exemplo, que os jovens, mais do que as gerações mais velhas, tendem a considerar que «a situação está a caminhar na direção certa na UE» (33 % dos jovens na faixa etária dos 15-24 anos contra 28 % das pessoas com idade igual ou superior a 55 anos). 61 % dos jovens consideram que a adesão à UE é uma coisa boa, contra 54 % das pessoas com idade igual ou superior a 55 anos

PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL 19 A pertença à UE como uma coisa boa Uma clara maioria dos europeus continua a apoiar a adesão do seu país à UE. A perceção de que a UE é uma coisa boa continua forte, com o apoio de 57% dos inquiridos, o que coloca este indicador quase de volta ao seu nível anterior à crise. Esta estabilidade renovada não deve ser vista apenas no contexto das difíceis negociações em curso entre o Reino Unido e a União Europeia. Convém ter igualmente em conta o contexto do início de um debate público sobre o rumo futuro da UE, como sublinharam no início do outono de 2017 o Presidente francês, Emmanuel Macron, e o Presidente da Comissão perante o Parlamento Europeu. De um modo geral, pensa que o facto de [nosso país] fazer parte da UE é...?? Fonte: Parlómetro 2017, QA10 Uma vez mais, os contextos nacionais influenciam fortemente os resultados, que refletem diferenças de opinião evidentes. Os cidadãos tendem a ser mais favoráveis à UE nos países economicamente mais estáveis ou que tenham experimentado recentemente um crescimento económico positivo: Luxemburgo, Alemanha, Países Baixos e Irlanda. O meu país beneficiou com a sua adesão à UE... e porquê A maioria dos europeus considera que o seu país beneficiou da pertença à UE. Em média, 64% dos cidadãos da UE declaram que o seu país beneficiou desse facto, contra 25% que pensam o contrário. Tem-se verificado uma tendência ascendente desde maio de 2011,

20 PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL que é cada vez mais significativa desde o fim da crise económica e o início da recuperação económica na UE.? Este sentimento é expresso de forma mais evidente do que em 2016, com mais quatro pontos percentuais em relação a setembro de 2016. Existe, contudo, uma grande variação entre os países da UE, desde mais de 85% na Irlanda, Malta, Lituânia e Luxemburgo até menos de 50% na Grécia, Chipre e Itália. Tendo todos os aspetos em consideração, diria que [nosso país] beneficiou ou não em ser membro da UE? Fonte: Parlómetro 2017, QA11

PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL 21 Tendo todos os aspetos em consideração, diria que [nosso país] beneficiou ou não em ser membro da UE? (Total «Beneficiou»)? Fonte: Parlómetro 2017, QA11

22 PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL? Quais das seguintes são as principais razões que o(a) leva a pensar que [nosso país] beneficiou em ser membro da UE? (Dados sobre o total de, no máximo, três respostas) Fonte: Parlómetro 2017, QA12. Note-se que esta pergunta só foi feita aos inquiridos que responderam que «o seu país beneficiou em ser membro da UE» (Q11)

PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL 23 Aos inquiridos que responderam que «o seu país beneficiou em ser membro da UE» foi então pedida a sua opinião sobre as razões a que atribuíam esse benefício. As respostas dadas cobrem uma vasta gama de diferentes razões: o crescimento económico (36 %), a paz, a segurança (30 %) e a cooperação entre os países da UE (30 %) figuram entre as mais importantes, mas a ordem das razões varia muito de país para país. Razões pelas quais [seu país] beneficiou com a adesão à UE? Fonte: Parlómetro 2017, QA12

24 PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL Mesmo quando o nível de apoio à UE é semelhante, os fatores que o motivam podem ser diferentes. Uma análise comparativa de Espanha e Portugal é muito ilustrativa a este respeito: a maioria dos cidadãos dos dois países afirma que a adesão à UE é uma coisa boa para o seu país (62% em Espanha e 60% em Portugal). Do mesmo modo, consideram que o seu país beneficiou com a adesão (70% e 73%, respetivamente). No entanto, a principal razão invocada para esse benefício é diferente: 70% dos inquiridos em Espanha consideram que o seu país beneficiou em ser membro da UE. 73% dos inquiridos em Portugal consideram que o seu país beneficiou em ser membro da UE. Razão principal: «A UE contribui para o crescimento económico» (39%) Razão principal: «A UE oferece novas oportunidades de trabalho» (32%) Analisando as respostas a norte, pode observar-se uma comparação igualmente interessante na Dinamarca e na Estónia: a maioria dos cidadãos dos dois países considera que a adesão à UE é uma coisa boa (67% na Dinamarca e 68% na Estónia). De igual modo, creem que o seu país beneficiou com a adesão (ambos com 81%). No entanto, uma vez mais, a principal razão invocada para esse benefício é diferente: na Dinamarca, os cidadãos mencionam a melhoria da cooperação entre os países da UE, enquanto na Estónia referem o crescimento económico. 81 % dos inquiridos na Dinamarca consideram que o seu país beneficiou em ser membro da UE. 81 % dos inquiridos na Estónia consideram que o seu país beneficiou em ser membro da UE. Razão principal: «Cooperação com outros países da UE» (47 %) Razão principal: «A UE contribui para o crescimento económico» (49%)

PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL 25 A adesão à UE é considerada positiva sobretudo por jovens, gestores e estudantes Os jovens, os gestores e os estudantes são os mais propensos a apoiar a adesão à UE. Tal é também o caso das pessoas que se declararam satisfeitas com a vida que levam e das que acreditam que as suas condições de vida melhorarão nos próximos cinco anos. Além disso, especialmente para os inquiridos com maior nível de formação académica, ser membro da UE é benéfico para o seu país. A situação está a caminhar na direção certa? Um otimismo crescente quanto ao futuro da UE parece refletir a recuperação económica gradual que os seus Estados-Membros têm vindo a registar. Segundo os dados do Eurostat, no segundo trimestre de 2017, 235,4 milhões de homens e mulheres estavam empregados na UE28 9, os níveis mais altos alguma vez registados. O PIB, corrigido de variações sazonais, cresceu 0,6 % na área do euro (AE19) e 0,7% na UE28 no segundo trimestre de 2017 face ao trimestre anterior. No primeiro trimestre de 2017, o PIB cresceu 0,5% em ambas as áreas. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o PIB, corrigido de variações sazonais, cresceu 2,3 % na área do euro e 2,4% na UE28 no segundo trimestre de 2017 10. No seu discurso sobre o Estado da União perante o Parlamento Europeu, o Presidente da Comissão Europeia sublinhou o papel fundamental desempenhado pelas instituições europeias «para que os ventos mudassem de direção»: o plano de investimento para a Europa, bem como uma ação determinada no setor bancário e a «aplicação inteligente» do Pacto de Estabilidade e Crescimento foram três das principais realizações mencionadas no seu discurso. Embora a maioria dos cidadãos continue a manter a opinião de que «a situação está a caminhar na direção errada» (49% em relação ao seu país e 44% em relação à UE), as atitudes começam a mudar, precisamente quando analisamos o contexto da situação da União Europeia. Em relação a março de 2017, um grupo mais vasto de cidadãos tende a considerar que «a situação está a caminhar na direção errada» (31 % em setembro de 2017 contra 25%). 9 http://ec.europa.eu/eurostat/documents/2995521/8220116/2-13092017-ap-en.pdf/c2bdcb38-37b8-4b8d-9832-24e1cec1e6bf 10 http://ec.europa.eu/eurostat/documents/2995521/8213935/2-07092017-ap-en.pdf/6fe1f60c-51e2-4b98-9d14-ca6ea5c7e260

26 PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL? A tendência tem sido claramente ascendente desde o seu ponto mais baixo, 19%, atingido em novembro de 2011 na sequência da crise. Esta curva de tendência ascendente é comum a todos os Estados-Membros. Neste momento, diria que, em geral, a situação na União Europeia está a caminhar na direção certa ou na direção errada? Fonte: Parlómetro 2017, D73.b Paralelamente ao sentimento mais forte de que «a situação está a caminhar na direção certa na UE», verifica-se uma tendência descendente da perceção oposta. O inquérito mostra que a percentagem de pessoas que consideram que «a situação está a caminhar na direção errada na UE» registou um decréscimo de 6 pontos percentuais face a março de 2017 e de 10 pontos em relação ao registado há um ano. 11% dos inquiridos respondem espontaneamente que a direção seguida pela UE «não é nem certa nem é errada», ou seja, menos três pontos percentuais do que em março de 2017. Como se observa no gráfico supra, as duas tendências descendentes, «direção errada» e «direção nem certa nem errada» suportam a tendência ascendente da curva azul («direção certa»). No entanto, o espectro das perceções nacionais é variado. O gráfico seguinte apresenta uma visão geral sobre o modo como os cidadãos de cada país se posicionam relativamente às duas perguntas: «a situação está a caminhar na direção certa no seu país?» e «na UE?». Se analisarmos as respostas a ambas, observamos que em 17 países continua a haver uma maior percentagem de inquiridos a considerar

PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL 27 que a situação está a caminhar na direção certa no seu país. É interessante observar que, em alguns Estados-Membros, existe um sentimento generalizado de que as coisas não estão a correr muito bem nem a nível nacional nem a nível da UE. Esta perceção aplicase, nomeadamente, à Grécia e a Itália 11, posicionados no canto inferior esquerdo do gráfico. A situação está a caminhar na direção certa [nosso país] vs. na União Europeia? Fonte: Parlómetro 2017, D73.a e D73.b Noutros países, como a Bulgária e a Lituânia, o número de inquiridos a considerar que a situação está a caminhar na direção certa na UE é muito superior (48% na Bulgária e 46% na Lituânia) ao dos que pensam do mesmo modo no que se refere ao seu país (28% e 27%, respetivamente). Inversamente, em Malta ou nos Países Baixos, por exemplo, os cidadãos consideram que o seu país está mais no caminho certo do que a UE: Para 64% dos inquiridos em Malta e 59% nos Países Baixos, a situação está a caminhar na direção certa no seu país. 41% e 46%, respetivamente, pensam do mesmo modo no que se refere à UE. 11 Na Grécia, 16% dos cidadãos consideram que a situação está a caminhar na direção certa na UE e 8% pensam o mesmo em relação ao seu país. Em Itália, esta opinião é partilhada por 21% e 16%, respetivamente.

28 PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL O caso muito positivo, mas também isolado, da Irlanda apresenta os valores mais elevados na perceção de que «a situação está a caminhar na direção certa», tanto a nível do país como da UE (75% e 59%, respetivamente). O meu país ou a UE na direção certa? Em termos de perfil sociodemográfico, os jovens são geralmente os que mais acreditam que a UE está no caminho certo, enquanto as gerações mais velhas têm uma atitude mais positiva em relação ao seu próprio país. As pessoas que, em geral, se consideram mais satisfeitas com a vida que levam e acreditam que as suas condições de vida melhorarão nos próximos cinco anos são mais propensas a responder que «a situação está a caminhar na direção certa», tanto a nível da UE como a nível nacional. A imagem e o papel do Parlamento Europeu Como foi documentado acima, um número significativamente crescente de pessoas sente que a sua voz conta na UE. Paralelamente a esta maior sensibilização, o apoio consistente à adesão à UE e a visão prevalecente de que esta foi benéfica confirmam a crescente atitude positiva dos cidadãos em relação ao projeto da UE. No contexto do aumento consistente do otimismo económico, o Parlamento Europeu também parece beneficiar de uma recuperação da confiança. Segundo o Eurobarómetro Standard 87 12 da Comissão Europeia, o Parlamento Europeu é a instituição europeia que suscita o maior nível de confiança por parte dos europeus: 45 % dos cidadãos tendem a confiar nesta instituição. A confiança Comissão Europeia é expressa por 41% dos inquiridos, enquanto 37% confiam no Banco Central Europeu. Globalmente, 42% dos inquiridos declaram a sua confiança na União Europeia. A confiança na UE e no Parlamento Europeu é, por conseguinte, também superior à que é depositada nos parlamentos nacionais (36%) e nos governos nacionais (37%). Embora muitos inquiridos (42%) mantenham uma «imagem neutra» do Parlamento Europeu, o número de pessoas que têm uma visão positiva da instituição está indubitavelmente a aumentar (33% contra 25% em setembro de 2016). Este aumento 12 Comissão Europeia, Eurobarómetro Standard 87, maio de 2017, http://ec.europa.eu/commfrontoffice/ publicopinion/index.cfm/survey/getsurveydetail/instruments/standard/surveyky/2142

PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL 29 traduz-se numa diminuição direta do número de inquiridos com uma opinião negativa desta instituição, enquanto a percentagem daqueles que mantêm uma visão neutra tem permanecido bastante estável entre 41% e 46% nos últimos dez anos. A Irlanda figura no topo da lista com uma maioria absoluta de inquiridos (54%) que têm uma imagem positiva, seguida da Bulgária, de Malta e do Luxemburgo, com mais de 45% dos inquiridos a ter esta imagem positiva do Parlamento Europeu. Na base da escala está a República Checa com uma taxa de resposta positiva de 18%, bem como a Letónia e a França, que registam um valor de «imagem positiva» igual ou inferior a 20%. Em geral, o Parlamento Europeu tem para si uma imagem muito positiva, positiva, neutra, negativa ou muito negativa?? Fonte: Parlómetro 2017, QA6

30 PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL? Respostas relativas à «imagem positiva do Parlamento Europeu» em pontos percentuais por Estado-Membro? Fonte: Parlómetro 2017, QA6 Aumento das respostas relativas à «imagem positiva do PE» em todos os Estados-Membros (resultados apresentados como diferença de pontos percentuais em setembro/outubro de 2016 outubro de 2017) Fonte: Parlómetro 2017, QA6

PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL 31 A tendência ascendente da «atitude positiva» estende-se a todos os Estados-Membros, como se mostra no gráfico de barras supra. Uma vez mais, a Irlanda figura no topo da lista com um aumento das respostas relativas à «imagem positiva do PE» de 16 pontos percentuais desde o outono de 2016, enquanto apenas o Chipre e a Croácia permanecem estáveis na sua taxa de resposta relativa à «imagem positiva». Para além desta evolução positiva da imagem do Parlamento Europeu, a percentagem de inquiridos que têm uma «opinião neutra» sobre o Parlamento Europeu continua a ser particularmente digna de nota num conjunto de Estados-Membros. Para mencionar apenas alguns, a Estónia (59%), a Letónia (58 %), a Finlândia (57%) e a Lituânia (56%) são os que apresentam a maior percentagem de respostas neutras. A nível da UE, olhando para os cidadãos que dizem ter uma opinião «neutra» sobre o Parlamento Europeu, encontramos mais frequentemente mulheres, pessoas que se posicionam ao centro numa escala esquerda-direita, bem como inquiridos que tendem a considerar que a sua voz não conta e que a adesão à UE não é boa nem má. Um papel mais importante a desempenhar Olhando para o Parlamento Europeu no futuro, uma maioria de cidadãos (47%) gostaria que esta instituição desempenhasse um papel mais importante. Pessoalmente, gostaria de ver o Parlamento Europeu desempenhar um papel mais ou menos importante?? Fonte: Parlómetro 2017, QA7

32 PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL Embora as respostas estejam em linha com os anos anteriores, algumas exceções são dignas de nota: de facto, muito menos inquiridos em Malta, na Eslováquia e na Estónia, por exemplo, responderam que gostariam que o PE desempenhasse um papel mais importante no futuro. É interessante analisar as opiniões dos cidadãos sobre a imagem do PE em paralelo com o papel desejado para o Parlamento Europeu, uma vez que o contexto nacional pesa consideravelmente nesta análise. O desejo de ver o Parlamento Europeu desempenhar um papel mais importante é partilhado tanto pelos inquiridos em países com uma opinião positiva do Parlamento como em alguns dos Estados-Membros com uma visão mais negativa sobre a instituição. Os dados recolhidos pelo presente inquérito e por inquéritos anteriores do Eurobarómetro sobre a imagem e o papel desejado do Parlamento Europeu, combinados com a evolução das opiniões sobre a adesão à UE e os seus benefícios, bem como outros indicadores examinados neste capítulo, deixam supor que o Parlamento Europeu é, cada vez mais, incumbido pelos seus cidadãos de desempenhar um papel mais decisivo, quer escutando atentamente a voz mais forte dos cidadãos quer respondendo eficazmente às prioridades por estes exprimidas. Interesse pelas eleições europeias A menos de dois anos das próximas eleições europeias, uma maioria de europeus (55%), paralelamente ao seu apelo a um papel mais importante para o Parlamento Europeu, declara estar interessada no próximo escrutínio europeu de 2019. O interesse é especialmente elevado nos Países Baixos, com 79%, seguindo-se a Suécia com 70%, a Irlanda com 69% e a Alemanha com 68 %. Em alguns Estados-Membros, no entanto, o nível de interesse continua a ser bastante baixo, como, por exemplo, na Eslováquia (30 %) e na República Checa (23%), os países que registaram a participação mais baixa nas eleições europeias de 2014. No que se refere a este último, o interesse dos inquiridos também poderá estar atualmente mais centrado nas próximas eleições nacionais na República Checa, em 20-21 de outubro de 2017. De um modo geral, a nível da UE, os inquiridos que mostram interesse nas próximas eleições europeias estão entre os que têm um maior nível de formação académica. Além disso, estes cidadãos consideram que a sua voz conta na UE, interessam-se pelos assuntos europeus e têm uma imagem positiva do Parlamento.

PARLÓMETRO 2017: PERTENÇA, IMAGEM E PAPEL 33 Percentagem do «total de interessados» nas próximas eleições europeias por país? Fonte: Parlómetro 2017, QA15 As respostas a esta pergunta estão em sintonia com o aumento geral da perceção positiva em relação ao projeto da UE sentida em toda a Europa. No entanto, este indicador em particular deve ser tratado com cautela, uma vez que as eleições europeias ainda não fazem parte de um discurso político público e amplo e, como tal, ainda não estão claramente ancoradas no espírito dos cidadãos europeus.

34 PARLÓMETRO 2017: O QUE PROTEGER? CAPÍTULO II: O QUE PROTEGER? A noção de uma «Europa que protege» enraizou-se firmemente no discurso político da UE. A Declaração comum sobre as prioridades legislativas da UE para 2017, assinada pelos três Presidentes em 13 de dezembro de 2016, foi subordinada ao lema «Realizar uma Europa que protege, capacita e defende». Os principais responsáveis políticos nacionais e europeus identificam-se com este conceito. Embora o seu ponto de partida estivesse sobretudo relacionado com preocupações de segurança, o discurso de hoje sobre proteção é bastante multifacetado e declinado através de uma série de propostas específicas. O inquérito em análise visa compreender melhor em que domínios e em que medida os europeus esperam que a União Europeia os proteja. Neste contexto, o conceito de proteção é dúplice. Por um lado, é necessário determinar contra que tipo de ameaças desejam os cidadãos obter uma proteção europeia. Por outro, estamos à procura das conquistas europeias que os cidadãos querem que a UE proteja e preserve. No último inquérito Eurobarómetro do Parlamento «Two Years before the European Elections» 13 [«Dois até às eleições europeias], ficou demonstrado que os europeus estão claramente conscientes da ameaça associada a uma série de desenvolvimentos geopolíticos globais, como o aumento do poderio e da influência da Rússia e da China a nível mundial ou a crescente instabilidade no mundo árabe/muçulmano. Diante destas incertezas, os europeus favoreceram, por uma grande maioria, uma abordagem comum da UE para lhes fazer face. No entanto, os desenvolvimentos mundiais estão longe de ser os únicos que preocupam atualmente os cidadãos europeus. O recente Eurobarómetro Standard 87 14 já demonstrou que questões como o terrorismo, a imigração e a situação económica são motivo de grande preocupação, gerando um sentimento de insegurança reforçada por fatores adicionais como as alterações climáticas. Em março de 2017, o estudo do Eurobarómetro «Two years before the European elections» [Dois anos até às eleições europeias] também analisou as expectativas dos europeus quanto a uma maior ação da UE e revelou um apoio significativo a um reforço da ação da UE numa série de políticas. Acima de tudo, mostrou que os inquiridos estão cada vez mais conscientes da ação da UE nos domínios que mais os preocupam. É 13 Parlamento Europeu, Eurobarómetro Especial «Two years before the European elections» [Dois anos até às eleições europeias], março de 2017 http://www.europarl.europa.eu/atyourservice/ fr/20170426pvl00115/a-deux-ans-des-%c3%a9lections- europ%c3%a9ennes-de-2019 14 Comissão Europeia, Eurobarómetro Standard 87, primavera de 2017, http://ec.europa.eu/commfrontoffice/publicopinion/index.cfm/survey/getsurveydetail/instruments/standard/surveyky/2142

PARLÓMETRO 2017: O QUE PROTEGER? 35 especialmente o caso do terrorismo, da proteção das fronteiras externas, da migração, da segurança e da defesa. O gráfico seguinte combina a perceção que os europeus têm da ação da UE em áreas específicas, a sua expectativa quanto à ação da UE nesses domínios e a evolução ao longo do período de um ano, de 2016 a 2017. Por exemplo, no que se refere à luta contra o terrorismo, a barra verde mostra um aumento de 10 pontos percentuais em relação ao ano passado entre os inquiridos que consideram a ação da UE adequada. A barra vermelha mostra uma diminuição de 12 pontos percentuais entre os inquiridos que consideram a ação da UE insuficiente e uma diminuição de 2 pontos percentuais face a 2016 entre os que apelam a uma maior intervenção. Esta sinopse mostra que um número cada vez maior de cidadãos está ciente da ação da UE em domínios que os preocupam. Perceção da ação da UE vs. expectativas de intervenção futura. Evolução de 2016 a 2017? Eurobarómetro «Two years before the European elections» [Dois anos até às eleições europeias], março de 2017

36 PARLÓMETRO 2017: O QUE PROTEGER?? Com base nestas conclusões, o estudo vai mais além, a fim de identificar os domínios em que os europeus esperam uma proteção por parte da UE. Atendendo a que os Estados-Membros europeus continuam a ser alvo de ataques, o terrorismo surge como a principal ameaça contra a qual os europeus consideram que a UE deve protegê-los, com uma média de 58 % das menções. O terrorismo representa a principal ameaça para os inquiridos de 18 Estados-Membros, entre os quais os países que mais recentemente foram alvo de ataques. Em média, a maioria das menções a esta questão é feita por inquiridos na República Checa, Reino Unido, França, Malta e Espanha. A UE e os seus cidadãos são confrontados com uma série de ameaças. De qual das seguintes ameaças deve a UE proteger os seus cidadãos? (Taxa total de respostas relativamente ao «terrorismo») Fonte: Parlómetro 2017, QA13

PARLÓMETRO 2017: O QUE PROTEGER? 37 Combater a ameaça do terrorismo Em linha com as conclusões do anterior Eurobarómetro do Parlamento 15, importa referir que, em 2016, os Europeus foram convidados a dizer a que nível pensam que a ameaça terrorista pode ser combatida da forma mais eficaz. Dos inquiridos, 38% indicaram o nível mundial, 23% o nível europeu, 21% o nível nacional, 6% o nível local ou regional e 10% responderam, espontaneamente, que a ameaça deve ser combatida a todos os níveis ao mesmo tempo. Este inquérito de 2016 também identificou as três medidas mais urgentes para combater o terrorismo, a saber, o combate ao financiamento de grupos terroristas, o combate às causas profundas do terrorismo e da radicalização e o reforço do controlo das fronteiras externas da UE. Voltando ao presente estudo, as ameaças seguintes mais referidas são marcadas pela situação económica precária de muitos europeus: em primeiro lugar, o desemprego (43%) e, em seguida, a pobreza e a exclusão (42%). No contexto da recuperação económica, as consequências da crise ainda são percetíveis de forma significativa nas respostas dos inquiridos na Grécia. Em geral, quando se trata de questões socioeconómicas, a Grécia é o país que apresenta as maiores diferenças em relação à média europeia. Em Chipre, Portugal, Espanha e Croácia, a preocupação relativamente a estas questões é igualmente muito forte. Além disso, a pobreza e a exclusão são encaradas como a principal ameaça na Lituânia. Considerando o conjunto da população abrangida por este inquérito (cerca de 28 000 pessoas), 33% dos inquiridos declaram ter por vezes, ou frequentemente, dificuldades em pagar as suas contas no final do mês. Com as novas vagas migratórias no verão de 2017, 35% dos europeus, pelo menos metade dos inquiridos em Malta, República Checa, Estónia, Itália, Hungria e Grécia, salientaram a necessidade de proteção contra a migração descontrolada. Como seria de esperar, entre estes Estados-Membros figuram os países de entrada, de trânsito ou de destino. No entanto, curiosamente, a taxa de resposta é também superior à média da UE noutra categoria de países que são menos afetados diretamente pela imigração. Uma análise cruzada com dados do Eurostat sobre o asilo relativos a 2016 16 não mostra qualquer correlação com a elevada perceção, por parte dos cidadãos, da migração descontrolada como uma ameaça. Os resultados na República Checa, na Estónia, na 15 Parlamento Europeu, Eurobarómetro Especial 85.1, Perceções e expectativas, combate ao terrorismo e à radicalização, junho de 2016, http://www.europarl.europa.eu/atyourservice/en/20160623pvl00111/europeans-in-2016-per- ceptions-and-expectations-fight-against-terrorism-and-radicalisation 16 Eurostat, Asilo e requerentes de asilo pela primeira vez por nacionalidade, idade e sexo Dados anuais agregados (dados de 11 de outubro de 2017), http://appsso.eurostat.ec.europa.eu/nui/show.do?dataset=migr_asyap- pctza&lang=en

38 PARLÓMETRO 2017: O QUE PROTEGER?? A UE e os seus cidadãos são confrontados com uma série de ameaças. De qual das seguintes ameaças deve a UE proteger os seus cidadãos? Em primeiro lugar? E depois? Fonte: Parlómetro 2017, QA13

PARLÓMETRO 2017: O QUE PROTEGER? 39 Eslováquia ou na Polónia, por exemplo, podem sugerir que o discurso político nacional influencia mais a perceção dos cidadãos do que a situação factual no país. No entanto, esta é apenas uma das explicações possíveis. Uma análise sociodemográfica mais aprofundada poderia oferecer diferentes explicações, como o facto de a diversidade ser percecionada como uma ameaça ou fator de pressão económica. Menos de um quarto dos inquiridos, em média, refere os seguintes domínios que lhes foram propostos. A quinta e a sexta ameaças percecionadas são, ex aequo: 23 % dos inquiridos entendem que a UE deve protegê-los contra as alterações climáticas e, na mesma proporção, contra o radicalismo religioso. Enquanto as alterações climáticas são vistas como a segunda ameaça mais significativa na Suécia, o radicalismo religioso figura muito acima da média europeia nos Países Baixos, na Bélgica e na Áustria, com mais de 30 % das menções. Em média, na UE, cerca de um em cada cinco inquiridos mencionou o crime organizado, os conflitos armados e o extremismo político como ameaças percecionadas. Por fim, em menor grau, cerca de um em dez mencionou a disseminação de doenças infecciosas, os ciberataques, o dumping social e as ameaças à privacidade dos dados. Entre estes últimos temas, os ciberataques e as ameaças à privacidade dos dados (9 %) denotam uma ligeira discriminação entre os inquiridos do ponto de vista da idade e do seu nível de formação académica: quanto maior o nível de formação académica dos inquiridos, mais estes dois aspetos conexos os preocupam. A distribuição sociodemográfica dos inquiridos revela outro pormenor interessante no que se refere à questão do dumping social. Embora não exista uma correlação entre as respostas relativas ao dumping social e as respostas dos cidadãos à questão de saber se «a pobreza e a exclusão» são consideradas uma ameaça, também não existe correlação estatística com a taxa real de pessoas em risco de pobreza segundo dados do Eurostat. A questão do «dumping social» como tema prioritário é levantada mais frequentemente pela classe média-alta e pela classe alta. De igual modo, numa perspetiva socioprofissional, os gestores mostraram-se sobretudo preocupados com o dumping social. Poder-se-ia, por conseguinte, analisar se o conceito de dumping social já se tornou um conceito geralmente reconhecido por todos os cidadãos.

40 PARLÓMETRO 2017: O QUE PROTEGER?? Inquiridos sobre a questão do «dumping social» distribuídos por classe social Fonte: Parlómetro 2017, QA13? Inquiridos sobre a questão do «dumping social» numa perspetiva socioprofissional Fonte: Parlómetro 2017, QA13 Resultados positivos que devem ser preservados A sociedade europeia, embora confrontada com desafios, continua a deter valores, êxitos e resultados positivos prezados pelos cidadãos. O último inquérito Eurobarómetro Standard da Comissão 17 identifica-os claramente. Assim, a paz no seio da UE, a liberdade de viajar, trabalhar e estudar em toda a UE, a moeda única e o programa Erasmus constituem, aos olhos dos inquiridos europeus, os resultados mais positivos. O presente inquérito desenvolve esta ideia para apurar que conquistas desejam os cidadãos que a UE proteja prioritariamente, identificando então dois tipos principais: por um lado, as liberdades em termos de direitos fundamentais e livre circulação e, por outro, as conquistas sociais e económicas, designadamente os direitos laborais, a pensões e o 17 Comissão Europeia, Eurobarómetro Standard 87, primavera de 2017, http://ec.europa.eu/commfrontoffice/publicopinion/index.cfm/survey/getsurveydetail/instruments/standard/surveyky/2142

PARLÓMETRO 2017: O QUE PROTEGER? 41 bem-estar económico. Veremos que há grupos de Estados-Membros que podem ser identificados segundo as conquistas que desejam que a UE proteja. Source: Parlemeter 2017, QA14 Com 44% das menções, a prioridade na UE é a preservação dos direitos e liberdades fundamentais. É de salientar que estes valores fundamentais obtiveram sempre as taxas mais elevadas em todos os inquéritos do Eurobarómetro realizados até à data. Neste ano em que se assinala o sexagésimo aniversário dos Tratados de Roma e o décimo aniversário da Agência dos Direitos Fundamentais da UE, os resultados confirmam que os direitos e liberdades fundamentais são considerados como a base da unidade europeia. O segundo tema mais mencionado, representando 36% em média na UE, é a liberdade de viajar, trabalhar e estudar em toda a UE. Globalmente, estas duas categorias de liberdades são referidas principalmente na Suécia, Finlândia e Alemanha. Os direitos fundamentais são igualmente muito citados pelos inquiridos nos Países Baixos, Dinamarca, Chipre e Áustria. A liberdade de viajar, trabalhar e estudar em toda a UE ocupa a primeira posição nos países bálticos (Lituânia, Estónia e Letónia).

42 PARLÓMETRO 2017: O QUE PROTEGER?? Há resultados e objetivos da UE que poderá prezar. Dos seguintes, qual diria que a UE deve proteger prioritariamente? (Aspetos mais referidos por país) Direitos e liberdades fundamentais Liberdade para viajar, trabalhar e estudar na UE Direitos laborais Source: Parlemeter 2017, QA14 Para além da Suécia, Finlândia e Alemanha, este aspeto obtém igualmente uma taxa de resposta elevada na Bulgária, Irlanda, Reino Unido e Eslováquia. Passando para os resultados e objetivos seguintes que a UE deve proteger para os seus cidadãos, os aspetos socioeconómicos relacionados com os direitos laborais (34%), pensões adequadas e seguras (34%) e a prosperidade e o bem-estar económico (33%) surgem em primeiro plano, sendo referidos principalmente na Grécia, Espanha, Itália e Portugal. Tanto a Eslovénia como a França apresentam taxas expressivas no que de refere aos direitos laborais e às pensões. A Letónia, Lituânia, Áustria, Hungria e Bélgica apresentam uma elevada taxa de resposta no que respeita às questões relacionadas com as pensões e a prosperidade. 33% dos inquiridos mencionaram o ambiente como o domínio seguinte que a UE deve preservar, sendo referido principalmente pelos inquiridos na Suécia, Países Baixos e Dinamarca. Em média, na UE, 27% dos inquiridos mencionam a segurança em termos de normas de saúde. Cerca de um em cada cinco referem os valores europeus comuns (19%) e a identidade nacional e cultural (18%). Os direitos dos consumidores num mercado único (16%) e a segurança e privacidade em linha (13%) ocupam o último lugar na lista de aspetos escolhidos pelos inquiridos. Analisando os resultados numa perspetiva nacional,

PARLÓMETRO 2017: O QUE PROTEGER? 43 os valores europeus comuns são mencionados principalmente na Alemanha e na Áustria, sendo, neste último país, referidos a par da identidade nacional e cultural. Este aspeto recebe o menor número de menções em Portugal, tendo sido escolhido por um em cada dez inquiridos. Voltaremos a estes resultados mais adiante. Perfis sociodemográficos dos inquiridos Aprofundando a análise, os resultados mostram, em primeiro lugar, que a situação socioeconómica dos inquiridos tem impacto nas suas respostas a respeito tanto das ameaças como dos resultados positivos que merecem ser protegidos pela UE. Evidentemente, aqueles que vivem uma situação de vulnerabilidade económica são mais propensos a mencionar questões de caráter económico. No entanto, os grupos etários de idade superior, em especial, mencionam igualmente o terrorismo. Em segundo lugar, as posições expressas em relação à UE tendem a guiar os inquiridos nas suas entrevistas. O terrorismo e os aspetos económicos (como os direitos laborais e as pensões), amplamente mencionados pelos europeus, tendem a fazer-se acompanhar de respostas que revelam um menor interesse pela política e, geralmente, uma indiferença para com a UE e a pertença à mesma, os seus benefícios e a sua imagem. Consequentemente, essas posições são mais frequentes entre os cidadãos que se sentem alheados das eleições e consideram, numa maior proporção, que a sua voz não conta na UE. Por outro lado, os cidadãos que em geral se mostram mais favoráveis em relação à UE tendem a mencionar, a seguir ao terrorismo e aos aspetos económicos, as questões relacionadas com o ambiente (ou a ameaça das alterações climáticas) e a proteção das liberdades no seio da UE. Pode observar-se que o nível de vida evidenciado por estes inquiridos é um pouco superior e que estes se sentem mais confiantes quanto ao futuro. São a favor da adesão à UE e consideram que o seu país beneficiou com a mesma. Além disso, mostram interesse pela política e consideram que o voto é importante. O mesmo padrão de interesse pelos assuntos europeus aplica-se quando se trata de referir ameaças como o extremismo político. Em menor grau, o radicalismo religioso, o crime organizado ou os conflitos armados obtêm também uma taxa de resposta mais elevada por parte dos cidadãos que se interessam pela política e têm uma atitude positiva em relação à UE. A liberdade de circulação entra igualmente nesta categoria, sobretudo entre os jovens nascidos depois de 1980. Os padrões mencionados acima

44 PARLÓMETRO 2017: O QUE PROTEGER? devem ser considerados como indicações que poderão merecer uma análise mais aprofundada dos dados, não constituindo, de modo algum, uma descrição absoluta de um grupo sociodemográfico específico. Identidade europeia e nacional: um terreno comum de entendimento Com base no que precede, são examinados mais de perto dois aspetos relacionados com os valores: os valores europeus comuns, por um lado, e a identidade nacional e cultural, por outro. Ficam muito próximos nas menções relativas aos resultados da UE que são prezados e devem ser protegidos, obtendo, respetivamente, 19 % e 18 % das respostas. Curiosamente, estes dois aspetos são mencionados pelos inquiridos que partilham um terreno comum de entendimento: todos se interessam pela política em geral, bem como pelas próximas eleições europeias de 2019. No entanto, a identidade nacional e cultural é, em média, mais vezes referida entre os inquiridos que manifestam opiniões mais negativas a respeito da UE. De facto, a análise do seu perfil geral a nível da UE mostra que têm uma perceção bastante negativa da UE, pois consideram que ser membro da UE é uma coisa má, sem benefícios para o seu país. Os inquiridos com uma taxa de resposta elevada no que se refere à identidade nacional e cultural tendem a ter uma má imagem da UE e do PE e desejam que este último desempenhe um papel menos importante no futuro. Numa perspetiva nacional, observa-se que são muito mais numerosos os inquiridos na Alemanha e na Suécia a mencionar os valores europeus comuns do que a identidade cultural e nacional, enquanto na Estónia e no Reino Unido são mais numerosos os inquiridos a mencionar a identidade cultural e nacional do que os valores europeus comuns. Tal é também o caso, em menor grau, na Grécia, Irlanda, Croácia e Malta. Por outro lado, estes dois aspetos são percecionados com a mesma importância na Áustria, Finlândia, República Checa, Países Baixos, Dinamarca, Bulgária e Lituânia No contexto da discussão da ideia de identidade nacional e cultural, bem como de valores europeus, deve fazer-se referência a um resultado importante do último Eurobarómetro Standard 87 18 de maio de 2017: respondendo a esta pergunta tradicional do Eurobarómetro sobre a cidadania europeia, 68 % de todos os inquiridos disseram sentir-se cidadãos da UE. É o nível mais alto alguma vez registado por este indicador. 18 Comissão Europeia, Eurobarómetro Standard 87, primavera de 2017, http://ec.europa.eu/commfrontoffice/publicopinion/index.cfm/survey/getsurveydetail/instruments/standard/surveyky/2142

PARLÓMETRO 2017: O QUE PROTEGER? 45 Destaque para a Europa Digital Entre as ameaças e os resultados da UE que devem ser protegidos, figuram vários aspetos relativos à digitalização numa Europa interligada. Embora não sejam os aspetos propostos mais mencionados, sempre que o são, pode observar-se uma correlação positiva entre as respostas dadas no que se refere às duas ameaças percecionadas, os «ciberataques» e as «ameaças à privacidade dos dados» Ao mesmo tempo, apresentam uma correlação significativa com a perceção da «segurança e privacidade em linha» como uma prioridade que deve ser protegida pela UE para os seus cidadãos. Numa perspetiva nacional, a maioria das preocupações relacionadas com os ciberataques e as ameaças à privacidade dos dados é expressa pelos inquiridos dos Países Baixos (19 % e 21 %, respetivamente). A mesma observação aplica-se à proteção da segurança e privacidade em linha quando se trata de resultados a preservar, vindo a maioria das menções dos Países Baixos (29 %). Refira-se que os inquiridos nos Países Baixos parecem ser os europeus mais interligados, com 93 % a declarar utilizar a Internet diariamente contra 71% em média na UE. No entanto, surpreendentemente, os inquiridos neerlandeses são os menos interessados numa proteção europeia dos direitos dos consumidores no mercado único (9 %), observando-se a mesma percentagem na Finlândia. Destaque para a cibersegurança O inquérito da Comissão Europeia de junho de 2017 sobre a atitude dos europeus em relação à cibersegurança 19 mostra que 51 % dos inquiridos dizem não se sentir bem informados sobre os riscos do cibercrime, enquanto 46 % se consideram informados a este respeito. 56 % dos inquiridos consideram o cibercrime um desafio muito importante para a segurança interna da UE. Esta é uma preocupação que tenderá a aumentar nos próximos anos, já que este inquérito também revela que a utilização da Internet continua a aumentar em toda a UE, independentemente do meio de acesso (domicílio, dispositivo móvel, local de trabalho ou escola/universidade). 19 Comissão Europeia, Eurobarómetro Especial 464a, «Europeans attitudes towards cyber security» [Atitude dos europeus em relação à cibersegurança], junho de 2017, http://ec.europa.eu/commfrontoffice/publicopinion/index.cfm/survey/getsurveydetail/instru- ments/special/surveyky/2171

46 PARLÓMETRO 2017: PRIORIDADES E VALORES? O PE toma decisões sobre legislação europeia que afetam diretamente a vida de todos os cidadãos. Na sua opinião, a quais dos seguintes domínios deve o Parlamento Europeu dar prioridade? Fonte: Parlómetro 2017, QA8

PARLÓMETRO 2017: PRIORIDADES E VALORES 47 CAPÍTULO III: UM APELO À AÇÃO, COM BASE EM VALORES CLAROS O terceiro e último capítulo do Parlómetro 2017 ocupa-se das prioridades políticas dos cidadãos. Com base na avaliação que fazem das ameaças contra as quais, no seu entender, a União Europeia deve contribuir para a sua proteção, os cidadãos exprimiram a sua opinião sobre os domínios prioritários para uma maior ação por parte do Parlamento Europeu. Em linha com as ameaças previamente identificadas, os europeus apoiam sobretudo, e de forma homogénea, uma maior ação de combate à pobreza e à exclusão, a par da luta contra o terrorismo. Ambos os domínios recebem 41% de apoio a nível da UE. Com 31% das menções, o combate ao desemprego dos jovens é, em média, o terceiro tema mais citado. Estes três temas principais também circunscrevem genericamente as preocupações dos cidadãos europeus, a saber: querem viver sua vida num local que garanta as suas oportunidades e proteja a sua liberdade face às ameaças terroristas. Passando ao aspeto seguinte, 22% dos inquiridos desejam que o Parlamento legisle sobre formas de encontrar uma resposta europeia comum para a questão da migração. Além disso, os resultados mostram que cerca de um em cada cinco inquiridos é favorável ao desenvolvimento de novas formas de incentivar a economia e o crescimento (21%) e combater as alterações climáticas com soluções criativas (19%). Estes temas compõem o quadro geral e contam uma história europeia, desde que lidos à luz de cada um dos contextos nacionais. Neste contexto, as políticas consideradas prioritárias em cada Estado-Membro dependem em grande medida das preocupações dos cidadãos. Veremos que, por vezes, diferem do que se esperaria. A luta contra o terrorismo, por exemplo, poderia ilustrar isto mesmo: enquanto os inquiridos da República Checa (55%), de Itália e Malta (ambos com 48%) são os que em maior número mencionam o terrorismo, estes países não foram vítimas de ataques terroristas nos últimos anos. Por outro lado, os resultados mostram que os inquiridos na Eslovénia (28%), Letónia (28%), Lituânia (25%) e Grécia (21%) são menos propensos a mencionar esta questão como uma das prioridades do Parlamento Europeu.

48 PARLÓMETRO 2017: PRIORIDADES E VALORES A luta contra o terrorismo é uma prioridade para...? Em média, as mulheres (43 %), as pessoas com idade igual ou superior a 55 anos (45 %), as pessoas que executam atividades domésticas (50 %) e os pensionistas (45 %) são mais propensos a referir este tema. Estes grupos sociodemográficos são também os que mais frequentemente mencionam o «terrorismo» como a principal ameaça à qual a UE deve fazer face. «Terrorismo como ameaça» e «terrorismo como prioridade para o Parlamento Europeu» Fonte: Parlómetro 2017, QA8 e QA13 A correlação entre o terrorismo como ameaça percecionada e o apelo ao Parlamento Europeu para que considere a luta contra o terrorismo como prioridade máxima é clara. Tal como referido anteriormente, o terrorismo é percecionado como a maior ameaça na Europa (58%), variando significativamente entre os seus Estados-Membros. De igual modo, a luta contra o terrorismo é a prioridade que os inquiridos mais desejam ver tratada pelo Parlamento Europeu (41%), a par do combate à pobreza e à exclusão social (41%). Os países que mais preocupação manifestam em relação ao terrorismo são a República Checa (69%), Itália (65%), Reino Unido (65%), França (63%) e Malta (63%). Os inquiridos de quatro destes países também exprimiram o desejo de que o Parlamento Europeu tratasse esta questão como altamente prioritária (República Checa 55%, Itália 48%, Malta 48% e França 45%).

PARLÓMETRO 2017: PRIORIDADES E VALORES 49 Combate à pobreza e à exclusão social O combate à pobreza e à exclusão social é o único tema que recebe mais de 50 % das menções em vários Estados-Membros, nomeadamente em Portugal (67%), Lituânia (58%), Grécia (57%), Letónia (55%), Chipre e Eslovénia (ambos com 51%) e Espanha (50%). Em contrapartida, os inquiridos em Itália (31%), República Checa e Dinamarca (ambos com 30%) são menos propensos a mencioná-lo. Taxas de resposta relativamente ao «combate à pobreza e exclusão social» por país? Fonte: Parlómetro 2017, QA8

50 PARLÓMETRO 2017: PRIORIDADES E VALORES O combate à pobreza é uma questão-chave para... Como seria de esperar, o combate à pobreza é sobretudo uma prioridade para as categorias socialmente mais vulneráveis mulheres (43%), pessoas que executam atividades domésticas (46%) e desempregados (43%). Os homens (38%), os gestores (36%) e os trabalhadores por conta própria (33%) são um pouco menos propensos a mencionar este tema. Combate ao desemprego dos jovens Na Grécia, 67 % dos inquiridos apelam a que a questão do combate ao desemprego dos jovens seja uma prioridade máxima para o Parlamento Europeu. 61 % dos inquiridos em Chipre, 55 % em Portugal e 51 % na Croácia e na Eslovénia acompanham esta posição.? Taxas de resposta relativamente ao «combate ao desemprego dos jovens» por país Fonte: Parlómetro 2017, QA8 e QA13

PARLÓMETRO 2017: PRIORIDADES E VALORES 51 No outro extremo da escala estão a Dinamarca com 9 %, os Países Baixos com 8 % e, por fim, a Suécia com 7 % dos inquiridos a referir o desemprego juvenil como principal prioridade. A divisão Norte-Sul evidenciada nos resultados pode, em certa medida, ser explicada pelas diferenças existentes entre as economias nacionais. É igualmente interessante, porém, examinar as taxas reais de desemprego dos jovens em relação ao grau de importância atribuído ao tema por país. Os dados apresentados no gráfico seguinte mostram uma forte correlação positiva. Um primeiro grupo de países, incluindo a República Checa, Dinamarca, Estónia, Alemanha, Malta, Países Baixos e Reino Unido, apresenta taxas reduzidas de desemprego dos jovens. Os inquiridos destes países dão pouca prioridade à luta contra o fenómeno. Em contrapartida, os inquiridos da Croácia, Chipre, França, Grécia, Itália, Portugal e Espanha, todos países com taxas de desemprego dos jovens acima da média da UE, exigem em certa medida igualmente acima da média da UE que a luta contra o desemprego juvenil seja uma prioridade. Por fim, vale a pena olhar para a Eslovénia, a Lituânia e a Letónia: embora estes países apresentem taxas de desemprego dos jovens relativamente baixas, os cidadãos mostram muito maior interesse em ver esta questão tratada como uma prioridade pelo Parlamento Europeu. «Combate ao desemprego dos jovens» referido como prioridade e taxas de desemprego dos jovens por país? Fonte: Parlómetro 2017, QA8 e Eurostat, dados obtidos em 12 de outubro de 2017

52 PARLÓMETRO 2017: PRIORIDADES E VALORES Combate às alterações climáticas com soluções criativas O combate às alterações climáticas com soluções criativas constitui um desafio sobretudo mencionado na Suécia (50%), nos Países Baixos (42%) e na Dinamarca (41%). Os governos, as empresas e o público em geral nestes países tomaram consciência de que a proteção do ambiente está intrinsecamente ligada à criação e manutenção de empresas e empregos. O Parlamento Europeu está convicto de que uma política ambiental baseada na economia de mercado pode tornar-se o motor do crescimento e do emprego em todos os ramos da economia. No entanto, apesar dos enormes progressos realizados em toda a Europa no domínio das tecnologias e empregos verdes nos últimos anos, ainda subsistem disparidades significativas entre os Estados-Membros. Combate às alterações climáticas vs. estímulo da economia: uma contradição?? É interessante observar que a maioria dos países atribui maior prioridade ou ao combate às alterações climáticas ou ao estímulo da economia, mas não a ambos ao mesmo tempo. De facto, as duas prioridades apresentam uma correlação negativa significativa. O estímulo da economia é mencionado como particularmente prioritário na Lituânia (46%), Grécia (36%) e Espanha (34%), enquanto, ao mesmo tempo, o combate às alterações climáticas é considerado uma prioridade menor (Lituânia 6%, Grécia 11% e Espanha 14%). Taxas de resposta relativamente ao «combate às alterações climáticas» e ao «estímulo da economia e do crescimento» Fonte: Parlómetro 2017, QA8

PARLÓMETRO 2017: PRIORIDADES E VALORES 53 Esta relação parece ser principalmente afetada pela situação económica nos Estados- Membros. O crescimento económico é mencionado como uma maior prioridade sobretudo nos Estados-Membros com menor PIB per capita. Em contrapartida, a questão do combate às alterações climáticas é considerada mais importante nos países mais ricos. Produto interno bruto (PIB) per capita e a prioridade do «combate às alterações climáticas» por país? Fonte: Parlómetro 2017, QA8 e Eurostat, dados obtidos em 12 de outubro de 2017

54 PARLÓMETRO 2017: PRIORIDADES E VALORES Compromisso firme com os valores europeus As prioridades políticas para os cidadãos europeus andam de mãos dadas com os seus principais valores. Que valores desejam os europeus que o Parlamento Europeu defenda em seu nome? Como em todos os inquéritos Eurobarómetro desde 2007, a «proteção dos direitos humanos» (56 %, -1 desde 2016) é, aos olhos dos europeus, o principal valor a respeitar e defender. A proteção dos direitos humanos é vista como o valor que deve ser defendido prioritariamente em todas as categorias sociodemográficas, sem exceção, mas sobretudo entre as mulheres (57 %), as pessoas na faixa etária dos 25-34 anos (61 %), os gestores (61 %), os trabalhadores administrativos e os estudantes (ambos 58 %). Em segundo lugar permanece «a liberdade de expressão», com 34%. Este valor é mencionado mais frequentemente por homens (37 %), jovens na faixa etária dos 15-24 anos (40 %), estudantes (38 %), trabalhadores manuais (37 %), gestores e desempregados? Dos seguintes valores, quais são os que, na sua opinião, o Parlamento Europeu deveria defender como prioritários? (Total de, no máximo, três respostas) Fonte: Parlómetro 2017, QA9

PARLÓMETRO 2017: PRIORIDADES E VALORES 55 Dos seguintes valores, quais são os que, na sua opinião, o Parlamento Europeu deveria defender como prioritários? (Total de max. três respostas)? Fonte: Parlómetro 2017, QA9

56 PARLÓMETRO 2017: PRIORIDADES E VALORES (ambos 36 %). A igualdade entre homens e mulheres é considerada uma prioridade por 32 % (-1 pontos percentuais) dos inquiridos, enquanto 28 % dos cidadãos europeus (-2 pontos percentuais) referem a solidariedade entre os Estados-Membros da UE. Segue-se a solidariedade entre a UE e os países pobres do mundo (20 %, -3 pontos percentuais), o diálogo entre culturas e religiões (20 %, -3), a proteção das minorias (19 %, +1) e a abolição da pena de morte em todo o mundo (10 %, -2). Cabe salientar que as menções ao tema da «solidariedade entre os Estados-Membros da UE» registaram uma queda de 8 pontos percentuais desde outubro de 2007. Metade dos inquiridos na Grécia (52 %) menciona este tema, assim como 46 % na Bulgária, 37 % em Chipre e na Eslovénia e 36 % na Alemanha, contra 22 % em Espanha, 20 % na Suécia, 19 % em Malta e 13 % no Reino Unido. A ampla variação entre os Estados-Membros no que se refere a este valor e a diminuição geral das menções ao mesmo como valor prioritário podem explicar-se pelo facto de a perceção dos cidadãos europeus em relação à solidariedade entre os Estados-Membros da UE estar intrinsecamente ligada ao contexto nacional a que estão expostos. Ao mesmo tempo, esta perceção pode variar ligeiramente em função das diferentes agendas políticas nacionais. Em termos de perfil sociodemográfico, a solidariedade entre os Estados-Membros é mais frequentemente mencionada por homens (31 %), pessoas com idade igual ou superior a 55 anos (30 %), trabalhadores por conta própria, trabalhadores administrativos e gestores (todos com 33 %). É também o caso das pessoas que têm uma imagem positiva da UE (35%) e que desejam ver o Parlamento Europeu desempenhar um papel mais importante (33 %). Por último, mas nem por isso menos importante, é de referir que todos os valores, exceto a «proteção das minorias», obtiveram uma percentagem ligeiramente inferior, embora sem alterar a hierarquia de valores. In terms of socio-demographic profile, solidarity between Member States is more frequently mentioned by men (31%), the 55+ (30%), self-employed people, white collars and managers (all 33%). This is also the case for people who have a positive image of the EU (35%) and who want to see the European Parliament to play a more important role (33%). Last, but not least it should be noted that all values, except for protection of minorities, received a slightly lower percentage, albeit without changing the hierarchy of values.

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58 PARLÓMETRO 2017: UMA VOZ MAIS FORTE ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS Cobertura: UE28 População: 27 881 cidadãos europeus com idade igual ou superior a 15 anos Metodologia: Trabalho de campo: Entrevistas diretas pessoais 23 de setembro a 2 de outubro de 2017, inquérito realizado pela Kantar Public Nota Os resultados de um inquérito são estimativas cuja precisão depende da dimensão da amostra e da percentagem observada. Para cerca de 1 000 entrevistas (dimensão da amostra geralmente utilizada ao nível de um Estado Membro), a percentagem real oscila entre os seguintes intervalos de confiança: Percentagens observadas Margens de erro 10% ou 90% 20% ou 80% 30% ou 70% 40% ou 60% 50% +/- 1,9 pontos +/- 2,5 pontos +/- 2,7 pontos +/- 3,0 pontos +/- 3,1 pontos

PARLÓMETRO 2017: UMA VOZ MAIS FORTE Este inquérito Eurobarómetro do Parlamento Europeu (EP/EB 88.1) foi realizado nos 28 Estados Membros da União Europeia, de 23 de setembro a 2 de outubro de 2017, pela Kantar Public. O Parlómetro 2017 do Parlamento Europeu examina as opiniões dos cidadãos europeus sobre a adesão à UE e os seus benefícios, bem como sobre as suas posições em relação ao Parlamento Europeu, às suas prioridades, ações e missão. Ajuda igualmente a esclarecer o papel da UE na resposta às principais ameaças e na proteção das principais conquistas prezadas pelos seus cidadãos. Esta é uma publicação da Unidade do Acompanhamento da Opinião Pública Direção-Geral da Comunicação Parlamento Europeu PE 608.741 ISBN: 978-92-846-1913-9 ISSN: 2529-7147 DOI: 10.2861/99971 QA-CE-17-001-PT-N O conteúdo do presente documento é da exclusiva responsabilidade dos autores e quaisquer opiniões expressas no mesmo não representam necessariamente a posição oficial do Parlamento Europeu. O presente documento tem como principais destinatários os deputados e o pessoal do PE, para fins relacionados com os seus trabalhos parlamentares. União Europeia, 2017