Desenvolvimento de fruta laminada a partir de coproduto do processamento de purê de pêssego

Documentos relacionados
AVALIAÇÃO SENSORIAL DE FRUTA LAMINADA MISTA DE UMBU E MANGA

REDUÇÃO PERCEPTÍVEL E REDUÇÃO ACEITÁVEL DE AÇÚCAR EM NÉCTAR DE UVA: ANÁLISE SENSORIAL COMO FERRAMENTA PARA REFORMULAÇÃO

ACEITAÇÃO SENSORIAL DE BATATAS FRITAS COM REDUÇÃO DE GORDURAS

ACEITAÇÃO DE PÃES DO TIPO FRANCÊS COM TEOR REDUZIDO DE SÓDIO

INTENÇÃO DE COMPRA DE BISCOITOS TIPO COOKIE SABOR CHOCOLATE COM DIFERENTES TEORES DE FARINHA DE UVA

ELABORAÇÃO E ACEITAÇÃO DE PÃO COM REDUÇÃO DE CLORETO DE SÓDIO E CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS

AVALIAÇÃO DO TEOR PROTÉICO E ACEITAÇÃO GLOBAL DE BARRAS ALIMENTÍCIAS PRODUZIDAS COM VEGETAIS DESIDRATADOS E RESÍDUO DO EXTRATO DE SOJA

ACEITAÇÃO SENSORIAL DE BEBIDA MISTA DE FRUTOS DO GÊNERO SPONDIAS A BASE DE ÁGUA DE COCO

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE ABACAXI PÉROLA CULTIVADO NO SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE PÊSSEGOS OBTIDOS POR DIFERENTES MÉTODOS DE SECAGEM

I SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EMBRAPA ACRE ACEITAÇÃO SENSORIAL DE BOLO ELABORADO COM FARINHAS DE CASTANHA- DO-BRASIL E BANANA VERDE

ANÁLISE DA DESIDRATAÇÃO DE RESÍDUOS DE PROCESSAMENTO DE MARACUJÁ (Passiflora Edulis) UTILIZANDO AR QUENTE

ELABORAÇÃO DE GELEIA TRADICIONAL E LIGHT DE GUABIROBA BRUNA NAPOLI¹; DAYANNE REGINA MENDES ANDRADE²; CRISTIANE VIEIRA HELM³

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE SORVETE COM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DA FARINHA DE MACAÚBA

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010 ACEITAÇÃO SENSORIAL DE CONSERVAS ÁCIDAS DE OVOS DE CODORNA

REPV - Revista Eletrônica Polidisciplinar Voos - ISSN Núcleo de Estudos da Sociedade Contemporânea - NESC

Influência de tratamentos térmicos para redução da rigidez de cascas de laranja desidratada osmoticamente na aceitação da textura e intenção de compra

Viabilidade da utilização de cascas de manga para o consumo humano através da realização de desidratação osmótica

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

AVALIAÇÃO SENSORIAL DA FIBRA DO PEDÚNCULO DO CAJÚ (Anacardium occidentale L.) EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES COMO RECHEIO EM PASTEIS

INFLUÊNCIA DA SECAGEM DA CASCA DE ABACAXI NA ACEITAÇÃO SENSORIAL DO CHÁ PARA OBTENÇÃO DE CO- PRODUTO DE ABACAXI

Efeito Do Tempo De Armazenamento Na Qualidade De Geleias De Duas Cultivares De Uva

AVALIAÇÃO DA ACEITABILIDADE DO DOCE DE FIGO MADURO EM CALDA NO CâMPUS MUZAMBINHO

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE BARRAS DE CEREAIS COM PASSAS DE MIRTILO (Vaccinium ashei Reade) COM E SEM DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA

COMPOTA DE ABACAXI ADICIONADO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE CANELA EM PAU

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE DOCE DE LEITE PASTOSO ADICIONADO DE FARINHA DE LINHAÇA

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE TRATAMENTO PRÉVIO NA ACEITAÇÃO DA APARÊNCIA E DO SABOR DE CASCA DE MELANCIA DESIDRATADA OSMOTICAMENTE

Palavras chave: bagaço seco, fração fibrosa, teste sensorial

ELABORAÇÃO DE PÃES DE FORMA ENRIQUECIDOS COM CENOURA, BETERRABA E ESPINAFRE

ANÁLISE SENSORIAL DE UMA BARRA DE CEREAL PREPARADA COM FARINHA DA CASCA DE PEQUI (CARYOCAR BRASILIENSE CAMB.)¹

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE BALAS MASTIGÁVEIS DE POLPA DE PÊSSEGOS (Prunus Pérsica L.)

DESENVOLVIMENTO DE NÉCTAR DE UMBU: POTENCIAL PARA AGREGAÇÃO DE VALOR AO FRUTO DO UMBUZEIRO

EFFECTS OF PACKAGING AND STORAGE ON THE CASSAVA FLOUR QUALITY

XI Jornada Científica XI Semana de Ciência e Tecnologia IFMG Campus Bambuí

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE BANANA PASSA ELABORADA A PARTIR DE VARIEDADES RESISTENTES À SIGATOKA-NEGRA.

O completo amadurecimento do tomate coincide com o teor máximo de

Avaliação de parâmetros de qualidade de doce em massa e das matérias primas utilizadas na formulação

PARÂMETROS DE QUALIDADE DA POLPA DE LARANJA

QUALIDADE DE DOCE EM MASSA DE BANANA ADICIONADO DE COMPONENTES FUNCIONAIS

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE ABÓBORA E MORANGA CRISTALIZADAS PELO PROCESSO DE AÇUCARAMENTO LENTO.

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO SUCO DE AMORA-PRETA (Rubus sp.) PASTEURIZADO

Caracterização físico química e sensorial de doce de manga (Mangifera indica L.) em massa com adição de casca

APROVEITAMENTO DA CASCA DE ABACAXI NA CONFECÇÃO DE GELEIA

Sorvete de geleiada de morango com hibisco (Hibiscus sabdariffa L.)

PRODUÇÃO DE BOLO A PARTIR DA FARINHA OBTIDA DO SUBPRODUTO DO PROCESSAMENTO DO ABACAXI

APLICAÇÃO DE ÓLEOS E GORDURAS DE RELEVÂNCIA NUTRICIONAL EM PRODUTOS DE PANIFICAÇÃO. da Silva e Elisa Makiyama Kim FEA-UNICAMP

Journal of Fruits and Vegetables, v. 1, n. 1, p , 2015

ELABORAÇÃO DE BISCOITO INTEGRAL TIPO COOKIE A PARTIR DE FARINHA DE BAGAÇO DE UVA

DESENVOLVIMENTO E ACEITAÇÃO SENSORIAL DE DOCE CREMOSO À BASE DE CENOURA COM LARANJA E GENGIBRE.

AVALIAÇÃO SENSORIAL DO SORVETE COM LEITE DE BÚFALA ADICIONADO DE MANGA

FORMULAÇÃO E QUALIDADE DE NÉCTAR DE CAJÁ ADICIONADO COM LINHAÇA E EXTRATO DE SOJA

USO DE REGULADORES VEGETAIS PARA MELHORAR E UNIFORMIZAR A COR DE UVAS

ANÁLISE DA DESIDRATAÇÃO DE RESÍDUOS DE PROCESSAMENTO DE MARACUJÁ (Passiflora Edulis) UTILIZANDO INFRAVERMELHO

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL PARA PROCESSAMENTO NA FORMA DE GELEIA DE DIFERENTES CULTIVARES DE MORANGO

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE PREPARAÇÕES COM SOJA MARROM ADICIONADOS DE FEIJÃO CARIOQUINHA

RESUMO INTRODUÇÃO. Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 1

USO DE SORO DE QUEIJO NA FORMULAÇÃO DE DOCE DE LEITE PASTOSO EM SUBSTITUIÇÃO AO LEITE

Produção e estudo da aceitabilidade sensorial do licor de jambo vermelho

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO GRANULOMÉTRICA DA FARINHA DA CASCA DO MARACUJÁ-AMARELO (Passiflora edulis f. flavicarpa)

QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA E COMPOSTOS BIOATIVOS EM POLPA DE MARACUJÁ CONGELADA E APLICAÇÃO DE QUIMIOMETRIA PARA ANÁLISE DOS DADOS

18 Comercialização e Agregração de Valor

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS SENSORIAIS EM SOBREMESAS LÁCTEAS SABOR CHOCOLATE ELABORADAS COM LEITE E SORO DE LEITE

ANÁLISE SENSORIAL DE PRODUTOS LÁCTEOS ELABORADOS COM LEITE DE CABRA

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DE ABACATES DAS VARIEDADES MARGARIDA E BREDA

DESENVOLVIMENTO DE MOLHO CHUTNEY DE MARACUJÁ DA CAATINGA E MAMÃO

PROPOSTA DE PROCEDIMENTO DE SECAGEM DE BAGAÇO DE MAÇÃ PARA A PRODUÇÃO DE FARINHA

ACEITABILIDADE E INTENÇÃO DE COMPRA DE DOCE DE BANANA EM MASSA ADICIONADO DE AMENDOIM

Influência de hidrocolóides na cor de estruturado de maracujá-do-mato

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE POLPA DE ACEROLA IN NATURA E LIOFILIZADA PARA PREPARAÇÃO DE SORVETES

VEGETAL ELABORADO À BASE DE CAJU

COMPARAÇÃO DE PARÂMETROS LABORATORIAIS EM DIFERENTES TIPOS DE GELEIAS CONVENCIONAIS DE MORANGO

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE BATATA-DOCE ROXA CHIPS E PALITO

CONSERVAÇÃO DA POLPA DO FRUTO DO IMBUZEIRO (Spondias tuberosa Arruda) EM TEMPERATURA AMBIENTE

DESENVOLVIMENTO DE TIPO HAMBURGUER BOVINO COM ADIÇÃO DE FARINHA DE BERINJELA

IV Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí IV Jornada Científica 06 a 09 de Dezembro de 2011

AVALIAÇÃO DE ISOTERMAS DE SORÇÃO DE BANANA DESIDRATADA

INFLUÊNCIA DA GEOMETRIA DE CORTE NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, QUÍMICAS E SENSORIAIS DE MANGA DESIDRATADA

TESTE DE COMPARAÇÃO PAREADA PARA ANÁLISE SENSORIAL DO SUCO DE UVA

DESENVOLVIMENTO DE SMOOTHIE FUNCIONAL ACRESCIDO DE BIOMASSA DA

PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES E PERFIL SENSORIAL DE IOGURTE CONCENTRADO ADICIONADO DE FARINHA INTEGRAL DE SORGO

ANÁLISE BIOMÉTRICA DOS FRUTOS DE UVAIA E DEFINIÇÃO DA MELHOR CONCENTRAÇÃO DA POLPA PARA A PRODUÇÃO DE SORVETE EM PALITO

IOGURTE PROBIÓTICO DE MORANGO SEM LACTOSE

APROVEITAMENTO INTEGRAL DA ACEROLA NA FORMULAÇÃO DE BOLOS

DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS E SENSORIAIS DE NÉCTAR DE MANGA E ACEROLA

ALTERNATIVA PARA CONSERVAÇÃO DA POLPA DO FRUTO DO IMBUZEIRO (Spondias tuberosa Arruda)

Utilização de maracujá integral no desenvolvimento de sobremesa láctea (flan) e avaliação de suas características físico-químicas e sensorial.

Processamento e avaliação de farinha de Pitanga (Eugenia uniflora L) em comparação as características da fruta in natura

Palavras-chave: Cor da polpa. Textura. Aroma. Sabor. Psidium guajava L.

Revista CIENTEC Vol. 9, n o 1, , Elaboração de Biscoitos a Partir da Biomassa da Banana Verde

POLPA DE MANGA A MANGA: ENCONTRA-SE DIFERENTES VARIEDADES: Drupa, de cor amarela, laranja, vermelha ou verde, quando madura

PROPRIEDADES HIGROSCÓPICAS DE FARINHA DE RESÍDUOS DE FRUTAS

ACEITABILIDADE DE HAMBÚRGUERES BOVINO COM INCLUSÃO DE DIFERENTES PROPORÇÕES DE TOUCINHO SUÍNO, ENRIQUECIDOS COM AVEIA

Avaliação sensorial do efeito de tratamento térmico prévio à desidratação osmótica na textura de cascas de manga desidratadas osmoticamente

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E ACEITAÇÃO SENSORIAL DO SUCO DE PINHA E DO BLEND PINHA-LEITE

ANÁLISE SENSORIAL DE QUEIJO MINAS FRESCAL ADICIONADO DE CONDIMENTO PREPARADO 1

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS DE QUALIDADE FÍSICO- QUÍMICOS DE SUCOS TROPICAIS

COMPARAÇÃO DAS QUALIDADES FÍSICO-QUIMICAS DA MAÇÃ ARGENTINA RED COM A MAÇÃ NACIONAL FUJI

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE BISCOITOS FORMULADOS COM FARINHA DE SEMENTE DE GOIABA

ELABORAÇÃO DE BEBIDA A BASE DE EXTRATO HIDROSSOLÚVEL DE SOJA (Glycine max L.) E POLPA DE CUPUAÇU (Theobroma grandiflorum)

Comparação da Aceitação de Preparações Elaboradas Convencionalmente e com Resíduos Alimentares: O Caso do Mousse do Abacaxi e da sua Casca

Transcrição:

Desenvolvimento de fruta laminada a partir de coproduto do processamento de purê de pêssego Nátali Silva Teixeira 1, Sergio Macedo Pontes 2, Renata Torrezan 2, Regina Isabel Nogueira 2, Daniela De Grandi Castro Freitas-Sá 2, Ana Cristina Richter Krolow 3 & Virgínia Martins da Matta 2 1 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rodovia BR 465, Km 07, s/n - Seropédica - RJ, 23890-000, Brasil, natalinutricao@gmail.com 2 Embrapa Agroindústria de Alimentos, Avenida das Américas 29501, Rio de Janeiro - RJ, 23020-470, Brasil, daniela.freitas@embrapa.br 3 Embrapa Clima Temperado, Rodovia BR 392, km 78, 9º Distrito, Monte Bonito -Pelotas - RS, 96010-971, Brasil, ana.krolow@embrapa.br Resumo No processamento do purê de pêssego, a fração residual do despolpamento contém compostos de interesse nutricional e o seu aproveitamento pode contribuir para a obtenção de novos produtos alimentícios, saudáveis e de baixo custo. O objetivo deste trabalho foi estudar o desenvolvimento de uma fruta laminada utilizando como matéria-prima o coproduto do processamento do purê de pêssego. A fração fibrosa, retida pela peneira durante o despolpamento do pêssego, foi a matéria-prima utilizada neste trabalho. Para obtenção da fruta laminada, três produtos com formulações de diferentes proporções de coproduto de pêssego e polpa de manga (F1: 70/30, F2: 60/40 e F3: 50/50), adicionados de polpa de manga, açúcar e pectina, foram avaliadas. A mistura foi homogeneizada em um desintegrador de facas, e em seguida, concentrada lentamente à pressão atmosférica até 24,0 Brix, moldada em uma bandeja e desidratada por convecção a 60 C por 21 horas. Os produtos obtidos foram caracterizados quanto ao conteúdo de umidade e atividade de água e submetidos à análise sensorial para avaliação dos atributos aceitação global e textura utilizando escala hedônica de 1 a 9 pontos, com 62 consumidores. O produto F1, com 70% de coproduto de pêssego, apresentou o menor conteúdo de umidade e a atividade de água intermediária, 0,711. O produto F3, com a formulação 50/50 (coproduto de pêssego/polpa de manga), apresentou a menor atividade de água, 0,676, que contribuiu para sua estabilidade durante o armazenamento. Também foi o que obteve o maior percentual de aprovação sensorial (notas acima de 7,0) tanto para o atributo textura quanto para aceitação global, sendo, portanto, definida como a formulação mais adequada para a fruta laminada de manga e coproduto de pêssego. Palavras-chave: Prunus persica L, manga, resíduo, secagem, aceitação sensorial. Abstract Development of fruit leather from co-product of the processing of peach puree. In the processing of peach puree, the residual fraction of depulping contains compounds of nutritional interest and their use can contribute for obtaining new, healthy and low-cost food products. The objective of this work was to study the development of 180

fruit leather using as raw material the coproduct of the processing of peach puree. The fibrous fraction, retained by the sieve during the peach depulping, was the raw material used in this work. For obtaining the fruit leather, three samples with different proportions of peach coproduct and mango pulp (F1: 70/30, F2: 60/40, F3: 50/50), added of mango pulp, sugar and pectin, were evaluated. The mixture was standardized in a knife disintegrator and concentrated at low heat to 24.0 Brix. Thus, it casted and dehydrates in a tray dryer at 60 C for 21 hours. The products obtained were characterized for soluble moisture and water activity and submitted to sensory analysis to evaluate the global and texture acceptance using a hedonic scale of 1 to 9 points, with 62 consumers. The sample with 70% of peach coproduct showed lower humidity and intermediate water activity, of 0.711, among the three products. The product F3 with formulation 50/50 (peach coproduct/mango pulp) showed the lowest water activity, 0.676, which contributes to the stability of the product during storage. Also, this was the formulation that obtained the highest percentage of sensory acceptance (scores above 7.0) for both texture and global acceptance attributes and, then, it was defined as the most suitable for the mango and peach coproduct fruit leather. Keywords: Prunus persica L, mango, waste, drying, sensory acceptance. Introdução O aproveitamento de coprodutos agroindustriais tem se tornado cada dia mais necessário para a sustentabilidade tanto econômica quanto ambiental das indústrias. Os coprodutos provenientes do processamento de frutas, em geral, são ricos em compostos potencialmente bioativos como carotenoides, antocianinas, fibras, entre outros (Viuda- Martos et al., 2015). As fibras alimentares encontradas nestes coprodutos possuem propriedades funcionais e fisiológicas e apresentam potencial para serem utilizadas como ingredientes na indústria de alimentos, podendo contribuir para a saúde dos consumidores (Ktari et al., 2014). No processamento de polpas e purês de frutas, a fração residual do despolpamento também contém compostos de interesse nutricional. O seu aproveitamento pode gerar novos produtos alimentícios, saudáveis e de baixo custo, e reduzir o descarte de resíduos orgânicos da indústria. Uma opção para aplicação deste tipo de coproduto é na elaboração de frutas laminadas. As frutas laminadas são obtidas por meio da secagem de polpas concentradas, podendo ser adicionado ou não de outros ingredientes. O produto final se assemelha a um couro ou uma folha flexível e por isso, em alguns países, é chamado de fruit leather (Valenzuela & Aguilera, 2015). Este tipo de produto pode ser obtido a partir de diferentes frutas, incluindo maçã, damasco, uva, jaca, kiwi, laranja, mamão, pêssego, pera e várias outras frutas (Huang & Hsieh, 2005). Como o seu processamento inclui a remoção de parte da água, o tempo de vida útil é maior e pode ser armazenado sem a necessidade de refrigeração. Com a remoção de umidade, a desidratação também reduz a massa e o volume do produto, tornando o armazenamento e transporte mais eficientes (Kingsly et al., 2007). São, portanto, produtos de fácil consumo e rico nos nutrientes das frutas que são utilizadas como matérias-primas. O pêssego (Prunus persica L. Batsch) é um fruto típico de regiões de clima temperado e teve a sua origem na China, onde se concentra a maior produção mundial 181

(FAO, 2013). No Brasil, o Rio Grande do Sul é o maior produtor, com mais de 160 mil toneladas, numa área de 18,5 mil hectares (Emater, 2014).Além de saboroso e de aparência agradável, o pêssego contém carotenoides, vitamina C e fibras (Gil et al., 2002) e é destinado ao consumo in natura e processado, em forma de compotas, geleias, sucos e frutas desidratadas, possibilitando o seu consumo em outras regiões (Raseira & Quesada, 2000). Durante a extração da polpa de pêssego é gerado um coproduto, a fração retida na despolpadeira, que é, em geral, descartado para o meio ambiente. Por outro lado, estudos têm mostrado que, assim como a parte comestível, a casca do pêssego também contém quantidades consideráveis de compostos fenólicos, carotenoides e vitamina C, apresentando propriedades antioxidantes (Liu et al., 2015; Saidani et al., 2017)." A manga (Mangifera indica L.) é uma das frutas mais apreciadas e consumidas no Brasil em função das suas características de sabor e aroma. É bastante utilizada como matéria-prima para vários produtos, o que faz com que seja uma das frutas tropicais de maior expressão econômica tanto no mercado interno quanto externo. Além do seu consumo in natura, diferentes produtos são obtidos como polpa congelada, fruta em calda, desidratados, sucos, purês, picles, chutney, geleia, entre outros (Ravani & Joshi, 2013). Assim, o objetivo deste trabalho foi desenvolver um produto à base do coproduto do processamento do purê de pêssego e da polpa de manga visando à obtenção de um laminado de boa aceitação sensorial. Material e Métodos Matérias-primas Foram utilizados polpa congelada de manga (Ice Fruit, Brasil), adquirida no comércio local da cidade do Rio de Janeiro-RJ (Brasil), e o coproduto do processamento do purê de pêssego (Prunus persica L.). Para a obtenção do coproduto, os pêssegos foram lavados e submetidos ao branqueamento para facilitar a retirada da casca. Em seguida, os pêssegos foram desintegrados e despolpados em despolpadeira horizontal de escovas (Itametal, Brasil), com peneira de 0,6 mm. A fração fibrosa, retida pela peneira, foi a matéria-prima utilizada neste trabalho. Os insumos utilizados foram açúcar refinado comercial e pectina de baixo teor de metoxilação (LM 102 AS, CP Kelco). Desenvolvimento da fruta laminada O desenvolvimento do produto foi realizado na Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ, Brasil). Em testes preliminares, foram testadas diferentes proporções dos ingredientes, grau de concentração e tempo de secagem, estabelecendo-se as condições de processo. Para a definição da formulação final do produto, foram avaliadas as proporções de coproduto de pêssego e polpa de manga de 70/30 (F1), 60/40 (F2) e 50/50 (F3), mantendose a relação entre a mistura de frutas (95%), açúcar (4%) e pectina (1%). O processamento incluiu, inicialmente, as etapas de mistura e homogeneização das matérias-primas em liquidificador industrial e concentração lenta até 24 Brix. Em seguida, o concentrado foi moldado em bandejas de aço inox e levado para desidratação em secador de bandejas a 60 C (Nogueira et al. 2015), por 21 horas. 182

Análises químicas As matérias-primas foram caracterizadas quanto ao ph, sólidos solúveis e acidez (AOAC, 2005) e os produtos obtidos foram analisados para determinação da umidade (AOAC, 2005) e atividade de água, medida no equipamento Aqualab. Análise sensorial A análise sensorial foi realizada para a avaliação da aceitação global e aceitação do atributo textura, segundo método descrito por Meilgaard et al.(1991). A aceitação de 62 consumidores foi avaliada por meio de escala hedônica estruturada, variando de 1 (desgostei muitíssimo) a 9 (gostei muitíssimo). A apresentação das amostras foi monádica, em pires de louça branca codificados com números de três dígitos, sendo servidas sob iluminação branca nas cabines no Laboratório de Análise Sensorial e Instrumental (LASI). Os dados foram analisados por Análise de Variância (ANOVA) e as médias foram comparadas estatisticamente pelo teste de Tukey ao nível de 5% de significância. A análise de Agrupamento Aglomerativa Hierárquica (CAH) foi aplicada no conjunto de dados para segmentação dos consumidores em clusters de similaridades. O método de agregação de Ward e dissimilaridade de distância euclidiana foram utilizados. O tratamento dos dados foi realizado no software estatístico XLSTAT 6. Resultados e Discussão As características das matérias-primas estão apresentadas no quadro 1, onde se pode observar a maior acidez e, consequentemente, o menor ph do coproduto do pêssego, o que é importante tanto para o equilíbrio doce-ácido no sabor, quanto para a preservação do produto final. A atividade de água e a umidade dos produtos obtidos com cada formulação encontram-se no quadro 2. Os teores de umidade encontram-se na mesma faixa de valores determinados por outros autores. No estudo feito por Huang & Hsieh (2005), avaliando as propriedades físicas de fruta laminada à base de pera, a umidade variou de 6,42% a 13,47%. O produto obtido com a formulação 1, com 70% de coproduto de pêssego, apresentou menor umidade, porém atividade de água de 0,711, um valor intermediário entre os três produtos, enquanto que o produto F3 (50:50) apresentou menor atividade de água e umidade intermediária, provavelmente devido à maior proporção de polpa de manga (50%). Alimentos com maior quantidade de açúcar ou com açúcar adicionado têm a sua atividade de água reduzida (Franco & Landgraf, 2005) e é importante ressaltar a importância de conseguir obter produtos com valores baixos de umidade e atividade de água a fim de se atingir um maior tempo de vida útil, devido à inibição do crescimento microbiano. A análise de agrupamento CAH foi realizada sobre as respostas de aceitação de cada consumidor. A segmentação dos consumidores é baseada no agrupamento das notas dadas individualmente, obtendo-se distintos segmentos ou grupos de consumidores que atribuíram notas similares. Assim, foram obtidos dois segmentos principais de consumidores, com diferentes comportamentos quanto à aceitação das formulações. As médias de aceitação obtidas em cada um destes segmentos (quadro 3) demonstraram uma preferência pelas formulações F3 e F2 (notas 6,6 e 6,4, respectivamente) em detrimento da formulação F1, no maior grupo de consumidores (composto por 45 indivíduos, N=45), apresentando diferença significativa entre as médias. O segundo grupo de consumidores (composto por 17 indivíduos, N=17) rejeitou todas as formulações desenvolvidas. Pôde-se 183

observar também que o aumento da proporção de coproduto de pêssego causou a diminuição das médias de aceitação das amostras, sendo que, para ambos os grupos de consumidores, uma proporção de 70% causou a rejeição da textura do produto. Na fig. 1 estão os resultados do percentual de provadores que atribuíram notas de aceitação entre 7,0 (gostei moderadamente) e 9,0 (gostei muitíssimo) para cada produto. A formulação F3 obteve o maior percentual de aprovação sensorial (notas acima de 7,0) tanto para o atributo textura quanto para aceitação global, sendo, portanto, definida como a mais adequada para a fruta laminada de coproduto de pêssego e manga. Resultados similares foram obtidos por Paul (2011), cujo estudo da composição nutricional e avaliação sensorial da fruta laminada de manga possibilitaram a obtenção de um produto com boa aceitação de todas as formulações, além de apresentarem tempo de vida útil de até 60 dias, sem crescimento microbiano. Conclusões O desenvolvimento da fruta laminada de manga e coproduto de pêssego mostrou o potencial de aproveitamento deste coproduto do processamento do purê de pêssego. As frutas laminadas desenvolvidas apresentaram valores de umidade e atividade de água compatíveis com produtos desidratados. A formulação do produto com proporções iguais de manga e coproduto de pêssego (50:50) apresentou a menor atividade de água dentre os produtos e boa aceitação sensorial pelos consumidores, sendo então a formulação selecionada para a elaboração da fruta laminada. Referências AOAC. Official Methods of Analysis. 2005. Arlington, VA, USA: Association of Official Analytical Chemist. Emater. 2014. Quinzena do pêssego tem início em Pelotas. Pelotas. Disponível em: www.emater.tche.br/site/noticias/detalhe-noticia.php?id=20480. Acesso em: 02 set. 2017. Food And Agriculture Organization Of The United Nations. 2013. Base de dados estatísticos Faostat Agriculture. Disponível em: www.fao.org/brasil/pt/. Acesso em 02 set. 2017. Franco, B.D.G.M. & Landgraf, M. 2005. Microbiologia dos alimentos. Atheneu, São Paulo. Gil, M.I; Tomás-Barberán, F.A.; Hess-Pierce, B. & Kader, A.A. 2002. Antioxidant Capacities, Phenolic Compounds, Carotenoids and Vitamin C Contents of Nectarines, Peach and Plum Cultivars from Califórnia. Journal of Agricultural and Food Chemistry 50:4976-4982. Huang, X. & Hsieh, F. 2005. Physical properties, sensory attributes, and consumer preference of pear fruit leather. Journal of Food Science 70:177-186. Ktari, N., Smaoui, S., Trabelsi, I., Nasri, M. & Ben Salah, R. 2014. Chemical composition: techno-functional and sensory properties and effects of three dietary fibers on the quality characteristics of Tunisian beef sausage. Meat Sci. 96:521 525. Kingsly, R.P., Goyal, R.K., Manikantan, M.R. & Ilya, S.M. 2007. Effects of pretreatments and drying air temperature on drying behaviour of peach slice. International Journal of Food Science and Technology 42:65-69. 184

Liu, H. Cao, J. & Jiang, W. 2015. Evaluation and comparison of vitamin C, phenolic compounds, antioxidant properties and metal chelating activity of pulp and peel from selected peach cultivars. LWT - Food Science and Technology 63: 1042-1048. Meilgaard, M., Civille, G.V. & Carr, B.T. 1991. Sensory Evaluation Techniques. Boca Raton: CRC Press 2:354. Nogueira, R.I., Cornejo, F.E,P. & Wilberg, V.C. 2015. Manual para Construção de um Desidratador de Produtos Agroindustriais. Documentos / Embrapa Agroindústria de Alimentos 24p. Paul, S.C. Comparative study of mango leather. 2011. 60f. Dissertação (Mestrado em ciência e engenharia de alimentos). Departamento de Tecnologia de Alimentos e Indústrias Rurais. Bangladesh Agricultural University Mymensingh. Mymensingh, 2011. Raseira, M.C.B. & Quezada, A.C. Pêssego. 2000. Produção: aspectos técnicos. Brasilia: Embrapa Comunicação para Transferência de tecnologia. Ravani, A., & Joshi, D.C. 2013. Mango and it's by product utilization a review. Trends in Post-Harvest Technology 1:55-67. Saidani, F., Giméneza, R., Aubertb, C., Chalotb, G., Betránc, J.A. & Gogorcenaa, Y. 2017. Phenolic, sugar and acid profiles and the antioxidant composition in the peel and pulp of peach fruits. Journal of Food Composition and Analysis 62:126 133. Valenzuela, C & Aguilera, J.M. 2015. Effects of maltodextrin on hygroscopicity and crispness of apple leathers. Journal of Food Engineering 144:1-4. Viuda-Martos, M., Barber, X., Pérez-Álvarez, J.A. & Fernández-López, J. 2015. Assessment of chemical, physico-chemical, techno-functional and antioxidant properties of fig (Ficus carica L.) powder co-products. Industrial Crops and Products 69:472-479. Quadro 1 - Características físico-químicas das matérias-primas Formulações Polpa de manga Coproduto de pêssego Sólidos solúveis ( o Brix) 12,2 12,1 ph 4,55 3,77 Acidez (g/100g) 0,35 0,76 Quadro 2 - Umidade e atividade de água das formulações de fruta laminada. Formulações (coproduto pêssego/manga) Umidade (%) Atividade de água F1 (70/30) 12,58 0,711 F2 (60/40) 18,68 0,715 F3 (50/50) 17,80 0,676 185

Quadro 3 - Médias de aceitação das formulações de fruta laminada após segmentação dos consumidores. Segmento 1 (N=45) Segmento 2 (N=17) Formulações Aceitação Textura Aceitação Global Textura Global (coproduto pêssego/manga) F3 (50/50) 6,6 a 6,6 a 3,0 a 5,5 a F2 (60/40) 6,4 a 6,5 a 2,7 ab 4,2 ab F1 (70/30) 5,3 b 4,2 b 2,1 b 3,2 b Notas médias obtidas em escala hedônica variando de 1 desgostei extremamente a 9 gostei extremamente; letras diferentes na mesma coluna indicam significância no nível de 5% pelo teste de Tukey Figura 1 - Percentagem de provadores que atribuíram notas de aprovação para aceitação global e textura das três formulações de fruta laminada. Proporção coproduto pêssego/manga: F1 70/30, F2 60/40, F3 50/50. Notas de aprovação atribuídas variando de 7,0 (gostei moderadamente) a 9,0 (gostei muitíssimo). 186