PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ALUNOS IDOSOS DA FACULDADE DA TERCEIRA IDADE DA UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA



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Transcrição:

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ALUNOS IDOSOS DA FACULDADE DA TERCEIRA IDADE DA UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA Ariana Pilar Rosa 1, Marcelo de Souza Brito 1, Emmelin Souza Monteiro 1, Luís Carlos Laureano da Rosa 1,2, Leandro Yukio A. Kawaguchi 1, Fabiano de Barros Souza 1,2 1 Universidade do Vale do Paraíba, Faculdade de Ciências da Saúde/FCS e 2 Faculdade de Educação/FE, Avenida Shishima Hifumi, 2911, Urbanova-CEP 12222-070 São José dos Campos São Paulo e-mail: arianapilar@hotmail.com, marcelo.sbrito@hotmail.com, emmelin_sm@yahoo.com.br, laureanodarosa@gmail.com, leandrok@univap.br, fabiano@univap.br Resumo - O envelhecimento da população vem ocorrendo, mundialmente, de forma acentuada o que é atribuído basicamente a dois fatores: a diminuição da taxa de natalidade e ao aumento da expectativa de vida. Este artigo apresenta a pesquisa realizada com os alunos idosos da Faculdade da Terceira Idade da Universidade do Vale do Paraíba - UNIVAP do Município de São José dos Campos, tendo como objetivo abordar informações referentes à realidade epidemiológica, analisando o perfil dessa população, através da aplicação de um questionário. Encontrou-se um predomínio do sexo feminino (88,5%), entre os alunos idosos, sendo que 82% apresentaram algum tipo de patologia. A mais freqüente foi hipertensão arterial, 81,3% fazem uso de algum tipo de medicamento, e a maioria, 91,4%, pratica algum tipo de atividade física. Mostrando, portanto, resultados similares quanto ao estado de saúde, ao serem comparados com a população idosa do Município de São José dos Campos e com a população idosa brasileira e mundial. Embora a amostra estudada seja composta por idosos ativos, independentes e com razoável nível sociocultural, isso não contribuiu favoravelmente para que houvesse uma melhora no perfil epidemiológico. Palavras-chave: Idoso, Epidemiologia do envelhecimento, Terceira idade Área do Conhecimento: IV- Ciências da Saúde Introdução O envelhecimento da população vem ocorrendo, mundialmente, de forma acentuada o que é atribuído basicamente a dois fatores: a diminuição da taxa de natalidade e ao aumento da expectativa de vida (SANTANA; POUCHAIN; BISSI, 2002). O número de pessoas com mais de 60 anos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), já corresponde a mais de 12% da população mundial, e até o meio deste século chegará aos 2 (ONU, 1996). O estatuto do idoso (2003) institui como pessoa da terceira idade ou idoso, indivíduos com sessenta ou mais anos de idade. No Brasil, segundo o Censo 2000, o número de habitantes com sessenta ou mais anos de idade passou de 3 milhões em 1960 para 14 milhões em 2000, devendo atingir 32 milhões em 2025, correspondendo a sexta mais numerosa população idosa no mundo (IBGE, 2002). No Estado de São Paulo estão 22,81% dos idosos brasileiros e 49,26% dos idosos da Região Sudeste, o que indica ter esse estado a maior população idosa do Brasil. O Município de São José dos Campos/SP abrange, segundo o Censo 2000, 35.492 pessoas com 60 anos ou mais de idade, o que representa 6,6% da população total da cidade (IBGE, 2002). Devido a esses dados, cresce a preocupação com os problemas associados à saúde, pois com o avanço da idade aumenta a incidência de doenças em decorrência das alterações fisiológicas que acompanham o processo de envelhecimento (JACOB, 2005; PORTO, 2001; WICK et al., 2000). Em São José dos Campos foi criada, em 1991, a Faculdade da Terceira Idade da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP), em ação conjunta entre o Serviço Social do Comércio (SESC) e a UNIVAP, que oferece atividades voltadas para pessoas acima de 45 anos e/ou para o segmento da população idosa. O presente artigo teve por objetivo abordar informações referentes à realidade epidemiológica, analisando o perfil dos alunos idosos da Faculdade da Terceira Idade da UNIVAP do Município de São José dos Campos, podendo assim, contribuir para a organização e o desenvolvimento de ações e programas voltados para a área de saúde do idoso. Materiais e Métodos Considerando uma população de tamanho infinito, utilizou-se uma amostra não probabilística de 215 alunos da Faculdade da Terceira Idade da UNIVAP, que proporciona resultados com uma margem de erro da estimativa da verdadeira proporção populacional de 0,068, o equivalente decimal de 6,8 pontos percentuais, e com um nível de confiança de 95%. 863

O estudo foi realizado após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVAP (Protocolo nº L202/2005/CEP), utilizando o método quanti-qualitativo mediante análise de questionários individuais, aplicados de forma indireta (auto preenchimento), no período de abril a maio de 2006, na Faculdade da Terceira Idade UNIVAP. Esse questionário foi formulado com base nos questionários Short Form 36 (CICONELLI et al, 1999) e o utilizado no projeto Sabe (Saúde, Bem estar e Envelhecimento) modificados para atingir o objetivo do estudo, abrangendo dados pessoais, estado de saúde e qualidade de vida (SABE, 2000). Todos os participantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), contendo informações que os deixaram conscientes do objetivo e da importância do trabalho, cujas informações obtidas serão mantidas em sigilo. Os dados obtidos através dos questionários possibilitaram a criação de um banco de dados. A análise desses dados foi realizada através da Estatística Descritiva e Inferência (VIEIRA, 1998), com a utilização do Software Excel (planilha de dados e gráficos) e o Software BIOEST (médias, porcentagens, índice de confiança e desvio padrão). Resultados Do total de alunos da amostra, 64,65% (139) tinham sessenta ou mais anos de idade e aqui serão denominados de idosos. Os alunos idosos apresentaram uma idade média de 67,8 anos (± 6,42 anos), podendo observar na Figura 1 a predominância do sexo feminino, representando um percentual de 88,5%. 10 2 88,5% Mulheres 11,5% Homens Figura 1 Porcentagem de alunos idosos separados pelo gênero. A Figura 2 mostra que a maior representatividade de alunos idosos (64%) encontra-se na faixa etária dos 60 a 69 anos e, a menor faixa é a dos 80 anos ou mais com 6,5%, sendo que a média de idade entre as mulheres é de 67,4 anos (± 6,4 anos) e entre os homens de 70,8 anos (± 6,2 anos). 2 64, 29,5% 6,5% 60-69 anos 70-79 anos 80 ou maior Figura 2 Distribuição dos alunos idosos por grupos de idades. Nota-se através da Figura 3 que a maioria dos alunos idosos (82%) apresentaram algum tipo de patologia, entretanto foi observado que 66,9% se tratavam e 15,1% não faziam nenhum tipo de tratamento. 10 2 18% Nenhuma patologia 82% Alguma patologia Figura 3 Distribuição dos alunos idosos que apresentam alguma patologia. Outro dado importante observado entre os participantes idosos, foi que 81,3% fazem uso de algum tipo de medicamento. Porém, 6,2% usam medicamentos não estando em tratamento. Na Tabela 1, observa-se que as três doenças com maior incidência entre os alunos idosos foram hipertensão arterial (51,8%), problema na coluna (40,3%) e colesterol alto (31,7%). Tabela 1 - Patologias mais freqüentes apresentadas pelos alunos idosos Faz Não faz Patologias % tratamento tratamento % % Hipertensão Arterial 51,8 44,6 7,2 Colesterol Alto 31,7 24,5 7,2 Diabetes 15,1 15,1 - Problema na coluna 40,3 29,7 10,6 Artrose 22,3 15,8 6,5 Artrite 17,3 13,7 3,6 Osteoporose 18 13,7 5,0 Bronquite 10,1 5,1 5,0 Rinite Alérgica 20,1 12,2 7,9 Enxaqueca 25,2 17,3 8,1 Gastrite 24,5 17,3 7,2 864

Entre os hipertensos, alguns apresentaram outra patologia associada, sendo que 13,9% tiveram associado diabetes, 30,5% colesterol alto e 5,5% colesterol alto e diabetes. Dentre as respostas dadas pelos participantes, obtiveram-se dois dados relevantes: um referente ao nível de depressão, onde 43,2% dos alunos idosos apresentaram algum nível de depressão (moderado 19,4%, baixo 16,5% e alto 7,2%) e o outro com relação a tratamento fisioterapêutico, onde 64% dos indivíduos já haviam realizado algum tipo de tratamento a partir dos 45 anos de idade. A Figura 4 relaciona as patologias mais freqüentes (tabela 1) com o conhecimento sobre a doença. Observa-se que dos alunos idosos que relataram ter alguma doença, 28,9% manifestaram não ter conhecimento sobre ela. 2 71,1% Tem conhecimento 28,9% Não tem conhecimento Figura 4 Alunos idosos que relataram ter algum conhecimento sobre a patologia apresentada. A maioria, 91,4% dos alunos idosos pratica algum tipo de atividade física, sendo que a caminhada é a preferida para quem pratica apenas uma atividade. Como demonstrado na Figura 5, 35,3% são praticantes de mais de uma atividade física. não praticante caminhada musculação hidroginastica natação outras atividades mais de 1 atividade 5,8% 5, 4,3% 8,6% 8,6% 32,4% 35,3% 1 2 3 Figura 5 Porcentagem de alunos idosos que praticam alguma atividade física distribuída por modalidades. A freqüência semanal dos alunos idosos que praticam algum tipo de atividade física varia entre duas a três vezes (55,1%), quatro a seis vezes (30,7%), diariamente (7,9%) e somente uma vez (6,3%). Na opinião de todos os participantes desse estudo, 64,7% disseram haver poucas atividades voltadas para a Terceira Idade no Município de São José dos Campos. Discussão Os resultados deste estudo, comparados com perfis de outras experiências de Universidades para a Terceira Idade, guardam muita semelhança. Foi observada a predominância dos alunos idosos do sexo feminino (88,5%), o que demonstra resultado similar ao de pesquisas realizadas no Projeto Sênior da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Universidade Aberta à Terceira Idade da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UnATI/UERJ) e na Universidade Aberta para a Terceira Idade no estado de Pernambuco (UnATI/UFPE) (LEITE et al., 2006; ANDERSON et al., 1998). Como reflexo da situação encontrada por Cunha (2004) no Município de São Jose dos Campos onde a maior representatividade de idosos estava na faixa entre 60 a 69 anos, este estudo também teve predomínio desta faixa etária. O mesmo foi encontrado por Zaitune et al. (2006) no Município de Campinas, e por Anderson (1998) através de um estudo feito na população brasileira. Na velhice o sistema imunológico se apresenta, normalmente, mais deprimido limitando a capacidade reativa imune do idoso e apresentando com isso maior suscetibilidade às doenças (PORTO, 2001; WICK et al., 2000). O estudo verificou que a maior parte dos alunos idosos (82%) apresentaram algum tipo de patologia, porcentagem semelhante a encontrada nos estudos de Ramos (2003), Zaitune et al. (2006) e, Cunha (2004), nos Municípios de São Paulo, Campinas e São José dos Campos respectivamente. Entretanto, foi observado que os alunos que apresentaram alguma patologia, 15,1% não faziam nenhum tipo de tratamento. Outro dado que chamou a atenção foi que, mesmo esses alunos sendo relativamente mais informados por freqüentarem uma faculdade para a Terceira Idade, 28,9% manifestaram não ter conhecimento sobre a doença relatada. A literatura médica reconhece que o envelhecimento predispõe a um consumo maior de medicamentos (NOBREGA; KARNIKOWSKI, 2005; FLORES; MENGUE, 2005). Grande parte dos participantes deste estudo (81,3%) referiram estar usando pelo menos um tipo de medicação, resultado similar foi encontrado (85%) por Anderson et al. (1998) em seu estudo feito na 865

UnATI/UERJ. Porém 6,2% dos idosos relataram usar medicamentos não estando em tratamento. Além disso, a hipertensão arterial é uma doença de alta prevalência em nosso país, atingindo cerca de 2 da população adulta jovem e cerca de 5 da população idosa (OLIVEIRA et al., 2002). Observamos que a doença com maior incidência entre os participantes também foi a hipertensão arterial (51,8%), resultado semelhante foi encontrado por outros estudiosos analisando a população idosa (ZAITUNE et al., 2006; GARCIA et al., 2006; CUNHA, 2004; BACKER et al., 1998). Em contrapartida, Anderson et al (1998) encontrou percentuais menores (29%) nos idosos da UnATI/UERJ. De acordo com o Ministério da Saúde (2000), a depressão apresenta-se com alta prevalência na população idosa. Entre os participantes, também obtivemos altos índices referentes à depressão, 43,2% dos alunos idosos apresentaram algum nível depressivo. A relação entre atividade física, saúde, qualidade de vida e envelhecimento vem sendo cada vez mais discutida e analisada cientificamente. É praticamente um consenso entre os profissionais da área da saúde que a atividade física é um dos fatores determinantes no sucesso do processo de envelhecimento (FRANCHI; JUNIOR, 2005; MATSUDO et al, 2001; BURKE et al., 2001), promovendo como benefícios a melhora da composição corporal, a diminuição de dores articulares, o aumento da densidade mineral óssea, o aumento da capacidade aeróbia, a melhora de força e flexibilidade, a diminuição da resistência vascular (PORTO, 2001; SHEPHARD, 1998). E, segundo Jacob (2005), como benefícios psicossociais encontram-se o alivio da depressão, o aumento da auto-confiança, a melhora da autoestima. Neste estudo, verificou-se que a grande maioria, 91,4%, pratica algum tipo de atividade física, revelando que a população estudada é consciente quanto à importância dessa atividade. A caminhada foi a preferida para quem praticava apenas uma atividade. Esta preferência também foi relatada no estudo realizado por Cunha (2004) no Município de São José dos Campos. Apesar dos alunos idosos que participaram deste estudo serem bem ativos, na opinião da grande maioria (64,7%) existem poucas atividades voltadas para a Terceira Idade no Município de São José dos Campos. Conclusão Através desse estudo foi possível concluir que o perfil dos idosos participantes da Faculdade da Terceira Idade de São José dos Campos - UNIVAP, aqui apresentado, mostra aspectos similares quanto ao estado de saúde, ao serem comparados com a população idosa do Município de São José dos Campos e com a população idosa brasileira e mundial. Embora a população estudada seja composta por idosos ativos, independentes e com razoável nível sociocultural, isso não contribuiu favoravelmente para que houvesse uma melhora no perfil epidemiológico desses alunos. Notamos que ainda existe uma carência de trabalhos científicos sobre Faculdades para Terceira Idade que comparem dados epidemiológicos. Cabe então aos profissionais da área da saúde, engajarem-se de maneira efetiva e eficaz na mobilização de recursos, na construção e viabilização de projetos que atinjam a meta de uma população idosa cada vez mais ativa, associando-se ao trabalho educativo de promoção e prevenção da saúde e, conseqüentemente, promovendo uma maior qualidade de vida para essa população. Referências - ANDERSON, M.I.P. Saúde e condições de vida do Idoso no Brasil. Textos sobre Envelhecimento. v.1, n.1, 1998. Disponível em: http://www.unati.uerj.br/tse/index.php. Acesso em 14 Jan. 2006. - ANDERSON, M.I.P et al. Saúde e Qualidade de Vida na Terceira Idade. Textos sobre Envelhecimento. v.1, n.1, 1998. Disponível em: http://www.unati.uerj.br/tse/index.php. Acesso em 14 Jan. 2006. - BACKER, G. et al. Prevalence, awareness, treatment and control of arterial hypertension in an elderly population in Belgium. Journal of Human Hypertension. v.12, n.10, p.701-706, 1998. - BURKE, G.L. et al. Factors Associated with Healthy Aging: The Cardiovascular Heath Study American. Journal of the American Geriatrics Society. v.49, n.3, p.254-262, 2001. - CICONELLI, R.M et al. Tradução para a língua portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida SF-36 (Brasil SF-36). Rev Bras Reumatol. v.39, n.3, p.143-150, 1999. - CUNHA, M.A.B. Estudo da População Idosa de São José dos Campos com vista ao Planejamento Urbano. 2004. Dissertação (Mestrado em Planejamento Urbano e Regional) - Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, Universidade do Vale do Paraíba, 2004. 866

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