VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA FUNDAMENTAL: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE VOZES ADAPTADAS E DISFÔNICAS

Documentos relacionados
Correlações entre idade, auto-avaliação, protocolos de qualidade de vida e diagnóstico otorrinolaringológico, em população com queixa vocal

Correspondência entre Escala Analógico-Visual e a Escala Numérica na Avaliação Perceptivo-Auditiva de Vozes

RELAÇÃO ENTRE TEMPO MÁXIMO DE FONAÇÃO, ESTATURA E IDADE EM CRIANÇAS DE 8 A 10 ANOS

Tempo Máximo de Fonação: influência do apoio visual em crianças de sete a nove anos

Discriminação entre vozes adaptadas, levemente soprosas e tensas: diferenças entre os dois primeiros harmônicos

AVALIAÇÃO VOCAL EM CRIANÇAS DISFÔNICAS ANTES E APÓS INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM GRUPO

Inês Silvestre Isabel Guimarães António Teixeira

Análise visual de parâmetros espectrográficos pré e pósfonoterapia

ANÁLISE DA VOZ DE DEFICIENTES AUDITIVOS PÓS-LINGUAIS PRÉ E PÓS USO DE IMPLANTE COCLEAR

Uso das ferramentas de análise acústica para avaliação da voz sob efeitos imediatos de exercícios vocais.

Priscila Campos Martins AVALIAÇÃO PERCEPTIVO-AUDITIVA DO GRAU DE DESVIO VOCAL: CORRELAÇÃO ENTRE ESCALA VISUAL ANALÓGICA E ESCALA NUMÉRICA

LESÕES DE BORDA DE PREGAS VOCAIS E TEMPOS MÁXIMOS DE FONAÇÃO

Phonatory deviation diagram in two vocal rehabilitation programs. Diagrama de Desvío Fonatório en dos programas de rehabilitación vocal

Medidas de inteligibilidade da fala: influência da análise da transcrição e do estímulo de fala.

60 TCC em Re-vista 2012

Marcela Guimarães Côrtes ANÁLISE COMPARATIVA DOS PARÂMETROS ESPECTROGRÁFICOS DA VOZ ANTES E DEPOIS DA FONOTERAPIA

CORRELATOS ACÚSTICOS DOS AJUSTES SUPRAGLÓTICOS DE QUALIDADE VOCAL

PARÂMETROS VOCAIS, LARÍNGEOS E DE AUTOPERCEPÇÃO DE PROFESSORAS DISFÔNICAS: ANÁLISE APÓS TRATAMENTO FONOAUDIOLÓGICO

DISFONIAS DE BASE COMPORTAMENTAL E ORGÂNICAS POR NEOPLASIAS: ANÁLISE DE DIAGRAMAS DE DESVIO FONATÓRIO

VOZ E PROCESSAMENTO AUDITIVO: TEM RELAÇÃO??

Análise acústica e perceptivo-auditiva da voz em indivíduos com doença de Parkinson Idiopática nos estágios on e off

A efetividade de um programa de treinamento vocal para operadores de telemarketing

Estudo da constância de medidas acústicas de vogais prolongadas e consecutivas em mulheres sem queixa de voz e em mulheres com disfonia

Voz ressoante em alunos de teatro: correlatos perceptivoauditivos e acústicos da emissão treinada Y-Buzz de Lessac

Comportamento vocal de teleoperadores pré e pósjornada

INTÉRPRETES DE SAMBA-ENREDO E CANTORES DE PAGODE: COMPARAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS VOCAIS E DA CONFIGURAÇÃO DO TRATO VOCAL

Avaliação perceptivo-auditiva do grau de desvio vocal: correlação entre escala visual analógica e escala numérica

Palavras Chave: Distonia, Voz, Qualidade de Vida

Comparação das variações acústicas da fala entre famílias fluentes e famílias com diagnóstico de gagueira

Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc

DISFONIAS DE BASE COMPORTAMENTAL E ORGÂNICAS POR NEOPLASIAS: ANÁLISE ESPECTROGRÁFICA COMPARATIVA

SOBRECARGA DO CUIDADOR DE DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL E DOENÇA DE ALZHEIMER.

Função fonatória após o uso prolongado da voz.

Studies have established that normative data is necessary

Diferenças entre o Português Europeu e o Português Brasileiro: Um Estudo Preliminar sobre a Pronúncia no Canto Lírico

Efeitos imediatos do exercício vocal sopro e som agudo

ANÁLISE ACÚSTICA DE VOZES INFANTIS: CONTRIBUIÇÕES DO DIAGRAMA DE DESVIO FONATÓRIO

Sinais e sintomas da disfunção autônoma em indivíduos disfônicos

AVALIAÇÃO VOCAL NA PERSPECTIVA DE PROFESSORES E FONOAUDIÓLOGOS: SIMILITUDES RELACIONADAS À QUALIDADE VOCAL

ÍNDICE DE DESVANTAGEM VOCAL NOS LARINGECTOMIZADOS TOTAIS

Fonoaudióloga Mestranda Ana Paula Ritto Profa. Dra. Claudia Regina Furquim de Andrade

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES DISFÔNICOS ACOMPANHADOS PELO PROVOX

TCC em Re-vista ROSA, Maristela de Andrade; ROSSINI, Vanessa Francisco 14.

RELAÇÃO ENTRE RUÍDO AUTORREFERIDO EM SALA DE AULA E SUAS CONSEQUÊNCIAS SOBRE A VOZ

FREQUÊNCIA FUNDAMENTAL DA VOZ DE CRIANÇAS

A pessoa com disfonia: análise comparativa pré e pós terapia vocal

Estratégias em Telesserviços. Josimar Gulin Martins 1

Alterações vocais no Parkinson e método Lee Silverman

Queixa vocal e análise perceptivo-auditiva de pacientes com doença de Parkinson

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS BLENDA STEPHANIE ALVES E CASTRO

TRATAMENTO DOS DISTÚRBIOS DA VOZ NA DOENÇA DE PARKINSON

Bioestatística CE001 Prof. Fernando de Pol Mayer Departamento de Estatística DEST Exercícios: medidas resumo Nome: GABARITO

Avaliação da performance vocal antes e após a vibração sonorizada de língua

ANÁLISE ACÚSTICA E PERCEPTIVO-AUDITIVA DA VOZ EM PACIENTES PARKINSONIANOS PRÉ E PÓS-TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA

Voz e fala de Parkinsonianos durante situações de amplificação, atraso e mascaramento

CORRELAÇÃO ENTRE DADOS PERCEPTIVO-AUDITIVOS E QUALIDADE DE VIDA EM VOZ DE IDOSAS

Introduction: Vocal quality can be assessed by auditory

Voz e disfunção temporomandibular em professores

A EFICÁCIA DA INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA FONOAUDIOLÓGICA NOS DISTÚRBIOS DO ESPECTRO AUTÍSTICO

Avaliação da telelaringoscopia no diagnóstico das lesões benignas da laringe

TÍTULO: DESVANTAGEM VOCAL EM CANTORES POPULARES PROFISSIONAIS E AMADORES COM E SEM TREINAMENTO

Análise vocal acústica: efeito do treinamento auditivovisual para graduandos de Fonoaudiologia

Plano de Ensino da Disciplina

Luiza Lara Marques Santos Natália Aparecida Sanches

ESTUDO COMPARATIVO DO PERFIL VOCAL DE ATORES DE TEATRO PROFISSIONAIS E ATORES EM FASE DE FORMAÇÃO ACADÊMICA

AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE TONICIDADE E DISTINÇÃO DE OCLUSIVAS SURDAS E SONORAS NO PB

Características da fonetografia em coristas de diferentes classificações vocais

Revista CEFAC ISSN: Instituto Cefac Brasil

ULTRACAVITAÇÃO NO TRATAMENTO DO FIBRO EDEMA GELÓIDE AVALIADO POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

TEMPOS MÁXIMOS DE FONAÇÃO E CARACTERÍSTICAS VOCAIS ACÚSTICAS DE MULHERES COM NÓDULOS VOCAIS

Avaliação da Voz e do Comportamento Vocal em Crianças com Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade

AVALIAÇÃO VOCAL DE CRIANÇAS DISFÔNICAS PRÉ E PÓS INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM GRUPO: ESTUDO DE CASO

Journal Club (set/2010)

Estudo comparativo do perfil vocal de atores de teatro profissionais e atores em fase de formação acadêmica.

TIPOLOGIAS DE RUPTURAS DE FALA EM INDIVÍDUOS GAGOS E FLUENTES: DIFERENÇAS ENTRE FAIXAS ETÁRIAS

Increased life expectancy raises demands for special

DIADOCOCINESIA ORAL E LARÍNGEA EM INDIVÍDUOS A PARTIR DE CINQÜENTA ANOS DE IDADE

SOM FRICATIVO SONORO /Z/: MODIFICAÇÕES VOCAIS

Mismatch Negativity (MMN) é um potencial evocado auditivo endógeno, influenciado

TIPOS DE PESQUISA. Pesquisa Direta. Tipos de Pesquisas. Métodos de Pesquisa Direta 22/03/2014. Pesquisa de Campo (aplicada)

Fazer um diagnóstico. Testes Diagnósticos. Necessidade dos testes. Foco principal

Fazer um diagnóstico. Necessidade dos testes. Foco principal. Variabilidade do teste. Diminuição das incertezas definição de normal

Registros vocais no canto aspectos perceptivos, acústicos, aerodinâmicos e fisiológicos da voz modal e da voz de falsete

Andréa Cristina Joia Gramuglia. Parâmetros vocais perceptivo-auditivos e acústicos em crianças com nódulos vocais. Botucatu

ACOUSTIC ANALYSIS OF SPEECH BEFORE AND AFTER ADENOTONSILLECTOMY ANÁLISIS ACÚSTICO ANTES Y DESPUÉS DE CIRUGÍA DE TONSILECTOMÍA/ ADENOIDECTOMÍA

Percepção dos pais sobre a qualidade de vida em voz e evolução clínica de crianças disfônicas pré e pós-terapia fonoaudiológica em grupo

Revista CEFAC ISSN: Instituto Cefac Brasil

DISFONIA. Justificativa Tipos N máximo de sessões Videolaringoscopia: é um exame

Análise das rupturas de fala de gagos em diferentes tarefas

Palavras-chave: Acústica - Fonética - Música

Elaine Lara Mendes Tavares. Estudo epidemiológico dos distúrbios da voz em. escolares de 4 a 12 anos.

ANÁLISE VOCAL EM PACIENTES COM DISFONIA ESPASMÓDICA NOS MOMENTOS PRÉ E PÓS TRATAMENTO COM TOXINA BOTULÍNICA A

Teste Qui-quadrado. Dr. Stenio Fernando Pimentel Duarte

Anexo 1: Fig. 1 Cartilagens da laringe. (McFarland, D. [2008]. Anatomia em Ortofonia Palavra, voz e deglutição. Loures: Lusodidacta)

Avaliação do risco vocal em professores do ensino fundamental

ALTERAÇÃO DE MOBILIDADE DE PREGA VOCAL UNILATERAL: AVALIAÇÃO SUBJETIVA E OBJETIVA DA VOZ NOS MOMENTOS PRÉ E PÓS-FONOTERAPIA

OCORRÊNCIA DE ANTECEDENTES FAMILIARES EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS NO ESTADO DE GOIÁS

ÍNDICE DE DESVANTAGEM VOCAL EM PACIENTES ADULTOS E IDOSOS COM QUEIXAS OTORRINOLARINGOLÓGICAS. Cláudia Amonte Barbosa

Relação entre ambiente de trabalho e alteração vocal em trabalhadores metalúrgicos

FIEP BULLETIN - Volume 82 - Special Edition - ARTICLE I (

Transcrição:

VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA FUNDAMENTAL: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE VOZES ADAPTADAS E DISFÔNICAS Autores: Márcia Menezes, Maysa T. Ubrig-Zancanella, Maria Gabriela B. Cunha, Gislaine Cordeiro e Kátia Nemr INTRODUÇÃO A avaliação objetiva da função vocal possui grande peso tanto na assistência, quanto no ensino e na pesquisa, no entanto, a presença de ruído significante no sinal vocal dificulta a acurácia da extração das medidas acústicas. Dessa forma, existem questionamentos em relação ao apropriado uso e validade dessas medidas, tais como jitter, shimmer e relação harmônico-ruído, especialmente diante de vozes alteradas, de grau moderado a severo (1) Por outro lado, é possível afirmar que a extração da freqüência fundamental e de sua variabilidade é menos factível a erros durante o seu cálculo, em comparação a essas outras medidas, já que independem da quantidade de ruído presente na voz (2) Alguma variabilidade da freqüência fundamental é esperada na voz adaptada (4); quando medida em vogais sustentadas, não ultrapassa 2 Hz em indivíduos normais, indicando o desvio padrão da fundamental (5) Podemos encontrar diferenças significantes na análise acústica entre sujeitos normais e disfônicos (5), assim como esse recurso objetivo pode ser utilizado para quantificar a severidade das disfonias (6). Os desenhos metodológicos de pesquisas em análise acústica (6,7,8) tendem a utilizar como material de estudo a região central da emissão de vogais sustentadas. Dessa forma, elimina-se o início e o fim da emissão, que são regiões de maior instabilidade vocal (5). Contudo, faz-se necessário estudar mais profundamente o valor do momento inicial e final das emissões, e qual impacto esses trechos apresentam em relação ao meio (parte central) da emissão vocal. Assim, o objetivo do presente estudo é comparar os valores de variabilidade da freqüência fundamental e do jitter em vozes femininas adaptadas e disfônicas de grau leve em três momentos distintos da emissão vocal: início, meio e fim.

MÉTODO A presente pesquisa trata-se de um estudo clínico retrospectivo randomizado, comparativo inter-sujeitos, para verificar a variabilidade da freqüência fundamental da voz de mulheres disfônicas e com vozes adaptadas em três momentos diferentes da emissão (começo, meio e fim). Para tanto foram analisadas 60 vozes femininas, sendo 30 de mulheres disfônicas (Grupo 1) que possuíam diagnóstico otorrinolaringológico de nódulos de pregas vocais e 30 de mulheres com vozes adaptada (Grupo 2), que apresentavam exame laringoestroboscópico sem qualquer alteração. Ambos os grupos foram compostos de sujeitos adultos jovens com idade entre 18 e 45 anos. Todas as vozes do Grupo 1 foram classificadas na análise perceptivo-auditiva como grau geral de disfonia leve (1) pela escala GRBAS. Já as vozes do Grupo 2 foram classificadas como sem alteração vocal (G0). As referidas vozes foram extraídas dos registros do setor de Fonoaudiologia do ambulatório de Otorrinolaringologia do HC-FMUSP. O registro vocal foi feito em ambiente silente (com tratamento acústico), direto no computador modelo Pentium II, no programa SOUD FORGE 6.0, com microfone modelo head-set ECM 909 da marca Plantronics, com ângulo de captação direcional de 45 º a 4 cm da comissura labial. O material de voz analisado foi a vogal sustentada /é/ em frequência e intensidade habitual de fala. As vozes do G1 e G2 foram editadas em três sub-grupos, sendo o grupo A referente aos dois segundo iniciais, o grupo B referente aos 5 segundos mediais e o grupo C aos dois segundos finais da emissão. Para extração dos valores de Freqüência Fundamental (média, mínima, máxima e variabilidade) e dos valores de Jitter, utilizou-se o programa VOX METRIA. Todos os dados foram quantificados e analisados estatisticamente por meio de correlação entre variáveis adotando o nível de significância de (p) menor do que 5% (p<0,050). Para tanto foi utilizado os testes t-independentes para a obtenção dos resultados.

RESULTADOS Os resultados serão apresentados em formato de tabelas. Tabela 1 - Comparativo entre o grupo (1) mulheres com nódulos de pregas vocais e o grupo (2) de mulheres com vozes adaptadas para o início da emissão F0 Média 205,2 199,5 DP 21,9 23,1 0,334 Mín Média 194,0 186,5 DP 20,1 20,4 0,158 Máx Média 232,2 212,4 DP 34,0 23,7 0,012 * Variabilidade Média 38,3 25,8 DP 29,7 14,9 0,046 * Tabela 2 - Comparativo entre o grupo (1) mulheres com nódulos de pregas vocais e o grupo (2) de mulheres com vozes adaptadas para o meio da emissão F0 Média 205,6 198,7 DP 22,6 23,6 0,250 Mín Média 199,1 193,2 DP 20,7 23,1 0,305 Máx Média 211,9 204,4 DP 23,0 24,0 0,224 Variabilidade Média 12,8 11,2 DP 6,1 4,3 0,244 Tabela 3 - Comparativo entre o grupo (1) mulheres com nódulos de pregas vocais e o grupo (2) de mulheres com vozes adaptadas para o final da emissão F0 Média 209,8 199,1 DP 27,4 23,2 0,107 Mín Média 188,5 179,2 DP 27,5 25,5 0,185 Máx Média 228,7 221,9 DP 46,5 46,4 0,574 Variabilidade Média 39,9 42,7 DP 46,3 55,1 0,828

Tabela 4 - Comparativo entre o grupo (1) mulheres com nódulos de pregas vocais e o grupo (2) de mulheres com vozes adaptadas para o Jitter da emissão Parâmetro Estatísticas 1 2 (p) Inicio Média 0,30 0,20 Desvio-padrão 0,22 0,13 0,032 * Meio Média 0,19 0,20 Desvio-padrão 0,16 0,16 0,886 Fim Média 0,73 0,46 Desvio-padrão 1,17 0,64 0,269 DISCUSSÃO De acordo com os resultados, foram encontradas diferenças estatisticamente significantes nos valores de variabilidade da freqüência fundamental (F0) e do jitter entre os dois grupos, apenas no início da emissão vocal. Quando comparamos os mesmos valores no meio e no fim, observamos que esses foram inferiores no meio em relação ao final da emissão. Dessa forma, os valores de variabilidade da F0 e jitter no meio da emissão foram menores em ambos os grupos, corroborando com a literatura que considera esta região da emissão mais estável (1,7,8). Tais resultados podem ser justificados pelo fato do grupo de mulheres com nódulos vocais apresentarem vozes levemente alteradas (grau 1), sendo observado diferenças entre ambos os grupos apenas no início da emissão. Dessa forma, para os indivíduos que apresentam lesão de massa, iniciar a emissão vocal parece ser mais difícil quanto à manutenção da estabilidade da F0. Mesmo não sendo estatisticamente significante, a variabilidade da F0 no fim da emissão apresentou valores altos provavelmente pela dificuldade de suporte respiratório, concordando com a literatura que refere que adultos com nódulos vocais apresentam alteração na coordenação pneumofônica (9). A partir desses resultados obtidos, sugerimos que a análise acústica da voz inclua a medida da variabilidade da freqüência fundamental, considerando o inicio da emissão, já que mostrou ser importante na diferenciação de vozes adaptadas e disfônicas de grau leve.

CONCLUSÃO - Houve diferenças nos valores de variabilidade da freqüência fundamental e do jitter dependendo do momento da emissão avaliado, - Houve diferenças estatisticamente significantes nos valores de variabilidade da freqüência fundamental e do jitter, entre os grupos de vozes adaptadas e disfônicas de grau leve, apenas no inicio da emissão - Avaliar a emissão vocal considerando os três momentos possíveis (começo, meio e fim) parece ser importante para compreender melhor as diferenças entre vozes adaptadas e com disfonia grau leve. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Roy N, Awan SN. Toward the development of na objective indexo f dysphonia severity: a four-factor acoustic model. Clinical Linguistics & phonetics, 2006; 20 (1): 35-49. 2. Dejonckere PH, Wieneke GH. Cepstra of normal and pathological voices: correlation with acoustic, aerodynamic and perceptual data. In: Ball MJ, Duckworth M: Advances in clinical phonetics, 1996, pp 217-226. 3. Baken RJ. Clinical measurements of speech and voice. Boston: College- Hill, 1987, pp 542-7. 4. Behlau M, Madazio G, Feijó D, Pontes P. Avaliação da Voz. In: O livro do especialista vol I, Org Behlau M, 2001 pp 83-176. 5. Speyer R, Wieneke GH, Dejonckere PH. Documentation of progress in voice therapy: perceptual, acoustic and laryngostroboscopic findings pretherapy and posttherapy. J Voice, 2004; 18(3): 325-40. 6. Hartelius L, Buder EH, Strand EA. Long-term phonatory instability in individuals with multiple sclerosis. J Speech, Language and Hearing Research, 1997, 40: 1056-1072. 7. Estella, PM, Edwin ML. Suitability of acoustic perturbation measures in analyzing periodic and nearly periodic voice signals. Folia Phoniatr Logop 2005; 57: 38-47. 8. Sheng HC. Sex differences infrequency and intensity inreading and voice range profiles for Taiwanese adult speakers; Folia Phoniatr Logop 2007; 59:1-9. 9. Behlau M, Madazio G, Pontes P. Disfonias organofuncionais. In: O livro do especialista vol I, Org Behlau M, 2001 pp 83-176.