CONDUÇÃO DA BROTAÇÃO DE Eucalyptus saligna SMITH *

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Transcrição:

IPEF n.7, p.115-123, 1973 CONDUÇÃO DA BROTAÇÃO DE Eucalyptus saligna SMITH * SUMMARY H.T.Z. do Couto ** H.A. Mello ** J.W. Simões ** Roland Vencovsky *** This paper was developed to study 3 types of sprout management of Eucalyptus saligna Smith, i.e., with 1, 2 and 3 sprouts by stump ( treatments A, B and C, respectively). The assay was established in the region of Mogi Guaçu, State of Sao Paulo and the following data were collected at 5 years old: stump survival, heaped up fire wood volume, heaped up wood volume, wood volume of the sprouts of each stump, average height and average diameter at breast height of the sprouts. The data were statistically analysed. Based upon discussion we could draw the following conclusions: a) In the condition of this report, stump survival did not receive any influence from the treatments. b) The volume of heaped wood without bark was bigger in the treatment with 2 sprouts by stump, although there was not an y difference between treatments B and C. c) The volume of heaped fire wood with bark showed a better yield in the treatment C followed by B and with smaller yield in the treatment A. d) The biggest average diameter was in treatment A followed by treatments B and C. e) The average height of the sprouts did not receive any influence of the treatments. f The wood volume with and without bark and with a minimum top diameter of 5 cm with bark. showed the biggest volumes in treatments B and C compared to treatment A. 1. Introdução A condução dos povoamentos de eucalipto pode ser feita sob dois regimes: alto fuste e talhadia. O alto fuste é o regime em que a regeneração do povoamento é alcançada a partir de sementes, enquanto que no regime de talhadia, o maciço florestal se regenera por brotação das touças. Para que um povoamento florestal possa ser regenerado pelo regime de talhadia, a principal característica que deve possuir a espécie é, evidentemente, a de emitir brotos das touças, que são as partes vivas do vegetal que permanecem no solo após o corte das árvores. * Extraído de dissertação apresentada à ESALQ - USP para obtenção do título de «Mestre», pelo primeiro autor. ** Professores do Departamento de Silvicultura da ESALQ - USP. *** Professor do Departamento de Genética da ESALQ - USP.

A medida que os plantios do eucalipto de alto fuste vão sendo explotados, surgem povoamentos que desse momento em diante passarão a ser conduzidos pelo regime de talhadia. A implantação de indústrias que utilizam a madeira como matéria-prima de seus produtos forçou a revisão de práticas de uso corrente na silvicultura clássica e a aplicação de novas técnicas, orientadas no sentido do aumento da produtividade, que por sua vez está assentada no desenvolvimento de métodos de manejo bem estabelecidos técnica e economicamente. Uma das práticas florestais cujo estudo ainda não tinha alcançado um nível de experimentação adequado, é a condução das brotações após cortes dos eucaliptais. Com esse objetivo foi desenvolvido o presente trabalho que teve por mira a condução da brotação de Eucalyptus saligna Smith, avaliando a produção de madeira sob três tipos de condução, com 1, 2 e 3 brotos por touça, à idade de 5 anos, em solos da região de «cerrado) do Estado de São Paulo. 2. Revisão Bibliográfica Das principais espécies florestais com a característica de emitir brotação após o corte, o maior número pertence à subdivisão Angiospermas (Folhosas), embora algumas espécies da subdivisão Gimnospermas (Coníferas) possam apresentar aquele caráter. Técnicos da FAO (1966) fizeram um estudo sobre as espécies do gênero Eucalyptus, classificando-as de acordo com a facilidade de emitir brotos após o corte. Das 59 espécies classificadas, 49 delas apresentam essa facilidade de brotação, incluindo o E. saligna. UPPIN (1966} comentando as técnicas empregadas pela eucaliptocultura, na Índia, afirma que no regime de talhadia simples regular, o desbaste da brotação das touças na segunda rotação e subsequentes é essencial. O período de desbrota e o número de brotos remanescentes são importantes. Usualmente, 2 a 3 dos melhores brotos são mantidos bem espaçados pela remoção dos outros no fim do primeiro ou do segundo ano. A produção em volume de madeira na segunda rotação é sempre maior em cerca de 10 a 20%, mas cai gradualmente na terceira e quarta rotações. A razão dessa queda de produção reside no fato de que muitas touças morrem após cada corte. GOES e colaboradores (1967) apresentam informações práticas sobre métodos usados em Portugal, na condução de brotação de touças de eucalipto. A desbrota é feita um ano ou, no máximo, dois anos após o corte, deixando-se 1 a 4 brotos em cada touça, escolhendo os mais vigorosos, retos e mais bem distribuídos. As produções volumétricas de madeira da primeira e terceira rotações são equivalentes; as da segunda, um pouco superiores; as produções da quarta rotação, inferiores as da primeira e as produções da quinta rotação bastante inferiores. PINHEIRO (1961) analisando as técnicas de manejo florestal na América Latina, recomendava como boa prática a desbrota das touças de eucalipto um ano após o corte, deixando de 3 a 4 brotos, os mais vigorosos e de melhor distribuição. OSSE (1961) fazendo referências aos métodos de manejo de plantações de eucalipto na Companhia Siderúrgica Belgo Mineira. Estado de Minas Gerais, afirma que alguns meses depois do corte. quando o eucalipto já emitiu a brotação, é feita a desbrota para eliminar o excesso e deixar apenas 2, 3 ou 4 brotos por touça.

POYTON (1965) após realizar uma série de pesquisas com eucalipto na África do Sul. recomenda a redução a 2 brotos por touça, tão logo haja condições práticas para a operação. Recomenda deixar entre 2 e 3 anos, 1 broto por touça desde que a operação se justifique economicamente, ou seja, desde que haja mercado para madeira fina. ANDRADE (1961) apresenta uma série de resultados obtidos no Estado de São Paulo com E. saligna Smith conduzido em regime de talhadia. Comparando as características das touças aos 30 anos de idade. conduzidas com um broto e com vários brotos. Concluiu que tanto em relação ao diâmetro médio, como à area basal por hectare, as brotações conduzidas com um broto apresentavam um maior índice de crescimento do que aquelas conduzidas com vários brotos. Em outro ensaio também conduzido no Horto de Rio Claro, o E. saligna Smith. aos 16 anos de idade apresentou diâmetro médio maior quando as touças foram conduzidas com um broto cada, em relação à condução com dois ou com três brotos. Da revisão apresentada conclui-se que não se tem uma orientação segura a respeito do melhor número de brotos a conservar por touça, para obter um maior rendimento de madeira. Os dados obtidos no Brasil dizem respeito à observações empíricas sem o apoio de uma análise experimental mais profunda. 3.1. Material 3. Material e Métodos O ensaio foi instalado no Horto Mogi Guaçu, Município de Mogi Guaçu, Estado de São Paulo, em terras pertencentes à Champion Papel e Celulose S.A.. 3.1.1. Localização A área utilizada para a instalação do experimento situa-se a 46 o 55' de longitude Oeste de Greenwich e 22 o 24' de latitude Sul, em altitude de 580 metros. 3.1.2. Solo O solo que se prestou ao experimento é um latosol vermelho-amarelo fase arenosa (COMISSÃO DE SOLOS, 1960), profundo, bem drenado, de classe textural barro argiloarenosa, árido e de baixa fertilidade. 3.1.3. Clima Segundo GODOY e ORTOLANI (sem data) com base no sistema de Koppen, o clima na região do experimento é do tipo Cwa. É um clima mesotérmico, de inverno seco em que a temperatura do mês mais frio é inferior a 18 C e a do mês mais quente ultrapassa a 22 C. O total das chuvas do mês mais seco é inferior a 30 mm. 3.1.4. Espécie A espécie escolhida para o experimento foi Eucalyptus saligna Smith, cujas sementes procediam do Horto Florestal da Ferrovia Paulista S.A., localizado em Rio

Claro, Estado de São Paulo. Utilizou-se para o ensaio, parte de um talhão dessa espécie plantado em outubro de 1959. O primeiro corte raso foi feito em janeiro de 1965. O experimento foi instalado na área remanescente do primeiro corte. O espaçamento inicial entre plantas foi de 2 x 2 metros. 3.2. Métodos 3.2.1. Planejamento Experimental O ensaio obedeceu ao esquema de blocos ao acaso com 10 repetições. Foi ensaiada a condução com os seguintes tratamentos: A - 1 broto por touça B - 2 brotos por touça C - 3 brotos por touça Das 49 plantas (7 x 7) que compunham cada parcela, apenas as 25 centrais (5 x 5) foram utilizadas para a coleta de dados. 3.2.2. Desbrota Seis meses após o primeiro corte foi feita a desbrota em todas as parcelas deixando 1, 2 e 3 brotos por touça de acordo com o tratamento. A desbrota foi feita a machado, tomando-se a precaução de deixar os melhores brotos, ou sej a, os mais vigorosos e mais bem inseridos, além de observar a uniformidade na distribuição dos mesmos na touça. 3.2.3. Medições de altura e de diâmetro à altura do peito A determinação da altura total média e do diâmetro médio à altura do peito (DAP) de cada parcela foi feita imediatamente antes do corte final dos brotos das touças. Para a determinação da altura média foram tomados 10 brotos ao acaso em cada parcela e o aparelho usado foi o Blume-Leiss O diâmetro médio à altura do peito foi determinado através da medição de todos os brotos de cada parcela, desprezando-se a bordadura. 3.2.4. Mensurações dos brotos Em 8 blocos, dentre os 10 utilizados para o ensaio, foram sorteados 5 touças em cada parcela. As touças sorteadas eram típicas de cada tratamento, ou seja, todas as louças colhidas no tratamento A, B e C tinham 1, 2 e 3 brotos, respectivamente, e obrigatoriamente. Os brotos foram cubicados até um diâmetro no topo de 0,05 m com casca e os volumes analisados estatisticamente. 3.2.5. Corte O corte raso nas parcelas de cada tratamento foi feito tomando o cuidado de não misturar madeiras de parcelas e blocos diferentes.

Após a derrubada, os brotos foram seccionados em foros de 2 m de comprimento, a partir da base até um diâmetro mínimo de 0,05 m com casca. Os toros de cada parcela foram imediatamente descascados, empilhados e medidos, constituindo a madeira útil. A ponta dos brotos e os ramos foram seccionados em toros de 1 m de comprimento, empilhados e medidos, constituindo a chamada lenha fina. 4.1. Sobrevivência 4. Resultados e Discussão A análise de variância da sobrevivência das touças foi feita tentando detectar possíveis diferenças entre os tratamentos. A análise de variância, com um coeficiente de variação de 7,7%, não apresentou significância para os tratamentos. A porcentagem de sobreviventes para os tratamentos A, B e C foram, respectivamente, 38,2, 38,0 e 32,9. Ao se deixar apenas um broto por touça no ato da desbrota, espera-se que a porcentagem de falhas aumente com o decorrer do tempo, principalmente devido a quebras das brotações pelo vento. Porém, isto não ocorreu com o tratamento A, revelando talvez, que na época de desbrota {6 meses após o corte) as brotações já se encontravam suficientemente fortes para suportar as ações mecânicas do vento. 4.2. Volume de madeira empilhada sem casca Os dados de volume de madeira empilhada sem casca, por parcela, foram ajustados pela análise de covariância, que apresentou significância para os tratamentos ao nível de 5%, pelo teste F. O teste de Tukey {Quadro I) para comparação das médias apresentou diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade entre os tratamentos A e B, favorável ao tratamento B. Desse modo apenas a diferença entre B e A pode ser considerada para fins práticos. O tratamento B, ou seja, a condução de 2 brotos por touça deve ser o escolhido por apresentar a maior produção de madeira com dimensões apropriadas para fins industriais. QUADRO I - Comparação entre as médias ajustadas dos volumes em estéreos por hectare de madeira sem casca, empilhada, dos brotos de touças de Eucalyptus saligna, aos 5 anos de idade, na região de Mogi Guaçu, feita através do teste de Tukey. A B C Tratamentos Médias 112,75 147,96 139,29 A 112,75-35,12* 8,67 n.s. B 147,96-26,54 n.s. C 139,29 - * = significativo ao nível de 5% n.s. = não significativo 4.3. Volume de lenha fina empilhada com casca Os dados de volume de lenha fina empilhada, com casca, por parcela, foram ajustados pela análise de covariância que apresentou significância para os tratamentos ao nível de 1%.

Os dados apresentados no Quadro II, de comparação entre as médias dos tratamentos pelo teste Tukey, mostram uma superioridade em volume de lenha empilhada com casca para o tratamento C, ou seja, touças conduzidas com 3 brotos. O maior volume de lenha no tratamento C se prende ao fato de que a condução com 3 brotos por touça apresenta uma maior competição entre os brotos, em relação aos tratamentos resultando dessa competição menor diâmetro das peças, aumentando consequentemente o volume de maneira de dimensões menores. QUADRO II - Comparação entre as médias ajustadas dos volumes em estéreos por hectare de lenha fina, com casca, empilhada, dos brotos de touças de E. saligna, aos 5 anos de idade, na região de Mogi Guaçu, feita através do teste Tukey. A B C Tratamentos Médias 25,00 35,20 43,36 A 25,00-10,20* 18,36** B 35,20-8,16 n.s. C 43,36 - ** = significativo ao nível de 1% * = significativo ao nível de 5% n.s. = não significativo 4.4. Diâmetro à altura do peito (DAP) A análise de variância dos diâmetros (DAP) médios dos brotos por parcela revela diferença altamente significativa entre as médias dos tratamentos. A comparação entre as médias dos tratamentos feitos através do teste Tukey (Quadro III) revela uma superioridade para o tratamento A, em relação aos demais. Embora o tratamento B tenha uma média superior ao tratamento C, a diferença entre ambos não foi significativa. De acordo com JORGENSEN (1967), o crescimento em diâmetro é função direta da área à disposição de cada planta. Isto vem confirmar a superioridade em diâmetro do tratamento A no presente ensaio, que possui menor número de brotos por unidade de área, vindo a seguir o tratamento B e o C. QUADRO III - Comparação pelo teste Tukey das medidas dos diâmetros (DAP) em cm, dos brotos de touças de E. saligna, aos 5 anos de idade, na região de Mogi Guaçu. A B C Tratamentos Médias 7,16 6,61 5,79 A 7,16-0,55 n.s. 1,37** B 6,61-0,82 n.s. C 5,79 - ** = significativo ao nível de 1% n.s. = não significativo 4.5. Altura total dos brotos de 10 touças tomadas ao acaso nas parcelas A análise de variância da altura média dos brotos de 10 touças por parcela não apresentou significância para os tratamentos. A altura total média em metros para os tratamentos A. B e C foram, respectivamente. 11.43. 10.81 e 10.26.

Os resultados obtidos eram esperados, pois a altura total dentro de amplos limites não é função direta da área e disposição dos brotos. mas função da qualidade do solo. 4.6. Volume real de madeira útil sem casca (diâmetro mínimo no topo com casca, 5 cm) A análise da variância dos dados transformados para logaritmo do volume real de madeira útil sem casca apresentou diferença altamente significativa para os tratamentos. Na comparação entre as médias dos tratamentos feitos através do teste Tukey (Quadro IV), o tratamento B revela superioridade em relação aos demais, e houve diferença significativa entre o tratamento C e A, favorável ao tratamento C. BARRETTE (1966) trabalhando com brotações de touças de Sequoia sempervirens afirma que, talvez, por causa de se deixar poucas brotações por touça, a produção volumétrica da madeira tende a diminuir. Isto se explica pelo fato de que ao se diminuir o sistema aéreo da planta pelo corte dos brotos, o sistema radicular fica prejudicado pela diminuição de nutrientes pelo sistema aéreo necessários ao seu funcionamento. Isto possivelmente influi diretamente na produção de madeira pela planta. Nas condições do presente trabalho, acreditamos no possível equilíbrio entre desbrota e afetamento do sistema radicular, já no tratamento B. O tratamento C é inferior em volume de madeira útil em relação ao tratamento B, por possuir maior quantidade de lenha fina. QUADRO IV - Comparação pelo teste Tukey das médias dos volumes reais de madeira sem casca, em dm 3, de brotos de touças de E. saligna, aos 5 anos de idade, na região de Mogi Guaçu. A B C Tratamentos Médias 65,49 109,95 91,09 A 65,49-44,46** 25,60* B 109,95-18,86 n.s. C 91,09 - * = significativo ao nível de 5% ** = significativo ao nível de 1% n.s. = não significativo 5. Resumo e Conclusões O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de estudar a condução de touças de Eucalyptus saligna Smith conservando 1, 2 e 3 brotos por touça (tratamentos A, B e C, respectivamente. O ensaio foi instalado na região de Mogi Guaçu, Estado de São Paulo e os seguintes dados foram levantados aos 5 anos de idade: sobrevivência de touças, volume de madeira e lenha fina empilhadas, volume real de madeira de cada touça, altura total média e diâmetro médio à altura do peito (DAP) dos brotos. Com base na discussão dos resultados pode-se chegar as seguintes conclusões: a) Nas condições do presente trabalho, a sobrevivência das touças não foi afetada pelo número de brotos. b) A condução a 2 brotos por touça produziu maior volume de madeira empilhada. c) O volume de lenha fina foi maior no tratamento C, seguido de B e menor no tratamento A.

d) Os brotos de maior diâmetro médio à altura do peito ocorreram no tratamento A seguido do B e do C. e) A altura média das brotações não sofreu influência do número de brotos. f) O volume real de madeira útil sem casca foi maior nos tratamentos B e C em relação ao tratamento A. g) Embora a diferença entre as produtividades dos tratamentos B e C seja pequena, pode-se recomendar o tratamento B por apresentar maiores diâmetros nas peças de madeira. 6. Bibliografia citada 6.1. ANDRADE, E. N. - 1961 - Eucalipto. 2 ed., Jundiaí, Companhia Paulista de Estradas de ferro. 667p. 6.2. BARRETE, B. R. - 1966 - Redwood (Sequoia sempervirens) sprouts on Jackson State Forest. In St. For Note Calilornia Div. of For. 29 p. 8. 6.3. COMISSÃO DE SOLOS, C.N.E. P.A. - 1960 - Levantamento de reconhecimento dos solos do Estado de São Paulo. Serv. Nac. Pesq. Agron. 634p. Boletim 12. 6.4. FAO - 1966 - El eucalipto en la repoblación forestal. Roma. FAO: Estudios de Silvicultura y produtos forestales, 11. 6.5. GODOY, H.; ORTOLANI, A.A. - s.d. - Carta climática do Estado de São Paulo. Campinas, Instituto Agronômico. 6.6. GOES, E.; FERREIRINHA, M. P.; GRAVATO, A.; CARNEIRO, A. E. - 1967 - Cultura do eucalipto como espécie industrial. Lisboa, s. c. p. 51p. 6.7. JORGENSEN, J. S. - 1967 - The influence of spacing on the growth and development of coniferous planiations: International Review Forestry Research, New York, Academic Press 316 p. 6.8. OSSE, L. - 1961 - As culturas de eucaliptos da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira. São Paulo, Segunda Conferência Mundial do Eucalipto: relatórios e documentos. v. 2. 6.9. PINHEIRO, J.V. - 1961 - Operações silviculturais: rotações, produções, objetivos das plantações (América Latina). In: São Paulo, Segunda Conferencia Mundial do Eucalipto: relatório e documentos. v. 2. 6.10. POYTON, R.J. - 1965 -Research on the sivilculture of Eucalyptus grandis («saligna») in the Northern Transvaal. In: South African For. Journal, (55): 10-20. 6.11. UPPIN, S.F. -1966- A few facts about eucalypts. In: The Indian Foreter, 92 (12).

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