COMPORTAMENTO REOLOGICO DE POLPA DE CUPUAÇU (THEOBROMA GRANDIFLORUM SHUM) ADITIVADA COM O BIOPOLÍMERO XANTANA

Documentos relacionados
INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE UM BLEND DE MARACUJÁ E GOIABA

EFEITO DA TEMPERATURA E TAXA DE CISALHAMENTO NAS PROPRIEDADES DE ESCOAMENTO DA POLPA DE CUPUAÇU (T. grandiflorum Schum) INTEGRAL 1

COMPORTAMENTO REOLÓGICO DA POLPA DE CUPUAÇU (Theobroma grandiflorum Schum.) PENEIRADA 1

DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS DE MODELOS REOLÓGICOS PARA O MELAÇO DE CANA-DE-AÇÚCAR E DO LEITE DE COCO

Estudo do efeito da temperatura nas propriedades reológicas da polpa de morango (Fragaria ananassa)

INTRODUÇÃO A REOLOGIA

Influência de hidrocolóides na cor de estruturado de maracujá-do-mato

(Mangifera indica L. cv. Keitt) CENTRIFUGADA

Redução da viscosidade da polpa de acerola

Efeito da temperatura no comportamento reológico da poupa de manga

PESQUISA. coeficientes de correlação (r) iguais a 0,99 para quatro das cinco amostras, nas três diferentes temperaturas.

Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE MÉIS (Apis mellifera)

AUTOR(ES): CLARISSA DOMINGUEZ SCHMIDT FELIPPE, BIANCA DA SILVA CRUZ, BRUNO ANDRÉ BORGES DE MACEDO

Introdução À Reologia de Fluidos Alimentícios

Temperatura e reologia de mistura de vegetais: aplicação da metodologia de superfície de resposta, Branco e Gasparetto

CARACTERIZAÇÃO REOLÓGICA DO FLUIDO DE BOGER REFORÇADO POR FIBRAS

CARACTERIZAÇÃO REOLÓGICA DE MISTURAS DE MEL COM EXTRATO DE PRÓPOLIS

ESTUDO DO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE IOGURTES COMERCIAIS COM E SEM LACTOSE

ANÁLISE REOLÓGICA DA SOLUÇÃO AQUOSA DE CORANTE DE JENIPAPO (Genipa americana L.)

Introdução à Reologia

COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE POLPA DE GOIABA CV. PALUMA RESUMO

ESTUDO DO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DA POLPA E DA GELÉIA DE UMBU (Spondias tuberosa Arr.)

COMBINAÇÕES DE MEL E ACEROLA EM PÓ: AVALIAÇÃO REOLÓGICA

OTIMIZAÇÃO DA PRODUÇÃO DE GOMA XANTANA À PARTIR DE SORO DE LEITE

ESTUDO DO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DA POLPA E DA GELÉIA DE UMBU (Spondias tuberosa Arr.)

Efeito da temperatura no comportamento reológico de néctares mistos de caju, manga e acerola

INFLUÊNCIA DOS SÓLIDOS INSOLÚVEIS NO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DO SUCO DE MANGA RESUMO

para contato:

TÍTULO: INFLUÊNCIA DA ABSORÇÃO DE ÁGUA NA REOLOGIA DE SOLUÇÕES DE CARBOXIMETILCELULOSE CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: ENGENHARIAS E ARQUITETURA

AVALIAÇÃO DE TEXTURA DO DOCE DE GOIABA E DO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DAS FORMULAÇÕES

DEUNICE NAZARÉ DE PAULA NOGUEIRA MENDES

MASSA ESPECÍFICA DE POLPA DE CUPUAÇU (Theobroma grandiflorum Schum.) SOB DIFERENTES TEMPERATURAS 1

Caracterização reológica de argamassas

ESTUDO DA SOLUBILIDADE DO PARACETAMOL EM ALGUNS SOLVENTES UTILIZANDO O MODELO NRTL

Influência da temperatura no comportamento reológico da polpa de jabuticaba Influence of temperature on the rheological behavior of jaboticaba pulp

COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE FORMULAÇÕES PARA A ELABORAÇÃO DE DOCE DE CORTE DE UMBU

1. Introdução. Palavras-chave: Reologia, micro-filtração, goma Xantana, goma Guar, sinergia.

Comportamento reológico de mel da abelha uruçu (Melipona scutellaris, L.)

ISSN Palavras-chave: Reologia, viscosímetro, fluidos

REOLOGIA DE POLPA DE MANGA E AJUSTE DOS PARÂMETROS REOLÓGICOS EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA

APLICAÇÃO DA METODOLOGIA BAYESIANA PARA O ESTUDO REOLÓGICO DA POLPA DE UVA

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E REOLÓGICAS DA POLPA DE CUPUAÇU CONGELADA (Theobroma grandiflorum Schum)

IMPACTO DA INTERAÇÃO PROTEÍNADE OVO POLISSACARÍDEO NAS PROPRIEDADES DE AERAÇÃO

RAIMUNDO WILANE DE FIGUEIREDO, FRANCO MARIA LAJOLO, RICARDO ELESBÃO ALVES, HELOÍSA ALMEIDA CUNHA FILGUEIRAS

REOLOGIA DOS FLUIDOS

ISSN: ISSN online: ENGEVISTA, V. 18, n. 2, p , Dezembro UFCG Universidade Federal de Campina Grande 2

Nouar et al. [23] apresentaram um estudo numérico sobre a convecção térmica em fluidos do tipo Herschel-Bulkley. A análise foi feita para convecção

~---==-=-= - Qualidade dos alimentos: novos desafios. Bragança, Setembro ISBN

Resumo. Autores Authors

ESTUDO DO COMPORTAMENTO REOLÓGICO E TÉRMICO DE CHOCOLATES AMARGOS COM PROPRIEDADES FUNCIONAIS

Aplicação da análise de regressão linear na estimativa da energia de ativação de fluxo dos ácidos oleico e palmítico

Características físico-químicas do suco caju adicionadas de galactomananas de Adenanthera pavonina

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MAMONA ACONDICIONADAS EM DIFERENTES EMBALAGENS E ARMAZENADAS SOB CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DE CAMPINA GRANDE-PB

ESTUDO REOLÓGICO DE MICROEMULSÕES UTILIZADAS PARA RECUPERAÇÃO DE PETRÓLEO

Rheological characterization of cassava starch

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Engenharia Química para contato:

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DA POLPA DE ACEROLA

TÍTULO: DESENVOLVIMENTO DE UM KIT DIDÁTICO DE PERDA DE CARGA CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: ENGENHARIAS E ARQUITETURA SUBÁREA: ENGENHARIAS

Tabela 4.1: Parâmetros reológicos do Carbopol 0,1 %

Rheological characterization of cassava starch

Planejamento de Misturas

POLPA DE FRUTA NÉCTAR SUCO

Viscosidade. Quando um fluido escoa entre duas paredes fixas, podemos dividir o corpo deste fluido em várias camadas ou laminas.

ANÁLISE REOLOGICA NA ELABORAÇÃO DE PASTAS DE CIMENTO PARA CIMENTAÇÃO EM POÇOS DE PETRÓLEO

EFEITO DE REVESTIMENTO NA PERDA DE CARGA DURANTE O ESCOAMENTO INTERNO DE ÓLEOS PESADOS

Sumário. Conceitos. Extremos clássicos. Conceitos. TR Tecnologia dos Revestimentos

UTILIZAÇÃO DE MODELOS PARA CORRELACIONAR DADOS EXPERIMENTAIS DE SOLUBILIDADE DO FERTILIZANTE NITROGENADO UREIA EM MISTURAS HIDRO-ALCOÓLICAS

DESLOCAMENTO DE FLUIDO DE PERFURAÇÃO EM ANULARES DE POÇOS.

CARACTERIZAÇÃO DE NANOCOMPÓSITOS PREPARADOS COM BLENDA DE POLIETILENO.

Comportamento reológico de méis de florada de silvestre

ESTUDO DA TRANSIÇÃO ENTRE ESCOAMENTO LAMINAR E TURBULENTO EM TUBO CAPILAR

CARACTERIZAÇÃO REOLÓGICA DA MUCILAGEM DE Cereus hildmaniannus

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA DE QUÍMICA. Programa de Pós-Graduação em Processos Químicos e Bioquímicos GILVANETE MARIA FERREIRA

PRODUÇÃO DE GOMA XANTANA A PARTIR DE SORO DE LEITE

GOMA XANTANA APLICAÇÃO EM SEGMENTOS NÃO PETRÓLEO

Denardin, E.L.G. (1), Janissek, P.R (2)., Samios, D. (1)

CARACTERIZAÇÃO MORFOMÉTRICA DE FRUTOS E SEMENTES DE CUPUAÇU EM DOIS CULTIVOS NO MUNICÍPIO DE ALTA FLORESTA, MT. Seção temática: Ecologia e Botânica

APLICAÇÃO DO PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL NO ESTUDO DE BLENDAS SBR/BR

EFEITO DO ÂNGULO DE CONTATO E ATIVIDADE DE ÁGUA EM FILMES DE AMIDO COM POLPA DE FRUTA

+ REOLOGIA. FBT Física Industrial REOLOGIA. + LÍQUIDOS Força x Deformação + FLUIDOS NEWTONIANOS CLASSIFICAÇÃO DOS FLUIDOS.

COMPARAÇÃO DE MODELOS FENOMENOLÓGICOS PARA A HIDRATAÇÃO DE GRÃOS DE SOJA

EMBALAGEM PRIMÁRIA: tipo TETRA PAK, contendo 200 ml em cada unidade. EMBALAGEM SECUNDÁRIA: caixa de papelão com até 27 unidades.

Deslizamento aparente no escoamento de fluidos viscoplásticos através de um canal de placas paralelas

PROPRIEDADES REOLOGICAS DE AMIDO DE SEMENTE DE JACA

Comportamento reológico, parâmetros físico-químicos e dinâmica do congelamento da polpa de maracujá adicionada de sacarose e pectina

EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DE SÓLIDOS E DO PH NA REOLOGIA DE SUSPENSÕES

ESTUDO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DO SUCO VERDE CONTENDO O YlBIO E A MUCILAGEM DE CHIA LIOFILIZADA (Salvia hispânica).

ESTUDO DA CRISTALIZAÇÃO DA LACTOSE A PARTIR DA ADIÇÃO DE ETANOL RESUMO

ANÁLISE REOLÓGICA E MICROESTRUTURAL DE EMULSÃO OBTIDA A PARTIR DE HIDROCOLÓIDES EXTRAÍDOS DO ORA-PRO-NÓBIS (PERESKIA ACULEATA MILLER)

PRODUÇÃO DE BARRAS DE CEREAL A PARTIR DO SUBPRODUTO DE ABACAXI

EFFECT OF XANTHAN GUM ADDITION ON THE RHEOLOGICAL PROPERTIES OF UMBU FRUIT PULP

Neste caso, diz-se que a reação é de primeira ordem, e a equação pode ser resolvida conforme segue abaixo:

Concentração do Extrato Hidrossolúvel de Soja

EFEITO DA TEMPERATURA E CONCENTRAÇÃO NAS PROPRIEDADES TERMOFÍSICAS DE SOLUÇÕES AQUOSAS CONTENDO PECTINA E CARBOXIMETILCELULOSE

PROPRIEDADES FÍSICAS DOS FRUTOS DE MAMONA DURANTE A SECAGEM

EFEITO DE ENZIMAS HIDROLÍTICAS NO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DO ÓLEO DE PALMA CRU 1

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DE ADITIVO DISPERSANTE NO COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO

Renováveis. Não renováveis

Transcrição:

COMPORTAMENTO REOLOGICO DE POLPA DE CUPUAÇU (THEOBROMA GRANDIFLORUM SHUM) ADITIVADA COM O BIOPOLÍMERO XANTANA Gilvanete M. Ferreira 1, Maria José O. C. Guimarães, Maria Cristina A. Maia 1, * Departamento de Engenharia Bioquímica - EQ/ UFRJ, Rio de Janeiro/RJl - CEP 1949-900, mmgilv@yahoo.com Departamento de Processos Orgânicos - EQ/ UFRJ; mjg@eq.ufrj.br Rheological Behavior of Cupuassu Pulp (Theobroma grandiflorum shum) Aditivated with Xanthan Biopolymer The rhelogical behavior of xanthan gum in cupuassu fruit pulp was evaluated by mean of steady shear flow tests. The Ostwald-de-Waelle model fitted well the biopolymer flow behavior. In pulp fruit systems, xanthan gum showed more pseudoplasticity and consistency for CupX1%. Moreover, the effect of temperature on the consistency index values of xanthan in cupuassu fruit pulp was described by Arrhenius equation and discussed in terms of activation energy. Introdução A fruticultura poderá ser uma das atividades econômicas de maior importância da Amazônia, considerando a enorme diversidade de espécies fruteiras tipicamente regionais. Dentre esta grande variedade destaca-se o cupuaçuzeiro, Theobroma grandiflorum, uma fruteira pertence à família Sterculíaceae, gênero Theobroma, que vem surgindo como uma das alternativas para a indústria alimentícia (Schwan, 00, Garcia, 1994). A polpa tem sido utilizada como matéria prima para néctar; entretanto, é usada em sorvetes, geléias, bombons, doces, licores, purês e polpa enlatada. Os plantios de cupuaçu têm crescido em muitas áreas da Amazônia Brasileira devido ao aumento da demanda pela polpa, que vem sendo exportada, principalmente na forma congelada, para estados do Sudeste do Brasil e para países europeus (Bastos et al., 0). A adição de hidrocolóides em produtos alimentícios congelados atua como espessantes, proporcionando uma textura mais suave e agradável, devido à redução na taxa de crescimento de cristais de gelo. Além disso, esse ingrediente evita uma possível recristalização do gelo, quando o produto é submetido a oscilações de temperaturas durante estocagem e transporte. A adição de hidrocolóide em polpa de fruta ocasiona alterações significativas nas propriedades reológicas, sendo dessa forma, de grande importância o conhecimento de tais propriedades. A definição de modelos adequados à descrição de seu escoamento é

necessária ao projeto de tubulações, sistemas de bombeamento, sistemas de agitação e misturas, entre outras aplicações. Dentre os modelos reológicos, tem-se os de Ostwald-de-Waelle (Equação 1.1) e Herschel- Bulkley (Equação 1.) que são muito utilizados em produtos alimentícios. τ = Kγ n (1.1) τ = τ o +K γ n (1.) onde: K = índice de consistência (Pa.s n ); τ o = tensão de cisalhamento inicial (Pa); τ = tensão de cisalhamento (Pa); γ = taxa de deformação (s -1 ); n = índice de comportamento de fluxo (adimensional). O efeito da temperatura no índice de consistência (K), a uma taxa de deformação específica, foi expresso por uma equação do tipo Arrhenius (Equação 1.3) K =Aexp(Ea/RT) (1.3) onde: A = constante empírica (Pa.s) ;Ea = energia de ativação do fluxo (Kcal/g-mol) R = constante do gás ideal, (1,987.10-3 Kcal/g-mol.K); T = temperatura absoluta (K) O objetivo deste trabalho foi estudar os efeitos da temperatura, concentração de polissacarídeo dispersa na polpa de cupuaçu integral, em cisalhamento estacionário. Experimental Matérias-primas - Polpa de cupuaçu A polpa de cupuaçu (Theobroma grandiflorum Schum) foi obtida na Cooperativa dos Produtores de Cupuaçu do Pará. Foi acondicionada em sacos de polietileno, estocada e congelada, a temperatura de ºC em freezer. - Hidrocolóides Foi utilizada a goma xantana (um biopolímero) em pó, cedida pela CPKelco Brasil S/A (Limeira SP) Preparo das amostras A polpa de cupuaçu a 9ºBrix e ph 3,3 foi aditivada com a goma xantana (X) utilizando três concentrações diferentes (0,3; 0,7 e 1% em peso de goma/peso de polpa), sob lenta agitação. Foram acondicionadas em sacos de polietileno, estocada e congelada, à temperatura de ºC em freezer até o momento da análise.... Medidas reológicas No estudo reológico utilizou-se o reômetro Thermo Haake Rheo Stress 1, equipado com célula do tipo Couette modelo Z Din. O Tempo de cada corrida foi de 4 minutos, em taxa crescente (0,3 a 0s-1) e taxa decrescente (0 a 0,3 s-1). As medidas foram

realizadas nas temperaturas de 10,,,, 50 e ºC. Os dados de tensão e taxa de deformação obtidos foram ajustados aos modelos reológicos de Herschel-Bulkley e Ostwald-de-Waelle utilizando o software Origin 5.0. A polpa de cupuaçu a 9ºBrix e ph 3,3 foi aditivada com a goma xantana (X) utilizando três concentrações diferentes (0,3; 0,7 e 1% em peso de goma/peso de polpa), sob lenta agitação. Foram acondicionadas em sacos de polietileno, estocada e congelada a temperatura de ºC em freezer até o momento da análise. Resultados e Discussão Os parâmetros de escoamento relativos aos modelos de Herschel-Bulkley e Ostwald-de- Waelle estão mostrados na Tabela 3.1 e a Figura 3.1 (a e b) apresenta as curvas de escoamento Tabela 3.1 Parâmetros reológicos para polpa de cupuaçu com xantana (CupX) Ostwald-de-Waelle Herschel-Bulkley C (%p/p) T (ºC) 0,3 10 50 0,7 10 50 1,0 10 K n R (Pa.s) n 6,71 7,03 5,1 5,89 4,34 4,0,48 1,87 19,54 18,09 17,07 16,03 7,53 5,56 5,03,59 0,33 0,3 0,34 0,3 0,34 0,35 0, 0, 0,1 0, 0,1 χ 0,008 0,008 0,005 0,009 0,07 0,013 0,38 0,10 0,06 0,04 0,04 0,01 0,19 0,31 0,46 0,43 τ o (Pa) 0,89-1,16 0, -0,4,31 1,13 1,89 1,78 9,59 6,89 5,43 0,65 19,97 16,94 17,84,96 K (Pa.s) n n R 6, 7,7 4,88 6,13 3,16 3,44 8,69 1,98 1,86 13,6 13,39 15,56 13,78 13,74 1,50 9,68 0,34 0, 0,34 0,31 0,38 0,37 0,35 0,8 0,7 0,6 0,6 0, 0,9 0,8 0, χ 0,008 0,007 0,005 0,009 0,019 0,011 0,05 0,047 0,03 0,019 0,014 0,015 0,08 0,7 0,348 0,18

50 3,14 0, 0,18 16,0 11,76 0,8 0,114, 0, 0,1 13,16 1,66 0,6 0,07 Coeficiente de determinação (R ): R = SQR SQT = ± ( ypred ( y obs y ) y ) Qui-quadrado (χ ): χ = (y obs - y pre ) Onde: y = média amostral, SQR = Soma quadrática devido à regressão, SQT = soma quadrática total χ = y obs = Valor experimental, y pred = valor previsto pelo modelo O modelo de Herschel-Bulkley (HB) se ajustou bem aos dados experimentais, no entanto, observa-se que alguns valores de tensão residual foram negativos para CupX0,3 e, portanto, sem significado físico. Já para amostra CupX0,7 na temperatura de ºC, a tensão de cisalhamento residual foi inferior a 1, sendo este valor não significativo quando se usa geometria de cilindros concêntricos(pastor et al., 1996). O modelo de Ostwald-de-Waelle (LP), demonstrou ajuste satisfatório em todas as temperaturas, apresentando baixos valores de χ e altos valores de R. O índice de comportamento de fluxo (n), foi inferior a 1 em todas as amostras, caracterizando desta forma um comportamento não-newtoniano, corroborando com os resultados de Correia (0), ao analisar o comportamento reológico e térmico de goma xantana em suco de caju. O índice de comportamento (n) variou muito pouco com a temperatura para todas as amostras. O índice de consistência (K), diminuiu com aumento da temperatura e aumentou com a concentração de goma na polpa, concordando com Quispe (03), no estudo do comportamento reológico de suspensões de amido de amaranto. Comparando as amostras CupX0,3; CupX0,7 e CupX1%, observa-se que CupX1% apresentou menores valores de n e maiores de K, ou seja, quanto maior a concentração de goma, mais acentuado é o comportamento não-newtoniano e maior a consistência. Isto resulta do progressivo alinhamento das moléculas rígidas com a força do cisalhamento. Comportamento idêntico foi observado por Pereira et al. (05), ao analisar o comportamento reológico da polpa de maracujá aditivada. Na Figura 3.1 é apresentada a influência da temperatura no comportamento reológico da polpa de cupuaçu aditivada

Tensão de cisalhamento (Pa) CupX0.3 10ºC 50 CupX0.3 ºC Cupuacu + X0,3% CupX0.3 ºC 45 CupX0.3 ºC CupX0.3 50ºC 35 CupX0.3 ºC 5 15 10 5 Viscosidade aparente (Pa.s) 1,4 1, 1,0 0,8 0,6 0,4 0, Ajuste modelo Ostwalld-de-Waelle 10ºC ºC ºC ºC 0 0 50 100 150 0 50 0 0,0 0 1 180 0 50ºC ºC Tensão de cisalhamento (Pa) 100 Cupuacu + X0,7% 90 80 70 50 CupX0.7 10ºC CupX0.7 ºC CupX0.3 ºC CupX0.3 ºC CupX0.7 50ºC 10 CupX0.7 ºC 0 0 50 100 150 0 50 0 Viscosidade aparente (Pa.s) 3,5 3,0,5,0 1,5 1,0 0,5 0,0 0 1 180 0 Ajuste modelo Ostwalld-de-Waelle 10ºC ºC ºC ºC 50ºC ºC Tensão de cisalhamento (Pa) 100 Cupuacu + X1% 90 80 70 CupX1 10ºC 50 CupX1 ºC CupX1 ºC CupX1 ºC CupX1 50ºC CupX1 ºC 10 0 0 50 100 150 0 50 0 Viscosidade aparente (Pa.s) 4,0 3,5 3,0,5,0 1,5 1,0 0,5 0,0 0 1 180 0 Ajuste modelo Ostwalld-de-Waelle 10ºC ºC ºC ºC 50ºC ºC (a) (b) Figura 3.1 - Propriedades reológicas em função da temperatura: (a) curvas de fluxo; (b) curvas de viscosidade. Como mostra a Figura 3.1 (b), observa-se que para uma taxa de deformação fixa, a viscosidade aparente diminui com aumento da temperatura. Pode-se observar também, que a viscosidade aparente decresce com aumento da taxa de deformação em todas as temperaturas, o que comprova um comportamento não-newtoniano. Comportamento semelhante foi encontrado por Marcotte et al. (00), analisando as propriedades reológicas de vários hidrocolóides (carragena, pectina, gelatina, amido e xantana) na faixa de

concentração de 1 a 6%, dependendo do tipo de hidrocolóide, e nas temperaturas de a 80ºC. A dependência da viscosidade com a taxa de deformação para dispersões de biopolímeros, pode estar associada a zonas de junções ou áreas de interações suficientemente frágeis que podem ser rompidas e a orientação molecular na direção da tensão aplicada. Com o aumento da taxa de deformação, a habilidade para reformar as zonas de interação pode ser dificultada, resultando em uma redução de viscosidade a taxas de deformação mais altas (Jampen et al., 00). Nas amostras CupX, notou-se que o valor de n foi praticamente constante com o aumento da temperatura e decresceu com o aumento da concentração. Segundo Launay et al., (1986), o parâmetro n (Ostwald-de-Waelle) é independente da temperatura e seu valor diminui com aumento da concentração de um biopolímero em uma dispersão ou solução. Para as amostras onde o índice de comportamento (n) é constante, pode-se escrever a equação de Arrhenius (Eq. 1.3) em termos do índice de consistência (K). Os valores de energia de ativação para essas amostras são mostrados na Tabela 3.. Através do ajuste não linear do índice de consistência (K) ao modelo de Arrhenius determinou-se os valores de energia de ativação (Ea) e do parâmetro (A) para as amostras no intervalo de 10 a ºC e estes valores estão mostrados na Figura 3. 5 Indice de consistencia (Pa.s) 15 10 5 CupX1 CupX0,7 CupX0,3 80 90 0 310 3 3 3 Temperatura (K) Figura (3.) - Influência da temperatura no índice de consistência (K) Tabela 3. - Parâmetros da equação de Arrhenius por ajuste do índice de consistência (K) Amostras Ea (Kcal/g.mol) A R CupX0,3 1,93 0,78 CupX0,7 1,33,15 0,98 CupX1 0,81 6,43 0,9

Quanto maior a concentração de goma na polpa menor é o efeito da temperatura sobre as propriedades reológicas, sendo este comportamento evidenciado pelo decréscimo da energia de ativação (Ea) (Figura 3..e Tabela 3.). Isto pode ser justificado pelo fato de que, aumentando a concentração, aumenta-se conseqüentemente, também a interação polímero-polímero, inibindo a hidratação molecular com a conseqüente redução da ruptura dos agregados de polímeros, que faz com que a viscosidade seja menos sensível a temperatura (Mizrahi apud por Freitas 0). Conclusões I O modelo de Ostwald-de-Waelle (LP), adequou-se de modo satisfatório a todas as amostras, obtendo-se índices de comportamento de fluxo (n), inferiores a 1, caracterizando desta forma um comportamento não-newtoniano e do tipo pseudoplástico. Comparando as amostras CupX0,3%; CupX0,7% e CupX1%, observa-se que CupX1% apresentou menores valores de n e maiores valores de K, ou seja, quanto maior a concentração de goma, mais intensificado é o comportamento não-newtoniano e maior a consistência. O efeito da temperatura pôde ser avaliado de acordo com a equação de Arrenhius, sendo obtidos os valores de energia de ativação. A energia de ativação foi maior para menores concentrações de goma, indicando que a viscosidade aparente foi muito afetada pela temperatura nesta amostra. Agradecimentos Os autores agradecem a CPKelco Brasil S/A, CNPq, CETEM Referências Bibliográficas BASTOS, M.S.R.; GURGEL, T.E.P.; SOUSA FILHO, M.S.M. Efeito da aplicação de enzimas pectinolíticas no rendimento da extração de polpa de cupuaçu. Revista Brasileira de Fruticultura. 0, v.4, n.1, p.-4. CORREIA, D.Z. Comportamento reológico e térmico de blendas de gomas de cajueiro/xantana em suco de caju. Dissertação de Mestrado,Universidade Federal do Rio de Janeiro, 0. FREITAS, I.C. Estudo das interações entre biopolímeros e polpas de frutas tropicais em cisalhamento estacionário e oscilatório. Tese de Doutorado, UNICAMP, 0.

GARCIA, L.C. Influencia da temperatura na germinacao de sementes e no vigor de plântulas de cupuacuzeiro (Theobroma grandiflorum Schum). Pesq. Agrotec. Bras.,1994, v. 9., n.7, p. 1145-1150. JAMPEN, S; BRITT, I. J.; TUNG, M,A. Gellan polymer solution properties: dilute and concentrated regimes. Food Research International. 00, v.33, p.579-586. LAUNAY, B, DOUBLIER, J.L., CUVELIER, G. flow properties os aqueosos solutions and dispersions of polissaccharides. In Function Properties of Foods Macromolecules, eds. Mitchell, J.R. & Ledward, D.A. Elsevier Applied Science Publisher, New York, 1986, p. 1-78. MARCOTTE, M..; RAMASWAMY, H.S.; TAHERIAN, A.R.; TRIGUI, M. Evaluation of rheological properties of selected salt enriched food hydrocolloids. Journal of Food Engineering. 01, v.48, p. 157-167. PASTOR, M.V.; COSTELL, E.; DURAN, L. Effects of hydrocolloids and aspartame on sensory viscosity and sweetness of low calorie peach nectars. Journal of Texture Studies. 1996 v.7, p.61-79. PEREIRA, E.A.; FERREIRA, G.M.; GUIMARÃES, M.J.O.; MAIA, M.C.A. Comportamento reológico de suspensões contendo o biopolímero xantana. In Anais do 8º Congresso Brasileiro de Polímeros, São Paulo, 05. QUISPE, N. B. P. Estudo do comportamento reológico em cisalhamento estacionário e oscilatório de suspensões de amido amaranto (Amaranthus cruentus). Dissertação de mestrado, UNICAMP, 03. SCHWAN, R. F. et al. Cupuaçu [Theobroma grandiflorum (Willd Ex Spreng.)]. In: ALVES, R. E., FILGUEIRAS, H.A.C., MOURA, C.F.H. (coords.). Caracterização de frutas nativas da América Latina. Jaboticabal: FUNEP, 00. P.31-34 (Série Frutas Nativas, 9).