REFERÊNCIAS: PINHEIRO, Lidiane Santos de Lima. A construção do acontecimento histórico : o discurso do jornal O Estado de S. Paulo sobre a Guerra de Canudos e sobre as comemorações do seu centenário. 2012. 316 f. Tese (Doutorado em Comunicação e Cultura Contemporâneas). Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2012. P. 148-150. MOUILLAUD, Maurice. O título e os títulos. In: MOUILLAUD, Maurice; PORTO, Sérgio Dayrell (Org.). O Jornal: da forma ao sentido. 2. ed. Brasília: UnB, 2002d. p. 99-116 (Comunicação, 2). VERÓN, Eliseo. Fragmentos de um tecido. Tradução Vanise Dresch. São Leopoldo: UNISINOS, 2004.
Lugar privilegiado do acontecimento Onde é feita sua primeira leitura Lugar da seleção das matérias que serão lidas pelos leitores. Um importante elemento para a análise do discurso jornalístico...no entanto, o que deve ser feito não é comparar o título ao próprio acontecimento, sendo este, para nós, uma constante desconhecida; trata-se antes de comparar os títulos entre si e também comparar cada título com o acontecimento, tal como ele é descrito no texto (VERÓN, 2004, p. 108).
TÍTULO TÍTULO: a ponta de uma pirâmide......na qual o tempo vai se expandindo à medida que se aproxima da base. Ele tende para a atualidade e a BASE (o artigo/texto) para a História. Ao passo que o corpo do texto remonta a uma sequência cronológica e, por conseguinte, histórica, o título sedimenta um tempo (o presente). Na análise, observe se o tempo em destaque no título é o presente, o passado ou o futuro... E o efeito de sentido produzido por tal temporalidade. Há datas ou marcas de tempo ou do momento da enunciação? DÊITICOS, tais como: hoje, agora, ontem, amanhã... CORPO DO TEXTO
Enunciados intemporais e sem variantes do jornal Ex.: Nacional; Política; Eleições Não possuem determinantes nem predicados, não acrescentam informação Referenciam um saber pressuposto e categorizam os enunciados. Subordinados aos títulos-assuntos, títulos informativos e não-informativos compõem o jornal. Exercício: observar títulos-assuntos em jornais ou revistas
Ex.: As eleições municipais designa um fato singular, mas não o anuncia: apresenta-o como já conhecido do leitor (VERÓN, 2004, p. 183). serve para construir a cumplicidade entre o enunciador e o destinatário, por meio de um retorno permanente a objetos culturais que supostamente um e outro conhecem (VERÓN, 2004, p. 232). requer um complemento e um determinante (um artigo definido) função anafórica pois remete aos acontecimentos iniciados antes daquele número do jornal e cuja duração excede à cotidiana. Por isso, pode ser também aplicado a outras matérias envolvendo o mesmo tema, mas não necessariamente o mesmo fato. remete a um processo em curso, para além do acontecimento datado e narrado no texto presente atemporal o presente da informação (do jornal e da leitura), indiferente à temporalidade histórica. A temporalidade do título não-informativo é diferente da urgência tipicamente refletida nos títulos informativos, limitados ao hoje do jornal.
Ex.: Pelegrino e ACM Neto disputam o segundo turno Anuncia um evento singular (acontecimento específico) forma uma frase e é uma ocorrência única, um enunciado autônomo. Nele, o aspecto de acontecimento domina a referência. Como no não-informativo, no informativo geralmente não se encontra referência à data. É em relação ao número da publicação do jornal que o presente, o passado e o futuro são enunciados. A marca temporal (indicada geralmente pelo verbo) aponta o término do acontecimento (fechamento passado) ou a sua sequência (abertura presente ou futuro). Os títulos informacionais não podem ser conservados. Se há uma continuação do assunto em número posterior do jornal, outro título renovará o presente e a presença do acontecimento.
O título não informativo (que faz referência a acontecimentos anteriores) evoca e reforça um paradigma (um tema caro ao jornal) X O informativo produz uma diferença e dá relevo a um acontecimento atual. O TÍTULO INFORMACIONAL aponta uma informação que será apagada pelo esquecimento e pela substituição de outras informações X O TÍTULO REFERENCIAL aponta para a sedimentação de uma memória paradigmática. Aliás, estas são as duas funções de um jornal: evocar um paradigma e apresentar algo novo (MOUILLAUD, 2002d). Quando da SUPRESSÃO DO VERBO: o acontecimento tende a transformar-se em classe (MOUILLAUD, 2002d, p. 115) Títulos não-verbais ou nominalizados: formas em trânsito da informação para o paradigma da referência Ex. Onda de assaltos no Kuait/ Reviravolta na política americana