FORMAÇÃO JUDICIÁRIA NOS ESTADOS-MEMBROS DA UNIÃO EUROPEIA

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Transcrição:

DIRECÇÃO-GERAL DAS POLÍTICAS INTERNAS DA UNIÃO DEPARTAMENTO TEMÁTICO C: DIREITOS DOS CIDADÃOS E ASSUNTOS CONSTITUCIONAIS ASSUNTOS JURÍDICOS E PARLAMENTARES FORMAÇÃO JUDICIÁRIA NOS ESTADOS-MEMBROS DA UNIÃO EUROPEIA SÍNTESE Resumo Este estudo descreve o estado da formação judiciária na União Europeia, particularmente em matéria de direito da UE. O documento apresenta os resultados de um grande inquérito a juízes, procuradores e funcionários judiciais sobre as suas experiências no domínio da formação judiciária. Inclui também os perfis dos actores da formação judiciária a nível da UE e nos 27 Estados-Membros. Contém recomendações pormenorizadas sobre como ultrapassar obstáculos à participação na formação judiciária e como promover as melhores práticas em toda a UE. Foi compilado para o Parlamento Europeu pela Academia de Direito Europeu em conjunto com a Rede Europeia de Formação Judiciária.

O presente documento foi solicitado pela Comissão dos Assuntos Jurídicos do Parlamento Europeu. AUTORES John COUGHLAN Jaroslav OPRAVIL Wolfgang HEUSEL ADMINISTRADOR RESPONSÁVEL Danai PAPADOPOULOU Departamento Temático C Direitos dos Cidadãos e Assuntos Constitucionais Parlamento Europeu B - 1047 Bruxelas Endereço electrónico: poldep-citizens@europarl.europa.eu VERSÃO LINGUÍSTICA Original: EN Sumário executivo: BG, CS, DA, DE, EL, ES, ET, FI, FR, HU, IT, LT, LV, MT, NL, PL, PT, RO, SK, SL, SV ACERCA DO EDITOR Para contactar o Departamento Temático ou assinar o seu boletim informativo mensal queira escrever para: poldep-citizens@europarl.europa.eu Manuscrito concluído em Outubro de 2011 Parlamento Europeu, Bruxelas, 2011. O presente documento encontra-se disponível na Internet em: http://www.europarl.europa.eu/activities/committees/studies.do?language=pt http://www.ipolnet.ep.parl.union.eu/ipolnet/cms CLÁUSULA DE EXONERAÇÃO DE RESPONSABILIDADE As opiniões expressas no presente documento são da exclusiva responsabilidade dos seus autores e não reflectem necessariamente a posição oficial do Parlamento Europeu. São autorizadas a reprodução e tradução para fins não comerciais, mediante identificação da fonte, bem como notificação prévia e envio de uma cópia ao editor. 2

Formação judiciária nos Estados-Membros da União Europeia SÍNTESE O objectivo deste estudo é apresentar uma análise aprofundada e objectiva da formação judiciária nos Estados-Membros da UE em matéria de direito da UE, direito de outros Estados-Membros e direito comparado, com vista a: identificar a actual oferta de formação judiciária na UE em termos de estabelecimentos de ensino e instituições responsáveis por essa formação; compilar um inventário das melhores práticas de formação judiciária, sobretudo em matéria de direito da UE, que possam ser partilhadas entre jurisdições; formular recomendações sobre possíveis soluções para lacunas identificadas na actual oferta de formação judiciária a nível da UE. O estudo contém: perfis dos actores da formação judiciária a nível da UE, incluindo organizações especificamente criadas para prestar formação judiciária, organizações que formam juízes e procuradores em complemento das suas actividades principais e associações de juízes que prestam formação aos seus membros; perfis dos actores da formação judiciária a nível nacional nos 27 Estados-Membros da União Europeia, incluindo dados sobre a organização da formação judiciária em cada Estado-Membro, os recursos humanos e orçamentais que lhe são dedicados, os números de juízes, procuradores e funcionários judiciais formados em cada ano e outras informações essenciais; os resultados do inquérito encomendado no quadro do estudo em que juízes, procuradores e funcionários judiciais foram inquiridos, a título pessoal, sobre o seu conhecimento e a sua experiência no que respeita ao direito da UE, os seus contactos com autoridades judiciárias estrangeiras, a sua avaliação da oferta de formação judiciária e outros factores essenciais para a criação de uma cultura judiciária comum europeia. É apresentado um sumário à escala da UE dos dados relativos aos actores da formação judiciária nacional, bem como sumários semelhantes dos resultados do inquérito a juízes e procuradores, por um lado, e funcionários judiciais, por outro. O estudo inclui uma avaliação comparativa das informações e dos dados recolhidos e formula recomendações sobre as melhores práticas e possíveis soluções para as lacunas existentes na formação judiciária. Conhecimento e experiência no que respeita ao direito da UE PRINCIPAIS CONCLUSÕES A luta para persuadir os juízes e os procuradores da pertinência do direito da UE para o seu trabalho parece, em grande medida, ter sido ganha: existe um elevado grau de sensibilização para a pertinência do direito europeu em todos os Estados-Membros e afigura-se, globalmente, que o número de casos que envolvem o direito da UE está a aumentar. 3

Departamento Temático C: Direitos dos Cidadãos e Assuntos Constitucionais Ainda existem dificuldades em compreender como e quando se deve aplicar o direito da UE, em particular no que se refere à utilização do processo de reenvio a título prejudicial: três quintos dos juízes em toda a Europa afirmam não saber, de todo, como enviar uma pergunta ao Tribunal de Justiça ou dizem ter apenas um conhecimento limitado no que respeita a esse procedimento. Um número significativo de juízes e procuradores recorre às bases de dados em linha da UE (por exemplo a Eur-Lex ou a Curia) como elementos de apoio para descobrir ou compreender a legislação aplicável em processos com uma dimensão que envolve o direito da UE. São menos os que recorrem às Redes Judiciárias Europeias em Matéria Penal, Civil e Comercial, que são relativamente pouco conhecidas mesmo entre os juízes especializados nesses domínios. RECOMENDAÇÕES DE BASE Aos Estados-Membros e às suas autoridades judiciárias Permitir que os juízes e os procuradores realizem estágios nos tribunais e outras instituições da UE ou nos tribunais de outros Estados-Membros. Disponibilizar vagas suficientes nos estágios para juízes e procuradores de outros Estados-Membros. Proporcionar aos juízes e procuradores actualizações regulares sobre a evolução da legislação e da jurisprudência da UE. Promover a utilização a nível nacional das bases de dados da UE disponíveis em linha. À União Europeia e às suas instituições Disponibilizar estágios nos tribunais e outras instituições da UE. Elaborar (ou financiar) um boletim ou uma comunicação enviados por correio electrónico com actualizações regulares sobre a evolução da legislação e da jurisprudência da UE. Assegurar que as bases de dados da UE disponíveis em linha (por exemplo, a Curia, a Eur-Lex, o Atlas Judiciário Europeu) estejam disponíveis em todas as línguas da UE. Promover a utilização a nível nacional das bases de dados da UE disponíveis em linha. Promover a sensibilização para as Redes Judiciárias Europeias. 4

Formação judiciária nos Estados-Membros da União Europeia Conhecimento de línguas PRINCIPAIS CONCLUSÕES Oitenta e oito por cento dos juízes e procuradores que responderam ao inquérito compreendiam outra língua da UE além da sua língua de trabalho principal, tendo 81% citado o inglês, 40% o francês, 17% o alemão e 10% o espanhol. Embora a maior parte dos juízes e procuradores compreenda pelo menos um pouco de outra língua da UE, apenas um pequeno número compreende o suficiente para participar activamente em formação judiciária ou para utilizar profissionalmente essa língua. As barreiras linguísticas constituem um grande obstáculo à participação em programas europeus de formação judiciária. O inglês é a língua estrangeira mais comum entre os juízes e os procuradores e também a que é falada de forma mais fluente. RECOMENDAÇÕES DE BASE Aos Estados-Membros e às suas autoridades judiciárias Eliminar restrições à participação em formação com base na prova de competências linguísticas. Aos actores da formação judiciária nacional Disponibilizar formação linguística a todos os juízes, procuradores e funcionários judiciais. À União Europeia e às suas instituições Financiar a formação linguística. Financiar a formação multilingue. Aos actores da formação judiciária a nível da UE Disponibilizar formação linguística a todos os juízes, procuradores e funcionários judiciais. Facultar mais programas de formação multilingues. 5

Departamento Temático C: Direitos dos Cidadãos e Assuntos Constitucionais Acesso à formação judiciária PRINCIPAIS CONCLUSÕES Os juízes, os procuradores e os funcionários judiciais enfrentam um conjunto de obstáculos à participação em programas de formação judiciária contínua. Estes obstáculos têm que ser ultrapassados para que seja possível aumentar número de pessoas que recebem formação em direito da UE. O obstáculo mais significativo à participação em formação judiciária contínua é a organização do próprio sistema judicial, que inibe a participação na formação porque o número de processos atribuídos aos participantes na formação não é reduzido e os mesmos não são substituídos durante a sua ausência. Os outros obstáculos à participação em programas de formação judiciária incluem: a falta de informação sobre os programas de formação disponíveis; a pouca antecedência com que se indicam as datas dos programas de formação; a falta de locais adequados, particularmente no que respeita aos intercâmbios judiciários; a falta de financiamento por parte dos empregadores; a oposição institucional; a conciliação entre vida privada e vida profissional; as barreiras linguísticas; RECOMENDAÇÕES DE BASE Aos Estados-Membros e às suas autoridades judiciárias Reconhecer a formação contínua como um direito e uma responsabilidade dos juízes, dos procuradores e dos funcionários judiciais com valor equivalente ao seu trabalho normal. Reservar um número mínimo de horas ou dias por ano para a formação contínua e afectar fundos suficientes para esse efeito. Substituir os juízes, os procuradores e os funcionários judiciais que estão em formação. Designar e apoiar juízes experientes que possam prestar formação aos seus colegas e aos procuradores nas respectivas jurisdições. Assegurar que todas as profissões do sistema judicial, incluindo sempre os juízes e os procuradores, recebam informações adequadas sobre a formação e tenham acesso à mesma. 6

Formação judiciária nos Estados-Membros da União Europeia RECOMENDAÇÕES DE BASE (continuação) Aos actores da formação judiciária nacional Organizar mais sessões de formação em locais descentralizados, em períodos que não coincidam com sessões dos tribunais, e repeti-las regularmente. Desenvolver projectos de formação que combinem a formação local com a da União em cooperação com organismos de formação a nível da UE. Disponibilizar formação a todas as profissões do sistema judicial. À União Europeia e às suas instituições Convidar as entidades empregadoras dos juízes, dos procuradores e dos funcionários judiciais para fóruns regulares a fim de salientar as melhores práticas de formação judiciária. Adoptar recomendações sobre um número mínimo de horas ou dias por ano para formação contínua. Ter em conta o custo total do financiamento da formação para o empregador: no mínimo, aceitar pagar o salário ao pessoal em formação enquanto contributo do empregador para os custos da formação; em condições ideais, cobrir também os custos associados ao pessoal de substituição. Financiar: projectos que promovam uma formação descentralizada; projectos que combinem formação inicial a nível local com fóruns avançados a nível da UE; programas de formação para grupos negligenciados até ao momento, como os funcionários judiciais; um fundo para bolsas de estudo que permitam aos juízes, aos procuradores e aos funcionários judiciais frequentar programas de formação europeus se não estiverem disponíveis fundos nacionais; um estudo sobre a formação dos intervenientes jurídicos privados em matéria de direito da UE. Aos actores da formação judiciária a nível da UE Desenvolver programas de formação mais descentralizados e repeti-los. Desenvolver projectos de formação que combinem a formação local com a da UE em cooperação com organismos de formação nacionais. Notificar oportunamente os sistemas judiciais nacionais sobre os programas de formação. Investir na formação de formadores ou juízes experientes a nível nacional. Disponibilizar formação a todas as profissões do sistema judicial. 7

Departamento Temático C: Direitos dos Cidadãos e Assuntos Constitucionais Modalidades e métodos da formação judiciária PRINCIPAIS CONCLUSÕES Quase todas as pessoas que começam hoje a exercer profissões judiciais estudaram o direito da UE no quadro dos seus cursos universitários. O mesmo não acontece com as gerações mais velhas, em que apenas uma minoria estudou o direito da UE, a Convenção Europeia dos Direitos do Homem ou o direito de outro Estado-Membro no âmbito dos seus estudos universitários. A formação inicial para o cargo de juiz, procurador ou funcionário judicial varia consideravelmente entre Estados-Membros em termos de forma, duração e conteúdo. Cerca de metade das pessoas que começam hoje a exercer profissões judiciais ou no Ministério Público recebem formação em direito da UE no quadro da sua formação inicial. Os juízes, os procuradores e os funcionários judiciais têm maior probabilidade de receber formação contínua noutras disciplinas que não o direito da UE. Pouco mais de metade dos juízes e procuradores que responderam ao inquérito (53%) tinha recebido formação contínua em matéria de direito da UE ou direito de outro Estado-Membro, mas apenas um terço o tinha feito nos últimos três anos (ou seja, desde que o Tratado de Lisboa está em vigor). As modalidades de formação práticas e activas, como as simulações de processos, são as mais apreciadas pelos juízes e pelos procuradores mas as modalidades tradicionais de formação (por exemplo, seminários, cursos ou conferências) continuam a ser as mais utilizadas pelos actores da formação judiciária nacional (sendo aplicadas por 88%, 83% e 76% das instituições, respectivamente). As simulações de processos são utilizadas por apenas 61% dos actores nacionais. A aprendizagem electrónica é encarada por muitos juízes e procuradores como uma solução eficaz para conciliar a formação com as exigências da vida profissional e da vida privada, mas é disponibilizada por menos de dois quintos dos actores da formação judiciária nacional. 8

Formação judiciária nos Estados-Membros da União Europeia RECOMENDAÇÕES DE BASE Aos Estados-Membros e às suas autoridades judiciárias Investir na aprendizagem electrónica e nas tecnologias de videoconferência. Aos actores da formação judiciária nacional Integrar o ensino à distância na estratégia global de formação judiciária. Reutilizar materiais de formação desenvolvidos a nível da UE. Utilizar as simulações de processos e modalidades de formação mais activas. À União Europeia e às suas instituições Financiar: projectos de ensino à distância; projectos de formação de formadores ou juízes experientes a nível nacional; materiais de formação que possam ser reutilizados a nível local ou nacional; projectos que promovam modalidades de formação mais activas e práticas. Aos actores da formação judiciária a nível da UE Desenvolver mais projectos de ensino à distância. Desenvolver materiais de formação que possam ser reutilizados a nível nacional. Utilizar as simulações de processos e modalidades de formação mais activas. Os actores da formação judiciária a nível da UE PRINCIPAIS CONCLUSÕES Apenas 14% dos juízes e procuradores inquiridos afirmaram ter assistido a um programa de formação judiciária europeia: a grande maioria fê-lo no quadro da Academia de Direito Europeu (7%) ou da Rede Europeia de Formação Judiciária (6%). A participação em actividades organizadas pelos organismos nacionais de formação judiciária de outros Estados-Membros constitui o 9

Departamento Temático C: Direitos dos Cidadãos e Assuntos Constitucionais segundo tipo de programa de formação judiciária europeia mais citado. Cada um dos outros organismos de formação a nível da UE foi referido por menos de 0,5% dos entrevistados. Vinte e dois por cento dos juízes e procuradores que responderam ao inquérito tinham participado em intercâmbios judiciários. Entre estes inquiridos, 56% consideraram-nos muito úteis e mais 35% descreveram-nos como razoavelmente úteis. Noventa por cento dos participantes no inquérito afirmaram que apreciariam medidas destinadas a promover um maior contacto com juízes e/ou procuradores de outros Estados-Membros e, desse grupo, 57% apoiaram mais formação conjunta, 55% defenderam mais intercâmbios e 48% manifestaram interesse numa base de dados ou num directório em linha. RECOMENDAÇÕES DE BASE Aos Estados-Membros, às suas autoridades judiciais e aos actores da formação judiciária nacional Assegurar uma disseminação eficaz e imediata das informações sobre programas de formação europeus e estrangeiros a todos os juízes, procuradores e funcionários judiciais. À União Europeia e às suas instituições Prestar informações sobre programas de formação judiciária europeia no portal electrónico europeu da justiça, incluindo a opção de subscrever actualizações. Incluir os principais organismos de formação judiciária a nível da UE (Academia de Direito Europeu e Rede Europeia de Formação Judiciária, incluindo os actores da formação judiciária nacional) na base jurídica para futuros programas de financiamento da UE ao abrigo das novas perspectivas financeiras (2014-2020) a fim de assegurar um apoio estável e a longo prazo à formação judiciária a nível da UE). 10

Formação judiciária nos Estados-Membros da União Europeia Os actores da formação judiciária a nível nacional PRINCIPAIS CONCLUSÕES As instituições de formação judiciária nacional desempenham o papel mais importante neste domínio, quer no plano global quer no plano da formação em direito da UE. Contudo, os principais actores da formação judiciária de cada Estado-Membro têm um orçamento anual combinado de mais de 179 milhões de euros e gastam todos os anos aproximadamente 52 milhões de euros na prestação de formação contínua a mais de 130 000 juízes, procuradores e funcionários judiciais em mais de 5 600 actividades de formação separadas. A maior parte da formação em direito da UE é prestada a nível nacional. Pouco mais de metade (53%) dos juízes e procuradores que responderam ao inquérito indicaram ter recebido formação contínua em matéria de direito da UE ou direito de outro Estado-Membro: 21% tinham recebido essa formação nos seus institutos de formação judiciária nacional, 12% nos tribunais e no Ministério Público e 11% nos conselhos do poder judicial. RECOMENDAÇÃO DE BASE À União Europeia e às suas instituições Incluir os actores da formação judiciária nacional, através da Rede Europeia de Formação Judiciária, na base jurídica de futuros programas de financiamento da UE a fim de assegurar um apoio estável e a longo prazo aos programas de formação judiciária. Apoio da UE à formação judiciária PRINCIPAIS CONCLUSÕES Um terço dos actores da formação judiciária nacional inquiridos tinha recebido financiamento da UE. Neste grupo, mais de dois terços dos entrevistados consideraram a identificação do grupo-alvo da formação boa ou muito boa. Contudo, apenas um terço dos mesmos inquiridos classificou o processo de apresentação de um pedido de financiamento como bom ou muito bom. O aumento do financiamento da UE foi identificado pela maioria dos actores da formação judiciária nacional como a melhor forma de aperfeiçoar e aumentar a participação na formação judiciária em direito da UE (tendo sido citado por 25 dos 45 intervenientes que manifestaram a sua opinião). A simplificação dos pedidos de financiamento à UE foi a segunda recomendação 11

Departamento Temático C: Direitos dos Cidadãos e Assuntos Constitucionais mais vezes sugerida no que respeita às medidas a tomar pela UE (tendo sido referida por 13 instituições). O segundo motivo mais frequente para os actores da formação judiciária nacional não receberem financiamento foi o facto de os procedimentos da UE serem demasiado complexos (este motivo foi citado por mais de um terço dessas instituições). Outros factores importantes foram o limiar mínimo de financiamento demasiado elevado, a impossibilidade de assumir compromissos além do exercício contabilístico em curso ou o simples desconhecimento das oportunidades. Todos os actores da formação judiciária nacional que manifestaram a sua opinião sobre este assunto indicaram que os organismos ou estruturas disponíveis para a formação judiciária a nível da UE eram suficientes. Vários sugeriram que a Rede Europeia de Formação Judiciária devia ser reforçada e, embora a maioria afirmasse que a UE não devia coordenar as actividades dos diferentes actores da formação judiciária, alguns consideravam que a UE podia desempenhar um papel de apoio à organização de conferências, à elaboração de orientações comuns em matéria de formação e a outras actividades semelhantes. RECOMENDAÇÕES DE BASE Aos Estados-Membros e às suas autoridades judiciárias Disponibilizar um responsável para ajudar os candidatos em pedidos de financiamento à UE. Aos actores da formação judiciária nacional Aproveitar o financiamento da UE para preencher lacunas orçamentais nacionais. À União Europeia e às suas instituições Aumentar o montante do financiamento destinado à formação e ao intercâmbio judiciários. Simplificar os pedidos de financiamento à UE. Assegurar que as condições aplicáveis ao financiamento da UE (ou seja, o calendário ou a dimensão do financiamento) tenham em conta as limitações e os obstáculos descritos neste estudo. Disponibilizar um responsável para ajudar e informar os candidatos antes, durante e depois do processo de pedido. Reduzir o limiar de financiamento dos projectos ou desenvolver outro mecanismo que permita financiar projectos em menor escala. Adaptar os programas e pedidos de financiamento para ultrapassar insuficiências e responder a novos desafios. Actualizar regularmente este estudo. 12