MINUTA DE TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA - BOLSA FAMÍLIA Pelo presente instrumento, na forma do artigo 5º, 6º, da lei n.º 7.347/85, alterado pelo artigo 113 da Lei n.º 8.078/90, o MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO representado pelo Promotor de Justiça da Comarca de, Dr., doravante denominado interveniente, e de outro lado a Prefeitura Municipal de, doravante denominado compromissário, com a interveniência técnica do CENTRO DE APOIO OPERACIONAL DE DEFESA COMUNITÁRIA - CACO, resolvem, a fim de evitar a propositura de uma Ação Civil Pública confeccionar o presente TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA. Considerando, as condicionalidades a que são submetidas as famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família, condicionalidades estas que são os compromissos assumidos pelas famílias beneficiárias do Programa ligadas as atividades nas áreas de Saúde, Educação e Assistência Social que as famílias devem cumprir para assegurar o direito de receber o benefício financeiro do PBF. Considerando, que o objetivo das condicionalidades do Programa Bolsa Família é ampliar o acesso dos cidadãos aos seus direitos sociais básicos, em especial os relativos à saúde e à educação. Considerando, o compromisso das famílias beneficiárias, com relação à saúde (Portaria MS/MDS nº2.509, de 18 de novembro de 2004), destacando-se para as famílias com crianças até 07 (sete) anos de idade, que devem: levar as crianças para vacinação e manter atualizado o calendário de vacinação; levar as crianças para pesar, medir e ser examinadas conforme o calendário do Ministério da Saúde. Considerando, o compromisso das famílias beneficiárias, com relação as gestantes e mães que amamentam, que devem: participar do pré-natal; continuar o acompanhamento após o parto, de acordo com o calendário do Ministério da Saúde e levando sempre o Cartão da Gestante; participar das atividades educativas desenvolvidas pelas equipes de saúde sobre aleitamento materno e alimentação saudável. Considerando, o compromisso das famílias beneficiárias, com relação à educação(portaria MEC/MDS nº 3.789, de 17 de novembro de 2004), que devem:
matricular as crianças e adolescentes de seis a 17 anos na escola; garantir a freqüência mínima de 85% (oitenta e cinco por cento) da carga horária escolar mensal de crianças eadolescentes de seis a 15 anos de idade que componham as famílias beneficiárias, matriculados em estabelecimentos de ensino; e garantir a freqüência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) da carga horária escolar mensal dos adolescentes de 16 e 17 anos que componham as famílias beneficiárias, matriculados em estabelecimento regular de ensino. Considerando, o compromisso das famílias beneficiárias, em relação à assistência social, que devem: garantir a freqüência mínima de 85% (oitenta e cinco por cento) da carga horária relativa às ações socioeducativas e de convivência desenvolvidas pelos municípios, para crianças e adolescentes de até 15 (quinze) anos, retiradas do trabalho precoce, no âmbito do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI). Considerando, que ao entrar no PBF, a família se compromete a cumprir as condicionalidades do Programa nas áreas de saúde e educação, que são: manter as crianças e adolescentes em idade escolar freqüentando a escola e cumprir os cuidados básicos em saúde, ou seja, o calendário de vacinação, para as crianças entre 0 e 6 anos, e a agenda pré e pós-natal para as gestantes e mães em amamentação. Considerando que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (art. 227, caput, da CF/88); RESOLVEM Celebrar o presente compromisso de ajustamento de conduta, para implementar medidas destinadas a adequar, corrigir, minimizar, neutralizar e prevenir eventuais impactos sociais resultantes da disposição irregular de beneficiários do Programa Bolsa Família, com as cláusulas à seguir: CLÁUSULA PRIMEIRA DA APURAÇÃO DAS IRREGULARIDADES GOVERNAMENTAIS 1.1. Cabe aos Municípios:
disponibilizar serviços e estruturas institucionais da área da assistência social, da educação e da saúde; promover, em articulação com a União e os Estados, o acompanhamento das condicionalidades do Programa Bolsa Família (SISVAN e aplicativo de freqüência escolar do MEC); manter dados do acompanhamento das famílias atualizados; Identificar e acompanhar famílias com dificuldades de cumprimento das condicionalidades; disponibilizar informação à instância de controle social Conselho Municipal responsável pelo Programa Bolsa Família. CLÁUSULA SEGUNDA - DO OBJETO DO TERMO DE AJUSTAMENTO 2.1 O acompanhamento das condicionalidades é fundamental para garantir o acesso das famílias aos serviços de saúde e educação. Ele permite identificar as famílias que apresentam dificuldades de acesso a esses serviços para que o município atue de forma a reverter essa situação. Além disso, o acompanhamento das condicionalidades compõe o Índice de Gestão Descentraliza IGD, que garante repasses financeiros aos municípios para melhorar a gestão do Programa Bolsa Família. Por isso, é fundamental que o município tenha qualidade no desempenho das ações de acompanhamento, pois as informações sobre as condicionalidades irão refletir no valor do repasse dos recursos do IGD. 2.1.1 O presente compromisso visa estabelecer condicionantes técnicas e diretivas específicas para a adoção de medidas para o correto sistema de beneficiamento do Programa Bolsa Família. 2.1.2 Para tanto o Município/Compromissário deverá adequar-se em consonância com as condicionalidades apontadas no prazo máximo de 30 (trinta) dias. CLÁUSULA TERCEIRA - DO COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO 3.1- Através do presente instrumento, obriga-se o Compromissário, perante o Ministério Público Estadual, a apresentar pesquisas de cadastramento das famílias beneficiárias do PBF, observando as informações técnicas referenciadas a seguir, e ainda, a adotar as medidas sociais e em formas de projetos de execução imediata, observando rigorosamente os procedimentos e detalhamentos do cumprimento dos prazos que se seguem; 3.1.1 Obriga-se o Compromissário a enviar relatório ao Interveniente de todas as medidas e procedimentos adotados, indicando as apurações e as perspectivas de soluções a serem adotadas; 3.1.2 O Compromissário deverá encaminhar à Promotoria de Justiça, trimestralmente, relatórios de fiscalização realizadas pelo Conselho Municipal de Assistência Social em relação à supervisão, acompanhamento e controle do programa Bolsa-Família; referido
relatório deveria indicar as medidas tomadas em caso de constatação de irregularidades no recebimento dos benefícios, com a comprovação da comunicação da irregularidade ao gestor federal do programa; 3.1.3 O Compromissário deverá divulgar mensalmente em seu programa de rádio o nome das pessoas beneficiadas pelo programa Bolsa-Família, bem como o número de telefone para que a população possa fazer denúncias de irregularidades na percepção dos benefícios, informando que tal divulgação decorria de ajuste firmado com a Promotoria de Justiça; 3.1.4 O Compromissário deverá tomar todas as medidas necessárias para que no prazo de 03 meses seja criado e esteja em funcionamento a equipe de Coordenação e o Conselho Municipal para controle e participação social do Programa Bolsa-Família; 3.1.5 O Compromissário deverá zelar para que o cadastro seja pro-ativo, ou seja, com visitas dos servidores municipais aos bolsões de pobreza do município para o cadastramento das famílias, podendo para tanto ser utilizada a equipe do Programa de Saúde da Família. Ainda, o Compromissário deverá divulgar com antecedência mínima de 10 dias o prazo da abertura para inscrições no Programa Bolsa-Família, inclusive em seu programa de rádio; 3.1.6 O Compromissário deverá realizar audiência pública, anualmente, com presença de servidores municipais e agentes da Caixa Econômica Federal ou entidade pagadora no município, para divulgar o Programa Bolsa-Família e fomentar o cadastramento e a apresentação de denúncias de irregularidades; 3.1.7 O Compromissário deverá articular-se com outras instâncias da sociedade para que se envolvam na fiscalização do Programa Bolsa-Família, considerando suas interfaces (infância e juventude, educação, saúde, idosos, etc). CLÁUSULA QUARTA - DO DESCUMPRIMENTO DO COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO 4.1 À medida que for sendo verficado o descumprimento das obrigações pelo Compromissária, o Interveniente efetuará a comunicação formal da conclusão ao ÓRGÃO COMPETENTE, que promoverá as vistorias necessárias para a constatação de seus adimplementos, enviando ao MPES, os laudos de vistorias, no prazo máximo de 10(dez) dias úteis. 4.2 O Compromissário será notificado pessoalmente, por correspondência com aviso de recebimento, ou pelo Diário Oficial do Estado, no caso de devolução da notificação efetuada, da penalidade pelo descumprimento do ajustamento de conduta. 4.3 O descumprimento do presente termo de ajuste de conduta sujeitará a COMPROMISSÁRIA ao pagamento da multa diária de R$ 1.000,00 (um mil reais), reversível (Art. 13. Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da comunidade,
sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados.), nos termos dos artigos 5º, parágrafo 6º, e 13 da Lei n.º 7.347/85, dobrada, em cada reincidência; 4.3.1 O valor da multa será atualizado pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor)e, na ausência do INPC, a atualização monetária será efetuada com base no índice de correção das dívidas trabalhistas. 4.3.2 As multas aplicadas não são substitutivas das obrigações pactuadas, que remanescem à aplicação das mesmas. 4.3.4 Não haverá aplicação da penalidade quando o gestor municipal comprovar que não deu causa ao descumprimento dos itens estabelecidos neste TAC. 4.3.5 Em caso de denúncia de descumprimento, o Município compromissário deverá ser notificado para prestar esclarecimentos sobre os fatos. CLÁUSULA QUINTA - DA EXECUÇÃO JUDICIAL 5.1 A inexecução total ou parcial do presente compromisso de ajustamento de conduta ensejará a execução judicial das obrigações dele decorrentes, como título executivo extrajudicial, na forma do disposto no 6º, do Artigo 5º, da Lei Federal Nº 7.347/85, sem prejuízo das medidas administrativas de fiscalização necessárias à preservação do meio ambiente. CLÁUSULA SEXTA - DA VIGÊNCIA 6.1 O presente compromisso tem vigência limitada ao prazo necessário ao cumprimento das obrigações fixadas na Cláusula Segunda, fixando-se o seu início a partir da data da assinatura de todos os signatários do termo. 6.2 Passado um ano da assinatura do presente ajuste, as partes poderão revê-lo mediante termo aditivo, o qual poderá incluir ou excluir medidas que tenham por objetivo o seu aperfeiçoamento. CLÁUSULA SÉTIMA - DO FORO 7 O foro de (MUNICÍPIO)-ES é o competente para dirimir as questões decorrentes deste compromisso. E por estarem ajustadas e compromissadas, firmam o presente termo em duas vias, na presença de 02 testemunhas, para que surta os seus jurídicos e legais efeitos. Local,...de... de 2006. COMPROMISSÁRIA Prefeitura Municipal de
COMPROMITENTE INTERVENIENTE Testemunhas: Nome: Nome: