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Transcrição:

CONTRIBUIÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO NA ÁREA DE TURISMO DOS PROFESSORES DO CURSO DE BACHARELADO EM TURISMO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS - UFPel Deise Mari Pereira Silveira 1 Rita Gabriela Araújo Carvalho 2 Tania Elisa Morales Garcia 3 RESUMO A universidade pública, sendo uma instituição social, tem como funções básicas o ensino a pesquisa e a extensão. Além de ser voltada à formação das novas gerações, também deve ser vista como importante espaço de geração e divulgação do conhecimento. Nesta perspectiva este trabalho tem como objetivo identificar a produção científica dos docentes do curso de Bacharelado em Turismo da Universidade Federal de Pelotas - UFPel, na referida área. Para atender o objetivo proposto, foram coletados dados nos currículos Lattes dos docentes do curso, no período de 2000 a 2010, no que se refere a sua produção científica e os projetos de pesquisa concluídos e em andamento. Constatou-se que há a necessidade de crescimento da produção científica na área, podendo-se dizer que há uma relação entre a produção científica dos docentes e sua titulação. Palavras-chave: Turismo, Produção científica na área de turismo, Produção científica docente, Curso de turismo em universidade pública. 1 Acadêmica do Curso de Bacharelado em Turismo pela Universidade Federal de Pelotas, UFPel. E-mail: deisi.silveira@yahoo.com.br 2 Acadêmica do Curso de Bacharelado em Turismo pela Universidade Federal de Pelotas, UFPel. E-mail: ritagabyar@hotmail.com 3 Orientadora. Professor Associado da Faculdade de Administração e de Turismo/UFPel. E-mail: tanisa@uol.com.br

INTRODUÇÃO A universidade reúne em sua gênese diferentes finalidades, além de ser uma instituição do conhecimento, voltada à formação das novas gerações, deve ser vista também como importante espaço de geração de conhecimento, e de divulgação desse conhecimento produzido no seu interior, uma vez que suas três funções básicas são o ensino, a extensão e a pesquisa. A Universidade Pública, considerando especificamente a produção do conhecimento, tem na pesquisa, além de sua função social de geradora do conhecimento, com vistas às demandas da sociedade, apresenta significativo papel formador, na perspectiva da compreensão de formação numa dimensão reflexiva e permanente. Segundo Chaui (2003) a universidade é uma instituição social e como tal exprime de maneira determinada a estrutura e o modo de funcionamento da sociedade como um todo. Além disso, a pesquisa pode ser considerada um dos indicadores de qualidade dentro das instituições de Ensino Superior, uma vez que ela pode ser entendida como um facilitador para a formação do aluno universitário, no sentido de possibilitar uma visão mais crítica e que estimule o pensamento dos sujeitos, que os mantêm em constante estado de aprendizado, sabendo pensar para poder intervir no mundo de forma ética e responsável. O desenvolvimento da pesquisa, nas universidades, está intimamente ligado à pós-graduação, espaço este, que oferece as condições básicas para sua viabilização. Portanto, é inegável que o espaço do ensino de Pós-graduação em nível stricto sensu contribui para a constituição e solidificação da ciência, e na área de turismo esta situação não é diferente, pois é nesse espaço que se estimula a pesquisa específica e a preparação de profissionais capazes de descrever, analisar e interpretar o fenômeno do turismo bem como elaborar as políticas voltadas ao desenvolvimento regional e nacional do setor. Foram encontrados alguns autores como Cooper et al (2001) que afirmam que o turismo é um campo de estudos, ainda carente de base teórica, indicando que os estudos nessa área ainda precisam formar uma base teórica significativa e consistente. Nessa direção, Jovicic (1988), argumenta que a prática do turismo é muito mais avançada do que sua teoria. Pode-se dizer que a publicação na área de turismo não é extensa, mas aponta que isto se deve ao fato do turismo ser uma área de estudo e de conhecimento nova no país, quando comparado a outras áreas do conhecimento já consolidadas e com maior tempo de existência e de publicações. Tendo presente essas considerações, este trabalho tem como objetivo identificar a produção científica dos docentes do curso de Bacharelado em Turismo da

Universidade Federal de Pelotas - UFPel, na referida área. REFERENCIAL TEÓRICO Entende-se por pesquisa um empreendimento que, para ser realizado a contento e ter continuidade, precisa de parcerias, de preferência, redes através das quais possam ser construídas as interlocuções necessárias (RAMOS, GARCIA, 2006, p. 7). Na mesma direção Kuhn descreve sobre a importância da constituição de grupos que realizam pesquisa e produzem conhecimentos comuns, pois Ciência normal significa a pesquisa firmemente baseada em uma ou mais realizações científicas passadas. Essas realizações são reconhecidas durante algum tempo por alguma comunidade científica específica como proporcionando os fundamentos para sua prática posterior (KUHN, 2001, p. 29) Por sua vez Barretto e Santos dizem A pesquisa científica é uma atividade que consiste em partir de realidades empíricas, informações sobre determinado assunto, reconstruir este universo empírico através de recursos metodológicos e confrontálo com o conhecimento teórico acumulado a respeito deste. A pesquisa científica produz teorias, que são os enunciados que resumem, orientam, conceitualizam, classificam, compreendem, explicam ou interpretam os fatos observados. (BARRETTO; SANTOS, 2005, p.363) Entretanto, Panosso Netto (2005) afirma que a as pesquisas encontram-se desconectadas, isso impossibilitaria o avanço significativo do debate e da produção de uma teoria do turismo. De certa forma, os cursos de pósgraduação garantiriam a continuidade da pesquisa e a formação de grupos que partilham de ideias e atividades comuns. Pode-se afirmar que mesmo que na área do Turismo a pósgraduação tenha um caráter interdisciplinar, existem as condições favoráveis para a construção de teorias científicas a fim de entender o fenômeno do turismo, a qual sendo uma área nova da ciência e da tecnologia, assim como outras áreas da produção científica oferece inúmeras definições e esboço de teorias. Essa preocupação com o desenvolvimento e reconhecimento da área do turismo, por ser uma área multidisciplinar, de acordo com Richter (2002, p. 403) na maioria das vezes os pesquisadores chegam inadvertidamente ao turismo enquanto estudam outros assuntos. Essas afirmações reforçam que há uma necessidade de priorizar a atividade de pesquisa e produção do conhecimento nas Universidades. Entende-se também que o ensino de graduação sem a obrigatoriedade da atividade de pesquisa torna-se incompleto. Entretanto, é percebido um predomínio dos cursos no setor privado, tanto no que se refere às instituições como às matrículas e números de cursos, uma vez seguindo essa tendência nacional, nos últimos anos, ocorreu uma rápida

expansão do ensino superior em Turismo no Brasil, principalmente nas universidades privadas. Em 1994 pesquisas apontam que existiam no Brasil 41 cursos de turismo, já no final de 1997, havia 60 cursos superiores de turismo e nove cursos superiores de Hotelaria no Brasil, em 2002, conforme dados do INEP (2002), a oferta pulou para 576 cursos. Esse crescimento continuou a se fazer presente alcançando o patamar de 697 cursos de turismo em 2005, conforme informações obtidas junto ao INEP (2005). Portanto, do ano de 2002 para 2005 foram criados 121 novos cursos de turismo no Brasil (RAMOS, GARCIA, 2006). No entanto, informações obtidas junto ao e-mec mostram um total de 553 cursos de turismo no Brasil, neste ano de 2010, evidenciando uma redução nos últimos cinco anos (EMEC, 2010). 4 No Rio Grande do Sul, até 2009 havia somente um curso de Turismo em Universidade Pública, o Curso de Bacharelado em Turismo da Universidade Federal de Pelotas. A partir de 2009 foram criados cursos de Turismo na Universidade Federal do Pampa, em Jaguarão e na Universidade Federal do Rio Grande (2010) em Santa Vitoria do Palmar. No entanto, é visível a carência no ensino de pós-graduação stricto 4 Em maio de 2004, o Ministro da Educação decretou a suspensão por 180 dias da abertura e reconhecimento de novos cursos, em todas as áreas, como forma de rever critérios de qualidade estabelecidos para a abertura desses cursos face ao crescente número já existente e da necessidade de uma constante avaliação destas IES e da forma como tem ocorrido. sensu. Em nível de doutorado, dados da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) de 2011 informam a existência de apenas um doutorado em Administração e Turismo na Universidade do Vale do Itajaí/SC (UNIVALI SC), e sete cursos de Pós-graduação em nível de mestrado. Desse total, apenas dois pertence à universidade pública, o Mestrado Profissional em Turismo da UNB, o Mestrado Acadêmico de Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e o Mestrado acadêmico em Cultura & Turismo da Universidade Estadual de Santa Cruz/BA. O Rio grande do Sul, apesar do significativo crescimento dos cursos de graduação na área de turismo, conta apenas com um curso de pósgraduação stricto sensu, o Curso de Mestrado em Turismo da Universidade de Caxias do Sul, instituição de natureza privada. O Curso de Bacharelado em Turismo da UFPel 5 teve seu projeto de criação aprovado pelo Conselho Coordenador de Ensino, da Pesquisa e da Extensão (COCEPE) em 13/06/2000 e pelo Conselho Universitário (CONSUN) em 20/08/2000, Resolução 03/2001 de 24/03/2001, o Curso iniciou as suas atividades a partir do processo seletivo de inverno do ano 2000, com ingresso da 1ª turma no mês de agosto desse mesmo ano. 5 Dados sobre o curso foram retirados do site oficial da UFPel, Faculdade de Administração e de Turismo, Curso de Turismo.

O Curso de Bacharelado em Turismo, na época, era inédito em universidades públicas no estado do Rio Grande do Sul, foi proposto pela UFPel com um duplo objetivo: tratava-se, por um lado, de criar um espaço interdisciplinar que permitisse a investigação científica do turismo a partir dos múltiplos saberes que se encontram a ele vinculados, permitindo, igualmente, a formação de profissionais habilitados a compreender as formas de produção do conhecimento associadas a essa área; por outro lado, tratava-se também de criar uma instância capaz de participar dos processos de desenvolvimento da metade sul, avaliando que o turismo, somado a outras iniciativas, e dadas as características culturais e ambientais dessa região, pode funcionar como uma alternativa no conjunto daqueles processos. O curso faz parte da Faculdade de Administração e de Turismo, além do curso de Bacharelado em Administração e o Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública, e o curso de pós-graduação lato sensu em Gestão Pública e Desenvolvimento Regional, sendo que seus docentes muitas vezes ministram aulas em todos os cursos da unidade. METODOLOGIA A pesquisa foi realizada com 10 professores, os quais ministram aulas no curso de Bacharelado em Turismo, sendo que cinco deles são doutores e os outros cinco possuindo titulação de mestre. Para atender ao objetivo proposto, foram coletados dados nos currículos Lattes dos docentes do curso, no período de 2000 a 2010, fazendo uma relação entre as produções científicas e a titulação dos docentes. O presente estudo se pautou em uma pesquisa de caráter exploratóriodescritiva, que compreendeu basicamente duas fases: uma revisão bibliográfica, baseada em livros, revistas, artigos e em sites oficiais que debatem a questão da produção do conhecimento científico e sua importância para a formação dos profissionais da área do turismo. A segunda fase se constituiu em um universo composto de uma pesquisa nos currículos Lattes de dez docentes do curso de Bacharelado em Turismo da UFPel, cadastrados na Plataforma Lattes, onde foi analisada apenas a produção cientifica na área do turismo. Os dados obtidos dos currículos Lattes referem-se a projetos de pesquisa concluídos e em andamento, no qual o docente está inserido, e a produções bibliográficas que dizem respeito a capítulos de livros, artigos em periódicos, publicação de trabalhos e resumos em anais e apresentação de trabalhos em eventos da área. Este artigo utilizou-se de alguns dados do projeto de pesquisa A Pesquisa Acadêmica na Área de Turismo no Rio Grande do Sul no Período 2000-2010, o qual conta com o apoio financeiro da FAPERGS, e tem por objetivo mapear a produção acadêmica na área de turismo, no Rio Grande do Sul, no período de 2000 a 2010.

RESULTADOS A partir da análise dos dados sobre a produção científica dos docentes do Curso de Bacharelado em Turismo da UFPel (Tabela 1), observa-se que, no período de 2000 a 2010, a concentração está nos trabalhos completos e resumos em anais de eventos. Outro aspecto a ser destacado é o número pouco expressivo de artigos em periódicos e capítulos de livros. Os professores com título de doutor apresentam um percentual de aproximadamente 70% de artigos em periódicos em relação aos docentes com título de mestrado, o mesmo se repete no que diz respeito a artigos em anais de congresso, mais de 50% desta produção é dos professores com doutorado, o que reflete a ligação entre a produção científica e a titulação docente. Hall (apud PANOSSO NETTO, 2005, p.32) afirma que a maioria das pesquisas nos periódicos de turismo implicitamente adota uma filosofia empírica-positivista, particularmente na economia, gerenciamento, marketing e psicologia; dessa forma, a construção da teoria é pobremente formulada. Enquanto Barretto (2005) coloca que há também dificuldade da própria natureza do turismo, por ser um fenômeno que apresenta distintos aspectos relacionados a uma complexa gama de áreas de interesse, podemos dizer então que a produção científica pode se tornar dispersa apresentando variados focos. Tabela 1:Produção científica na área do Turismo dos docentes da UFPel - período 2000 2010 Tipo de Produção Científica Artigos completos em periódicos Capítulos de livros Trabalhos completos em anais de congressos Resumos expandidos em anais de congressos Resumos em anais de congressos Demais tipos de produção bibliográfica Professores Doutores 9 5 49 1 33 7 Professores Mestres 4 6 35 6 29 9 Total 13 11 84 7 62 16 Fonte: pesquisa direta, 2011 Nota: Foram consideradas apenas as produções relacionadas com área do turismo. Ao analisar o número de projetos de pesquisa acadêmica existentes na área do turismo dos docentes da UFPel (Tabela 2), verificou-se que o resultado é semelhante ao da produção científica (Tabela 1), visto que o número de projetos dos professores com doutorado é de

aproximadamente 75%, em relação aos professores que tem o título de mestre. Desta forma, mais uma vez poder-se-ia relacionar a produção científica dos docentes do curso em estudo, com a titulação que os mesmos possuem. Como afirmam Rejowski e Solha (2000) o interesse pelo estudo em turismo altera-se conforme o nível acadêmico da tese. No mestrado é a atuação profissional na área; no doutorado e na livre docência é o campo de pesquisa novo e promissor. Tabela 2: Projetos de Pesquisa Acadêmica na área do Turismo dos docentes da UFPel - período 2000-2010. Projetos Concluídos Em Andamento Totais Prof. Dr 9 6 15 Prof. Msc - 4 4 Total 9 10 19 Fonte: Pesquisa Direta, 2011. A pesquisa no turismo pressupõe a sustentação de teorias e metodologias próprias que auxiliem a resolução dos problemas dessa área de conhecimento. Portanto, a teoria pensada numa visão de conjunto com outras áreas próximas teoricamente, auxiliam na incorporação desse conhecimento sistematizado e fundamentado. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa realizada sobre o conhecimento científico produzido na graduação em Turismo, pelos docentes da UFPel no período de 2000 a 2010, resultado demonstrado, por meio da análise dos dados coletados, que o número de produção científica dos docentes pode ser considerada não muito expressiva, se observarmos que a pesquisa considerou um período de dez anos. Outro elemento a destacar, é que a produção dos docentes com a titulação de doutor é maior s que dos docentes com a titulação de mestre. Através da comparação dos dados obtidos pelo exame dos Currículos Lattes dos docentes do curso de Bacharelado em Turismo da UFPel no período de 2000 2010, os dados encontrados sinalizam na mesma direção do que muitos autores falam, ou seja, que há uma necessidade premente de um crescimento na pesquisa, e a criação de novos programas de pós-graduação, nível stricto sensu, em turismo, o que daria um considerável estímulo a área. A partir do resultado do estudo, torna-se importante uma pesquisa aprofundada no que se refere à produção científica na área, não só para uma atualização dos dados, mas para identificar o estágio em que se encontra essa produção

acadêmica, bem como para identificar a integração entre o turismo e outras áreas do conhecimento que fornecem uma base científica para a produção do conhecimento na área em questão. REFERÊNCIAS BARRETTO, Margarita. Conferência apresentada no II Encontro Internacional de Pesquisadores da Rede Latino-americana de Cooperação Universitária "América Latina Perante o Desafio da Integração". Universidade de Caxias do Sul - RS. 2005. BARRETTO, Margarita; SANTOS, Rafael José dos. Fazer Científico em Turismo no Brasil e seu Reflexo nas Publicações. Revista Turismo, Visão e Ação. v. 7, n. 2, p. 357-364. Camboriu, UNIVALI. 2005. CHAUI, Marilena. A Universidade Pública sob Nova Perspectiva. REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO, n.24, p. 1-15, 2003. CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTIFICO E TECNOLOGICO. Disponível em: <http://lattes.cnpq.br/ >Acesso em 27 de agosto de 2011 ás 14h e 05 min. COOPER, C.; FLETCHER, J.; WANHILL, S.; GILBERT, D. e SHEPHERD, R.Turismo: Princípios e Prática. 2 ed., Porto Alegre:Bookman, 2001 EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/ >Acesso em agosto de 2011. JOVICIC, Z. A plea for tourismological theory and methodology. In: Revue du Tourism. v. 43, n. 3, p. 2 5, 1988. KUHN, Thomas S. A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo: Perspectiva, 2001 MINISTERIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. Disponível em: <http://emec.mec.gov.br/> Acesso em agosto de 2011. PANOSSO NETTO, Alexandre. Filosofia do Turismo: teoria e epistemologia.são Paulo: Aleph, 2005. RAMOS, M. da G. G, GARCIA, Tania E.M. Ensino Superior em Turismo no Brasil: algumas reflexes. UNIrevista - Vol. 1, n 2 : (abril 2006) RICHTER, L. K. Explorando o Papel Político do Gênero na Pesquisa de Turismo. In: THEOBALD, William F. Turismo Global. 2 ed. São Paulo: Ed. SENAC, São Paulo, 2002. UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS. Disponível em:<http://www.ufpel.edu.br/prppg/pr ojetos/> Acesso em 8 de setembro de 2011 ás 22h35min. INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS