11 a 14 de dezembro de 2012 - Campus de Palmas FRACIONAMENTO DA PROTEÍNA E DO CARBOIDRATO DE SIES HÍBRIDOS DE SORGO PARA CORTE/PASTEJO CULTIVADOS NA REGIÃO NORTE DO TOCANTINS Thais Valeria Souza Silva 1 ; Susana Queiroz Santos Mello 2 1 Alunos de Graduação em Zootecnia-UFT, Araguaina-TO. Tvaleria_18@hotmail.com PIVIC/UFT 2 Prof. Adj. Depto. de Zootecnia/UFT, Araguaína-TO. sqsmello@hotmail.com Resumo: Objetivou-se no presente trabalho avaliar o fracionamento da proteína e do carboidrato da planta inteira em seus três cortes de seis híbridos de sorgo provenientes do cruzamento do capim-sudão (Sorghum bicolor cv. Bicolor x Sorghum bicolor cv. Sudanense) na região Norte do Estado do Tocantins. A forrageira estudada é constituiu de seis híbridos, coletadas aos 55 dias após a germinação, sendo eles o BRS 800, BRS 810, 865005, 864012, 864006 e 865012. O delineamento experimental foi casualizado com seis híbridos e quatro repetições. As frações da proteína foram calculadas, e os resultados submetidos á ANOVA pelo PROC GLM SAS. Em relação aos teores de PB, FDN, FDA, CNF, CHOT, LIG, NIDIN e NIDA, os híbridos diferiram (P<0,05) nos três cortes. Em relação às frações de carboidratos e proteínas, todos os híbridos diferiram entre si nos três corte. A exceção esta no primeiro corte, pois a Fração B 2 da proteína e a fração C do carboidrato não diferiram. Entre os híbridos avaliados nas condições experimentais na Região Norte do Estado do Tocantins, os que apresentaram o melhor perfil nutricional para ser usada na alimentação dos ruminantes foram o comercial BRS 810 e os experimentais 865005 e o 864012. Palavra Chave: alimento, Forragem, ruminantes, valor nutricional INTRODUÇÃO No Brasil as forrageiras têm papel primordial no sistema de exploração da pecuária, uma vez que, constituem quase que exclusivamente a dieta dos animais. Dentro deste contexto, O sorgo vem ganhando bastante destaque, por possuir características favoráveis como: baixa exigência, facilidade de cultivo, resistência à seca, rapidez de estabelecimento e crescimento, além do bom valor nutritivo e da alta produção de forragem (RODRIGUES, 2000). O valor nutritivo da forragem convertido em produto animal, vem sendo detalhado através de avaliações que predizem os processos da digestão eficiente, de forma a atingir ganhos por animal cada vez mais significativos. Dentre essas avaliações que vão além da composição bromatológica, incluem-se o fracionamento dos carboidratos e proteínas. Em virtude disso objetiva-se avaliar o fracionamento da proteína e do carboidrato da planta inteira em seus três cortes de seis híbridos de sorgo provenientes do cruzamento do capim-sudão (Sorghum bicolor cv. Bicolor x Sorghum bicolor cv. Sudanense) na região Norte do Estado do Tocantins.
MATERIAIS E METODOS O experimento foi realizado na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal do Tocantins (UFT), no município de Araguaína TO com seis híbridos de sorgo para corte/pastejo, sendo dois comerciais BRS 810 e BRS 800 e quatro experimentais 0865005, 0865012, 0864006 e 0864012 provenientes do cruzamento (Sorghum bicolor cv. Bicolor x Sorghum bicolor cv. Sudanense) em delineamento experimental inteiramente casualizado com quatro repetições. Utilizou-se neste experimento amostras do primeiro, segundo e terceiro corte da planta inteira aos 55 dias após semeadura. A altura do corte foi de aproximada 0,20 metros quando as plantas atingiram um metro altura. Este, foi submetido a separação ao acaso de sub-amostras da planta inteira, foram processado e encaminhado para análises da composição bromatologica, e do fracionamento da proteína e carboidrato no Laboratório de Bromatologia da Universidade Estadual Paulista UNESP no campus de Ilha Solteira - SP. As análises foram realizadas quanto aos teores de matéria seca (MS), extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM) e proteína bruta (PB), segundo Silva & Queiroz (2002) e a fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente neutro corrigido para cinzas e proteína (FDNcp), fibra em detergente ácido (FDA), lignina (LIG), carboidratos totais (CHOT) e carboidratos não fibrosos (CNF) conforme Van Soest et al. (1991). As determinações do nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN), nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA), nitrogênio não protéico (NNP) e nitrogênio solúvel (NS) foram segundo Licitra et al. (1996). As frações dos carboidratos e proteína foram calculadas segundo a metodologia do sistema de Cornell (CNCPS) (SNIFFEN et al., 1992) e os dados foram submetidos á análise de variância segundo procedimento GLM do sistema SAS. Para verificar a significância das diferenças entre as médias dos tratamentos aplicou-se o teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÕES Estão presentes na tabela 1 os dados da composição bromatológica (%MS) da planta inteira de seis híbridos de sorgo corte/pastejo em seus três cortes. Nota-se que os híbridos não diferiram (P>0,05) para PB no primeiro corte tendo por média 7,64%. No entanto, o segundo corte houve diferença significativa com maiores valores para o comercial BRS 810 e o experimental 864012, resultando em média de 10,20% e o, menor teor para o experimental 865012. No terceiro corte, observou-se que a maior porcentagem foi para o 865005 e menor para 864012, Cabe ressaltar que todos os híbridos avaliados nos três cortes apresentaram teores de PB acima de 7%, valor este considerado limitante para o desenvolvimento dos microrganismos ruminais. FDN diferiu significativamente no primeiro e segundo corte e não diferiu (P>0,05) no terceiro. Os resultados proporcionaram uma variação percentual do menor para o maior teor FDN de 5,66 a 11,43%, de 9,64 a 15,30% e média de 15,57%, respectivamente. (MERTENS, 1994) Relata que dados superiores a 70%, limitam o consumo da matéria seca. Assim, neste atributo os teores foram abaixo deste limite. Valores de FDA acima de 45% são limitantes da digestibilidade (PACIULLO et al., 2001), até então, os dados nos três cortes demonstraram estar abaixo do valor relatado anteriormente, diferindo (P<0,05) entre si, tendo maiores valores os híbridos BRS 800
e 865012 no primeiro e segundo corte e BRS 800, 865005, 864012 e 865012 no terceiro corte. Sabendo que a lignina é um fator inibidor da digestão animal, nota-se que não houve diferença (P>0,05), para os híbridos de sorgo no primeiro corte, porém, no segundo e terceiro corte diferiram (P<0,05) com destaque de menor valor para o 864006 no segundo e todos do terceiro com exceção do 865005. Os teores de CHOT no primeiro corte não diferiu (P>0,05) e sua media foi de 86,05%, contudo, no segundo e terceiro houve diferenças (P<0,05) que resultaram em maiores dados para o BRS 800 e 865012 nesses cortes, respectivamente. Os CNF foi maior nos híbridos 0864005 e 864006 do primeiro e BRS 810 e 865012 do segundo, com exceção no terceiro corte, cujos híbridos não diferiram (P>0,05). Os dados de NIDA, diferiram (P<0,05) apresentando menor valor para o híbrido 865005 no primeiro, este, com o 864012 segundo, 864012 e 865012 no terceiro. O NIDN resultou em menor diferença (P<0,05) para os híbridos 865005 e 865012 no primeiro e segundo corte e este último no terceiro. Supõe-se que o menor valor deste atributo se deve ao fato da menor porcentagem de PB com forme pode ser observado na tabela no segundo e terceiro corte. Tabela 1. Composição Bromatológica (% MS) da planta inteira em seus três de sorgo corte/partejo Híbridos Primeiro de sorgo corte PB FDN FDA LIG CHOT CNF NIDN BRS 800 7,70 A 66,04 A 33,46 A 2,24 A 86,07 A 20,02 C 0,62 A BRS 810 7,66 A 62,61 BC 30,84 C 1,47 A 85,87 A 23,26 AB 0,63 A 865005 7,28 A 62,00 C 31,16 BC 1,91 A 87,08 A 25,08 A 0,53 C 864012 8,34 A 62,10 C 31,32 BC 1,77 A 84,97 A 22,87 B 0,65 A 864006 7,27 A 62,38 BC 31,58 B 1,70 A 86,08 A 23,71 AB 0,61 AB 865012 7,89 A 63,62 B 33,89 A 2,38 A 86,28 A 22,66 B 0,55 BC Segundo corte BRS 800 9,51 B 63,25 A 34,92 A 3,86 A 83,5 AB 20,52 BC 0,85 C BRS 810 10,35 A 59,29 B 30,79 C 2,69 B 82,26 B 22,97 A 0,93 A 865005 9,42 B 63,21 A 32,85 BC 3,02 B 82,8 AB 19,57 C 0,80 D 864012 10.03 AB 62,15 AB 32,85 BC 2,85 B 82,8 AB 20,58 BC 0,94 A 864006 9,36 B 62,14 AB 31,21 BC 2,16 C 82,55 B 20,41 BC 0,89 B 865012 8,96 C 62,32 AB 34,82 A 2,76 B 83,99 A 21,67 AB 0,80 D Terceiro corte BRS 800 7,70 C 58,65 A 30,20 AB 2,97 AB 86,24 A 27,58 A 0,70 A BRS 810 8,41 B 57,77 A 28,69 B 2,49 B 84,16 B 26,39 A 0,70 A 865005 8,84 A 58,84 A 30,14 AB 3,63 A 84,0 B 25,14 A 0,72 A 864012 7,12 D 60,80 A 30,27 AB 2,59 B 85,85 A 25,04 A 0,65 B 864006 8,18 B 59,35 A 29,67 B 2,81 B 84,24 B 24,88 A 0,72 A 865012 7,24 D 59,24 A 31,33 A 2,94 AB 86,12 A 26,87 A 0,62 C Médias seguidas de diferentes letras maiúsculas nas colunas diferem entre si (P<0,05) pelo teste Tukey Matéria seca (MS), proteína bruta (PB) fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente neutro corrigido para cinzas e proteína (FDNcp), fibra em detergente ácido (FDA), lignina (LIG) carboidrato total (CHOT), carboidrato não fibroso (CNF); nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) e nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) Na tabela 2 que ilustra as frações da proteína e do carboidrato verifica-se que as porcentagens das fração A, B 3 e C da PB diferiram (P<0,05) em todos os cortes, com exceção do primeiro para a fração C. A fração A, mostrou os maiores valores no primeiro e terceiro corte para os híbridos experimentais 865012 e 864012, enquanto no segundo corte, destaca-se o comercial BRS 810. A fração B 3 demonstrou os maiores resultados encontrados nos híbridos BRS 800, BRS 810 e 864006 e no primeiro
corte, 864012 no segundo e BRS 800, 864012 e 864006 no terceiro. A fração C, não apresentou diferença (P<0,05), no primeiro corte como média 21,03%, no entanto, nos demais cortes seguintes diferença (P<0,05), destacando-se os híbridos 865005, BRS 810, e 864012 no segundo corte, e BRS 810 no terceiro corte, os quais apresentaram menores porcentagens desta fração, que atribui um menor espessamento da parede celular principalmente a secundaria. Os valores das frações B 2 da proteína não diferiram (P<0,05) no primeiro corte, obtendo média de 17,1%. Em relação, aos demais cortes, maiores diferenças significativas foram evidenciadas nos híbridos 865005 no segundo corte e este com BRS 810 no terceiro. A fração B 1 resultou diferença (P>0,05), nos três cortes, em que observou-se maiores valores para todos os híbridos no primeiro e terceiro corte com exceção 864012, 864006 e 865005, 864012 respectivamente, bem como 864012 no segundo. Infere-se que ruminantes ingerindo forragens, cuja fração protéica apresenta maiores proporções das frações A, B 1 e B 2, poderão acentuar a perda de nitrogênio amoniacal pelo epitélio ruminal, especialmente nos casos em que as taxas de degradação das frações B 1 e B 2 forem elevadas, tal fato foi verificado no híbrido 865005 em seus três cortes. Tabela 2. Frações da proteína (% PB) e Frações de carboidratos (%CHOT) da planta inteira em seus três corte do sorgos para corte/pastejo. Híbridos de sorgo Primeiro corte Fração da proteína Fração do carboidrato A B 1 B 2 B 3 C A+B 1 B 2 BRS 800 7,70 A 8,67 A 14,70 A 29,84 AB 22,40 A 31,12 B 62,62 A BRS 810 7,66 A 9,06 A 15,03 A 29,14 AB 22,44 A 35,42 A 60,45 AB 865005 7,28 A 9,25 A 17,42 A 25,28 B 20,19 A 36,03 A 59,71 B 864012 8,34 A 2,63 C 18,76 A 27,91 B 20,68 A 34,65 A 60,35 AB 864006 7,27 A 3,48 BC 18,12 A 32,29 A 20,94 A 35,00 A 60,24 AB 865012 7,89 A 6,03 AB 18,57 A 24,62 B 19,54 A 33,41 AB 59,97 B Segundo corte BRS 800 24,51 A 4,47 C 15,39 C 26,16 D 29,48 A 32,04 BC 56,85 CD BRS 810 22,08 B 5,67 B 15,70 C 34,35 B 22,31 D 35,95 A 56,17 D 865005 18,78 D 4,30 C 23,52 A 30,76 C 22,62 D 30,85 C 60,36 AB 864012 19,94 C 5,31 B 15,81 C 36,65 A 22,27 D 33,05 B 58,68 BC 864006 19,50 CD 3,35 D 18,05 B 35,29 B 23,80 C 32,76 B 60,93 A 865012 17,05 E 7,85 A 17,12 BC 30,47 C 27,50 B 32,87 B 59,22 AB Terceiro corte BRS 800 25,30 B 4,88 A 12,49 C 29,65 AB 27,65 A 38,23 A 53,50 C BRS 810 26,40 B 3,52 AB 17,08 AB 27,98 BC 24,47 D 38,31 A 54,56 ABC 865005 26,45 B 3,07 B 19,15 A 24,98 D 26,34 BC 36,05 AB 53,56 BC 864012 29,45 A 4,32 AB 8,49 D 30,36 A 27,38 AB 36,47 AB 56,28 A 864006 25,49 B 4,05 AB 14,92 CD 29,24 AB 26,27 C 35,70 B 56,26 A 865012 30,59 A 2,76 B 12,54 C 26,43 CD 27,66 A 35,87 AB 55,90 AB Médias seguidas de diferentes letras maiúsculas nas colunas diferem entre si (P<0,05) pelo teste Tukey. Nota-se que houve diferença (P>0,05), A+B 1 do CHOT, em que no primeiro corte destaca-se com um das menores porcentagens os híbrido BRS 800, no segundo 865005, e no terceiro 864006. Ressalta que, alimentos com elevada proporção da fração A+B1 são considerados boas fontes de energia para o crescimento de microrganismos que utilizam CNF. A importância da adequada estimativa da fração B 2 dos carboidratos está relacionada ao teor de fibra. Alimentos volumosos com altos teores de FDN possuem maior proporção de fração (B 2 ), que, por fornecer energia mais lentamente no rúmen,
podem afetar a eficiência da síntese microbiana e o desempenho animal. Fato este, observado nos híbrido BRS 800 no primeiro corte, 865005 e 864006 no segundo, com exceção do terceiro, pois o FDN não diferiu (P>0,05). A possível relação entre o teor de lignina e a fração indigerível dos constituintes da parede celular vegetal tem sido relatada na literatura (MERTENS, 1993). A respeito desta relação verificou-se que maiores porcentagens da fração C corroboram para maiores teores de lignina, fato esse observado nos híbridos BRS 800 e 865005 no segundo e terceiro corte respectivamente, já que os dados de lignina e da fração C no primeiro não diferiram (P>0,05). O aumento da fração C promove a redução da fração (B 2 ), isto significa que os híbridos de maior proporção da fibra disponível (B 2 ) poderá fornecer mais energia para os microrganismos e aumentar a síntese de proteína microbiana no rúmen. CONCLUSÃO Entre os híbridos avaliados nas condições experimentais na Região Norte do Estado do Tocantins, os que apresentaram o melhor perfil nutricional para ser usada na alimentação dos ruminantes foram o comercial BRS 810 e os experimentais 865005 e o 864012. LITERATURA CITADA LICITRA, G.; HERNANDEZ, T.M.; VAN SOEST, P.J. Standardization of procedures for nitrogen fractionation of ruminant feeds. Animal Feed Science and technology, v.57, n.4, p.347 358, 1996. MERTENS, D.R. Regulation of forrage intake. In:FAHEY, G.C. Jr.; COLLINS, M.; MERTENS, D.R. et al. (Eds.) Forage quality, evaluation and utilization. Madison: 1994. P.450-493. PACIULLO, D.S.C.; GOMIDE, J.A.; QUEIROZ, D.S.; SILVA, E.A.M. Correlação entre componentes anatômicos, químicos e digestibilidade in vitro da matéria seca de gramíneas forrageiras. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.3, p.955-963, 2001. RODRIGUES, J. A. S. Utilização de forragem fresca de sorgo (Sorghum bicolor x Sorghum sudanense) sob condições de corte e pastejo. In: SIMPÓSIO DE FORRAGICULTURA E PASTAGENS,1., 2000. Lavras. Temas em evidência. Lavras: UFLA, 2000. P.179-201. Editado por Antônio Ricardo Evangelista, Thiago Fernandes Bernardes, Eleuza Clarete Junqueira de Sales. VAN SOEST, P. J.; ROBERTSON, J. B.; LEWIS, B. A. Methods for dietary fiber, neutral detergent fiber, and no starch polysaccharides in relation to animal nutrition. Journal Dairy Science, v. 74, p. 3583 3597, 1991.