AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE ALGODOEIRO QUANTO À MANCHA DE RAMULÁRIA NAS CONDIÇÕES DO CERRADO 1

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE ALGODOEIRO QUANTO À MANCHA DE RAMULÁRIA NAS CONDIÇÕES DO CERRADO 1 Francisco José Correia Farias (Embrapa Algodão - Núcleo do Mato Grosso / farias@cnpa.embrapa.br), Nelson Dias Suassuna (Embrapa Algodão), Camilo de Lellis Morello (Embrapa Algodão Núcleo de Goiás); Eleusio Curvelo Freire (Cotton Consultoria Ltda), Alderi Emídio de Araújo (Embrapa Algodão), Adelardo José Silva Lira (Embrapa Algodão - Núcleo de Mato Grosso) RESUMO - O sistema de produção do algodoeiro predominante na região do Cerrado caracteriza-se pelo uso intensivo de insumos e defensivos agrícolas, emprego de maquinários da semeadura à colheita exigindo cultivares de alto rendimento de pluma e resistentes às principais doenças. Um dos fatores que vem contribuindo significativamente para o aumento do custo de produção é o controle químico de doenças foliares que atacam o algodoeiro nas condições do Cerrado. Dentre estas, destaca-se a mancha de ramulária que quando ocorre na fase inicial de desenvolvimento da planta causa desfolha precoce, afetando a produtividade final do algodoeiro. Nesta safra 2006-07, a severidade da ramulária sob condições de infestação natural foi avaliada no Ensaio Cooperativo do Facual conduzido em Primavera do Leste MT. Foram avaliados 27 materiais em dois grupos de experimentos. O delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso com quatro repetições. Na avaliação da severidade à mancha-de-ramulária foram atribuídas notas que variaram em escala de 1 a 5 de acordo com metodologia proposta por Araújo et al (2003). As cultivares DELTAPINE ACALA 90 e COODETEC 409 (Grupo I) e FMT 502 e SUREGROW 821(Grupo II) apresentaram as menores notas, sendo consideradas as mais tolerantes à ramulária. Palavras-chave: Gossypium hirsutum, ramulária, resistência genética. INTRODUÇÃO Diversos programas públicos e privados de melhoramento de algodoeiro buscam o desenvolvimento de cultivares para cultivo no cerrado brasileiro. Dentre esses, destaca-se o da Embrapa Algodão em parceria com o FACUAL Fundo de Apoio à Cultura do Algodão que desenvolve, nas condições edafo-climáticas do cerrado, um programa voltado para a obtenção de cultivares com resistência múltipla às doenças. No âmbito internacional e com o mesmo propósito, porém voltado para as regiões de clima temperado, destaca-se o programa MAR (Multi-Adversity Resistant), conduzido pela Texas A&M University, o qual tem proporcionado grandes contribuições na identificação de genótipos resistentes(thaxton e EL-ZIK, 1994). A mancha de ramulária, ou falso oídio, causada pelo fungo Ramularia areola, é uma das principais doenças da cultura do algodoeiro em países como Madagascar e Índia, causando neste último país perdas de até 60% da produção (SHIVANKAR e WANGIKAR, 1992). No Brasil, a mancha de ramulária passou da categoria de um problema secundário que ocorria apenas no final do ciclo para a principal doença foliar do Cerrado, ocorrendo mais cedo e causando perdas estimadas em até 30% da produção (SUASSUNA et al., 2006). FREIRE(1996) já apontava essa doença como problema 1 Trabalho financiado com os recursos do FACUAL.

prioritário na cotonicultura do Mato Grosso e FUZATTO et al (1999) previa que a ramulária pudesse adqurir importância e caráter epifitótico também em outras áreas, o que veio a se confirmar. O manejo desta doença é implementado principalmente pelo uso de fungicidas, realizando até seis aplicações, dependendo da cultivar em uso e das condições do cultivo. Esta tática de manejo, apesar de eficaz, tem custos ambientais e econômicos elevados, além do risco de induzir populações resistentes do agente causal da doença, em especial quando um mesmo princípio ativo é usado em aplicações sucessivas. Dentre as táticas de manejo empregadas no controle de doenças pelo programa de melhoramento do algodoeiro desenvolvido pela Embrapa Algodão, a resistência genética é a mais desejável não só por diminuir o impacto ambientaldo uso de fungicidas mas, também por reduzir os custos de produção( SUASSUNA et al., 2006). Vários trabalhos têm sido realizados com o intuito de avaliar o potencial produtivo e a resistência de genótipos às doenças, a fim de validá-los para uso comercial (FREIRE, 2006; FUZATTO et al.,2001; METHA et al., 2003; ARAÚJO et al., 2003; CIA et al., 2003; SUASSUNA et al., 2006; LIMA, 2007). O Ensaio Cooperativo do FACUAL tem como objetivo principal avaliar conjuntamente as características agronômicas e tecnológicas de fibras das principais linhagens/cultivares desenvolvidas pelo programas de melhoramento que atuam no Estado do Mato Grosso visando a disponibilização aos produtores dos melhores materiais. Este trabalho teve como objetivo a avaliar a reação das cultivares de algodoeiro do Ensaio do Facual em relação à mancha de ramulária. MATERIAL E MÉTODOS Na safra 2006/2007, o Ensaio Cooperativo do FACUAL conduzido pela Embrapa Algodão foi instalado na Estação Experimental da de Primavera do Leste MT, localizado na BR 070. O ensaio foi dividido em dois grupos distintos de materiais: Grupo I (15 genótipos de porte alto) e Grupo II (12 genótipos de porte médio/baixo). Nas Tabelas 1 e 2 encontram-se a relação dos genótipos que participaram dos ensaios do Grupo I e II respectivamente. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso com cinco repetições. A unidade experimental foi composta por quatro linhas de sete metros lineares, espaçadas por 0,90 m entre si, com densidade de oito plantas por metro linear.a área útil da parcela foi composta pelas duas fileiras centrais. Para simular as condições naturais de infecção, o controle do fungo foi reduzido realizando-se apenas uma aplicação de fungicidas. Aos 90 DAE (dias após a emergência), realizou-se a avaliação para a severidade à mancha-de-ramulária em que se atribuiu em cada parcela, uma nota que variou em escala de 1 a 5 de acordo com metodologia proposta por ARAÚJO et al.( 2003).

Tabela 1. Cultivares e Linhagens participantes do Ensaio Cooperativo do FACUAL.(Grupo I).Safra 2006/07. Primavera do Leste MT. Cultivares/ Linhagens Instituição Obtentora 1- FIBERMAX 993 BAYER 2- FIBERMAX 966 BAYER 3- COODETEC 408 COODETEC 4- COODETEC 409 COODETEC 5- BRS 01-56818 EMBRAPA 6- BRS BURITI EMBRAPA 7- BRS-ARAÇA EMBRAPA 8- FMT 701 FMT 9- FMT 703 FMT 10 IAC 03-2281 IAC 11- PR 04-150 IAPAR 12- LDCV -12014 LD MELHORAMENTOS 13- LDCV FREGO LD MELHORAMENTOS 14- DELTAOPAL DELTAPINE 15- DP ACALA 90 DELTAPINE Tabela 2. Cultivares e Linhagens do Ensaio Cooperativo do FACUAL.(Grupo II). Primavera do Leste MT. Safra 2006/07. Cultivares/ Linhagens Instituição Obtentora 1- FIBERMAX 966 BAYER 2- FIBERMAX 977 BAYER 3- COODETEC 410 COODETEC 4- COODETEC 406 COODETEC 5- BRS CEDRO EMBRAPA 6- FMT 501 EMBRAPA 7- FMT 502 EMBRAPA 8- LD CV 02 LD MELHORAMENTOS 9- LD CV5 LD MELHORAMENTOS 10 DELTA OPAL MDM 11- DELTA PENTA MDM 12- SUREGROW 821 MDM RESULTADOS E DISCUSSÃO Na avaliação da severidade da mancha-de-ramulária, em condições naturais de infecção no campo, verifica-se no ensaio do Grupo I (Tab. 3), que nenhum dos genótipos avaliados apresentou elevada resistência (nota 1), entretanto, alguns dos genótipos diferiram estatisticamente entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade indicando um comportamento diferenciado dos materiais com relação á doença. No Experimento do Grupo I, as cultivares que obtiverem os menores valores (desejáveis) foram a DELTAPINE ACALA 90 e COODETEC 409 indicando uma certa tolerância ao patógeno. A cultivar BRS BURITI apresentou reação intermediária. O comportamento da DELTAPINE ACALA 90 e BRS BURITI está de acordo ao obtido por LIMA (2007), que ao avaliar a reação de vinte

genótipos à severidade da ramulária verificou que as cultivares LD CV 05, BRS 99-11612 e DELTAPINE ACALA 90 foram consideradas as mais resistentes. O desempenho da CNPA CO 11612 e BRS BURITI também foi verificado por SUASSUNA et al. (2006). Com relação ao ensaio do Grupo II (Tab. 4) constata-se também que nenhum dos materiais testados apresentou alta resistência, sendo que os mais sensíveis à mancha de ramulária (maiores notas) foram as cultivares DELTA OPAL e COODETEC 410, enquanto que as cultivares SUREGROW 821 e FMT 502 foram consideradas as mais tolerantes com os menores valores. A susceptibilidade da cultivar DELTA OPAL também foi verificada por FUZATTO et al (2001) e LIMA (2007). De maneira geral, evidenciou-se que a base genética para resistência à ramularia, foi considerada baixa indicando a necessidade da ampliação da mesma para esse caráter nos programas de melhoramento que atuam nas condições do Cerrado. As cultivares DELTAPINE ACALA 90 e COODETEC 409 e FMT 502 e SUREGROW 821 apresentaram as menores notas, sendo consideradas as mais tolerantes à mancha de ramulária. Tabela 3. Reação à mancha de ramulária em cultivares e linhagens do Ensaio Cooperativo do FACUAL.(Grupo I).Safra 2006/07. Primavera do Leste MT. Cultivares/ Linhagens Mancha de Ramulária (notas) 1 1- FIBERMAX 993 2,30 bc 2- FIBERMAX 966 2,70 abc 3- COODETEC 408 2,56 abc 4- COODETEC 409 2,20 c 5- BRS 01-56818 3,00 ab 6- BRS BURITI 2,40 abc 7- BRS-ARAÇA 2,80 abc 8- FMT 701 2,30 bc 9- FMT 703 2,30 bc 10 - IAC 03-2281 2,76 abc 11- PR 04-150 2,62 abc 12- LDCV -12014 3,10 a 13- LDCV FREGO 2,60 abc 14- DELTAOPAL 3,00 ab 15- DP ACALA 90 2,10 c 1 médias seguidas por letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade.

Tabela 4. Cultivares e Linhagens do Ensaio Cooperativo do FACUAL.(Grupo II). Primavera do Leste MT.Safra 2006/07. Cultivares/ Linhagens Mancha de Ramulária (notas) 1 1- FIBERMAX 966 2,80 cd 2- FIBERMAX 977 2,90 cd 3- COODETEC 410 3,38 a 4- COODETEC 406 2,96 bcd 5- BRS CEDRO 2,80 cd 6- FMT 501 2,80 cd 7- FMT 502 2,66 d 8- LD CV 02 3,10 abc 9- LD CV5 3,20 abc 10 DELTA OPAL 3,40 a 11- DELTA PENTA 3,10 abc 12- SUREGROW 821 2,66 d 1 Médias seguidas por letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. CONCLUSÕES 1 - A base genética para resistência à ramularia, foi considerada baixa indicando a necessidade da ampliação da mesma para esse caráter nos programas de melhoramento que atuam nas condições do Cerrado; 2 - As cultivares DELTAPINE ACALA 90 e COODETEC 409 e FMT 502 e SUREGROW 821 apresentaram as menores notas, sendo consideradas as mais tolerantes à mancha de ramulária. CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA DO TRABALHO Diante da demanda do setor produtivo por cultivares que proporcionem produção com maior nível de segurança e menores custos, são identificadas, neste trabalho, algumas cultivares com tolerância à ramulária e que podem ser utilizadas como fontes de genes em programas de melhoramento que atuam nas condições do Cerrado. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, A E.; SUASSUNA, N. D.; FARIAS, F. J. C.; FREIRE, E. C. Escalas de notas para aavaliação de doenças foliares do algodoeiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 4., 2003, Goiânia. Algodão: um mercado em evolução. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2003. CD-ROM. CIA, E.; FUZATTO, M. G.; ALMEIDA, W. P.; RUANO, O. KONDO, J. I.; PIZZINATTO, M. A.; CARVALHO, L. H.; ROSSETTO, R.; KASAI, F. S.; FOLTRAN, D. E. Resistência genética a doenças e nematóides em cultivares e linhagens de algodoeiro disponíveis no Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 4., 2003, Goiânia. Algodão: um mercado em evolução. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2003. CD-ROM. FREIRE, E.C. Cultivares,épocas de plantio e doenças do algodoeiro em Mato Grosso, 3., 1996.Anais... Cuiabá, EMPAER-MT,996.176p. FUZATTO, M.G.; CIA, E.; ERISMAN, N.M. Avaliação para ramulária em condições naturais de infestação: Desempenho de genótipos e aspectos metodológicos. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 3, 2001. Campo Grande, Anais... Campina Grande: EMBRAPA CNPA,2001.v.1.672p.

LIMA, L.L. Reação de cultivares de algodoeiro à Ramularia areola Atk. 2007. 23p. Dissertação (Mestrado em Agronomia Produção Vegetal) Faculdade de Ciências Agrárias Júlio de Mesquita Filho, Universidade Estadual Paulista, 2007. METHA, Y. R.; BOLOGNINI, V.; BIBANCO, M. P.; NUNES, M. P.; CIA, E.; PIZINATTO, M. A; CHIAVEGATO, E. J. Resistência das cultivares de algodoeiro a mancha angular causada por Xanthomonas axonopodis pv. malvacearum. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ALGODÃO, 4., 2003, Goiânia. Algodão: um mercado em evolução. Campina Grande: Embrapa Algodão, 2003. CD-ROM. SUASSUNA, N.D., COUTINHO,W.M.; MORELLO, C.L. Resistência Genética de Algodoeiro á mancha de ramulária.campina Grande: Embrapa CNPA - Fundação GO FIALGO, 2006,4p.(Embrapa CNPA, Comunicado Técnico, 273). THAXTON, P. M.; EL ZIK, K. M. Genetic enhancement of MAR cottons for resistance to insects and pathogens, yield and fiber quality. In: BELTWIDE COTTON CONFERENCE. 1994, San Diego. Proceedings Memphis: National Cotton Council, 1994, p. 658-661.