O PAPEL DO GESTOR AMBIENTAL EM RELAÇÃO AOS EFEITOS CAUSADOS PELO AQUECIMENTO GLOBAL



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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU O PAPEL DO GESTOR AMBIENTAL EM RELAÇÃO AOS EFEITOS CAUSADOS PELO AQUECIMENTO GLOBAL Por: Priscila Vitoriano dos Santos Orientadora: Maria Esther Rio de Janeiro 2011

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU O PAPEL DO GESTOR AMBIENTAL EM RELAÇÃO AOS EFEITOS CAUSADOS PELO AQUECIMENTO GLOBAL Apresentação de monografia a Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão Ambiental. Por: Priscila Vitoriano dos Santos

3 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por iluminar a minha vida. A família, amigos, professores, a orientadora Maria Esther e todos que participaram desta minha trajetória e que de alguma forma me incentivou, dando apoio constantemente, acreditando no meu potencial. A todos, minha profunda gratidão!

4 DEDICATÓRIA Dedicado às futuras gerações, com a esperança de que o presente delas seja a sustentabilidade que buscamos hoje. A.D

5 EPÍGRAFE Quando a última árvore tiver caído,...quando o último peixe for pescado,...quando o último rio for secado,...vocês vão entender que dinheiro não se come. (provérbio indígena)

6 RESUMO A pesquisa busca identificar de que forma o Gestor Ambiental pode estar contribuindo para a diminuição dos efeitos causados pelo aquecimento global, a partir de reflexões de autores que tem como teoria que os impactos ambientais causados por fatores antropogênicos, estão afetando diretamente o clima mundial. No primeiro momento será apresentado o que é o aquecimento global, efeito estufa e a longa trajetória da mudança do clima, que vem sendo discutida desde o século XIX. Em seguida as conseqüências do aquecimento global, dando ênfase ao Brasil, mostrando a importância de estar reduzindo as emissões de gases causadores do efeito estufa, tendo como principal representante o CO2. A influência desta maior concentração de gases comprova a grande importância de se atuar neste âmbito, pensando de maneira sustentável para suprir as necessidades da geração atual, não comprometendo as futuras gerações, pois o aumento de temperatura global permite que todo o ecossistema seja modificado, afetando diretamente a biodiversidade, saúde humana, economia e a esfera sócio-ambiental no planeta. Palavras chaves: Aquecimento Global e Mudanças Climáticas

7 METODOLOGIA Para a realização desta monografia, que pretende analisar qual é o papel do Gestor Ambiental em relação aos efeitos causados pelo aquecimento global, a metodologia necessária para as etapas do desenvolvimento deste trabalho será de caráter qualitativo, ou seja: Os métodos qualitativos são apropriados quando o fenômeno em estudo é complexo, de natureza social e não tende à quantificação. Normalmente, são usados quando o entendimento do contexto social e cultural é um elemento importante para a pesquisa. [Liebscher, 1998]. Com isso a principal forma de coleta de dados escolhida é a pesquisa bibliográfica, tendo como leitura livros, revistas, jornais, documentário e consultas através de sites. Conforme Cervo e Bervian (2002, p. 65): A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas. [...] Busca conhecer e analisar as contribuições culturais e científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema. Tendo como base autores: Bjorn Lombortg e José Eli da Veiga, Kirstin Dow e Thomas E. Downing, James Lovelock, o Albert Arnold Gore Jr (Al Gore) 1, entre outros... se aprofundando no conhecimento já existente, sobre aquecimento global, de modo a obter uma compreensão satisfatória do tema abordado, para que assim sejam atingidos os objetivos propostos. 1 Albert Arnold conhecido como Al Gore. É um político americano que foi vice-presidente durante a administração de Bill Clinton, entre 1993 e 2001. Em 2006, lançou An Inconvenient Truth (Uma Verdade Inconveniente), documentário e livro sobre aquecimento global, sendo vencedor do oscar de melhor documentário em 2007.

8 SUMÁRIO LISTA DE SIGLAS 9 INTRODUÇÃO 10 CAPITULO I Aquecimento Global 11 CAPÍTULO II Impactos Ambientais Causados Pelo Aquecimento Global 25 CAPÍTULO III Possibilidades de Ações do Gestor Ambiental 37 CONCLUSÃO 46 BIBLIOGRAFIA 48 WEBGRAFIA 50 ANEXOS 52 ÍNDICE 65 ÍNDICE DE FIGURAS 67 FOLHA DE AVALIAÇÃO 68

9 LISTA DE SIGLAS CFC S Clorofluorcarboneto s CH4 Metano CO2 Dióxido de Carbono CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente COP 15 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima EUA Estados Unidos da América GEE Gases de Efeito Estufa HFCs Hidrofluorcarbonos IPCC Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas IUCN International Union for Conservation of Nature N2O Oxido Nitroso OMS Organização Mundial de Saúde ONU Organização das Nações Unidas PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente RIO 92 Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano SF6 Hexafluoreto de Enxofre UNEP United Nations Environmente Programme UNFCCC United Nations Framework Convention on Climate Change WMO Word Meteorological Organization

10 INTRODUÇÃO O presente estudo retrata a possibilidade de atuação do Gestor Ambiental em uma temática que ocorre mundialmente, o Aquecimento Global. São claras as evidências de que o aquecimento global estar ocorrendo, mudanças climáticas, ondas de calor, secas, tempestades, derretimento das geleiras, animais entrando em risco de extinção, entre outros aspectos estão acontecendo cada vez com maior intensidade, afetando não só o meio ambiente mais também a saúde da população. Com isso objetivam-se identificar nesta monografia o que está ocorrendo mundialmente, dando ênfase ao território nacional, trajetória histórica junto às políticas internacionais, causas e efeitos dos impactos ambientais e o papel do Gestor Ambiental neste âmbito. Logo o papel do Gestor Ambiental tem uma grande importância nesta temática, visto que ele é capacitado para atuar em elaborações de projetos, visando o desenvolvimento sustentável, a preservação e conservação da natureza, tentando ao máximo diminuir os efeitos da poluição ocorridos por fatores antropogênicos, tendo como objetivo recuperar o meio ambiente, junto com uma equipe multidisciplinar. A escolha desde tema é em decorrência de ser uma questão séria, de suma importância, uma vez que os danos se refletem na qualidade de vida de toda a humanidade e da biodiversidade do planeta, sendo necessárias medidas emergências de mitigação e adaptação, para que se obtenham bons resultados no enfrentamento desta situação. Dando subsídios para entender o papel de todos e refletir sobre os hábitos de consumo e produção, procurando cada vez mais energias e fontes alternativas, para que assim possam contribuir com ações de médio e longo prazo no clima terrestre, pois amenizar a mudança climática é uma questão de sobrevivência e não alternativo, sendo o caminho para o desenvolvimento das futuras gerações.

11 CAPÍTULO I Aquecimento Global Analisar a temática é um subsídio fundamental para a atuação do Gestor Ambiental, para que assim possa se aprofundar e conhecer a história que já despertou a atenção de toda a sociedade, pois já estamos sentindo os efeitos do aquecimento global, processo que o próprio nome já diz, um termo que se refere à elevação da temperatura média dos oceanos e do ar próximo à superfície que estar cada vez mais se intensificando. Onde muitos cientistas afirmam que é a ação humana que influência diretamente no aquecimento global. Segundo Al Gore, a atmosfera é tão fina que somos capazes de mudar a sua composição. O mesmo ilustra o princípio cientifico básico do aquecimento global. FIGURA 1 Princípio Sobre o Aquecimento Global (Uma Verdade Inconveniente, 2006, pág. 26).

12 A energia do Sol entra na atmosfera sob a forma de ondas de luz, aquecendo a Terra. Parte dessa energia é refletida e volta a irradiar-se no espaço, sob a forma de ondas infravermelhas. Em condições normais, uma parte dessa radiação infravermelha que volta para o espaço é, naturalmente, retida pela atmosfera e isso é bom, pois mantém a temperatura na Terra dentro de limites confortáveis. Em comparação, em Vênus os gases de efeito estufa são densos que a temperatura do planeta é elevada demais para o ser humano. Já em Marte os gases de efeito estufa que rodeiam o planeta são quase inexistentes, de modo que a temperatura é fria demais. É por isso que alguns clamam a Terra de planeta de contos de fadas, pois as temperaturas aqui são exatamente adequadas para o ser humano nem muito quente, nem muito fria. (Uma Verdade Inconveniente, 2006 pág.26). Al Gore (ano, p. 27) afirma que na atual conjuntura é percebível a problemática ambiental, pois a fina camada atmosférica está mais espessa em consequência da enorme quantidade de dióxido de carbono e outros gasesestufa produzidos pelo homem. Ficando assim a atmosfera mais densa, com isso ela retém uma grande parte da radiação infravermelha que deveria evadir-se para o espaço, logo a temperatura da Terra e dos oceanos fica mais elevada, tornando-a uma estufa. 1.1 Efeito Estufa O efeito estufa ocorre quando gases da atmosfera - como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e CFC's - absorvem parte da radiação solar, aprisionando este calor na Terra. Como resultado, a superfície terrestre fica cerca de 30ºC mais quente ao receber quase o dobro de energia da atmosfera em relação à energia que recebe do sol.

13 Para Kirstin Dow e Thomas E. Downing (2007, pág.30), sem o efeito estufa natural, que capta e retém parte do calor do Sol os seres humanos e outras formas de vida não sobreviveriam. A radiação solar atravessa a atmosfera e aquece a superfície da Terra. Uma parte dessa energia ao retornar a atmosfera não consegue atravessar a camada de gases que envolvem o planeta, certos gases ficam durante anos na atmosfera, sendo responsáveis pelas mudanças climáticas ocorridas na atualidade. Com o aumento desses gases, desde a revolução industrial 2, através das indústrias, do transporte, da agricultura, da pecuária, da produção de energia elétrica e do desmatamento, o planeta vem se aquecendo rapidamente, devido ao desequilíbrio nas concentrações dos Gases de Efeito Estufa (GEE) na atmosfera. 1.2 Gases do Efeito Estufa Os Gases do Efeito Estufa concentram-se na atmosfera formando uma capa onde permite que os raios solares penetrem, porém está impedindo que o calor gerado por eles seja eliminado. Esse fenômeno, quando dentro de um patamar de normalidade, é necessário e benéfico, onde permite que o ambiente seja apropriado à nossa existência. Entre os gases de efeito estufa, os que mais influenciam para o aquecimento do planeta, resultado das ações antropogênicas 3, são: 2 Em anexo 1 Gráfico informando as mudanças ocorridas na composição da atmosfera com a Revolução Industrial. 3 Anexo 2 Gráficos informando sobre os gases de efeito estufa produzidos pela atividade humana, suas emissões por setor e quantos anos leva a permanência de alguns tipos de gases na atmosfera.

14 Dióxido de carbono (CO 2 ) Contribui para o aquecimento devido representar 55% do total das emissões mundiais de gases do efeito estufa. Sua permanência na atmosfera é de no mínimo cem anos, impactando o clima ao longo de séculos. Ele é liberado na queima de combustíveis fósseis, com as alterações no uso do solo, devido ao desflorestamento para pecuária e agricultura, na queima de biomassa e na fabricação de cimento. O Metano (CH 4 ) A emissão é menor, porém seu potencial de aquecimento é 21 vezes superior ao do dióxido de carbono (CO 2 ). Produzido através de decomposição orgânica, como o lixo em aterros sanitários, do cultivo de arroz em áreas alagadas, da criação de animais ruminantes, liberado no processo digestivo, e da utilização energética como a produção, armazenamento, queima de carvão mineral, produção e transporte de gás natural. Oxido Nitroso e dos Clorofluorcarbonos Suas concentrações são ainda menores, mas o poder estufa é, respectivamente, de 310 e 6.200 a 7.100 vezes maior do que o do CO 2. O óxido Nitroso é liberado a partir do uso de fertilizante de nitrogênio nas plantações e, secundariamente, na combustão. Hexafluoreto de enxofre (SF 6 ) Hexafluoreto de Enxofre é um gás sintético, utilizado principalmente pela indústria elétrica, como meio isolante, tanto em disjuntores quanto em subestações blindadas. O potencial de dano global deste gás é 23.900 vezes maior que o dióxido de carbono (CO 2 ). Hidrofluorcarbonos (HFCs) Criados para substituírem os clorofluorcarbonetos (CFCs), é uma das três famílias de gases industriais controlados pelo Protocolo de Quioto. Embora se encontrem em baixas concentrações na atmosfera, têm um potencial de dano global considerável.

15 Clorofluor, Clorofluorcarbonos (CFCs) Emissões decorrentes da atividade industrial, gases refrigerantes (ar-condicionado, refrigeradores) e aerossóis. A ampliação do efeito estufa natural do planeta, pelo acúmulo dos gases introduzidos pela atividade humana, tem potencial para provocar sérias mudanças no clima. Temos que tomar medidas agora para que as futuras gerações não sejam postas em risco. (Kirstin Dow e Thomas E. Downing, 2007, pág. 53) A mais de 250 anos de atividade desenvolvida pelo homem, como a queima de combustíveis fosseis, destruição de inúmeras florestas que retém o gás carbônico, entre outros poluentes industriais, intensificando o efeito estufa contribuiu com o aquecimento global. Um processo que não pode ser revertido de uma hora para outra. Há muito tempo que se vem falando neste âmbito, onde aparecem muitas tragédias, poluições e falta de medidas concretas para mitigar a situação. 1.3 Trajetória sobre a Crise Climática De acordo com a reportagem do Roberto Jansen (O Globo Planeta Terra, 2009), foi retratada a história sobre o Aquecimento Global, que vêm sendo discutida desde o século XIX. 1827 O físico francês Jean Baptiste Fourier prevê um efeito atmosférico mantendo a Terra mais aquecida do que deveria. Foi o primeiro a traçar conceitos que, hoje, são conhecidos como efeito estufa. 1863 O químico irlandês John Tyndall publica um estudo descrevendo como o vapor d água está associado ao efeito estufa.

16 Década de 1890 O cientista sueco Svante Arrhenius e o americano P.C. Chamberlain estudam os problemas causados pelo acumulo de CO2 na atmosfera. Concluindo que a queima de combustíveis fósseis levaria a um aquecimento global. Os pesquisadores, porém, não percebem que o processo sobre o qual escreviam já havia começado. 1890-1940 A temperatura média da Terra sobe cerca de 0,25 grau Celsius. Um sinal de que o efeito estufa já produzia estragos, um fenômeno ocorrido nos EUA durante a década de 1930, conhecido como Dust Bow, marcado por secas e tempestades de areia levando milhares de americanos à fome e a miséria. 1940-1970 Resfriamento global de 0,2 graus Celsius. Diminui o interesse científico pelo efeito estufa. Alguns Climatologistas prevêem a chegada de uma nova era de gelo. * Na década de 1950 O climatologista Charles Keeling subiu o monte Mauna Loa, no Havaí, onde registrou as concentrações de CO2 na atmosfera. Com isso ele criou um gráfico, conhecido como curva de Keeling 4. Descobriu que cada exalação terminava com um pouco mais de CO2 na atmosfera que na anterior, devido à civilização que cada vez mais utiliza combustíveis fósseis, alterando assim o clima. 1957 O oceanógrafo americano Roger Revelle afirma que a humanidade está conduzindo um experimento geofísico de larga escala ao emitir gases-estufa. Seu colega David Keeling monta a primeira rede de monitoramento contínuo de CO2 na atmosfera. O cientista logo percebe um aumento gradual na quantidade de gás carbônico na atmosfera. Década de 1970 Vários estudos do Departamento de Energia dos EUA aumentam a preocupação com o aquecimento global. 4 Em anexo 3 O gráfico informando a curva de Keeling.

17 Nesta conjuntura ocorreu o primeiro grande evento mundial retratando assuntos sobre o meio ambiente, a Conferência Internacional para o Meio Ambiente, em Estocolmo na Suécia, de 5 a 16 de junho de 1972, promovida pela ONU. Contando com representantes de 113 países, 250 organizações não-governamentais e dos organismos da ONU. Esta conferência contribuiu para sensibilizar a sociedade mundial sobre os graves problemas ambientais. O dia 5 de junho, que marcou o início dos trabalhos da Conferência, foi oficializado pela ONU como o "Dia Mundial do Meio Ambiente". A conferência gerou um documento com 26 princípios, com comportamentos e responsabilidades que deveriam conduzir as decisões relativas às questões ambientais que foi assinado pelos países participantes, poucos compromissos foram efetivados. Tendo como um de seus resultados concretos a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que passou a ser a agência da ONU responsável pela promoção de ações internacionais e nacionais relacionadas à proteção do meio ambiente. 1979 A primeira Conferência Mundial sobre o Clima elege as mudanças climáticas como assunto principal. O evento pede para que os países previnam os problemas causados pela ação do homem. 1985 A cidade de Villach, na Austrália, recebeu a primeira conferência internacional sobre o efeito estufa. Alertando que os gases do efeito estufa irão, na primeira metade do século XXI, causar um aumento da temperatura média global maior do que qualquer outro na história. O aquecimento aumentaria o nível dos oceanos em mais de um metro. 1987 Foi o ano mais quente desde que começaram a registrar a temperatura. A década de 1980 acabaria com sete dos oito anos mais quentes registrados até 1990. Os anos mais frios desta década foram mais calorentos do que os anos mais quentes da década de 1980.

1888 Um encontro de climatologistas em Toronto reivindica o corte de 20% nas emissões de gás carbônico até 2005. Neste mesmo ano é lançado o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) para análise e divulgação de descobertas científicas. 18 Em vista da importância e da complexidade das questões relacionadas ao tema das mudanças do clima, a Organização das Nações Unidas para o Meio Ambiente (United Nations Environmente Programme - Unep) e a Organização Meteorológica Mundial (Word Meteorological Organization - WMO) criaram o IPCC. Sua missão foi explicitamente definida: produzir, de forma abrangente, objetiva, aberta e transparente, a informação científica, técnica e socioeconômica relevante para o entendimento das bases científicas do risco da mudança do clima induzida pelo homem, seus impactos potenciais e opções para adaptação e mitigação. O IPCC congrega pesquisadores dos países-membros das Nações Unidas que analisam a literatura cientifica e técnica disponível e elaboram relatórios sobre o estado do conhecimento de todos os aspectos relevantes à mudança do clima. (Veiga, 2008, pág. 19). Os relatórios passam por processos de revisão por especialistas e são submetidos a analise de todos os governos envolvidos para que possa ser aprovado. Tendo como objetivo não retratar soluções e sim servir como auxilio para os governos e sociedade na adoção de políticas que envolvem a mudança climática. 1990 O primeiro relatório do IPCC foi contemplado, informando que a temperatura global aumentou 0,5 graus Ceisius no século passado. Alguns cientistas usaram este documento para pressionar a ONU a convocar uma convenção climática. Tendo assim grande importância para o estabelecimento da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (United Nations Framework Convention on Climate Chande UNFCCC), em 1992.

19 1991 A erupção do Monte Pinatubo, nas Filipinas, lança detritos na atmosfera que filtram os raios solares, interrompendo os índices crescentes do aquecimento global. A temperatura que é registrada no planeta baixa por dois anos seguidos. Em seguida, volta a elevar-se. 1992 Realizado no Rio de Janeiro, entre 03 a 14 de junho, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, reuniu representantes de quase todos os países do mundo, onde discutiram assuntos sobre conciliar o desenvolvimento socioeconômico com a proteção e a conservação dos ecossistemas do planeta, com o objetivo de decidir medidas para conseguir diminuir a degradação ambiental e garantir a existência de futuras gerações, consagrando o conceito de desenvolvimento sustentável, contribuiu com a reflexão de que os danos ao meio ambiente eram majoritariamente de responsabilidade dos países desenvolvidos. A Conferência impõe aos países desenvolvidos chegar ao ano de 2000 com os mesmos índices de emissão de 1990. A Rio-92 deixou os seguintes compromissos entre os países participantes: duas convenções, uma sobre Mudança do Clima e outra sobre Biodiversidade, e uma Declaração sobre Florestas. A Conferência aprovou também documentos mais abrangentes e de natureza política: a Declaração do Rio e a Agenda 21. Dos 175 países signatários da Agenda 21, 168 confirmaram sua posição de respeitar a Convenção sobre Biodiversidade. Documentos estes que apóiam o conceito fundamental de desenvolvimento sustentável. A Agenda 21 foi um dos principais resultados da conferência. É um documento que estabeleceu a importância de cada país a se comprometer a refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não-governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas sócio-ambientais.

20 1994 A aliança de Pequenos Estados Insulares que tem, entre seus países-membros, muitos que temem desaparecer com as ondas provocadas pelo aumento do nível do mar, defende um corte de 20% nas emissões de gases-estufa até 2005. Essa meta faria com que o nível dos oceanos aumentasse em apenas 20 centímetros. 1995 O ano mais quente registrado até então. Em março, no primeiro encontro da Conferência de Mudanças Climáticas, os países desenvolvidos concordam com a necessidade de negociar cortes em suas emissões, o que deveria ser feito até o fim de 1997. Foi concluído o segundo relatório do IPCC, onde contribuiu para negociações que levou à adoção do Protocolo de Kyoto em 1997, o mesmo afirma que a temperatura do planeta aumentaria entre 1 e 3,5 graus até 2100. 1996 Na segunda edição da Conferência de Mudanças Climáticas, os EUA concordam, pela primeira vez, em estabelecer metas obrigatórias para o controle do aquecimento global. Depois de uma estagnação de quatro anos, as emissões de CO2 do planeta voltam a se elevar. Cientistas alertam que a maioria dos países não vai cumprir até o ano de 2000, as metas com que se comprometeram. 1997 - O Protocolo de Quioto 5, Japão, é uma consequência de uma série de eventos iniciada com o de Toronto, Conference on the Changing Atmosphere, no Canadá em 1988. Constitui-se no protocolo um tratado internacional com metas para a redução da emissão dos gases que aumentam o efeito estufa, de acordo com a maioria das investigações científicas, como causa antropogênicas. Propõe-se um calendário pelo qual os países desenvolvidos têm a comprometimento de reduzir a quantidade de gases poluentes em pelo menos, 5,2% até 2012, em relação aos níveis de 1990. 5 Em anexo 4 O mapa contendo os países que participaram do protocolo de Kyoto.

21 Os países signatários terão de colocar em prática estratégias para diminuir a emissão dos gases entre 2008 e 2012. O Protocolo de Kyoto determina seis gases cujas emissões devem ser reduzidas, são eles: CO2 - Dióxido de Carbono N2O - Óxido Nitroso CH4 Metano HFC Hidrofluorcarboneto PFC Perfluorcarboneto SF6 - Hexofluor Sulfuroso Foi realizado também a Rio+5, um fórum de discussão das Nações Unidas realizado entre os dias 13 e 19 de março de 1997 no Rio de Janeiro. Tendo como objetivo revisar a implementação da Agenda 21. Neste mesmo ano de 23 a 27 de junho, em Nova York, foi realizada a 19ª Sessão Especial da Assembléia-Geral das Nações Unidas com o objetivo de avaliar os cinco primeiros anos de realização da Agenda 21. Esta assembléia tinha como objetivo também identificar as principais dificuldades sobre a implantação da Agenda 21, e procurou definir prioridades de ação para o futuro. A presença de Chefes de Estado e de Governo demonstrou ao mundo a importância de um modelo de desenvolvimento sustentável a nível global. Também foi realizado o quarto relatório do IPCC, de acordo com José Eli da Veiga (2008, pág. 20) foi firmado o progresso científico desde 2001 e aprofundou o conhecimento sobre as influências antrópicas sobre o clima. As técnicas eram mais sofisticadas de análise e aprofundamento no conhecimento e na simulação dos processos físicos envolvidos sobre mudança climática.

22 1998 O tratado do Protocolo de Kyoto foi aberto para assinaturas em 16 de março de 1998 e ratificado em 15 de março de 1999. Negociações climáticas, envolvendo Buenos Aires, não tapam as crateras do regulamento de Kyoto, determinando como pode ser realizada a diminuição das emissões. A polêmica teria que ser resolvida até o ano de 2000. O ano termina como o mais quente do milênio. 2000 O IPCC faz uma reavaliação às emissões de CO2 e informa que a temperatura pode elevar até 6 graus em um século. Várias inundações aconteceram no mundo, reforçando a preocupação de que as mudanças climáticas estão aumentando o nível do mar. 2001 O presidente americano George W. Bush renuncia às metas do Protocolo de Kyoto, alegando que poderia prejudicar a economia de seu país. Segundo cientistas, as lacunas do protocolo farão com que os cortes nas emissões atinjam apenas um terço do esperado em 1997. 2002 A União Européia e o Japão ratificam o protocolo de Kyoto. A Austrália e os EUA negam o acordo. Em agosto de 2002, ocorreu uma reunião global em Joanesburgo, África do Sul, com o nome de Rio + 10, foi o segundo encontro da ONU para discutir questões ambientais e de desenvolvimento sustentável, discutindo soluções já propostas na Agenda 21, para que assim pudesse ser aplicado não apenas pelo governo, é sim pelos cidadãos uma agenda 21 local, complementando o que havia sido acordando na Rio-92. 2003 A Europa passou pelo verão mais quente dos últimos 500 anos, causou problemas de saúde e impactos na agricultura, vitimando uma média de 30 mil pessoas. O país mais atingido foi à França. As variações na temperatura custaram no ano US$ 60 bilhões. 2004 A Rússia ratifica o Protocolo de Kyoto. 2005 Protocolo de Kyoto entra em vigor em 16 de fevereiro.

23 Países sem metas como a China e os EUA concordam em dialogar, no futuro, a contenção de suas emissões. Neste mesmo ano aconteceram o recorde de furacões nos EUA, derretimento acelerado de gelo no Oceano Ártico e um alerta que a mesma coisa pode acontecer no lado ocidental da Antártica. 2006 Relatório do governo britânico informa que enfrentar as mudanças climáticas custará mais caro do que preveni-las. Segundo pesquisadores, as emissões de CO2 estão aumentando mais rapidamente do que na década de 1990. 2007 O quarto relatório do IPCC consolidou o processo cientifico desde 2001 e aprofundou a temática sobre as influências antrópicas sobre o clima. Líderes mundiais estabelecem numa conferência da ONU em Bali, Indonésia, um cronograma com intuito de decidir um novo acordo mundial, válido após 2012. 2008 O urso polar entra na lista americana de espécies ameaçadas por causa das mudanças causadas em seu habitat devido o aquecimento global. 2009 Cientistas comprovam que o gelo ártico está derretendo mais rápido do que o esperado. Itália e Suíça anunciam que redefinirão suas fronteiras, devido ao derretimento de gelo nos Alpes. Entre 7 e 8 de dezembro de 2009, foi realizado em Copenhague, Dinamarca, à 15ª Conferência da ONU sobre Clima (COP 15), no intuito de realizar um acordo sobre o clima. O documento contou com metas de redução significativas para os países desenvolvidos bem como compromissos não obrigatórios de redução de emissões para os países em desenvolvimento.

A expectativa seria de que as nações ricas assumissem metas de redução de 25% a 40%. Porém as nações em vias de desenvolvimento deveriam se comprometer no modelo de economia de menos carbono intensivo, apresentando ações e comprovando o seu compromisso. Não substituindo o Protocolo de Quioto. China e EUA se recusam a assinar qualquer acordo concreto para combater as mudanças climáticas na Conferência de Copenhague. Com está trajetória percebemos o quanto é importante estar desenvolvendo atividades de mitigação e adaptação para o enfrentamento desta temática, como alega Lomborg (2008, pág. 1): 24 Inúmeros políticos afirmam que o aquecimento global representa o principal problema de nossa era. A União Européia o considera um dos problemas mais ameaçadores que enfrentamos hoje... O Romano Prodi, da Itália, vê a mudança climática como ameaça à paz mundial.... Tais preocupações há tempos são devido a todos os efeitos que as mudanças climáticas podem causar em todo o planeta.

25 CAPÍTULO II Impactos Ambientais Causados Pelo Aquecimento Global Impacto ambiental é o resultado causado pelas atividades antropogênicas, podendo ser avaliada de forma qualitativa e quantitativa, classificando-o de caráter positivo ou negativo, levando-se em conta o ecológico, social e econômico. Conforme a Resolução n 01/86 do CONAMA, pode ser definido como: Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota e a qualidade dos recursos ambientais. 2.1 No Mundo De acordo com Kirstin Dow e Thomas E. Downing (2007, p.53) A comunidade científica internacional tem certeza de que estamos presenciando os sérios impactos iniciais das mudanças climáticas 6. As tendências de aquecimento afetam recursos e ecossistemas em níveis sem precedentes 7. Conseqüências das mudanças no clima estão por toda a parte e interligam-se mundialmente, não sendo apenas uma questão ambiental, tendo implicações no crescimento econômico, segurança alimentar e no social. 6 Em anexo 5 Mapa apresentando desastres ambientais e gráficos informando número de mortes causado por problemas relacionados ao clima. 7 Em anexo 6 Imagens sobre o aquecimento global.

26 Defrontamo-nos com toda uma série de problemas globais que estão danificando a biosfera e a vida humana de uma maneira alarmante, e que pode logo se tornar irreversível. (Capra, 2005. pág. 14) 2.1.1 A Biodiversidade Ameaçada Neste século, o aquecimento global deverá ser um dos maiores causadores de extinção de espécies, principalmente para aquelas que já diminuíram devido a outros fatores humanos. Secas, elevação do nível do mar e até mesmo pequenas alterações na temperatura média podem destruir ecossistemas, baseados na interdependência de milhares de espécies. Os efeitos do desmatamento também são devastadores. Espécies inteiras de insetos e animais desaparecem devido à destruição de seus habitats. O desmatamento pode causar também inundações catastróficas. Cientistas consideram que o desmatamento tem efeito significativo sobre o aquecimento global. Figura 2 Desmatamento (http://ambiente.hsw.uol.com.br/desmatamento.htm. Acesso em: 07/12/2010)

27 Kirstin Dow e Thomas E. Downing (2007, p.54) afirmam que deverá haver uma migração sem precedentes de plantas e animais para que sobrevivam às mudanças climáticas. Savanas e desertos se espalharam rapidamente. Em regiões montanhosas, algumas espécies terão de subir centenas de metros para encontrar novos terrenos, mais as que já ocupam o cume das montanhas ou as regiões ao norte do Ártico dificilmente encontrarão temperaturas mais baixas. Ressaltando que, para algumas espécies as rotas de fuga já estão bloqueadas pela expansão agrícola e urbana. Uma pesquisa apresentada pela Red List, IUCN, reuniu informações de aves do mundo (9.856 espécies), anfíbios (6.222 espécies) e recifes de corais (799 espécies). Analisando a história de vida e características ecológicas destes grupos sugerem que até 35% das aves, 52% dos anfíbios e 71% de recifes de corais, tem características que tendem a torná-los particularmente suscetíveis à mudança climática. Além de animais que acabam se multiplicando por causa desta problemática, como o Besouro da Casca, Al Gore (2006, pág. 160) apresenta este inseto como um dos responsáveis por transformar as florestas da América do Norte em gigantescas fontes de dióxido de carbono, o mais importante gás ligado ao aquecimento global, ao se multiplicar descontroladamente e matar árvores, alteraria a interação entre as matas do Canadá e o clima na Terra. Este animal antes era contido pelos invernos mais frios e mais longos. 2.1.2 Água A escassez da água é muito preocupante, em alguns lugares a mudança do clima tornará o problema ainda mais crítico. O aumento da temperatura fará com que a água da superfície evapore mais rápido.

28 Em algumas regiões choverá menos durante o ano e em outras menos previsíveis, com chuvas sazonais que não virão ou chegarão com tanta força que provocarão terríveis enchentes 8. Tendo em vista que desde 1960 a incidência de enchentes e vendavais aumentou muito, com ocorrências mais prolongadas e atingindo mais pessoas. Afirma Kirstin Dow e Thomas E. Downing (2007, p.56) que os padrões do tempo estão mudando rapidamente, muitos terão dificuldade de se adaptar. Algumas regiões precisarão importar comida e até água, isso já é dado como certo em Israel e no sudeste da Inglaterra. 2.1.3 Elevação do Nível dos Oceanos Com o aumento da temperatura faz com que os oceanos se expandem e o degelo aumente o nível dos mares, ameaçando muitas cidades litorâneas, provocando conseqüências locais e mundiais 9. Projeções apresentam que até 2100 o nível do mar aumente cerca de 20 a 90 cm, mesmo que emissões dos gases de efeito estufa sejam drasticamente reduzidos nas próximas décadas, às águas continuaram subindo por séculos devido à imensa massa térmica dos oceanos, conseqüência de emissões já liberadas. As ilhas Maldivas, no oceano Índico serão completamente inundadas, assim como alguns arquipélagos do Caribe e do Pacífico. Em todo o planeta inúmeras terras produtivas desaparecerão. De acordo com Cazenave, as medições já feitas nestes últimos 16 anos mostram três regiões onde a subida do nível do mar já é realidade. As áreas mais afetadas são o oeste do oceano Pacífico, o litoral da Austrália e também a Groelândia. Aumentando o nível do mar, o movimento da costa cedendo ou elevando-se, também afeta a altura do mar em relação à terra. A água salgada invade assim os rios e penetra nos aqüíferos de água doce contaminando as 8 Em anexo 7 Gráfico com o número de ocorrências de enchentes e vendavais no mundo. 9 Em anexo 8 Mapa e gráficos informativos sobre a elevação do nível do mar.

reservas em todo o mundo e ameaça a sobrevivência de muitas comunidades. Como afirma Kirstin Dow e Thomas E. Downing (2007, p.62). 29 2.1.4 Furacões Com o aquecimento global aumentará a duração e a intensidade de furacões, tufões e ciclones, pois o aumento da temperatura faz com que os oceanos fiquem mais quentes, ocorrendo maior evaporação das águas, potencializando assim catástrofes climáticas. Al Gore (2006, pág. 75) Informa que uma das provas mais recentes que alguns cientistas estão afirmando é que o aquecimento global está aumentando a freqüência dos furacões, um fato mais forte do que a variabilidade que sempre se considerou parte dos ciclos naturais das correntes oceânicas profundas. Nos últimos 30 anos, a média era de 10 a 11 furacões, porém desde 1995, esta média subiu de 12 para 14. Tendo várias explicações para este fato. A ausência do El Niño sobre o Pacífico conduz um aumento dos ciclones do Atlântico, devido à elevação da temperatura oceânica no mar do Caribe, onde os ciclones surgem aproveitando o aumento da temperatura. Além disso, a umidade quente é o principal fator responsável pelo aparecimento dos furacões. 2.1.5 Alimentação As mudanças do clima são uma ameaça à segurança alimentar, embora as colheitas em regiões temperadas possam ser maiores Kirstin Dow e Thomas E. Downing (2007, pág.59). A seca e o aumento constante das temperaturas ameaçam a agricultura. Nas regiões tropical e subtropical, a redução das chuvas, o maior risco de seca ou de chuvas fortes e de erosão do solo castigarão a agricultura, ameaçando à capacidade de desenvolvimento na produção.

30 O presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU, no ano de 2007, destacou que o aquecimento global reduzirá as plantações nas regiões tropicais, onde milhões de pessoas vivem da agricultura, o que provocará um aumento dos preços do setor. Com isso, a população em situação de vulnerabilidade social será a que mais sofrerá em conseqüência do aumento dos preços dos produtos. 2.1.6 Saúde Al Gore (2006,pág. 177) Afirma que: A relação entre a espécie humana e o mundo microbiano dos germes e dos vírus é menos ameaçadora quando há invernos mais frios, noites mais frias, maior estabilidade nos padrões climáticos. O perigo dos micróbios também diminui quando a rica biodiversidade de áreas como as florestas tropicais, onde se localiza a maior porcentagem de espécies do planeta, está a salvo da destruição e da invasão dos seres humanos. O aquecimento global aumenta a vulnerabilidade humana a doenças novas e desconhecidas, assim como a novas variedades de doenças antes sob controle 10. É importante ressaltar que lugares onde as pessoas estão mais expostas a doenças associadas à pobreza e à desnutrição qualquer mudança climática afetará a saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) atribui à modificação do clima 2,4% dos casos de diarréia e 2% dos de malária em todo o mundo. A OMS calcula que para o ano de 2030 as alterações climáticas poderão causar 300 mil mortes por ano. Com o aquecimento global só aumentam a possibilidade de ocorrências de doenças e desnutrição em todo o mundo, como nunca visto antes. 10 Em anexo 9 Gráfico informando impacto sobre a saúde no mundo.

As enchentes espalharão doenças transmitidas pela água, como cólera, tifo e disenteria, e por mosquitos como malaria, dengue e febre amarela. 31 2.2 Brasil No quarto relatório do IPCC, foi informado que o Brasil é um dos paises que se encontra em situação vulnerável em decorrência aos efeitos do clima. Já estão sendo registrados diversos impactos da variabilidade natural do clima, como secas, estiagens, cheias, inundações, vendavais e deslizamentos de encostas. Com o aquecimento global pode intensificar a ocorrência desses eventos. Oliveira (2009, pág. 233) informa: Os ecossistemas naturais e agroecossistemas seriam os mais sensíveis a esses impactos, com possíveis mudanças nas coberturas vegetais atuais e perda da biodiversidade brasileira. Além disso, os efeitos dessas ocorrências certamente afetarão os recursos hídricos, a agricultura, podendo afetar a saúde da população e a economia local e regional. Cenário preocupante, sendo um dos principais desafios para o Brasil 11 no século XXI, devido a conseqüências devastadoras que podem vir a acontecer. Vale ressaltar que no Brasil, a atividade que mais contribui para a emissão de gases do efeito estufa é o desmatamento 12. 11 Anexo 10 - Considerando a possibilidade média do aumento da temperatura no país em 2 C e precipitações de chuvas em 7%, segue em anexo mapa revelando os possíveis prejuízos nas diversas regiões do país, estimados para o ano de 2100. 12 Anexo 11 Gráfico informando o desmatamento no Brasil.

Para Heitor Matallo, membro da Convenção das Nações Unidas para o Combate da Desertificação (UNCCD), um ciclo puxa o outro. 32 Se no Brasil, o meio ambiente já é degradado por meio de desmatamentos e erosões, os reservatórios de água irão diminuir, aumentando as áreas desertas. Com o avanço da temperatura global, será quase impossível viver nessas áreas em curto prazo, porém não impossível, uma vez que o corpo humano se adapta conforme as necessidades. Com isso, o ecossistema desta região ficará totalmente desequilibrado, permitindo a extinção de várias espécies de animais. Oliveira (2009, pág. 234) informa que as projeções de temperatura na América do Sul para o final do século 21, de acordo com o relatório do IPCC, indicam que haverá um aumento de 3,5ºC na média. Dentre varias simulações, há modelos que apontam o aumento de 5ºC no Brasil. O aquecimento global no Brasil está sujeito a diversos impactos climáticos, no qual a população e os ecossistemas naturais estão vulneráveis, como as áreas costeiras e ribeirinhas que poderão ser profundamente alterado com a elevação do nível do mar. Com o degelo das calotas polares, o nível do mar irá subir. Em longo prazo o degelo fará os oceanos subirem até 4,9 metros, cobrindo vastas áreas litorâneas no Brasil, provocando escassez de comida, disseminação de doenças e mortes. A incidência de furacões, que é praticamente inexistente no Brasil, poderá ocorrer com maior freqüência. Um dos principais obstáculos das projeções sobre a elevação do nível do mar é a falta de um mapa cartográfico da costa brasileira. Não sabemos aonde o mar vai chegar, pois não temos dados precisos da topografia de nossas praias afirma Neves. O pesquisador informa que a grande maioria de cidades e portos brasileiros, como o de Santos e o do Rio de Janeiro, não têm marcações no chão chamadas de marcos topográficos, para assinalar as elevações no solo. Sem esses números é impossível pesquisar, alega Freitas. (Revista Época, ed. 463, 2008)

33 Pesquisadores brasileiros do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), informam: Nos próximos anos, as regiões Sul e Sudeste vão sofrer com chuvas e inundação cada vez mais freqüente. A floresta Amazônica pode perder 30% da vegetação, por causa de um aumento na temperatura de vai de 3ºC a 5,3ºC até 2100. No Nordeste, até o fim do século, a variação deve ficar entre 2ºC e 4ºC. O nível do mar deve subir 5 metros nas próximas décadas e 42 milhões de pessoas podem ser afetadas. O aumento na temperatura no Centro-Sul do país deve ser de 2ºC a 3ºC, aumentando a força das tempestades. 2.2.1 As Mudanças Climáticas por Região do Brasil Norte De acordo com previsões feitas pelo Inpe, a Amazônia deverá sofrer o maior aquecimento do Brasil. Sua temperatura pode subir até 8ºC até o final do século. Logo a floresta densa e alta perde espaço para uma vegetação semelhante a do Cerrado, o que pode afetar o clima de todo o país. O calor excessivo faz com que as folhas das árvores da floresta da borda caírem, aumentando o risco de queimadas. O calor provocado pelo fogo reduz a chance de chuva no núcleo da floresta, produzindo mais queimadas. Isso faz com que as árvores renasçam baixas, espaçadas e com pouca copa. A água dos rios diminui e os leitos ficam assoreados, o que afeta toda a biodiversidade.

34 O desaparecimento completo da floresta está entre as previsões mais pessimistas. Isso pode acontecer se a temperatura média da região aumentar mais de 5ºC essa elevação pode chegar a 8ºC. Seria um caminho sem retorno afirma Carlos Nobre, climatologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A previsão mais aceita para a região é um aumento de temperatura de cerca de 3ºC até 2100. Nobre informa que nesta simulação, a floresta perderia mais da metade de sua cobertura original. Pode acontecer uma união entre a grande savana da Venezuela e a parte central do Brasil. Seria um campo com algumas árvores, mas dominado por arbustos e capim, bem menos imponente que a floresta atual. (Revista Época, ed. 463, 2008) Nordeste Kirstin Dow e Thomas E. Downing (2007, pág. 94) afirma que: A população desta região é a mais sensível às mudanças climáticas. As projeções são de intensificação da seca nos próximos anos. O clima semi-árido pode se tornar árido. Com a desertificação e a salinização do solo, a agricultura local pode ser devastada, fazendo com que a população se refugie no Sul do país. As mudanças no clima do Nordeste no futuro podem ter os seguintes impactos: - A caatinga pode dar lugar a uma vegetação mais típica de zonas áridas, com predominância de cactáceas. O desmatamento da Amazônia também afetará a região. - Um aumento de 3ºC ou mais na temperatura média deixaria ainda mais seco os locais que hoje têm maior déficit hídrico no semi-árido. - A produção agrícola de subsistência de grandes áreas pode se tornar inviável, colocando a própria sobrevivência do homem em risco.

35 - O alto potencial para evaporação do Nordeste, combinado com o aumento de temperatura, causaria diminuição da água de lagos, açudes e reservatórios. - O semi-árido nordestino ficará vulnerável a chuvas torrenciais e concentradas em curto espaço de tempo, resultando em enchentes e graves impactos sócio-ambientais. Porém, e mais importante, espera-se uma maior freqüência de dias secos consecutivos e de ondas de calor decorrente do aumento na freqüência de veranicos. - Com a degradação do solo, aumentará a migração para as cidades costeiras, agravando ainda mais os problemas urbanos. Sudeste A região deve sofrer com chuvas, inundações, seca e temperatura, afetando a agricultura, geração de energia e diretamente a saúde, aparecendo doenças como leptospirose, dengue e diarréias. O aumento no nível do oceano Atlântico ameaçará construções à beira-mar no Rio de Janeiro, o mesmo será uma das regiões mais vulneráveis ao aumento do nível do mar, precisarão de diques para proteger a orla. Poderá ocorrer o aumento da temperatura: de 2 a 6 graus. Chuvas mais fortes e secas mais severas. Com isso, a área propícia ao cultivo de café em São Paulo se reduzirá de 39% do território do Estado para cerca de 1%. Fenômeno semelhante ocorrerá em Minas Gerais. Centro Oeste O ponto mais vulnerável desta região é o Pantanal e Cerrado, com a redução da biodiversidade devido o aumento da temperatura de 2ºC a 6ºC.

36 As chuvas se concentrarão em períodos curtos de tempo, entremeados de secas prolongadas. A erosão do solo prejudicará a agricultura e a biodiversidade, sofrendo grandes impactos. O cultivo de café se tornará inviável em Goiás. Sul Aumento da temperatura de 1ºC a 4ºC. Os Estados serão mais suscetíveis à ocorrência de eventos extremos, como furacão. Temperaturas mais altas aquecem acima do normal a água do mar e aumentam a velocidade dos ventos. O movimento dos ventos condensa as partículas de água, formando ciclones que avançam o continente. Os dias ficarão mais quentes e os invernos serão mais curtos. Aumento das chuvas: de 5% a 10%. Chuvas intensas, mas irregulares, provocarão colapso da agricultura e perda de produtividade na pecuária. No Rio Grande do Sul o plantio de trigo e soja se tornará inviável. No Paraná, se a temperatura subir mais de 3 graus, a área propícia ao cultivo de soja poderá ser reduzida em 78%. A região poderá vir a receber levas de migrantes de outros Estados com o clima mais quente. "Estejam preparados para as mudanças, adaptem-se às mudanças que virão. E preparem-se para enormes perdas humanas." James Lovelock

37 CAPÍTULO III Possibilidades de Ações do Gestor Ambiental Gestão ambiental é o processo de articulação das ações dos diferentes agentes sociais que interagem em um dado espaço com vistas a garantir a adequação dos meios de exploração dos recursos ambientais naturais, econômicos e sócio-culturais. (Almeida, 2005, pág. 01) James Lovelock (2006, pág.12, 13) informa que nossos problemas são globais, apresentando como a maioria sendo decorrente dos efeitos da revolução industrial, em particular o consumo de combustíveis fosseis e produtos químicos, a agricultura e o espaço vital. O que acontece em certo lugar logo afetará em outros lugares. Se quisermos alcançar uma sociedade humana em harmonia com a natureza, devemos nos guiar por um respeito maior por ela. Sugere como poderíamos começar a enfrentar a questão. Tendo como primeiro requisito reconhecer a existência do problema. Segundo é entendê-lo e extrair as conclusões certas. O terceiro é tomar alguma providência. Ele assegura que atualmente estamos em algum ponto entre os estágios um e dois. O mesmo afirma a importância de se estar pensando no desenvolvimento sustentável, onde representa o esforço constante em equilibrar e integrar os três pilares do bem-estar social, prosperidade econômica e proteção ambiental em beneficio das gerações atuais e futuras. A mudança climática nos faz pensar em mudar o atual modelo de crescimento social, econômico e tecnológico por outro que possa reduzir as emissões dos gases de efeito estufa e nos prepare para futuros climas. A redução das emissões dos gases de efeito estufa entre 60% a 80% exige altos investimentos, como criação e implantação de novas políticas.

38 Kirstin Dow e Thomas E. Downing (2007, pág. 88) afirma que todos podem ajudar a frear as mudanças climáticas, e há muitas maneiras de fazêlo. Do cálculo dos marcos de carbono para avaliar o total das nossas emissões de gás carbônico às atitudes que se podem tomar para reduzir as emissões, é necessário ter mais consciência do uso que se faz dos recursos. Devemos entender o nosso papel nessas mudanças e refletir sobre nossos hábitos de consumo e produção, procurar energias e fontes alternativas, trazer conhecimento sobre os problemas, valorizando o ponto de vista da sustentabilidade, integrando um processo educativo com a tríplice perspectiva: CONHECER, SENTIR e FAZER, isso será capaz de contribuir a médio e longo prazo no clima terrestre. Temos tudo que é necessário para começar a resolver à crise climática, menos, talvez, a vontade política. Al Gore (2006, pág. 278). Ricardo Marin (1996, pág. 32) informa a importância e a necessidade da mudança individual na resolução da problemática ambiental, explicando que na atualidade existe certa tendência a nos eximir de nossa responsabilidade ou esperar que os outros resolvam esses problemas. Alejandro Gaona Pérez (2009, pág. 34), alega que: Devemos promover a educação, para que se tenha um pensamento sistêmico, global, de que as coisas não ocorrem de forma isolada, nem se devem a uma só causa. Uma educação que contribua a tomar consciência da complexidade da questão ambiental não apenas em sua origem, mas em sua resolução. Educação esta que leve o nosso pensamento e ação a pensar globalmente e agir localmente.