O INTERVALO DE RECUPERAÇÃO ENTRE SÉRIES DE CONTRAÇÃO ISOCINÉTICA INFLUENCIA A RESPOSTA PERCEPTUAL EM IDOSOS? RESUMO

Documentos relacionados
Análise do efeito de diferentes intensidades e intervalos de recuperação na percepção subjetiva de atletas

TÍTULO: DIFERENTES TEMPOS DE PAUSA ENTRE SÉRIES NO TREINAMENTO DE FORÇA PODEM INDUZIR ALTERAÇÕES NO LOAD?

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício ISSN versão eletrônica

INFLUÊNCIA DA ORDEM DOS EXERCÍCIOS DE MEMBROS SUPERIORES SOBRE OS GANHOS DE FORÇA MÁXIMA E SUBMÁXIMA EM HOMENS TREINADOS

TÍTULO: ALTERAÇÕES MORFOFUNCIONAIS DECORRENTE DE DOIS MÉTODOS DE TREINAMENTO DE FORÇA

TÍTULO: EFEITO DA REDUÇÃO DA FREQUÊNCIA SEMANAL NO TREINAMENTO DE FORÇA NO DESEMPENHO DA POTÊNCIA

Práticas e programas de musculação para a população acima de sessenta anos

Prof. Ms. Sandro de Souza

A influência de diferentes recuperações entre as séries no treinamento de força

CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: CIÊNCIAS SOCIAIS INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS

Efeitos de diferentes intervalos de recuperação no volume completado e na percepção subjetiva de esforço em homens treinados

A INFLUÊNCIA DE 2 MINUTOS DE RECUPERAÇÃO ENTRE SÉRIES SOBRE O NÚMERO DE REPETIÇÕES MÁXIMAS EM EXERCÍCIOS MONO E BIARTICULARES.

28/07/2014. Efeitos Fisiológicos do Treinamento de Força. Fatores Neurais. Mecanismos Fisiológicos que causam aumento da força

Pró-Reitoria de Graduação Curso de Educação física Trabalho de Conclusão de Curso

A influência de três diferentes intervalos de recuperação entre séries com cargas para 10 repetições máximas

Brazilian Journal of Biomotricity ISSN: Universidade Iguaçu Brasil

EFEITO DE DIFERENTES PROTOCOLOS DE TREINAMENTO CONTRA RESITÊNCIA SOBRE A FORÇA

INFLUÊNCIA DA CAMINHADA ORIENTADA EM PARÂMETROS FISIOLÓGICOS E PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS 1

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício ISSN versão eletrônica

CORRELAÇÃO ENTRE OS COMPONENTES DA FORÇA MUSCULAR E A FUNCIONALIDADE DE IDOSOS TREINADOS

A INFLUÊNCIA DE DIFERENTES INTERVALOS DE RECUPERAÇÃO ENTRE SÉRIES NO DESEMPENHO DE REPETIÇÕES MÁXIMAS DE UM TREINAMENTO DE FORÇA

TREINAMENTO RESISTIDO EM IDOSOS: UMA REVISÃO SOBRE A INTENSIDADE DE TREINO

RESUMO INTRODUÇÃO: Pessoas com sintomas de ansiedade apresentam maiores níveis de pressão arterial. A presença de ansiedade está associada com as

Programas de Treinamento com Pesos

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício ISSN versão eletrônica

EFEITO DE DIFERENTES AÇÕES MUSCULARES SOBRE A FADIGA METABOLICA APÓS EXERCÍCIO EM DINAMÔMETRO ISOCINÉTICO EM HOMENS JOVENS

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício ISSN versão eletrônica

IMPACTO DO IMC SOBRE O DESEMPENHO MOTOR EM ATIVIDADES COM PREDOMINÂNCIA AERÓBIA DE MULHERES ACIMA DE 40 ANOS

RESPOSTA AGUDA DA PRESSÃO ARTERIAL APÓS TREINAMENTO COM PESOS EM INTENSIDADE AUTOSSELECIONADA E IMPOSTA

INFLUÊNCIA DA ORDEM DO TIPO DE PAUSA NOS PARÂMETROS BIOQUÍMICO DE UM TREINAMENTO INTERVALADO EM HOMENS. RESUMO

27/5/2011. Arquitetura Muscular & Envelhecimento. Envelhecimento: Associado à idade cronológica. Evento multideterminado (difícil determinação)

25/4/2011 MUSCULAÇÃO E DIABETES. -Estudos epidemiológicos sugerem redução de 30% a 58% o risco de desenvolver diabetes

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA UNB FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA - FEF PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Equação de Corrida. I inclinação da corrida em percentual (%)

CARACTERIZAÇÃO DO COMPORTAMENTO DO TORQUE MUSCULAR DOS MÚSCULOS ADUTORES E ABDUTORES DO QUADRIL

TÍTULO: O IMPACTO DO AQUECIMENTO E DO ALONGAMENTO NO DESEMPENHO DE FORC A

EFEITO DOS MÉTODOS PIRÂMIDE CRESCENTE E PIRÂMIDE DECRESCENTE NO NÚMERO DE REPETIÇÕES DO TREINAMENTO DE FORÇA.

Brazilian Journal of Biomotricity ISSN: Universidade Iguaçu Brasil

Treinamento de Força

COMPORTAMENTO DA FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA EM IDOSAS ATIVAS E SEDENTÁRIAS

Motricidade ISSN: X Desafio Singular - Unipessoal, Lda Portugal

PALAVRAS-CHAVE: Futebol; Pequenos Jogos; Comportamento Técnico

19 Congresso de Iniciação Científica COMPARAÇÃO DAS RESPOSTAS CARDIOPULMONARES DE MULHERES SUBMETIDAS A EXERCÍCIO DE RESISTÊNCIA DE FORÇA E AERÓBIO

Por que devemos avaliar a força muscular?

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício ISSN versão eletrônica

Pró-Reitoria de Graduação Curso de Educação Física Trabalho de Conclusão de Curso

Treinamento. Diferentes intervalos entre séries e sua infl u ência no volume total dos exercícios resistidos

Riscos e Benefícios do Exercício de Força...

RESPOSTAS PRESSÓRICAS APÓS A REALIZAÇÃO DE EXERCÍCIOS DE FORÇA PARA BRAÇO E PERNA EM JOVENS NORMOTENSOS

Brazilian Journal of Biomotricity ISSN: Universidade Iguaçu Brasil

ADAPTAÇÕES CRÔNICAS AO EXERCÍCIO EXCÊNTRICO EM DIFERENTES VELOCIDADES DE EXECUÇÃO DO MOVIMENTO RESUMO

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FUNCIONAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

SAULO SANTOS MARTORELLI TREINAMENTO DE FORÇA COM REPETIÇÕES MÁXIMAS E SUBMÁXIMAS: EFEITOS NA FORÇA E NA HIPERTROFIA MUSCULAR

Revista Brasileira de Fisioterapia ISSN: Associação Brasileira de Pesquisa e Pós- Graduação em Fisioterapia Brasil

FORÇA TIPOS DE FORÇA. Fatores que influenciam a FORÇA. Fatores que influenciam a FORÇA. Fatores que influenciam a FORÇA 25/02/2014

INFLUÊNCIA DA ORDEM DOS EXERCÍCIOS SOBRE O DESEMPENHO, GANHOS DE FORÇA E VOLUME MUSCULAR

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício ISSN versão eletrônica

INFLUÊNCIA DO EXCESSO DE PESO NA FORÇA MUSCULAR DE TRONCO DE MULHERES

Desempenho da Força em Idosas Após Duas Intensidades do Exercício Aeróbio

EFEITO DO TREINAMENTO DE EXERCÍCIOS DE FLEXIBILIDADE SOBRE A MARCHA DE IDOSAS

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício ISSN versão eletrônica

Brazilian Journal of Biomotricity ISSN: Universidade Iguaçu Brasil

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício ISSN versão eletrônica

AVALIAÇÃO ISOCINÉTICA DOS MÚSCULOS EXTENSORES E FLEXORES DE JOELHO EM PRATICANTES DE CICLISMO INDOOR

AGILIDADE E EQUILIBRIO DINÂMICO EM ADULTOS E IDOSOS

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício ISSN versão eletrônica

AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR FORÇA MUSCULAR 13/06/2017. Disciplina Medidas e Avaliação da Atividade Motora 2017 AGILIDADE POTÊNCIA MUSCULAR

Influência da Ordem dos Exercícios Sobre o Número de Repetições e Percepção Subjetiva do Esforço em Mulheres Jovens e Idosas

Treinamento: Controle Postural e Locomoção em Idosos. Prof. Dr. Matheus M. Gomes

Categoria: Artigo Original ISSN:

ConScientiae Saúde ISSN: Universidade Nove de Julho Brasil

Brazilian Journal of Sports and Exercise Research, 2010, 1(1):20-24

Revista Brasileira de Fisioterapia ISSN: Associação Brasileira de Pesquisa e Pós- Graduação em Fisioterapia Brasil

Brazilian Journal of Biomotricity ISSN: Universidade Iguaçu Brasil

Por que devemos avaliar a força muscular?

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício ISSN versão eletrônica

AVALIAÇÃO DO PICO DE TORQUE ISOCINÉTICO DO QUADRICEPS EM UM TREINAMENTO CONCORRENTE

Riscos e Benefícios do Exercício de Força...

EFEITOS DE DOIS PROTOCOLOS DE TREINAMENTO FÍSICO SOBRE O PESO CORPORAL E A COMPOSIÇÃO CORPORAL DE MULHERES OBESAS

Santo André, 11 de março de Ao CONSELHO REGIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL CREFITO 4. Parecer n.03/2017

Efeito da ingestão de cafeína no teste de 1RM e repetições máximas em homens adultos ativos

EFEITO DE DIFERENTES INTERVALOS DE RECUPERAÇÃO SOBRE A RESISTÊNCIA DE FORÇA EM INDIVÍDUOS DE AMBOS OS SEXOS

INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO INTERVALADO E CONTÍNUO NA RESPOSTA PRESSÓRICA DE INDIVÍDUOS QUE PRATICAM CORRIDA DE RUA

GERONTOLOGIA: A IMPORTÂNCIA DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA OS IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício ISSN versão eletrônica

Viscoelasticidade dos flexores plantares, salto vertical e envelhecimento

ATIVIDADE FÍSICA E SEUS BENEFÍCIOS PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA PROGRAMA DE DISCIPLINA UNIDADE UNIVERSITÁRIA: Faculdade de Filosofia e Ciências IDENTIFICAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS BRUNO PEREIRA DELPENHO

Universidade Estadual do Norte do Paraná UENP

INFLUÊNCIA DO CICLO MENSTRUAL NA FORÇA DE MULHERES PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO

IMPACTOS DA GINÁSTICA FUNCIONAL NA AUTOESTIMA DE IDOSOS NA MAIOR IDADE

STEP TRAINING: EFEITO DA PAUSA PASSIVA E ATIVA NO COMPORTAMENTO DA FREQUÊNCIA CARDÍACA E NA PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO RESUMO:

EXERCÍCIO PARA IDOSOS

REVISÃO. pré-exaustão muscular induzida por um exercício monoarticular

Bianca R. TOBIAS 1 ; Guilherme A. SILVA 1 ; Renato A. SOUZA 2 ; Wonder P. HIGINO 2 ; Fabiano F. SILVA 2

Transcrição:

O INTERVALO DE RECUPERAÇÃO ENTRE SÉRIES DE CONTRAÇÃO ISOCINÉTICA INFLUENCIA A RESPOSTA PERCEPTUAL EM IDOSOS? Carlos Ernesto 1.2 Lucas Vilela Mendes 3.4 Thiago Santos da Silva 3.4 Fernando Lourenço Rodrigues 3.4 RESUMO O treinamento resistido é recomendado no tratamento bem como prevenção de doenças relacionadas ao envelhecimento. Neste sentido, a correta utilização das variáveis volume e intensidade pode determinar o sucesso ou o fracasso do programa. A utilização do índice de percepção de esforço tem sido freqüentemente aplicada como parâmetro no controle da intensidade do exercício resistido. Objetivo: Comparar diferentes intervalos de recuperação entre séries de contração isocinética na resposta perceptual em idosos. Métodos: 20 idosos (68,67 3,67 anos) ativos participaram de 3 sessões de treinamento resistido isocinético da musculatura extensora do joelho. Foram utilizadas 3 séries de 10 repetições em cada velocidade angular (60, 90 e 120 /s) totalizando 9 séries por sessão de treino. No intuito de induzir diferentes intensidades de treinamento foram aplicados os intervalos de recuperação específicos para cada sessão (1min, 2min e 3 min). Tanto em repouso quanto imediatamente após a execução das 9 séries foram coletados o Índice de Percepção de Esforço (IPE) através da escala OMNI-RES proposta por Robertson (2003). ANOVA para medidas repetidas foi utilizada visando detectar diferenças do IPE tanto intra quanto entre as diferentes sessões. Foi utilizado o nível de significância de p<0,05. Resultados: Diferenças significativas foram observadas somente quando comparado o IR de 1min (8,87 0,79) com 3min (7,83 0,72) no momento Pós-exercício (p<0,05). Conclusão: Podemos concluir que o intervalo de recuperação entre as séries de contrações isocinéticas alteram as respostas perceptuais em indivíduos idosos. Sendo assim, é importante observar o IR de forma mais criteriosa, pois quando utilizado IRs curtos, esses podem, além de influenciar diretamente o desempenho muscular, também gerar um maior estresse geral em função da alta intensidade do treino induzido principalmente pelo IR escolhido, mas que muitas vezes são observadas somente em função da carga aplicada. Palavras Chave: Intervalo de recuperação, Isocinético, Percepção de esforço, Idosos. -------------------------------------------------- 1 Professor MSc. Curso de Educação Física; 2 Coordenador do Grupo de estudos em Medidas e Avaliação no treinamento Resistido Universidade Católica de Brasília; 3 Aluno do Curso de Educação Física; 4 Integrante do Grupo de Estudos em Medidas e Avaliação no treinamento Resistido Universidade Católica de Brasília

INTRODUÇÃO O processo de envelhecimento acarreta em perda de diversas qualidades do organismo humano principalmente do sistema muscular (ORDWAY et al. 2006). Como conseqüência da ação do envelhecimento sobre o sistema muscular podemos observar uma redução da massa magra, conhecida como sarcopenia. A sarcopenia por conseguinte provoca uma diminuição da capacidade de gerar força (JANSEN, 2006), fato melhor observado a partir da sexta década de vida (HÄKKINEN et al. 1998a; HÄKKINEN et al. 1998b). Fatores associados à sarcopenia também são observados como a perda das habilidades funcionais, dependência, diminuição da densidade mineral óssea que, por sua vez, aumenta o risco de quedas e fraturas, assim como diversas outras doenças crônico não transmissíveis. O sistema muscular não só está relacionado diretamente a diversas tarefas funcionais (GURALNIK et al. 1995), como também está associado com a estética, uma vez que o referido sistema é responsável por cerca de 40% do peso corporal. (GUYTON & HALL, 1997). Várias formas de intervenção têm sido propostas para a prevenção e tratamento da sarcopenia, mas ao que tudo indica o treinamento de força é o método mais eficaz e sem efeito colateral. Segundo o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2002) a força muscular é uma variável da aptidão física imprescindível para a manutenção da saúde, bem como da habilidade funcional e da qualidade de vida. O treinamento de força sistematizado resulta em adaptações morfológicas como aumento da massa muscular, aumento nos níveis de força, bem como redução da gordura corporal (IZQUIERDO et al. 2004; TRAPPE et al. 2002; KRAEMER et al. 1999; HUNTER & TREUTH, 1995;), porém o uso deste tipo de treinamento para a população em questão tem sido aceito somente nas duas últimas décadas, uma vez que se especulava que o mesmo fosse agressivo ao organismo (BELLEW et al. 2003). A dinamometria isocinética foi implementada na década de 60 com o intuito de se avaliar e reabilitar o sistema neuromuscular, no entanto atualmente é bastante utilizado com o intuito de realizar o treinamento resistido propriamente dito. Estudos têm demonstrado ganhos de força através de treinamento de contrações isocinéticas (PINCIVERO et al. 1997) além de também obserarem o efeito desse tipo de contração no desempenho muscular (ERNESTO et al. 2009; BOTTARO et al. 2005). Bottaro et al. (2005) verificaram, em um grupo de idosos, a influência de diferentes tempos de intervalo de recuperação (30, 60 e 90 segundos), em contrações isocinéticas, na avaliação do pico de torque (PT) e constataram que 30 segundos seria o tempo suficiente para recuperação antes de uma nova série de teste subseqüente. Tal achado não corroborara o estudo de Parcell et al. (2002) que também estudaram diferentes intervalos de recuperação (15, 60, 180 e 300 segundos) demonstrando que 60 segundos seriam suficientes para avaliação do PT em contrações isocinéticas, porém essa diferença pode ser atribuída a característica da amostra, uma vez que, no estudo de Parcell et al. (2002), a população avaliada era composta por jovens estudantes. Com relação ao treinamento propriamente dito Davies et al. (2000) sugerem 90 segundos como tempo de recuperação necessário entre as séries de contrações isocinética. No entanto, as controvérsias com relação ao IR e o desempenho muscular ainda persistem. Neste sentido Ernesto et al. (2009), compararam diferentes IR (1min, 2min e 3min) no desempenho muscular isocinético em idosos e constataram que a medida que as séries são realizadas incrementos nos IR devem ser inseridos no intuito de não influenciarem negativamente no volume do treino. Porém, diferentes mecanismos são utilizados com o objetivo de controlar a intensidade do esforço. Dentre estes mecanismos podemos destacar o Índice de Percepção de Esforço (IPE) que é baseada em uma escala

proposta inicialmente por Borg para mensuração de intensidades de exercício. O IPE pode ser considerado um indicador da fadiga em sessões de Treinamento Contra Resistência, apesar de ser mais freqüentemente utilizada como indicador de intensidade do esforço em atividades aeróbias (LAGALLY et al., 2004). A partir da escala de Borg, algumas outras escalas específicas para determinadas atividades foram propostas, dentre elas a escala de OMNI-RES específica para exercícios resistidos, apresentando descritores visuais, numéricos e verbais específicos para esta atividade. Robertson et al. (2003), compararam a percepção de esforço entre séries de 4, 8 e 12 repetições efetuadas a 65% de 1RM em homens e mulheres jovens, além de mensurarem as concentrações de lactato em cada série. A partir dos resultados foi possível observar um aumento linear da IPE à medida que as concentrações de lactato aumentavam, sugerindo que a referida escala seja válida para mensurar a IPE durante o treinamento resistido. Neste sentido, a utilização do índice de percepção subjetiva de esforço tem sido freqüentemente aplicado como parâmetro no controle da intensidade de exercício resistido por ser um método de baixo custo financeiro, fácil aplicação tanto por parte do avaliador quanto do avaliado e, principalmente por não ser um método invasivo. OBJETIVO Sendo assim, o presente estudo teve como objetivo comparar a influência de diferentes intervalos de recuperação entre séries de contração isocinética no índice de percepção de esforço em idosos. MATERIAIS E MÉTODOS Fizeram parte da amostra 20 idosos (68,67 3,67 anos) ativos, aparentemente saudáveis, que não praticassem musculação a no mínimo 06 meses antes das sessões de treinamento. Como critérios de exclusão foram adotados a presença de doenças crônico degenerativas bem como osteomioarticulares que impedissem a realização dos movimentos propostos. Após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido os voluntários foram avaliados pelo médico cardiologista do Laboratório de Avaliação Física e Treinamento LAFIT, da Universidade Católica de Brasília UCB. Protocolo experimental No intuito de seguir as recomendações do ACSM (2002), com relação ao volume de treino foram utilizadas 3 séries de 10 repetições nas velocidades angulares de 60, 90 e 120 /s, totalizando assim 9 séries por sessão de treino. Cada sessão de treino era, de forma contrabalanceada, inserido o IR específico 1 minuto (1min), 2 minutos (2min) e 3 minutos (3min). O IPE foi coletado tanto em repouso quanto imediatamente após a execução das 9 séries através da tabela OMNI-RES (ROBERTSON et al. 2003). Foi realizado aquecimento prévio em bicicleta ergométrica Lode, modelo Excalibur, com carga de 50W, durante 05 minutos, conforme sugerido por Bottaro et al. (2005), após isso, foi realizado, como forma de minimizar efeitos do aprendizado assim como auxiliar no aquecimento, a acomodação dos voluntários no dinamômetro isocinético com realização de uma série de 20 repetições na velocidade de 300 s -1. Para a realização das contrações isocinéticas foi utilizado um dinamômetro Biodex System 3 (Biodex Medical, Inc., Shirley, NY).

Com a finalidade de minimizar a ação de outros grupos musculares diferentes dos avaliados foram seguidas as recomendações propostas por Dvir (2002), com relação às amarrações torácica, pélvica e da coxa. Todos os testes foram aplicados pelo mesmo avaliador com experiência nesse tipo de equipamento. Análise Estatística A normalidade dos dados foi observada pelo teste Kolmogorov-Smirnov. ANOVA para medidas repetidas foi utilizada visando detectar diferenças no IPE entre as diferentes sessões. Foi adotado um nível de significância de p<0,05. RESULTADOS E DISCUSSÃO O presente estudo verificou os efeitos de diferentes intervalos entre séries de contrações isocinéticas no índice de percepção de esforço em idosos. Para tanto foram utilizados os intervalos recuperação 1minuto, 2minutos e 3minutos e coletado a variável índice de percepção de esforço tanto em repouso (Rep) quanto imediatamente após as 09 séries (Pós). A tabela 1 mostra as características descritivas dos voluntários. Tabela 1- Característica descritiva da amostra com valores médios ( DP) para as variáveis idade (anos), peso (kg) e estatura (cm), n=20. IDADE PESO ESTATURA n = 20 (anos) (kg) (cm) MÉDIA 68,67 78,29 167,83 DP 3,67 10,87 4,42 Conforme descrito na tabela 2, foram encontradas diferenças significativas somente quando comparado o IR de 1min com o de 3min no momento Pós-exercício. Apesar do IR influenciar diretamente o desempenho muscular em idosos (ERNESTO, 2009), nenhum estudo foi observado até a presente data verificando as respostas perceptuais quando manipulado o IR em contrações isocinéticas. Tabela 2- valores médios ( DP) no Índice de Percepção de Esforço nos momentos repouso (Rep) e imediatamente após (Pós) as sessões de exercícios nas sessões 1min, 2min e 3min) respectivamente. SESSÃO S1min S2min S3min Rep Pós Rep Pós Rep Pós IPE 0,67 (0,82) 8,87 * (0,79) 0,47 (0,74) 7,63 (0,44) 0,47 (0,52) 7,83 (0,72) P<0,05 comparado a sessão 3min O IPE parece apresentar uma relação linear com positiva com o incremento de sobrecarga mecânica. Esse comportamento do IPE parece ser explicado por um maior número de impulsos do córtex motor para o centro de controle cardiovascular, estando diretamente relacionado à sensação do esforço realizado durante o

exercício, acreditando contribuir para o aumento da PSE (MITCHELL et al., 1980). Uma maior ativação dos sensores musculares (fusos musculares) e tendíneos (órgãos tendinosos de golgi), juntamente com o custo metabólico parecem ser os principais responsáveis pelos maiores valores do IPE nos exercícios de contraresistência (LAGALLY et al., 2002; MIHEVIC, 1981). Smolander et al. (1998), investigaram o comportamento do IPE em diferentes intensidades de treinamento no exercício resistido em jovens e idosos. Os voluntários realizaram extensão de joelhos a 20, 40 e 60% da contração voluntária máxima. Não foi observada nenhuma diferença significativa na PSE entre as diferentes intensidades. Simão et al. (2005, 2007) avaliaram a PSE em uma sessão de treinamento no exercício resistido em ambos os sexos, porém, analisando a influência da ordem de execução dos exercícios. Os autores reportaram não existir diferença significativa no IPE nas ordens de execução dos exercícios. Mais recentemente Silva et al. (2009), também avaliaram a influência da ordem de execução dos exercícios sobre o número de repetições e IPE porém em mulheres jovem e idosas, e constataram que a resposta dessa variável foi indiferente para o grupo jovem, influenciando apenas o número máximo de repetições. Tal fato foi melhor observado quando o exercício multi-articular era inserido por último, podendo ser justificado em função da fadiga precoce ao se utilizar menores grupamentos musculares os quais fadigam mais rapidamente. Nessa mesma linha Monteiro et al. (2005), investigaram manipulação da ordem dos exercícios e a influência no IPE de mulheres treinadas, e encontraram que mesmo havendo uma diferença no número de repetições realizadas, ao final de cada seqüência o IPE foi o mesmo, indicando assim que essa variável não acompanhou o declínio do número de repetições. CONCLUSÃO Diante do exposto podemos concluir que o intervalo de recuperação entre séries de contrações isocinéticas alteram as respostas perceptuais em indivíduos idosos. Sendo assim, é importante observar o IR de forma mais criteriosa, pois quando utilizado IRs curtos esses podem além de influenciar diretamente o desempenho muscular também podem gerar um maior estresse emocional em função da alta intensidade do treino que muitas vezes são observadas somente em função da carga aplicada. Futuros estudos devem ser realizados utilizando diferentes grupamentos musculares, população bem como os efeitos crônicos quando aplicados diferentes IRs em idosos.

REFERÊNCIAS AMERICAN COLLEGE of SPORTS MEDICINE. Progression Models in Resistance Training for Healthy Adults. Med Sci Sports Exerc. 34 (2): 364-380, 2002. BELLEW, J. W., YATES, J. W., GATER, D. R. The initial effects of low-volume strength training on balance in untrained older men and women. J Strength Cond Res. 17(1):121-128, 2003. BOTTARO, M.; RUSSO, A. F., OLIVEIRA, R. J. The effects of rest interval on quadriceps torque during an isokinetic testing protocol in elderly. Journal of Sports Science and Medicine. 4: 285-290, 2005. DAVIES, G. J.; HEIDERSCHEIT, B.; BRINKS, K. Test interpretation. Champaign, IL, Ed. Human Kinetics. In: BROWN, L. E. Isokinetic in human performance. 3-24, 2000. DVIR, Z. ISOCINÉTICA. Avaliações Musculares, Interpretações e Aplicações Clínicas. 1º. ed. São Paulo: Manole, 2002. ERNESTO, C., BOTTARO, M. ; SILVA, F. M. ; SALES, M. P. M. ; CELES, R ; OLIVEIRA, R. J.. Effects of different rest interval on isokinetic muscle performance among older adults. Revista Brasileira de Fisioterapia, v. 13, p. 65-72, 2009. GURALNIK, J. M. FERRUCCI, L.; SIMONSICK, E. M.; SALIVE, M. E.; WALLACE, R. B. Lower-extremity function in persons over the age of 70 years as a predictor of subsequent disability. New England Journal Medical. 332: 556-561, 1995. GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. Ed. Guanabara Koogan. ed. 9. Rio de Janeiro, RJ, 1997. HÄKKINEN, K., ALEN M., KALLINEN M., IZQUIERDO M., JOKELAINEN K., LASSILA H., MALKIA E., KRAEMER W. J., NEWTON R. U. Muscle CSA, force production, and activation of leg extensors during isometric, and dynamic actions in middle-aged, and elderly men, and women. Journal of Aging and Physical Activity 6: 232-247, 1998a. HÄKKINEN, K., PAKARINEN A., NEWTON R. U., KRAEMER W. J. Acute hormone responses to heavy resistance lower and upper extremity exercise in young versus old men. European Journal of Applied Physiology 77: 312-319, 1998b. HUNTER, G. R., TREUTH, M. S. Relative training intensity and increases in strength in older women. J Strength Cond Res. 9(3): 188-191, 1995.

IZQUIERDO, M., IBANEZ, J., HÄKKINEN, K., KRAEMER, W. J., LARRION, J. J., GOROSTIAGA, E. M. Once weekly combined resistance and cardiovascular training in healthy older men. Med Sci Sports Exerc. 36 (3): 435-443, 2004. JANSEN, I. Influence of sarcopenia on the development of physical disability: The cardiovascular health study. Journal of American Society. 54: 56-62, 2006. AEMER, W. J., HÄKKINEN, K., NEWTON, R. U., NINDL, B. C., VOLEK, J. S., McCORMICK, M., GOTSHALK, L. A., GORDON, S. E., FLECK, S. J., CAMPBELL, W. W., PUTUKIAN, M., EVANS, W. J. Effects of heavy-resistance training on hormonal response patterns in younger vs. older men. Journal of Applied Physiology. 87(3): 982-992, 1999. LAGALLY, M. K.; ROBERTSSON, R. J.; GALLAGHER, K. I.; GOSS, F. L.; JAKICIC, J. M.; LEPHART, S. M.; MCCAW, S. T.; GOODPASTER, B. Perceived exertion, electromyography, and blood lactate during acute bouts of resistance exercise. Medicine and Science in Sports and Exercise, v.34, n. 3, p. 552-559. March, 2002. LAGALLY KM, MCCAW ST, GEOFF GT, MEDEMA TDQ. Ratings of perceived exertion and muscle activity during the bench press exercise in recreational and novice lifters. J Strength Cond Res 2004;18:359-64. MIHEVIC, P. M. Sensory cues for perceived exertion: a review. Medicine and Science in Sports and Exercise, v.13, n. 3, p. 150-163, 1981. MITCHELL, J. H.; PAYNE, F. C.; SALTIN, B.; SCHIBYE, B. The role of muscle mass in the cardiovascular response to static contractions. The Journal of Physiology, v. 309, n. 47, p. 45-54, 1980. MONTEIRO, Walace; SIMAO, Roberto e FARINATTI, Paulo. Manipulação na ordem dos exercícios e sua influência sobre número de repetições e percepção subjetiva de esforço em mulheres treinadas. Rev Bras Med Esporte [online]. 2005, vol.11, n.2, pp. 146-150. ISSN 1517-8692. ORDWAY, N. R.; HAND, N.; BRIGGS, G.; PLOUTZ-SNYDER, L. L. Reliability of knee and ankle strength measures in an older adult population. J Strength Cond Res. 20 (1): 82-87, 2006. PARCELL, A. C.; SAWYER, R. D.; TRICOLI, V. A.; CHINEVERE, T. D. Minimum rest period for strength recovery during a common isokinetic testing protocol. Med Sci Sports Exerc. 34 (6): 1018-1022, 2002. PINCIVERO, D. M.; LEPHART, S. M.; KARUNAKARA, R. G. Effects of rest interval on isokinetic strength and functional performance after short term high intensity training. British Journal of Sports Medicine. 31: 229-234, 1997. ROBERTSON, R.J.;GOSS, F..; RUTKOWSKI, J.; LENZ, B.; DIXON, C.; TIMMER, J.;

FRAZEE, K.; DUBE, J.; ANDREACCI, J. Concurrent validation of the ONMI perceived exertion scale for resistance exercise. Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 35, n. 2, p. 333-341, 2003. SILVA, Nádia Souza Lima da; MONTEIRO, Walace David e FARINATTI, Paulo de Tarso Veras. Influência da ordem dos exercícios sobre o número de repetições e percepção subjetiva do esforço em mulheres jovens e idosas. Rev Bras Med Esporte [online]. 2009, vol.15, n.3, pp. 219-223. ISSN 1517-8692. SIMÃO, R.; FARINATTI, P. T. V.; POLITO, M. D.; MAIOR, A. S.; FLECK, S. J. Influence of exercise order on the number of repetitions performance and perceived exertion during resistance exercises. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 19, n. 1, p. 152-156, 2005. SIMÃO, R.; FARINATTI, P. T.; POLITO, M. D.; VIVEIROS, L.; FLECK, S. J. Influence of exercise order on the number of repetitions performed and perceived exertion during resistance exercise in women. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 21, n. 1, p. 23-28, 2007. SMOLANDER, J.; AMINOFF, T.; KORHONEN, I.;TERVO, M.; SHEN, N.; KORHONEN, O. et al. Heart rate and blood pressure response to isometric exercise in young and older men. European Journal of Applied Physiology and Occupational, v. 77, n. 5, p. 439-444, 1998. TRAPE, S., WILLIAMSON, D., GODARD, M. Maintenance of whole muscle strength and size following resistance training in older men. Journal of Gerontology. 57A (4): 138-143, 2002.