ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E APTIDÃO FÍSICA DE ESCOLARES DE ESCOLA PARTICULAR DE SANTOS-SP

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Transcrição:

ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E APTIDÃO FÍSICA DE ESCOLARES DE ESCOLA PARTICULAR DE SANTOS-SP DILMAR PINTO GUEDES JÚNIOR 1-2, DANIELE TAVARES MARTINS 1, PATRÍCIA SOARES GONÇALVES 1, GILBERTO MONTEIRO DOS SANTOS 1, CARLA NASCIMENTO LUGUETTI 1 1 Universidade Santa Cecília - Faculdade de Educação Física e Esporte (FEFESP) Santos SP Brasil. 2 CEFE UNIFESP São Paulo SP Brasil; Faculdade de Educação Física (FEFIS) Santos, SP Brasil. e-mail: ciadofisicodilma@uol.com.br INTRODUÇÃO A aptidão física refere-se à capacidade do indivíduo apresentar um desempenho físico adequado em suas atividades diárias (BÖHME, 2003). Pesquisas apontam que índices satisfatórios dos aspectos de aptidão física e composição corporal oferecem alguma proteção ao aparecimento e desenvolvimento de distúrbios orgânicos, podendo repercutir de forma positiva no estado de aptidão física e saúde durante a vida adulta (HAMLIN et. al., 2000; LUGUETTI et al, 2010; McGEE, et.al, 2006; NAHAS 2001;; TOMKINSON et al., 2003). Estudos mostram que o baixo nível de aptidão física em crianças está associado ao desenvolvimento da obesidade e esta diminui a expectativa de vida na população mundial (DÓREA, 2004; FERNANDES, et. al. 2007). Dados estatísticos revelam que, na segunda metade do século XX, o Brasil apresentava 7% dos meninos e 9% das meninas com obesidade infantil (RONQUE, 2005). Concomitantemente com um baixo nível de aptidão física e obesidade na infância, podem surgir doenças hipocinéticas, que geram distúrbios como a resistência periférica à insulina, diabetes tipo 2, hipercolesterolemia, doenças cardiovasculares e articulares. Ocorre então, um círculo vicioso: baixos padrões de atividade física - menores valores da aptidão aeróbia - menores índices na utilização de gordura como fonte de energia - maiores quantidades de adiposidade - maior trabalho total para desempenhar uma tarefa motora - menores padrões de atividade física habitual. Uma possível solução para minimizar esse problema seria uma maior adesão a programas de promoção da atividade física como forma de mudar o declínio da aptidão física (GUEDES; GUEDES, 1995; GLANER, 2005). A prática de atividade física, se feita com regularidade, pode trazer grandes benefícios para a saúde, tanto na infância, como na adolescência e em outras idades. De tal forma que, a infância pode representar um período ótimo para uma intervenção pedagógica no sentido de estimular hábitos e comportamentos de saúde, que se espera venham a manter-se durante a vida toda. Verificar o desenvolvimento dos aspectos da aptidão física relacionados à saúde e composição corporal de jovens poderá contribuir de forma decisiva na tentativa de promoção da saúde coletiva. E ainda, existe a necessidade de parâmetros referenciais com escolares brasileiros, pois dados normativos de escolares de países desenvolvidos podem não equivaler aos de países em desenvolvimento. As diferenças em fatores sociais, econômicos e culturais justificam a realização de estudos regionais. Nesse sentido, em 2003 foi instituído o Projeto Esporte Brasil (Proesp-BR), que tem por objetivo delinear fatores de aptidão motora em crianças e adolescentes na faixa etária entre 7 a 16 anos, tendo em vista constituir indicadores que forneçam subsídios adicionais para a elaboração de políticas de educação física e esportes para crianças e jovens no Brasil (PROESP, 2005). O objetivo do presente estudo foi avaliar a composição corporal e a aptidão física relacionada à saúde de escolares de escola privada da cidade de Santos-SP.

METODOLOGIA Participaram do estudo 231 escolares de uma escola privada de Santos-SP, na faixa etária de 7 a 10 anos, sendo 127 do sexo masculino e 104 do sexo feminino. O critério de inclusão para participar do estudo era de que o aluno estivesse regularmente matriculado no ensino fundamental no ano de 2008. Não foram avaliados os escolares que: a) possuíam contra-indicação médica para a realização de exercícios físicos; b) não obtiveram autorização dos pais ou responsável para realizar as avaliações; c) se recusaram a participar das avaliações; d) não compareceram à aula no dia das avaliações. Para a avaliação da composição corporal, calculou-se o índice de massa corporal (IMC, kg.m - ²) com base no peso corporal (kg) e na estatura (m) (PROESP, 2005; SAFRIT, 1995) de cada aluno. Para a avaliação dos indicadores de aptidão física, foram utilizados testes indicadores de força explosiva de membros superiores (arremesso de medicine-ball de 2 Kg), da velocidade (corrida de 20 metros) e da força explosiva de membros inferiores (salto horizontal), de acordo com as padronizações sugeridas (PROESP, 2005; SAFRIT, 1995). Em todas as medidas, os avaliados realizaram duas tentativas anotando-se o maior valor, exceto no teste de corrida de 9 minutos, realizado uma única vez. Todos os testes possuem um bom nível de autenticidade científica e foram aplicados por cinco professores de Educação Física, devidamente capacitados, sendo que cada um deles ficou responsável pela coleta de uma medida e/ou teste, a fim de evitar a variabilidade interavaliador e garantir a fidedignidade dos dados. O cálculo das idades cronológicas foi feito considerando-se a data de nascimento e o dia dos testes. Como critério de avaliação do nível de aptidão física dos participantes foi utilizado tabelas normativas apresentadas para cada idade e sexo (PROESP) (FERREIRA, et.al, 2003). A aptidão é classificada em seis categorias: a) fraco: valores inferiores ao percentil 20 (norma utilizada como critério referenciado ao risco à saúde); b) fraco: valores entre o percentil 20 e 40; c) razoável: valores entre o percentil 40 e 60; d) bom: valores entre o percentil 60 e 80; e) bom: valores entre o percentil 80 e 98; f) excelente: acima do percentil 98. Para a análise dos dados, agrupamos: a) fraco e fraco classificando como ruim (até o percentil 40); b) razoável e bom classificando como normal (entre os percentis 40 e 80); c) bom e excelente classificando como bom (acima do percentil 80). Para a análise estatística, realizou-se uma análise descritiva, e tabelas cruzadas e o teste de Qui-quadrado entre a classificação do IMC e a classificação das variáveis de aptidão física para cada sexo. Foi utilizado o programa estatístico SPSS for Windows 13.0 e em todas as comparações utilizou-se o nível de significância 5% (P 0,05). RESULTADOS Os resultados estão descritos nas tabelas 1 e 2. Tabela 1: Percentual (n) da classificação do índice de massa corporal para cada idade e sexo. Sexo Masculino Sexo Feminino Baixo Excesso Baixo Excesso Normal Obeso Total Normal peso de peso peso de peso Obeso Total 7 anos 0% 53,3% 36,7% 10% 100% 2,7% 51,4% 35,1% 10,8% 100% 8 anos 0% 48,1% 32,7% 19,2% 100% 0% 38,1% 47,6% 14,3% 100% 9 anos 0% 50% 28,6% 21,4% 100% 0% 38,1% 33,3% 28,6% 100% 10 anos 0% 45,2% 38,7% 16,1% 100% 0% 40% 44% 16% 100% TOTAL 0% 48,8% 34,6% 16,5% 100% 1% 43,3% 39,4 % 16,3% 100% Tabela 2: Percentual (n) da classificação do índice de massa corporal e classificação dos testes de arremesso de medicine-ball (ARR), corrida de 20 metros (COR) e salto horizontal (SH) para cada sexo. Sexo Masculino Sexo Feminino fraco Fraco razoáve l Bom bom Total fraco fraco razoável bom bom Total

ARR BP - - - - - - 0 0 0 100% 0 100% N 14,5% 9,7% 19,4% 14,5% 41,9 100% 15,6% 20,0% 24,4% 15,6% 24,4% 100% EP 6,8% 13,6% 13,6% 22,7% 43,2% 100% 7,3% 22,0% 19,5% 22,0% 29,3% 100% OB 4,8% 9,5% 4,8% 19,0% 61,9% 100% 0% 5,9% 35,3% 29,4% 29,4% 100% COR 1 BP - - - - - - 0 100% 0 0 0 100% N 41,9% 17,7% 21,0% 8,1% 11,3% 100% 46,7% 35,6% 2,2% 13,3% 2,2% 100% EP 56,8% 20,5% 6,8% 11,4% 4,5% 100% 46,3% 41,5% 2,4% 4,9% 4,9% 100% OB 90,5% 4,8% 4,8% - - 100% 82,4% 11,8% - 5,9% - 100% SH 2 BP - - - - - - b - - - 100% 100% N 21,0% 22,6% 29,0% 12,9% 14,5% 100% 33,3% 20,0% 15,6% 13,3% 17,8% 100% EP 47,7% 6,8% 13,6% 25,0% 6,8% 100% 53,7% 19,5% 19,5% 4,9% 2,4% 100% OB 61,9% 38,1% - - - 100% 64,7% 23,5% 5,9% 5,9% - 100% 1 Diferença estatisticamente significante no sexo masculino ( P=0,010) 2 Diferença estatisticamente significante no sexo masculino ( P=0,000) e feminino (P=0,026) DISCUSSÃO Os resultados revelam que 51,1% dos meninos e 55,7% das meninas estão na faixa de excesso de peso ou obesos. Esses valores encontrados são maiores que outros estudos brasileiros (FERNANDES, 2006; RONQUE, 2005; COSTA, 2006). Uma possível explicação para o alto índice de sobrepeso da amostra pode ser atribuída às crianças pertencerem a uma escola particular, onde teoricamente o nível socioeconômico é maior (DUMITH et al., 2008). Os resultados podem indicar pouco envolvimento com a prática regular de atividades físicas na amostra avaliada, uma vez que estudos apontam uma forte relação entre o nível de aptidão física relacionada à saúde e a prática de atividades físicas em crianças (SOLLERHED; EJLERTSSON, 2008). Klesges et al.(1993) e Ronque (2005) afirmam que um dos principais fatores da diminuição da prática de atividade física é o tempo gasto na frente da televisão estimado em 2 horas, no mínimo, por dia. Observou-se diferença significativa entre as classificações da composição corporal nos testes de corrida de 20 metros (p=0,010) no sexo masculino e no teste de salto horizontal (p=0,000; p=0,026) para ambos os sexos. Nesses testes o desempenho das crianças obesas e com excesso de peso foram piores, isso pode ser devido ao fato que estes despendem de um esforço e gasto energético maior que os de peso normal ao realizarem a mesma atividade física de mesma intensidade (BRACCO, 2002). Sabendo que a obesidade na infância pode levar à obesidade na vida adulta, devemos estimular as crianças a manterem uma atividade física regular e equilibrada durante o período de crescimento para atingirem a fase adulta com saúde e pleno desenvolvimento. No teste de arremesso de medicine-ball, não se observou diferença entre as crianças obesas, com excesso de peso, normais e abaixo do peso. Isso pode ocorrer devido ao fato do teste ter sido realizado na posição sentada, o que não exige o deslocamento do corpo no espaço. CONSIDERAÇÕES FINAIS Observamos que a amostra avaliada apresentou um alto nível de sobrepeso. As crianças com sobrepeso e obesidade apresentaram um baixo nível de aptidão física, principalmente nos testes que utilizam o deslocamento do corpo no espaço. Desse modo, os resultados podem indicar pouco envolvimento com a prática regular de atividades físicas na amostra avaliada, uma vez que estudos apontam uma forte relação entre o nível de aptidão física e a prática de atividades físicas de crianças e adolescentes. Adotar programas extracurriculares com incentivo à prática esportiva em conjunto com

programas nutricionais na cantina das escolas podem diminuir as estatísticas de sobrepeso e aumentar o índice de crianças com estilo de vida saudável. O aumento do período de aula de Educação Física na escola e o desenvolvimento de projetos voltados à saúde também são medidas a serem tomadas pelas escolas com intuito de desenvolver melhor as capacidades de cada um de seus alunos. REFERÊNCIAS BÖHME, M.T.S. Relações entre aptidão física, esporte e treinamento esportivo. Rev Bras Ciên Mov, 2003;11(3):97-104. BRACCO MM et al. Gasto energético entre crianças de escola pública obesas e não obesas. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. v.10 n.3, 2002. COSTA, R.; CINTRA, I.P.;FISBERG, M.F. Prevalência de sobrepeso e obesidade em escolares da cidade de Santos, SP. Arq Bras Endocrinol Metab., v.50, n.1, p. 60-67, 2006 DÓREA VR. Aptidão física e saúde: Um estudo de tendência secular em escolares de 7 a 12 anos de Jequié (BA). [Tese Doutorado Programa de Pós graduação da Escola de Educação Física e Esporte]. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2004. DUMITH SC, AZEVEDO JR MR, ROMBALDI AJ. Aptidão Física Relacionada à Saúde de Alunos do Ensino Fundamental do Município de Rio Grande, Rs, Brasil. Rev Bras Med Esporte, 2008;14 (5):454-459. FERNANDES, R.A; SATIE, S; AGOSTINI, L; OLIVEIRA, ARLI RAMOS DE; RONQUE, ENIO RICARDO VAZ; FREITAS JÚNIOR, ISMAEL FORTE. Prevalência de sobrepeso e obesidade em alunos de escolas privadas do município de Presidente Prudente SP. Rev. bras. cineantropom. desempenho hum 2007;9(1):21-27. FERREIRA JV, MAIA JAR, LOPES VP. A mixed-longitudinal study of somatic growth, physical activity, health-related physical fitness and motor co-ordination in children from Viseu, Portugal. Rev Port Cien Desp 2003;3(2):155-156. GLANER, M. F. Aptidão física relacionada à saúde de adolescentes rurais e urbanos em relação a critérios de referência. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 19, n.1, 2005. GUEDES, D.P.; GUEDES, J.E.R.P. Influência da prática da atividade física em crianças e adolescentes: uma abordagem morfológica e funcional. Revista da APEF, v.10, n.17, p.3-24, 1995. HAMLIN, M.; ROSS, J.; HONG SW. Health-related fitness trends in 6- to 12-year-old New Zealand children from 1984-85 to 2000. J Sports Sci 2003;21(4):273-282. KLESGES, R.C., SHELTON, M.L., KLESGES, L.M. Effects of television on metabolic rate: potential implications for childhood obesity. Pediatrics. v. 91, n.2, 281-6, 1993. LUGUETTI, C.N.; RÉ, A.H.N.; BÖHME, M.T.S. Indicadores de aptidão física de escolares da região centro-oeste da cidade de São Paulo. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum, 2010, 12(5):331-337

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