4. Este processo insere-se no contexto da restruturação da TAP e da primeira fase de reprivatização interrompida em 2000.



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Transcrição:

COMISSÃO EUROPEIA Bruxelas, 14.XII.2004 C (2004)4749 fin Assunto: Auxílio estatal NN 63/2004 (ex N 472/2003) Portugal Reprivatização (primeira fase) dos serviços de assistência em escala da TAP Excelência, I. PROCEDIMENTO 1. Nos termos do nº 3 do artigo 88 do Tratado CE, e por ofício datado de 16 de Outubro e registado em 20 de Outubro de 2003 com a referência TREN A/32446, o Governo de Portugal informou a Comissão da sua intenção de prosseguir com a primeira fase de reprivatização da transportadora aérea nacional Transportes Aéreos Portugueses SA (a seguir designada TAP). O processo foi registado com o número N472/2003. 2. Por carta datada de 22 de Dezembro de 2003, a Comissão solicitou informações adicionais sobre a medida notificada. As respostas a essas questões foram apresentadas pelas autoridades portuguesas em ofício de 3 de Fevereiro de 2004, registado em 4 de Fevereiro de 2004 com a referência TREN A/12418. A Comissão solicitou esclarecimentos complementares em ofício datado de 1 de Abril de 2004 e as autoridades portugueses apresentaram a sua resposta em ofício datado de 21 de Abril de 2004, registado na Comissão em 22 de Abril de 2004 com a referência TREN A/18778. Em 8 de Julho de 2004, a Comissão solicitou informações complementares, sendo a resposta das autoridades portuguesas apresentada em ofício datado de 24 de Agosto de 2004, registado na Comissão em 31 de Agosto de 2004 com a referência TREN A/29435. Sua Excelência Dr. António Monteiro Ministro dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades Portuguesas Palácio das Necessidades Largo do Rilvas P 1399-030 - LISBOA CODEX Commission européenne, B-1049 Bruxelles / Europese Commissie, B-1049 Brussel Bélgica. Telefone: (32-2) 299.11.11

3. A Comissão teve subsequentemente conhecimento que as autoridades portuguesas prosseguiram com a reprivatização parcial da divisão de assistência em escala da TAP sem esperar pela autorização prévia da Comissão Europeia. Em consequência, o processo foi novamente registado como um auxílio não notificado (NN/63/2004). II. DESCRIÇÃO CONCISA DO AUXÍLIO/MEDIDA. Antecedentes da reprivatização 4. Este processo insere-se no contexto da restruturação da TAP e da primeira fase de reprivatização interrompida em 2000. 5. Em 6 de Julho de 1994, a Comissão autorizou um pacote de auxílios estatais a favor da TAP, a conceder durante o período de 1994 a 1997. Em 1998, Portugal aprovou o Decreto-Lei 122/98 que definiu as duas primeiras fases de reprivatização da TAP. O referido decreto-lei estabeleceu igualmente que a primeira fase de reprivatização seria executada por subscrição de um ou mais parceiros estratégicos designados por resolução do Conselho de Ministros. 6. As autoridades portuguesas escolheram o SAirGroup como parceiro estratégico, tendo sido concluídas negociações com este grupo para a sua participação no aumento de capital da empresa. 7. Nos termos do nº 3 do artigo 88 do Tratado CE, a primeira fase de reprivatização foi notificada à Comissão Europeia por ofício de 4 de Abril de 2000. As autoridades portuguesas comprometeram-se a eliminar um défice no regime de pensões da empresa de 11,4 milhões de euros. Seguidamente deveria ser concedido ao SAirGroup o direito exclusivo de subscrição de novas acções, a fim de atingir uma participação de 34% na nova empresa, com ainda uma outra opção de aumento da sua participação para 39% no prazo de quatro anos. 8. Por ofício de 23 de Outubro de 2000, a Comissão Europeia informou a República Portuguesa que considerava que a primeira fase notificada da reprivatização da TAP não constituía um auxílio estatal 1. 9. Contudo, devido a problemas financeiros graves, o SAirGroup desvinculou-se posteriormente dos seus compromissos e, subsequentemente, a Swissair declarou falência em Outubro de 2001. Em consequência desta desvinculação, a primeira fase da reprivatização da TAP não prosseguiu como previsto na medida notificada. 10. Posteriormente e em consequência da retirada do investimento proposto pelo SAirGroup, a TAP enfrentou dificuldades financeiras e as autoridades portuguesas informaram a Comissão, nos termos do nº 3 do artigo 88 do Tratado CE, de determinadas estruturas de refinanciamento. Estas incluíam a expurgação de hipotecas e a libertação de cláusulas de não-penhor de activos (negative pledges) sobre certas aeronaves que tinham sido utilizadas para garantir vários empréstimos concedidos à TAP em 1994. A Comissão considerou 2 subsequentemente que estas medidas não constituíam um auxílio estatal. 1 Decisão relativa ao auxílio estatal nº N 336/2000, JO C 59 de 6. 3.2002. 2 Decisão relativa ao auxílio estatal nº N 132/2002, JO C 71/3 de 25. 3.2002. 2

A medida notificada 11. Portugal deseja agora retomar a restruturação da TAP, em consonância com as disposições da Lei-Quadro das Privatizações (Lei 11/90), bem como do Decreto-Lei 122/98, com a redacção que lhe foi dada pelo Decreto-Lei 34/2000 e pelo Decreto-Lei 57/2003. 12. Esta restruturação destina-se a garantir a viabilidade económica a longo prazo dos três principais sectores comerciais da empresa, nomeadamente: transporte aéreo, assistência em escala e também manutenção/engenharia. 13. Foram designados dois bancos independentes para avaliar as possibilidades de reestruturação, incluindo a reprivatização. Estes efectuaram avaliações da TAP e das suas várias divisões e concluíram que a privatização da TAP no seu conjunto não seria imediatamente viável. Contudo, sugeriram que os esforços de restruturação deveriam ser intensificados, a fim de criar as condições necessárias para o relançamento do processo de reprivatização numa fase posterior. Recomendaram ainda que as divisões de assistência em escala e manutenção/engenharia da empresa fossem separadas da TAP. Em sua opinião, estas divisões poderiam interessar a parceiros privados e, deste modo, proporcionar os fundos necessários para investimento na restruturação da empresa no seu conjunto. 14. Por conseguinte, as autoridades portuguesas decidiram, como um primeiro passo, que as actividades de assistência em escala da TAP passassem a ser autónomas, com vista à privatização deste sector da empresa. 15. A restruturação iniciou-se com a criação de uma sociedade de participações (holding) denominada TAP - Transportes Aéreos Portugueses, SGPS, SA (a seguir designada TAP SGPS), sendo o capital da TAP SGPS totalmente subscrito pelo Estado português sob a forma de contribuições pecuniárias em troca de acções que representam todo o capital da TAP. 16. A divisão de assistência em escala da TAP (Unidade de Negócios de Handling) foi estão separada da empresa-mãe e criada sob a designação de Serviços Portugueses de Handling, S.A. (a seguir designada SPdH). A SPdH foi criada com um capital social subscrito de 1 milhão de euros (o seu capital é totalmente detido pela TAP SGPS) e com activos totais de cerca de 26 milhões de euros. Na criação da SPdH, foi decidido converter 6,5 milhões de euros adicionais da dívida da SPdH à sua empresa-mãe em acções (detidas pela TAP SGPS), a fim de dotar a nova empresa de uma relação mais razoável entre dívida e acções e, desse modo, aumentar o capital social subscrito da empresa para 5,7 milhões de euros. A SPdH sucede à TAP no que diz respeito a todas as licenças, concessões e acordos, bem como contratos, que lhe sejam aplicáveis. 17. O plano consistia na privatização da maioria do capital social subscrito da SPdH por meio de um concurso internacional. Contudo, inicialmente e nos termos da legislação nacional aplicável, o Estado escolheu um parceiro estratégico (Portugália - Companhia Portuguesa de Transportes Aéreos, S.A. a seguir designada PGA) para assumir uma participação de 6% na nova empresa de assistência em escala. Esperava-se que deste modo a nova empresa passasse a ser mais interessante para os potenciais investidores, aumentado assim o seu valor. 3

18. Na opinião das autoridades portuguesas, a PGA era a melhor candidata a parceiro estratégico devido às possibilidades que oferecia de reforço da capacidade estratégica e operacional da SPdH, ao seu conhecimento do mercado (é uma transportadora aérea privada em actividade no mercado português), bem como à possibilidade de economias de escala que permite. A selecção da PGA como parceiro estratégico destinava-se a facilitar a subsequente reprivatização da SPdH através de um concurso internacional. A PGA foi escolhida após o exame de todos os potenciais parceiros no mercado, com vista a ajudar a SPdH a melhorar o seu know-how" técnico, financeiro e qualitativo, a fim de lhe permitir satisfazer todos os requisitos da legislação comunitária e nacional e competir no mercado. 19. Foram iniciadas negociações com a PGA que resultaram num acordo-quadro (datado de 7 de Agosto de 2003) entre a TAP SGPS e a PGA. Nos termos deste acordo, a PGA transferiu para a SPdH a sua actividade de assistência em escala. Em troca, a SPdH pagou 4,4 milhões de euros à PGA, que a PGA utilizou para a subscrição de um aumento do capital social da SPdH, adquirindo assim uma participação de 6% na SPdH. 20. A participação da PGA, que é uma empresa totalmente privada, na SPdH, juntamente com a transferência do pessoal de assistência em escala da PGA para a SPdH, deveria, segundo Portugal, permitir o crescimento desta última. A sua situação financeira deveria ser estável, dado que, de acordo com estimativas de peritos independentes, a prestação de serviços de assistência em escala aos seus proprietários deveria constituir cerca de 60% da sua actividade. 21. Subsequentemente, as autoridades portuguesas desenvolveram acções no sentido de permitir a implementação da primeira fase da reprivatização. Tal foi feito de modo a permitir o início do procedimento de concurso público internacional para a alienação pela TAP de um pacote de 50,1% do capital social da SPdH. Uma vez que estas medidas foram realizadas sem esperar pela autorização prévia da Comissão, a medida é considera um auxílio não notificado. Avaliação da empresa 22. A fim de avaliar as possibilidades de privatização, as autoridades portuguesas designaram dois peritos independentes para avaliar a TAP no seu conjunto e apresentar valores quanto aos seus elementos constituintes. O relatório preparado pelo BPI - Banco Português de Investimento atribui à Unidade de Negócios de Handling um valor entre 50 e 70 milhões de euros, enquanto o relatório preparado pelo Banco Rothschild atribui à empresa um valor entre 55 e 75 milhões de euros. 23. O valor atribuído pelos peritos independentes à divisão de assistência em escala da PGA antes da transferência para a SPdH é de aproximadamente -8,4 milhões de euros. Nesta avaliação foi utilizada a mesma metodologia dos fluxos de caixa descontados usada para a avaliação da Unidade de Negócios de Handling, baseando-se em previsões dos fluxos de caixa e resultados da PGA como empresa autónoma na data de referência de 31 de Dezembro de 2002. Todavia, deve ser tido em consideração que, embora o modelo de fluxos de caixa descontados seja utilizado para avaliar uma actividade numa determinada data e em determinadas circunstâncias, os valores assim derivados não reflectem necessariamente o valor que tal actividade poderá ter para um determinado comprador. 4

24. Esperava-se que a fusão da SPdH com as actividades de assistência em escala da PGA levasse a um aumento significativo do valor da SPdH. No que se refere à divisão de assistência em escala da PGA, vários custos (num total de mais de 22 milhões de euros) não foram directamente absorvidos pela SPdH após a fusão e podiam, por conseguinte, ser considerados uma economia, daí resultando um aumento do valor da empresa após a fusão. Estes custos incluíram despesas gerais não operacionais relacionadas com as actividades de administração e logísticas da divisão de assistência em escala da PGA que não foram transferidas, despesas gerais operacionais directamente ligadas às actividades de assistência, bem como custos de pessoal. Quadro 1 - Sinergias previstas resultantes da fusão das actividades de assistência em escala da SPdH e da PGA (em milhões de euros) Sinergias Actual valor total da economia de custos Parte atribuível à SPdH Parte atribuível à assistência da PGA Reduções nos custos de pessoal Despesas gerais não operacionais Despesas gerais operacionais Gestão operacional (dois gestores de estação) 9,2 8,6 0,6 13,9 1,4 12,5 2,3 1,1 1,2 4,2 2,1 2,1 Impacto fiscal -7-3,1-3,9 Total 22,6 10,1 12,5 25. A avaliação pré-fusão acordada (por dois peritos independentes - Banco de Investimento Global e Banco Espírito Santo Investimento) quanto à divisão de assistência em escala da TAP era de 59,697 milhões de euros, valor esse que se prevê que aumente após a fusão para aproximadamente 74 milhões de euros, dado que a nova empresa estaria (segundo os peritos independentes) em condições de beneficiar de economias de custos de 22,6 milhões de euros (conforme apresentado no Quadro 1), ao contrário do que aconteceria caso a fusão não se realizasse. 26. No contexto da venda de 6% do capital da SPdH, foram efectuadas duas outras avaliações por dois outros peritos (BPI - Banco Português de Investimento e Banco Rotschild). Essas avaliações foram efectuadas relativamente à nova empresa (SPdH) e aos seus elementos constituintes - Unidade de Negócios de Handling -, bem como às actividades de assistência em escala da PGA após a fusão. 5

27. O aumento de 6% no capital da SPdH no valor de 4,4 milhões de euros baseia-se no valor de mercado da futura SPdH de aproximadamente 74 milhões de euros, um montante acordado entre os dois peritos supramencionados. 28. A Comissão tomou posteriormente (Novembro de 2004 ) conhecimento da venda de uma participação de 50,1% da SPdH. O valor da venda de 50,1% da SPdH à Globalia Corporacion Empresarial SA foi de 39,1 milhões de euros, daí resultando uma avaliação da SPdH no seu conjunto de um pouco mais de 78 milhões de euros. Esse preço confirma o carácter razoável dos valores resultantes do mecanismo de avaliação utilizado pelos peritos contratados pelas autoridades portuguesas e pelas partes na transacção. 29. Esta venda, que não faz directamente parte da notificação, foi efectuada na sequência de um concurso público internacional e, segundo as autoridades portuguesas, em consonância com as orientações comunitárias aplicáveis relativas a auxílios estatais 3. Por conseguinte, a medida não foi notificada à Comissão como um auxílio estatal, pelo que a sua consideração não é do âmbito da presente decisão. A Comissão salienta, contudo, que o preço obtido nesta venda de 50,1% da SPdH indica que o mecanismo e a metodologia de avaliação utilizados na determinação dos valores da SPdH e dos seus elementos constituintes tinham bases sólidas, eram prudentes e de carácter conservador. III. APRECIAÇÃO DA MEDIDA 30. Ao abrigo do nº 1 do artigo 87º do Tratado CE, são incompatíveis com o mercado comum, na medida em que afectem as trocas comerciais entre os Estados-Membros, os auxílios concedidos pelos Estados ou provenientes de recursos estatais, independentemente da forma que assumam, que falseiem ou ameacem falsear a concorrência, favorecendo certas empresas ou certas produções. 31. O conceito de auxílio estatal aplica-se a qualquer vantagem concedida directa ou indirectamente, financiada por recursos estatais e atribuída pelo próprio Estado ou por um organismo intermediário que age por força dos poderes que lhe são conferidos. 32. O Regulamento nº 659/1999 4 do Conselho estabelece regras pormenorizadas para a aplicação das regras relativas a auxílios estatais do Tratado CE, nomeadamente que "a Comissão deve ser notificada a tempo pelo Estado-Membro em causa de todos os projectos de concessão de novos auxílios". Essa notificação é necessária mesmo quando o Estado-Membro em causa considera que o auxílio é compatível com o mercado comum nos termos do nº 2 do artigo 87º do Tratado CE. Na sequência da referida notificação, a Comissão deve adoptar uma decisão formal em relação à acção proposta pelo Estado-Membro, após verificar a sua compatibilidade com o mercado comum. 33. A Lei-Quadro das Privatizações (Lei 11/90) portuguesa estabelece o quadro jurídico para a privatização de empresas estatais e, em especial, das que foram nacionalizadas 3 Aplicação dos artigos 92º e 93º do tratado CE e do artigo 61º do Acordo EEE aos auxílios de Estado no sector da avaliação, JO C 350 de 10/12/1994, p. 5 e do XXIII Relatório sobre a Política de Concorrência da Comissão Europeia - 1993 (p 255-256, ponto 402). 4 JO L 83 de 27.03.1999 6

em 1974. O nº 3 do artigo 6º da referida lei permite a privatização através de um concurso limitado a candidatos especialmente qualificados ou através de venda directa a uma parte específica (no presente caso a PGA). Na sua decisão de 6 de Agosto de 1993 5, a Comissão aprovou o programa de privatização, na condição de tais privatizações serem previamente notificadas à Comissão nos termos do artigo 88 do Tratado CE. Ao fazê-lo, a Comissão presumia que as privatizações deste modo efectuadas poderiam levantar questões relativas a auxílios estatais. 34. Esta presunção foi reiterada no ponto 43.2 das orientações sobre auxílios estatais no sector da aviação, publicadas em 1994, que estabelecem: As empresas vendidas com base nas condições... (transacção directa/processo restrito) devem ser avaliadas por um perito independente que deve indicar, em circunstâncias normais, o valor de cedência global da empresa e, no caso de a Comissão o considerar necessário, o valor de liquidação. Deve ser fornecido à Comissão um relatório especificando o valor, ou valores, de venda e as receitas obtidas com a venda, para que esta possa estabelecer o montante real de auxílio envolvido." 35. Por conseguinte, a Comissão deve primeiro decidir se o preço pago à PGA pela transferência da sua divisão de assistência em escala é adequado e não está sobrestimado. Depois disso, deve decidir se o montante pelo qual Portugal avaliou a divisão de assistência em escala da TAP nesta primeira fase da privatização poderá dar azo a suspeitas de auxílio à PGA, pela fixação de um valor inferior ao valor de mercado correcto. A Comissão deve também certificar-se que a venda da divisão de assistência em escala está solidamente baseada em critérios económicos e que não é um mecanismo concebido exclusivamente para alienar os activos da TAP, sobrecarregando simultaneamente a empresa no seu conjunto com dívidas. 36. No que diz respeito à primeira questão, apesar da avaliação negativa de 8,4 milhões de euros atribuída por peritos independentes à divisão de assistência em escala da PGA a título autónomo, e com base numa metodologia de fluxos de caixa descontados, a avaliação destes peritos era que as sinergias esperadas da conclusão da operação anularão esta situação negativa, dado que a parte atribuível à actividade da PGA aumentará o valor da divisão de assistência em escala da PGA em mais de 14 milhões de euros após a integração na SPdH, aumentado o valor positivo da nova empresa para 4,4 milhões de euros. Por conseguinte, a SPdH paga 4,4 milhões de euros por activos (assistência da PGA) que, após a fusão, resultarão numa economia de 12,5 milhões de euros dos activos da PGA e numa economia de mais 10,1 milhões de euros para a própria SPdH. É de salientar que esta economia de 22,6 milhões de euros só é possível em resultado desta transacção. Tal significa que, nas circunstâncias específicas deste processo, o valor de mercado é superior ao valor resultante da metodologia de fluxos de caixa descontados. Com efeito, quanto a este aspecto faz sentido, do ponto de vista económico, adquirir a assistência em escala da PGA dado que, embora esta pudesse ter um valor autónomo de -8 milhões de euros, este não é o seu valor para a futura SPdH. O seu valor para a empresa SPdH, ou seja o montante do aumento do valor da SPdH após a fusão (+ 22,6 milhões de euros) deduzido do valor da assistência em escala da 5 Decisão relativa ao auxílio estatal C 42/92 (ex-nn 140/91). 7

PGA antes da fusão (-8,4 milhões de euros) - por conseguinte de cerca 14 milhões de euros - é muito superior ao preço pago pela aquisição da assistência em escala da PGA (4,4 milhões de euros). 37. Vários custos para a divisão de assistência em escala da PGA não serão absorvidos pela SPdH após a fusão e a nova empresa poderia beneficiar de economias importantes. O seu futuro financeiro seria relativamente estável, dado que continuaria a prestar serviços de assistência em escala às suas empresas-mãe, o que representaria cerca de 60% da sua actividade comercial. Por conseguinte, nessas circunstâncias pareceria justificado o dispêndio de 4,4 milhões de euros na aquisição de uma actividade que, quando fundida na SPdH, permitirá um aumento do valor da nova empresa de 14,2 milhões de euros. 38. Em relação ao preço de venda de 6% da SPdH, as duas avaliações independentes da Unidade de Negócios de Handling realizadas por dois bancos independentes (BPI - Banco Português de Investimento e Banco Rotschild) atribuem, entre si, um valor mínimo à Unidade de Negócios de Handling de 50 milhões de euros e um valor máximo de 75 milhões de euros. 39. A venda de 6% da futura SPdH baseia-se numa avaliação de mercado das duas componentes que constituirão a nova empresa. Conforme referido no ponto 25, o valor de mercado da Unidade de Negócios de Handling para venda é fixado em 59,697 milhões de euros. Tal aumentará o valor após a fusão para aproximadamente 74 milhões de euros. Por conseguinte, a venda de 6% da nova empresa por 4,4 milhões de euros reflecte um preço de mercado equitativo para a empresa (6% x 74 = 4,4). 40. A terceira questão é se a alienação de uma participação relativamente pequena nas acções de uma empresa criada para prestar serviços auxiliares à TAP é uma decisão comercial adequada e não apenas um meio para evitar dívidas. 41. Em primeiro lugar, é de salientar que a divisão de assistência em escala da TAP não é uma actividade comercial principal da TAP e que a venda de 6% desta empresa não terá efeitos significativos na TAP no seu conjunto. Na realidade, a venda de uma participação maioritária na SPdH teria poucos efeitos na TAP. 42. No presente caso, há uma lógica imediatamente perceptível na separação de parte da TAP, dado que a criação de uma entidade jurídica separada na SPdH é a forma mais fácil e eficaz para fundir esta componente da TAP com outra empresa. Conforme indicado pelos peritos designados para avaliar a TAP, devido à sua situação em termos de débito e de fluxo de tesouraria, a TAP não está actualmente em condições de ser reprivatizada. Em consequência, uma decisão dos proprietários da TAP de separar e privatizar parcialmente uma actividade secundária desta maneira faz sentido, tanto para a SPdH como para a TAP no seu conjunto. A Comissão tem anteriormente defendido em processos relativos à restruturação de companhias aéreas (por exemplo, nos processos da Aer Lingus 6 e Alitalia 7 ) que as companhias aéreas com necessidade 6 JO L 54/30 de 25.2.94. 7 Decisão da Comissão relativa à recapitalização da Alitalia, JO L 322/44 de 25. 11.97. 8

de restruturação e de redução da dívida deveriam procurar alienar actividades secundárias e, seguidamente, concentrar-se no transporte aéreo. 43. De acordo com as avaliações realizadas por peritos, a actividade da Unidade de Negócios de Handling constitui, a longo prazo, uma actividade lucrativa. Por conseguinte, a TAP não está a absorver uma perda incorrida na divisão de assistência em escala a fim de poder vender parte da SPdH ou de a tornar mais interessante para um comprador. 44. A nova empresa, conforme já referido, estará (segundo peritos independentes) em condições de beneficiar de economias de custos de 22,6 milhões de euros, ao contrário do que aconteceria caso a fusão não se realizasse. Adicionalmente, a nova empresa pode já esperar um aumento de 5% nas suas actividades em 2004, bem como um aumento anual em resultados antes de juros, impostos e amortização de aproximadamente 9,4%, em comparação com a situação que se verificaria caso a medida notificada não tivesse lugar. 45. Com base na avaliação supra, a medida em questão - primeira fase de reprivatização de TAP através da reprivatização parcial da SPdH - não constitui um auxílio estatal, na acepção do artigo 87 do Tratado CE, dado não serem postos à disposição da SPdH quaisquer recursos estatais e dado o facto de o comprador ter pago um preço de mercado pela participação em causa. 46. A venda subsequente pela TAP de uma participação de 50,1% do capital social da SPdH não está abrangida pela presente decisão. 4. DECISÃO 47. Em conformidade, a Comissão decidiu com base na avaliação supramencionada que a primeira fase de reprivatização da divisão de assistência em escala da TAP pela venda de 6% da participação na futura SPdH não constitui um auxílio estatal à luz do artigo 87 do Tratado CE. Caso o presente ofício contenha informações confidenciais que não devam ser divulgadas a terceiros, a Comissão deve ser informada desse facto no prazo de quinze dias úteis a contar da data de recepção do mesmo. Se a Comissão não receber um pedido fundamentado no prazo indicado, presumirá que existe acordo quanto à divulgação a terceiros e à publicação do texto integral do ofício, na língua que faz fé, no sítio Internet: http://europa.eu.int/comm/secretariat_general/sgb/state_aids/. O pedido deverá ser enviado por carta registada ou telecópia para: European Commission, Directorate-General for Energy and Transport, Directorate A, Unit A4, DM 28 6/100 B-1049 Brussels Fax: + 32 2 296 41 04 Pela Comissão Jacques Barrot Vice-Presidente 9