Espécies de Concurso de Crimes podem ocorrer entre crimes dolosos ou culposos, consumados ou tentados, comissivos ou omissivos.

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Transcrição:

CONCURSO DE CRIMES Introdução: quando duas ou mais pessoas praticam um crime, há um concurso de pessoas. Quando um ou mais sujeitos, mediante unidade ou pluralidade de ações ou omissões, praticam dois ou mais crimes, há um concurso de crimes. É possível que exista ao mesmo tempo concurso de crimes e de agentes, quando duas ou mais pessoas praticam mais de um crime. Concurso de Crimes ou de Penas? Discute-se se a questão deve ser denominada concurso de crimes ou de penas. Damásio entende que, por estar a matéria no Capítulo que se refere à aplicação da pena, deveria chamar-se concurso de penas. Isto porque as penas são somadas exatamente por haver um concurso de crimes, sendo a causa mais relevante. Concurso Aparente de Normas: Não se deve confundir os dois. No concurso aparente de normas se exige unidade de fato e pluralidade de leis. No concurso de crimes há uma pluralidade de fatos. Sistemas: o sujeito que pratica vários crimes deve ser mais severamente apenado que o autor de um só delito. Como então deve ser fixada a pena? a) sistema do acúmulo material: as penas dos vários delitos devem ser somadas. Adotado pelo CP. no concurso material (art. 69) e no formal imperfeito (art. 70, caput, 2ª parte); b) sistema da absorção: a pena mais grave absorve a menos grave. Aplica-se aos crimes falimentares. Tem o defeito de permitir que antes de praticar um crime grave, o sujeito pratique vários crimes menos graves; c) sistema da exasperação da pena: aplica-se a pena do crime mais grave, aumentando-se um quantum determinado, aumentando-se de um determinado percentual. É o concurso formal adotado pelo art. 70 do Código Penal e o crime continuado (art. 71). Espécies de Concurso de Crimes podem ocorrer entre crimes dolosos ou culposos, consumados ou tentados, comissivos ou omissivos. CONCURSO MATERIAL - art. 69 do CP: ocorre quando o sujeito, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Ex. dois furtos em épocas distintas. Um furto e um estupro. Possui como requisitos a pluralidade de condutas e de crimes. Os termos ação e omissão, devem ser tomados no sentido de conduta. Assim, se o sujeito subtrai 10 relógios, praticou um único furto. De forma diversa se ele entra na residência e furta os 10 relógios e depois estupra terá cometido dois crimes. Espécies de Concurso Material: homogêneo: quando os crimes são idênticos, ou seja, previstos no mesmo tipo penal. Ex. dois furtos heterogêneos: quando previstos em figuras típicas diversas, ou seja, quando os crimes não sejam idênticos. 1

Aplicação da Pena: as penas são somadas, aplicas cumulativamente, não podendo ultrapassar o limite de 30 (trinta) anos. Deve ser executada primeiro a mais grave art. 76 e segunda parte do artigo 69 do Código Penal. Ao fixar a pena, o Juiz deverá fixá-la separadamente, para só após somá-las, sob pena de se ferir o princípio de individualização da pena. CONCURSO FORMAL OU IDEAL - art. 70 - ocorre quando há uma única conduta e vários resultados. Difere do material, onde há várias condutas e vários resultados. O agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes. P. ex. O agente com um só tiro ofende duas ou mais pessoas. O sujeito que atropela mais de uma pessoa com uma mesma conduta. Espécies homogêneo: quando os crimes se encontram descritos na mesma figura típica. Ex. três pessoas são atropeladas. Em um mesmo tipo de crime há diversidade de sujeito passivo. heterogêneo: quando os crimes se encontram descritos em tipos diferentes. Ex. lesão e homicídio culposos. Pode ocorrer entre um crime doloso e um culposo (ex. art. 73, 2ª parte e 74). Perfeito - art. 70 caput, 1ª parte: resulta de um único desígnio, quando o agente, por meio de uma única vontade, causa dois ou mais resultados. Ex. acidente de trânsito. Imperfeito art. 70, 2ª parte: resulta de desígnios autônomos, quando há uma única ação, mas o agente busca dois resultados. Só é possível nos crimes dolosos. P. ex. estupro cometido com a intenção de satisfazer o instinto sexual e ainda de transmitir doença venérea. Coloca uma bomba em uma casa com a intenção de matar todos os moradores. Requisitos - teoria objetiva, adotada pelo CP. 1-) unidade de comportamento; 2-) pluralidade de crimes; admite-se a pluralidade de desígnios (no imperfeito). A teoria subjetiva exige a unidade de desígnios, que não satisfaz, face o concurso formal imperfeito. Deve-se distinguir conduta de ato. Este é apenas um momento daquela. O agente que subtraiu diversos objetos de uma só vez realiza vários atos, mas uma só conduta. Aplicação da pena. no concurso formal perfeito: se as penas são idênticas, aplica-se uma delas, aumentada de 1/6 até metade. Se diferentes, aplica-se a mais grave, com aumento de 1/6 até a metade. O aumento varia de acordo com o número de crimes cometidos; no concurso formal imperfeito: as penas são cumuladas, não podendo exceder a que seria cabível no concurso material (70, p. único). Na aplicação, se o concurso formal resultar numa pena maior, deve 2

prevalecer o concurso material. Ex. homicídio simples e lesão leve. Pelo concurso formal, resulta em 07 anos. Pelo concurso material, em 06 anos e 03 meses. Deve ser considerado a expressão desígnios autônomos, prevista na 2ª parte do art. 70, ocorrendo esta autonomia quando o sujeito pretende praticar não um só crime mas vários, tendo consciência e vontade em relação a cada um deles, considerados isoladamente. CRIME CONTINUADO - art. 71 - é aquele onde o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, os quais, pelas semelhantes condições de tempo, lugar, modo de execução e outras, podem ser tidos uns, como continuação dos outros. Esta figura foi criada na Idade Média pelos práticos que tentavam evitar a pena de morte imposta àquele que cometia o terceiro furto. Teorias objetiva pura: o crime continuado é uma realidade apurável objetivamente, através da apreciação dos elementos exteriores do delito. Não se perquire a vontade do sujeito. Adotada pelo CP. (item 59 da Exposição de Motivos). objetiva-subjetiva: além dos elementos reais, externos, exige a vontade do sujeito em praticar a continuação delitiva. Exige elementos de ordem subjetiva. Ex. o sujeito que subtraiu dinheiro do patrão em várias oportunidades do mesmo dia.(damásio e a jurisprudência). Requisitos 1-) pluralidade de condutas: só a prática de várias ações pode caracterizar a continuidade delitiva. Se for ação única com vários resultados, haverá concurso formal, como no caso de um roubo com pluralidade de vítimas. 2-) pluralidade de crimes da mesma espécie (pluralidade de resultados): são os que estão descritos no mesmo tipo penal, sejam simples, qualificados, consumados, tentados, privilegiados, etc. Devem ter as mesmas elementares. Não confundir crimes do mesmo gênero. Assim, não pode haver continuação entre o furto e a receptação, embora ambos atinjam o patrimônio alheio. Não importa que atinjam bens jurídicos de pessoas diferentes ou personalíssimos, como vida, integridade física (art. 71, parágrafo único); 3-) homogeneidade das circunstâncias (nexo da continuidade delitiva): é preciso que os delitos tenham sido praticados pelo sujeito aproveitando-se das mesmas relações e oportunidades ou com a utilização de ocasiões nascidas da primitiva situação. É imprescindível que o infrator tenha agido num único contexto ou em situações que se repetem no tempo. O traço fundamental da continuação é poder ele ser objetivamente considerado como continuação dos anteriores; - fator tempo (conexão temporal): a jurisprudência firmou o período de 30 dias; - fator espacial (conexão espacial): no máximo em comarcas contíguas. 3

- Não confundir: com crime habitual, (onde as condutas isoladas são atípicas); com reiteração criminosa (o sujeito faz do crime a sua profissão) e com crime permanente, onde o crime é único e a consumação se prolonga no tempo. - fator modal: a forma de execução também deve ser idêntica para os delitos. Assim, o furto fraudulento não pode ser considerado continuidade de um fruto praticado mediante arrombamento ou escalada. 4-) unidade de desígnios: o sujeito quer aproveitar-se da mesma situação. Os crimes subsequentes são continuação dos antecedentes. Para este quarto requisito há divergência, sendo que para a teoria objetiva não há a necessidade do mesmo. Já para a teoria objetiva-subjetiva exige-se este requisito para a caracterização do crime continuado. Melhor não exigir-se este requisito já que o Código Penal adotou a teoria objetiva, caso contrário, iríamos premiar o criminoso que planejasse os diversos crimes. Natureza Jurídica teoria da unidade real: os vários delitos formam um único crime; teoria da ficção jurídica: a lei presume a ocorrência de um único crime. Há vários crimes, sendo que a lei os unifica para a aplicação da pena. Adotada pela nossa legislação; teoria mista: os crimes formam um terceiro crime que é o crime continuado. A unidade do crime continuado é apenas para fixar-lhe a pena. Para os outros efeitos há concurso de crimes. Tanto é assim que a prescrição punitiva e a decadência são analisadas separadamente em relação a cada crime. Aplicação da Pena na forma simples crime continuado homogêneo (art. 71 caput ) três furtos simples. - se as penas forem idênticas: uma delas, acrescida de 1/6 a 2/3; - se as penas forem diferentes: a mais grave, com o mesmo acréscimo. na forma qualificada crime continuado heterogêneo (art. 71, único). - aumento de 1/6 até o triplo, devendo ser observada a regra do art. 70, parágrafo único e 69, ou seja, não pode ser superior à pena resultante do concurso material. - O aumento varia de acordo com a quantidade de crimes. Recomenda-se 1/6 para 02 crimes; 1/5 para 03; 1/4 para 04; 1/3 para 05; 1/2 para 06; 2/3 para 07 ou mais. Como nossa legislação adotou o sistema tríplice para a aplicação da pena, o aumento do crime continuado deve incidir não sobre a pena base, mas sobre o resultado da pena aumentada ou diminuída pelas circunstâncias agravantes ou atenuantes. Pena de Multa: qualquer que seja o concurso, a pena de multa é sempre somada (art. 72). Assim, se o agente comete 04 (quatro) crimes de furto simples, o Juiz vai aumentar a pena de um só em 1/4, conforme 4

tabela acima. Também deverá fixar a pena de multa, que, se fixada no mínimo de 10 (dez) para cada delito, irá somar 40 (quarenta) dias-multa. Limite das Penas - art. 75 O Código Penal fixou o limite de 30 anos para cumprimento. Se as penas a que foi condenado superarem esse limite, deve haver a unificação. É o cumprimento que não pode exceder 30 anos. Para efeito de benefício progressão de regime, é levado em conta o total a que foi condenado. Se o sujeito está cumprindo pena e comete novo delito, vindo a ser condenado, despreza-se o tempo já cumprido e faz-se nova unificação. Esse sistema beneficia o réu. OBS: Imagine que um detento tenha sua pena de prisão de 300 (trezentos) anos unificada no limite de 30 (trinta). Após cumprir 20 (vinte) anos comete um pequeno delito (uso de substância entorpecente) dentro do presídio, vindo a ser condenado em 06 (seis) meses. Seguindo orientação da jurisprudência, a nova unificação ( 2º do art. 75) deverá ser realizada com os 10 (dez) anos restantes da pena e não com os 280 (duzentos e oitenta). Esta orientação não se mostra justa diante da seguinte situação. O condenado que tem suas penas unificadas em 30 (trinta) anos e no início do cumprimento desta reprimenda, comete crime de homicídio dentro do presídio, praticamente ficará impune deste crime. Execução no concurso de infrações: executa-se primeiro a mais grave (art. 76). SUSPENSÃO CONDICIONAL DA EXECUÇÃO DA PENA - SURSIS Conceito: são inegáveis os malefícios das penas privativas de liberdade de curta duração. O que mais importa é reeducar o delinqüente. Em casos menos graves, essa recuperação pode ser obtida fora das grades. Trata-se de dar-se um crédito de confiança ao criminoso, estimulando-o a que não volte a delinqüir, evitando-se ainda que desfrute do convívio com diversos criminosos. Sursis, derivado do francês surseoir, significa suspensão da execução da pena privativa de liberdade. Condenado a uma pena igual ou inferior a 2 anos, não sendo caso de substituir a pena pela restritiva de direitos, o juiz determina a suspensão da execução, pelo prazo de 02 a 04 anos, período esse denominado período de prova. Se, durante o prazo de suspensão ele não praticar qualquer outro crime, será julgada extinta a pena. O sursis evita o cumprimento de penas de curta duração, alforriando os pequenos delinqüentes da promiscuidade existente nos presídios. Ainda permite uma melhor ressocialização, pois mantém o condenado em seu meio familiar e social. Natureza Jurídica: 5

Damásio: Pela reforma de 1.984, o sursis não mais é incidente de execução, mas medida penal de natureza restritiva da liberdade de cunho repressivo e preventivo. Não é considerado um benefício mas sim pena. Adotado majoritariamente pela jurisprudência. É uma causa sub conditione de extinção de punibilidade. Delmanto: é um direito do réu, pois o juiz não pode negá-lo quando preenchidos os requisitos legais. Sistemas a) anglo-americano ( probation systen ): após a instrução o juiz verifica se o réu merece o sursis, declarao responsável e suspende o curso da ação, sem proferir a sentença. Caso não revele o réu bom comportamento, a ação penal é reiniciada. b) belga-francês: o juiz condena o réu e desde que preenchidos certos requisitos, suspende a execução da pena. Adotado pelo Código Penal. Obs: não confundir com a suspensão do processo prevista nos artigos 93 e 366 do CPP e artigo 89 da Lei 9.099/95. Momento da concessão do sursis: o sursis deve ser concedido quando da decisão do processo de conhecimento. Se a pena aplicada é igual ou inferior a dois anos, a sentença deve pronunciar-se sobre o sursis, independentemente do pedido das partes, ainda que seja para negá-lo. A omissão da sentença poderá ser suprida por embargos declaratórios. Se houver decurso de prazo para a interposição de embargos declaratórios, nada impede que o mesmo seja concedido em grau de recurso (apelação). Normalmente o Tribunal concede o sursis quando o Juiz de primeiro grau não o fixa. Contudo, o correto seria anular-se a r. decisão para que o duplo grau de jurisdição fosse assegurado. De forma excepcional, o sursis poderá ser concedido no processo de execução (art. 66, inciso III, d e 156 da Lei das Execuções Penais). Imagine que o sursis não tenha sido concedido no processo de conhecimento pelo fato do réu ser reincidente em crime doloso e, posteriormente, através de uma revisão criminal, esta condenação seja transformada em uma absolvição, devolvendo a primariedade quando da prolação da sentença. De forma evidente o Juízo das Execuções poderá apreciar se há ou não o preenchimento dos outros requisitos para a concessão do benefício. Deve ser considerado ainda que, a sentença que concede o sursis deve fixar o regime inicial de cumprimento de pena (artigo 59, inciso III). Requisitos ou Pressupostos - art. 77 Os requisitos são de ordem objetiva e subjetiva. a) Requisitos objetivos: dizem respeito à qualidade e quantidade da pena. a) qualidade da pena: só cabe nas privativas de liberdade (reclusão, detenção e prisão simples), não cabendo sursis nas restritivas de direito nem às de multa (art. 80); b) quantidade da pena: não pode ser superior a 02 anos, salvo no sursis etário (art. 78, 2º) quando cabe o sursis com pena até 04 anos. Quanto ao novo sursis previsto para o condenado em que as razões de saúde 6

justifiquem a sua concessão, o legislador não exige que a doença seja contagiosa, bastando que se trate de uma doença grave, cuja cura seja incompatível com a permanência do condenado no presídio. c) reparação do dano - 78, 2º - exclusivo para o sursis especial; d) não seja cabível ou indicada a substituição por pena restritiva de direitos prevista no artigo 44 (artigo 77, inciso III). b) Requisitos subjetivos: a) não reincidente em crime doloso - 77, I - a pessoa que já foi condenada por crime doloso e volta a delinqüir, não tem direito a sursis. Exceção: se a condenação anterior for a pena de multa (art. 77, 1º e Súmula 499 do STF). b) periculosidade 77, inciso II - que a culpabilidade, antecedentes e personalidade, indiquem como necessária esta substituição. Desde que não seja reincidente em crime doloso. Questões: - condenação anterior por crime militar pode ter sursis? Pode, pois a condenação não gera reincidência. - sentença anterior por prática de crime, em que se concedeu o perdão judicial? Não impede o sursis, pois não gera reincidência (art. 120). - réu que cumpriu o sursis e volta a delinqüir, pode obter outro sursis? Só se for depois de 05 anos ou o segundo crime for culposo. Espécies: a) simples: art. 77 e 78, 1º. b) especial: art. 78, 2º c) etário: 77, 2º - condenado maior de 70 anos na data da sentença, pode ter o sursis com pena de até 04 anos. d) humanitário: A lei nº 9.714/98 acrescentou ao 2º do denominado sursis humanitário concedido às pessoas que em razão da saúde debilitada possam ser beneficiadas com a suspensão. Período de Prova e Condições. Período de prova é o prazo em que a execução fica suspensa. Dentro deste lapso deverá o condenado revelar bom comportamento e cumprir as condições que lhe foram impostas. Este prazo é fixado na sentença. Este prazo se inicia com a realização da audiência admonitória, oportunidade em que o Juiz adverte o condenado das condições que lhe são impostas. a) sursis simples: - 02 a 04 anos de período de prova; - condições do art. 78, 1º (legais), 79 (judiciais) para o primeiro ano e as do 81 (legais indiretas), pelos dois anos. b) sursis especial: - 02 a 04 anos de período de prova; - reparação do dano; 7

- todas as condições, de forma cumulativa, do art. 78, 2º (redação dada pela Lei 9.268, 1º/4/96); - outras adequadas à espécie (art. 79) e mais as dos 81. c) sursis etário: - 04 a 06 anos de período de prova - art. 77, 2º; - condições idênticas à anterior. - este longo período só é justificado quando o maior de 70 anos ou o doente, forem condenados e a pena seja superior a dois e não exceda a quatro anos de prisão. OBS. A reforma de 1.984, aboliu o sursis incondicionado. As condições não podem ser ociosas (realizar proibições já constantes de leis, como dirigir embriagado, não andar armado etc...), vexatórias (são as humilhantes como fazer redação sobre os perigos de se dirigir alcoolizado), nem afrontar direitos constitucionais (proibição de dirigir, de freqüentar cultos religiosos, entre outras). A fixação das condições é tarefa do Juiz sentenciante. Contudo, se o sursis é concedido pelo tribunal, este pode delegar ao juízo da execução a incumbência de fixar as condições, bem como realizar audiência admonitória ( 2º do art. 159 da Lei das Execuções Penais). Fiscalização: é realizada pelo Serviço Social Penitenciário, Patronato, conselho da Comunidade, entre outras. A supervisão da fiscalização é acometida ao conselho Penitenciário ou ao Ministério Público, ou a ambos. Revogação: o condenado deve cumprir as condições durante o período de prova. Se não as cumpre, revogase o sursis, devendo cumprir por inteiro a pena que se encontrava suspensa. Esta situação se mostra injusta no sursis simples, já que no primeiro ano de prova o réu cumpre pena (prestação de serviços à comunidade ou limitação de fim de semana). A melhor solução seria permitir a detração penal, o que evitaria o cumprimento de duas penas pelo mesmo fato criminoso. As causas de revogação são: a) obrigatórias: são determinadas pela lei (art. 81, caput ). I - condenação irrecorrível por crime doloso: o crime pode ter sido cometido antes ou durante o período de prova. A condenação a pena de multa não revoga o sursis pelo fato de também não impedi-lo; II frustra, embora solvente, a execução da pena de multa (precisa ser revisto, face a Lei 9.268/96) não basta o não pagamento, mas sim que o réu pratique manobras fraudulentas para alienar, ocultar, destruir ou desviar bens suscetíveis de penhora. Aqui também inclui-se a não reparação do dano, desde que a vítima ingresse com a competente ação cível e o réu tenha condições de efetuar esta reparação. III - descumpre as condições do 78, 1º: deixa de prestar serviço à comunidade ou submeter-se a limitação de fim de semana; IV - não comparece para a audiência admonitória (art. 161 da LEP). b) facultativas: - art. 81, 1º do CP. I - deixa de cumprir as demais condições fixadas na sentença (78, 2º); 8

II - é irrecorrivelmente condenado por crime culposo ou contravenção a pena privativa de liberdade ou restritiva de direito. A condenação a pena de multa não é causa de revogação. A condenação a pena privativa de liberdade por crime culposo ou contravenção só admitirá a manutenção do sursis se o juiz tiver fixado o regime aberto ou concedido outro sursis. Se for imposto regime semi-aberto, o réu deve recolher-se a colônia agrícola ou industrial, de modo que se trona incompatível a manutenção do sursis. Prorrogação: ocorrido algum fato durante o sursis, o juiz pode prorrogar o período de prova: a) se durante o sursis o sujeito vem a ser processado por crime ou contravenção - 81, 2º. Não basta a prática do novo crime. É preciso que se inicie o novo processo, com o recebimento da denúncia ou queixa. A prorrogação pode ir além do prazo máximo de 4 ou 6 anos. Durante a prorrogação, não subsistem as condições impostas no sursis, sob pena de se violar o princípio da inocência. O processo pode referir-se a crime ou contravenção praticado antes ou durante o período de prova ou mesmo até antes do crime que concedeu o sursis. Na verdade esta prorrogação serve para protelar a decisão de extinção do sursis, diante do risco da revogação. b) na hipótese de prorrogação facultativa - 81, 3º. Nesta segunda hipótese a revogação não é automática, dependendo da decisão do juiz. Nada obriga a prorrogação ou revogação, podendo o Juiz deixar de efetuar as duas. Cassação: o sursis é cassado quando perde o efeito antes de iniciar o período de prova, diferentemente da revogação que se manifesta durante o período de prova. A cassação pode ocorrer em quatro hipóteses. - o beneficiário não comparece injustificadamente à audiência admonitória (art. 161 da Lei das Execuções Penais); - o réu renuncia ao benefício, não aceitando as condições; - houve condenação a pena privativa de liberdade não suspensa, tendo esta condenação ocorrida antes do início do período de prova; - quando a pena é aumentada no tribunal, superando dois anos. O tribunal determina a cassação do sursis. Extinção da pena: terminado o período de prova sem motivo para a revogação ou prorrogação, é extinta a pena (art. 82). Caso não tenha havido revogação, considera-se automaticamente extinta a pena privativa de liberdade. É uma decisão meramente declaratória, já que a extinção ocorre com a expiração do período de prova. Sursis simultâneos e sucessivos: O sucessivo é obtido pelo réu após a extinção do sursis anterior. Imagine que após o cumprimento do primeiro, venha o réu a ser condenado em delito culposo ou contravenção. Como não é reincidente em crime doloso poderá ser novamente beneficiado. 9

Também é possível a existência de sursis simultâneo, no caso do réu ser condenado durante o período de prova, por crime culposo ou contravenção. Aqui também poderá obter novo sursis por não ser reincidente em crime doloso. Da mesma forma, ocorrerá esta espécie de sursis se, antes do início do período de prova, o réu é irrecorrivelmente condenado por outro crime doloso, obtendo em ambos o sursis. Sursis e os direitos políticos: A condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos é causa de suspensão dos direitos políticos (artigo 15, inciso III da CF). Como é inegável o caráter condenatório da sentença concessiva do sursis, impõe-se as suspensão dos direitos políticos (votar e ser votado), que só serão recuperados após a extinção da pena. Sursis ao estrangeiro: desde que não possua nenhuma medida decretando sua expulsão, poderá obter o benefício, já que não há impedimento contido na Lei nº 6.815/80. Suspensão Condicional do Processo Lei nº 9.099/95. O artigo 89 da mencionada lei introduziu no Brasil o chamado sursis processual, sendo o mesmo cabível quando o mínimo da pena privativa de liberdade, abstratamente cominada ao delito, for igual ou inferior a um ano. Necessário ainda que o réu não esteja sendo processado por outro crime, não registre condenação e as circunstâncias do artigo 59 do Código Penal lhe sejam favoráveis. Após o oferecimento da denúncia o Promotor, se entender conveniente, oferece o sursis processual que, se aceito, submete o réu ao período de prova idêntico ao do sursis do Código Penal., devendo cumprir as condições do artigo 89, 1º, incisos I a IV e outras que o juiz fixar. Expirado o prazo sem que haja revogação o juiz declarará extinta a punibilidade art. 89, 5º. Caso haja a revogação deste sursis o único efeito é o prosseguimento do processo. Difere do sursis do Código Penal porque neste o juiz condena o réu, suspendendo a execução da pena privativa de liberdade imposta na sentença. No segundo (processual) após o recebimento da denúncia ou no curso do processo, há a suspensão do prosseguimento da ação penal. Se o primeiro é revogado há o cumprimento integral da pena. Se o segundo é revogado ocorre apenas o prosseguimento da ação penal. LIVRAMENTO CONDICIONAL Conceito: durante a execução da pena privativa de liberdade, o sujeito que demonstrar tendência à ressocialização, pode deixar de cumprir o restante da pena, sob condições. É a liberdade antecipada, mediante certas condições, conferida ao condenado que cumpriu uma parte da pena que lhe foi imposta. Natureza jurídica: idem sursis. Ou seja, é medida penal de natureza restritiva da liberdade. Trata-se de pena e não de um benefício. 10

Diferença do sursis : no livramento condicional o sentenciado inicia o cumprimento da pena, obtendo posteriormente o direito de cumprir o restante em liberdade, sob condições. No sursis, a execução da pena é suspensa por inteiro, não iniciando o réu o cumprimento da pena. No livramento o período de prova corresponde ao restante da pena. No sursis, o período não tem vínculo com a pena, sendo fixado entre 02 e 04 anos. No sursis a concessão ocorre quando da sentença condenatória. No Livramento a concessão ocorre no processo de execução. No primeiro o recurso é a apelação. No segundo o recurso é o agravo de instrumento. Semelhanças com o sursis Em ambos o condenado é submetido a um período de provas; Os dois são causas condicionadas de extinção da punibilidade; Ambos são direitos públicos subjetivos de liberdade do réu, já que não se cuida de faculdade, mas sim de dever do magistrado em conceder o benefício. Requisitos: a) objetivos 1º- qualidade da pena: privativa de liberdade (reclusão, detenção ou prisão simples); 2º- quantidade da pena: igual ou superior a 02 anos. Podem ser somadas penas de crimes diversos (art. 84). Assim, quem for condenado a pena de um ano, não tem, em princípio direito ao LC. Porém se for novamente condenado em outro processo, poderá obter este benefício. Deve ser notado que, caso lhe seja negado o sursis, poderá o réu obter posteriormente o LC. 3º- reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo não deve ser confundido com a mera insolvência, sendo que qualquer motivo é suficiente para que a reparação não seja efetuada; 4º- cumprimento de parte da pena: 1/3 para os primários; 1/2 metade para os reincidentes em crimes dolosos (se for reincidente em crime culposo, basta 1/3) e 2/3 para os crimes hediondos não reincidentes específicos, pois, se o forem, não possuem direito ao benefício. b) subjetivos 1º- comportamento carcerário satisfatório durante a execução da pena; 2º- bom desempenho para o trabalho que lhe foi atribuído. Se nenhum trabalho lhe foi atribuído no presídio por deficiência deste, não se pode exigir o cumprimento deste requisito; 3º- aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto. Aptidão é a capacidade que o condenado possui para arrumar emprego honesto. Não há a necessidade de que haja proposta de emprego, mesmo porque tal exigência não depende só do réu; 4º- 83, parágrafo único constatação de que não voltará a delinqüir quando é condenado por crime em que empregou a violência. Caso o crime não tenha sido cometido com violência é desnecessária esta constatação. 5º- poderia ser colocado também como requisito subjetivo os bons antecedentes, previsto no artigo 83, inciso I, segunda parte. 11

Processamento do pedido de LC. O pedido de livramento é dirigido ao Juízo da Execução, podendo ser formulado pelo sentenciado, diretor do presídio, parente, cônjuge, não havendo a necessidade de advogado. Antes de decidir, o Juiz deve colher a manifestação do MP e do Conselho Penitenciário do Estado (art. 131 da Lei das Execuções Penais). Condições e Período de Prova O período de prova é integrado pelo restante da pena. Durante este período, o réu se submete às condições impostas, na audiência admonitória, aceitando ou não as condições que lhe foram impostas. a) condições obrigatórias (legais) - art. 132, 1º da LEP - proibição de se ausentar e de se mudar da Comarca sem comunicar o Juiz; - comparecimento periódico (mensal) para justificar suas atividades; - obter ocupação lícita dentro de um prazo razoável (30 dias aproximadamente)- não se pode exigir isto do deficiente inapto para o trabalho. b) condições facultativas - art. 132, 2º da LEP - não mudar sem comunicar o juízo; - recolher-se em hora fixada; - não freqüentar determinados lugares. c) judiciais - outras a critério do Juiz (art. 85). d) condições legais indiretas - as causas de revogação. e) período de prova: o restante da pena. Revogação a) obrigatória - condenação irrecorrível a pena privativa de liberdade, por crime praticado durante o benefício - art. 86. Caso não tenha sido proferida a sentença definitiva, deve-se prorrogar o livramento, aguardando-se a decisão final. - condenação irrecorrível a pena privativa de liberdade, por crime praticado antes do benefício - art. 86, II; b) facultativa - condenação irrecorrível por crime ou contravenção, a pena não privativa de liberdade, ou seja, pena de multa ou restritiva de direito; - descumprimento das condições judiciais impostas. Obs. Se o juiz não quiser revogar, deverá advertir o réu ou exasperar as condições (art. 140 da LEP). Efeitos da revogação a) por crime praticado durante o livramento: o sujeito traiu a confiança do juízo, pois foi advertido a não delinqüir e delinqüiu: 12

- cumprirá o restante da pena; - o período que esteve solto não é computado para qualquer efeito; - não pode obter novo livramento condicional pela mesma pena ( poderá obter novo livramento apenas referente à segunda pena). b) por crime praticado antes do livramento: art. 86, II - aqui, o sujeito não traiu a confiança do juízo, por isso tem um tratamento mais benigno: - o período que esteve solto, é computado na pena que resta a cumprir - art. 88; - a pena do crime anterior, se privativa de liberdade, pode ser somada ao restante da pena, para efeito de novo livramento. c) por descumprimento das condições impostas: (idênticas as da letra a ) tendo traído a confiança, não é computado o tempo que esteve solto e nem pode obter novo livramento em relação à mesma pena. O sentenciado têm que cumprir a pena que se encontrava com a execução suspensa. Prorrogação do período de prova - art. 89 No término do período de prova, se o sujeito estiver sendo processado por crime praticado durante livramento, haverá a prorrogação automática. Se estiver sendo processado por crime praticado antes do LC, não haverá prorrogação. Isto porque, se o processo for por crime anterior, não se prorroga, pois o tempo de livramento é computado na pena. Não basta o inquérito, é preciso o processo. Necessário o contraditório e a ampla defesa. Uma vez transitada a sentença pelo processo que corria durante o livramento, podem ocorrer as seguintes hipóteses: - o réu é absolvido = aqui o livramento é extinto; - o réu é condenado por contravenção a pena de prisão simples = aqui o livramento é extinto; - o réu é condenado por crime doloso = aqui o livramento é revogado obrigatoriamente; e - o réu é condenado por crime a pena não privativa de liberdade = o livramento pode ser extinto ou revogado, ficando a critério do juiz. Nota: deve ser observado que, durante o período da prorrogação, desde que tenha se exaurido o período de prova, não há como se exigir o cumprimento das condições impostas no lc. Extinção da pena: não ocorrendo causa de revogação, a pena deve ser declarada extinta art. 89 do Código Penal e 146 da Lei das Execuções Penais. A sentença é meramente declaratória e não constitutiva, isto porque a pena será extinta com o cumprimento do período de prova e não na data em que o juiz profere o despacho. Antes da extinção, deve ser ouvido o MP. 13