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Transcrição:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO TEORI ZAVASCKI EDUARDO COSENTINO DA CUNHA, brasileiro, casado, economista, deputado federal, portador do CRE nº 15303/RJ, inscrito no CPF/MF sob o nº 504.479.717-00, residente e domiciliado SHIS QL 12, Conjunto 11, Casa 05, Lago Sul, Brasília/DF, vem, respeitosamente, por seus advogados, à presença de Vossa Excelência, expor e, ao final, requerer o que segue.

Desde o dia 07.06.2016, os principais veículos da imprensa nacional passaram a publicar a notícia de que o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, teria formalizado pedido de prisão do Presidente do Senado, Renan Calheiros, do Senador Romero Jucá, do Ex- Presidente da República José Sarney e do ora requerente. Confira-se, nesse sentido, a seguinte notícia publicada no portal G1 1 : Janot pede ao Supremo a prisão de Renan, Cunha, Jucá e Sarney Segundo TV Globo, procurador alega que eles tentam obstruir a Lava Jato. Em nota, Renan chamou de 'desproporcional e abusiva" solicitação de prisão. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do presidente afastado da Câmara,Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do senador Romero Jucá (PMDB-RR) e do ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP). A informação sobre os pedidos de prisão de Renan, Jucá e Sarney foi publicada na edição desta terça do jornal "O Globo" e confirmada pela TV Globo. Já a solicitação para prender Cunha foi divulgada pelo Bom Dia Brasil. O chefe do Ministério Público pede a prisão dos quatro peemedebistas por suspeita de eles estarem tentando obstruir as investigações da Operação Lava Jato. Os pedidos de prisão estão, há pelo menos uma semana, sobre a mesa do ministro do Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF. No caso de Sarney, por causa da idade, ele ficaria em prisão domiciliar monitorado por tornozeleira eletrônica. No caso de Cunha, segundo a TV Globo, o Ministério Público alegou que a decisão do Supremo de afastá-lo da presidência da Câmara e do mandato de deputado federal não surtiu efeito e o parlamentar teria continuado interferindo no comando da Casa. A reportagem de "O Globo" afirma que, além de pedir a prisão de Renan, Janot solicitou ainda à Suprema Corte que ele seja afastado da presidência do Senado. (...) 2 1 http://brasil.elpais.com/brasil/2016/06/07/politica/1465300166_919140.html; http://www1.folha.uol.com.br/internacional/en/brazil/2016/06/1779457 politicians targeted byattorney general say measures are abusive.shtml 2 http://g1.globo.com/politica/operacao lava jato/noticia/2016/06/janot pediu prisao de renan juca esarney diz jornal.html

Algumas das notícias informaram que o pedido havia sido formulado há três semanas. 3 Inicialmente, a defesa do ora requerente vem repudiar veementemente o vazamento criminoso do pedido de prisão, realizado unicamente com a vã finalidade de pressionar essa colenda Suprema Corte a decidir pelo seu deferimento. O requerente não tem dúvida, contudo, de que esse egrégio Supremo Tribunal Federal não se verga a pressões de nenhuma natureza e, mais uma vez, velará pela Constituição Federal. Não obstante, ainda que não conheça o teor do pedido, o requerente vem, desde já, tecer algumas considerações. Em primeiro lugar, é incompreensível para o ora requerente, como Sua Excelência simplesmente fez letra morta do artigo 53, 2º, da Constituição Federal, que institui que os parlamentares, desde a diplomação não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável e, mesmo nesta hipótese, caberá à Câmara dos Deputados ou ao Senado Federal discutir sobre a manutenção ou não de eventual prisão do parlamentar. Não é menos incompreensível a afirmação constante da imprensa de que o defendente estaria descumprindo a decisão proferida no âmbito da Ação Cautelar nº 4070. Como não poderia deixar de ser, a decisão proferida no âmbito da Ação Cautelar nº 4070 tem sido cumprida à risca, desde que proferida. Cumpre ressaltar que o requerente sequer tem comparecido à Câmara dos Deputados com o fim de evitar possíveis interpretações maldosas de que pudesse estar descumprindo a decisão. E, ainda, aguarda a análise de petição protocolada em que se requer a proteção ao seu pleno exercício político garantido constitucionalmente, bem como o exercício amplo do direito de defesa diante do processo administrativo disciplinar ético, mesmo com o exercício do mandato parlamentar suspenso por V.Exa. 3 http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2016/06/janot-pede-prisao-de-cunha-renan-juca-esarney.html

É absurda a afirmação constante da imprensa de que pudesse estar descumprindo a decisão imposta por Vossa Excelência realizando atos no âmbito do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Os únicos atos que têm exercido, a propósito, são aqueles desempenhados por sua defesa técnica. Defesa esta que se encontra combalida pelos efeitos da decisão da cautelar acima mencionada, uma vez que foi amputada da indissociável autodefesa, que deveria estar sendo exercida pessoalmente pelo requerente, sobretudo, diante do caráter político do processo. Outro aspecto que deve ser considerado é que, conforme salientado pelo próprio Ministério Público na cautelar requerida e na decisão, a Ação Cautelar nº 4070 não é uma cautelar típica. Ao contrário, trata-se de provimento totalmente atípico, para dizer o mínimo. Nesse sentido, o suposto descumprimento o qual, repita-se, jamais existiu não levaria, de modo algum, à prisão. Haveria e não é esta a hipótese porque não houve descumprimento - crime de desobediência, delito cuja pena cominada desautoriza e encerra, por inteiro, qualquer aventada possibilidade de prisão, nos termos do art. 313, inc. I da legislação processual penal. Feitas essas considerações relativas ao cabimento da prisão, essa defesa não tem como conjecturar quanto aos fundamentos materiais do pedido. É que o requerente realmente não quer crer que certas alegações surrealistas e risíveis publicadas na imprensa fundamentaram o requerimento da PGR, como as de que possa ter influenciado remotamente a atuação do Conselho de Ética utilizando-se de parlamentares e de outras pessoas, como se estas não possuíssem vontades e interesses próprios afirmações estas que servem a interesses que certamente não são os do ora requerente. Assim, por não conhecer as razões do requerente Procurador-Geral da República, só resta a este requerente reiterar que tem cumprido fielmente a decisão proferida no âmbito da Ação Cautelar nº 4070 e que são disparatadas as alegações de que esteja exercendo qualquer tipo de influência indevida no âmbito da Câmara dos Deputados.

Ademais, o requerente vem ressaltar que se encontra à disposição dessa Colenda Corte na residência oficial da Presidência da Câmara dos Deputados e pode ser facilmente encontrado pelos meios institucionais ou por meio destes advogados. Quanto ao mais, é interesse do requerente e de sua defesa impugnar de forma específica as razões da Procuradoria-Geral da República para tão disparatado pedido. A princípio, poder-se-ia dizer que o acesso a um pedido de prisão se enquadra nas exceções à Súmula Vinculante nº 14 dessa colenda Corte, o que desautorizaria o acesso à defesa do requerente. Entretanto, não é esta a hipótese, como se passa a demonstrar. É que, no caso, o vazamento do requerimento de prisão à imprensa o deslocou, inequivocamente, para o alcance da Súmula Vinculante nº 14. Conforme disciplina Renato Brasileiro de Lima, o sigilo interno da investigação é a área que não pode ser alcançada pela ciência prévia do investigado: o que se denomina sigilo interno, que visa assegurar a eficácia da investigação, que poderia ser seriamente prejudicada com a ciência prévia de determinadas diligências pelo investigado e por seu advogado. 4 A Primeira Turma desse Supremo Tribunal Federal já se pronunciou em sentido semelhante ao do defendido por Renato Brasileiro de Lima, especificando que, ao advogado, deve ser oposto o sigilo do que pode impedir a eficácia de diligência investigativa: (...) O direito do indiciado, por seu advogado, tem por objeto as informações já introduzidas nos autos do inquérito, não as relativas à decretação e às vicissitudes da execução de diligências em curso (cf. L. 9296, atinente às interceptações telefônicas, de possível extensão a outras diligências); dispõe, em conseqüência a autoridade policial de meios legítimos para obviar inconvenientes que o conhecimento pelo indiciado e seu defensor dos autos do inquérito policial possa acarretar à eficácia do procedimento investigatório.. No caso presente, com o criminoso vazamento para a imprensa, não há mais a necessidade da manutenção do sigilo. Aliás, sequer existe mais o chamado sigilo interno, pois o ora requerente já sabe da 4 LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de processo penal. 3ª edição. Salvador: Jus podivm.

existência do pedido e, claro, vai cumprir qualquer decisão que for proferida por essa Suprema Corte. Logo, uma vez que a mídia já divulgou a existência do pedido de prisão, a razão de ser do sigilo não mais existe, motivo pelo qual a restrição somente traria prejuízo ao próprio investigado, que seria a última pessoa a conhecer os elementos utilizados em seu desfavor. Ademais, o vazamento traz outra consequência. É que, uma vez que a sumariedade da medida cautelar só existe para que o requerente não tome dela conhecimento, com o vazamento, não remanesce razão para se manter tamanha sumariedade no procedimento. Deve vigorar, portanto, a garantia do devido processo legal 5, permitindo-se o contraditório prévio do ora requerente. Na hipótese, como consectário do contraditório, deve-se permitir ao requerente prazo para se manifestar por escrito e juntar documentos. Cumpre, ainda, assegurar-lhe participação em eventual audiência com Vossa Excelência na qual participe o Ministério Público Federal, garantindo-se, assim, a igualdade de armas e o disposto no artigo 6º da Lei 8.906/96. Por fim, na hipótese de Vossa Excelência decidir levar o pedido ao Pleno para referendar a decisão, que seja garantido à defesa técnica o prazo de sustentação oral de 15 (quinze) minutos, nos termos do artigo 132 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal. pedir: Diante de tudo quanto foi exposto, o requerente vem (a) A identificação do número a qual foi tombada a cautelar de pedido de prisão, o acesso integral, irrestrito e ilimitado aos autos do pedido de prisão e do correspondente inquérito, apensos e tudo o mais que possuir relação com os fatos acima especificados, permitindo-se a extração de cópias reprográficas e de cópia digital de todas os arquivos digitais nele contidos; (b) que seja assegurado o contraditório prévio ao ora requerente, garantindo-lhe (i) prazo para se manifestar por escrito e juntar documentos; (ii) participar de 5 LIV ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal

eventuais audiências marcadas pelo Ministério Público Federal com Vossa Excelência; (iii) o prazo de sustentação oral de 15 (quinze) minutos, nos termos do artigo 132 do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, caso Vossa Excelência decida por submeter referendar o feito, requerendo, desde já, nessa hipótese, a submissão desse pedido como questão de ordem ao Pleno. Termos em que Pede Deferimento. Pedro Ivo Velloso OAB/DF 23.944 Alvaro da Silva OAB/DF 32.401 Brasília, 08 de junho de 2016. Ticiano Figueiredo OAB/DF 23.870 Fernanda Reis OAB/DF 40.167