UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DO PONTAL FÍSICA EXPERIMENTAL III



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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE CIÊNCIAS INTEGRADAS DO PONTAL FÍSICA EXPERIMENTAL III Distribuição de Potencial e Campo Elétrico Conceitos: Potencial e Campo Elétricos Equipotenciais e Linhas de Força Efeito de Ponta. Pára-raios Blindagem e Gaiola de Faraday Fenômeno: Presenciamos diariamente fenômenos típicos da área da eletrostática. Porém experiências ilustrativas de fenômenos deste tipo, realizáveis sob condições controladas, são raras, pois os efeitos interessantes e observáveis são de baixa intensidade. Nos experimentos propostos aqui se procura observar e medir as distribuições de potencial através do levantamento das curvas equipotenciais e da obtenção das linhas de força do campo elétrico. As situações experimentais propostas permitem explorar os seguintes efeitos: - efeito de ponta, procura-se simular o campo perto de um pára-raio do tipo gaiolo. - gaiola de Faraday, utilizada nas proteções e blindagens contra os efeitos dos campos eletrostáticos (nos cabos coaxiais, por exemplo). Características Especiais da Situação Experimental: A eletrostática trata, entre outros, de potenciais e campos elétricos estáticos, em situações onde o meio não apresenta condutividade elétrica (vácuo ou isolante). É praticamente impossível medir potenciais elétricos no vácuo e assim usa-se simulações. Para este estudo, aproveitaremos da propriedade de a distribuição do potencial elétrico entre eletrodos condutores polarizados, colocados em um eletrólito fraco e uniforme, ser a mesma que apareceria se estes eletrodos, eletricamente carregados, estivessem em igual disposição geométrica, no vácuo [Ref. 4]. Os fenômenos eletrostáticos acontecem no espaço tridimensional. Neste experimento, para facilitar a visualização, estudaremos situações nas quais as características relevantes aparecem em planos bidimensionais. Material: Cuba plástica, eletrodos de cobre, solução de sulfato de cobre, fonte 0-15V (a ser regulada em 4V), voltímetro e amperímetro. Montagem Experimental: Uma cuba de plástico, de fundo plano, contém uma camada uniforme de 4 ou 5 mm de solução aquosa de Cu2SO4. Eletrodos de cobre de forma geométrica predefinida são mergulhados na solução e são polarizados; uma corrente elétrica fraca circula entre os eletrodos, atravessando o eletrólito. O levantamento do potencial no eletrólito em função da posição é realizado com as pontas de prova do voltímetro. Sugestões: Aproveite as simetrias das configurações! Use no máximo 4V para alimentar os eletrodos fixos da cuba.

Figura 1. Esquema da montagem experimental. Procedimento Montando a cuba eletrolítica 1. Sobre uma superfície horizontal, coloque a placa de acrílico na bacia de acrílico com a fórmica para cima. Coloque os eletrodos conforme a figura 2. Os eletrodos devem ficar a uma distância de aproximadamente 10 cm. Marque as posições dos eletrodos sobre a placa de fórmica utilizando a ponta de prova (lapiseira).durante o experimento os eletrodos devem sempre manter a mesma posição. 2. Coloque 300 ml de água na bacia. Deve haver aproximadamente 0,5 cm de líquido sobre a placa de fórmica. 3. Ligue os terminais do multímetro à saída da fonte usando dois cabos bananabanana e ajuste a tensão para 4 V. Cuidado para não alterar esta tensão durante os experimentos. Se o indicador de curto-circuito acender durante o experimento, desligue a fonte imediatamente (IMPORTANTE!) e verifique o que está errado em seu circuito. Só religue a fonte depois de corrigir o engano. (a) A cuba com dois eletrodos planos (b) Diagrama da cuba eletrolítica Figura 2: Cuba Eletrolítica com dois eletrodos planos

Determinando as eqüipotenciais Há duas maneiras de se determinar o potencial em um ponto: usando o potenciômetro ou diretamente com o multímetro. Com o uso do potenciômetro as medidas são mais precisas, do outro modo são mais simples e fáceis de fazer. Escolha uma delas. 1. Faça a montagem da Figura 1 para duas placas paralelas, conforme a configuração A da Figura 3. Mapeie as curvas equipotenciais para verificar que as linhas equipotenciais, na região central, são paralelas às placas e, portanto o campo elétrico constante é perpendicular às mesmas. 2. Faça as conexões dos eletrodos até o potenciômetro (cabos banana-jacaré) e do potenciômetro até a fonte (cabos banana-banana), conforme o diagrama. Confira a polaridade dos eletrodos, ela será muito importante na determinação da direção do campo. 3. Conecte o terminal positivo do multímetro ao conector central do potenciômetro usando um cabo banana-banana e o conector negativo na ponta de prova com grafite (lapiseira). A ) B) Figura 3. Configuração dos eletrodos. 4. Introduza um aro condutor no centro das placas paralelas (configuração B da Figura 3). Qual o campo elétrico no interior do aro? 5. Conectando o aro no eletrodo superior, qual o potencial no interior do mesmo? Explique! 6. Substitua as placas paralelas por discos. Qual o campo elétrico gerado?, Explique! 7. Indique para cada configuração estudada qual é a situação real simulada; justifique. Outras configurações A seguir são apresentadas algumas configurações de eletrodos alternativas. Tente responder às perguntas antes de realizar o experimento e depois compare suas previsões com os resultados obtidos. Placas perpendiculares Como você espera que seja o campo em torno da ponta central? Depois de realizar o mapeamento calcule o campo em alguns pontos na linha que une o centro da placa da esquerda com a ponta da placa da direita o que você observa?

Que dispositivo prático utiliza este resultado? Placa e cilindro Como será o campo em torno da carga pontual? As linhas de campo que partem do cilindro se curvam em que direção? Por quê? Apêndice: Medida do Campo elétrico - O campo elétrico é definido como o negativo do gradiente do potencial V (ou tensão elétrica, como foi visto até aqui): Portanto V é encontrado integrando o campo elétrico de um potencial inicial a um ponto final, ao longo de um caminho s. Se o campo elétrico for paralelo a esse caminho (para cada elemento de caminho), isto é, se, Então. e portanto a componente E na direção de s é dada por: - Lei de Gauss. Seja uma carga int q. Imagine uma superfície qualquer, fechada envolvendo esta carga. A lei de Gauss estabelece que o fluxo elétrico : através de essa superfície é dado por: onde 0 ε é a permissividade elétrica no vácuo, e a integral acima representa uma superfície fechada em questão. É importante notar que a Lei de Gauss é valida para qualquer situação com campo uniforme, ou não, e para qualquer tipo de superfície fechada, também denominada superfície gaussiana. Relatório: 1) Como você procedeu para fazer a montagem para o caso das placas paralelas, placas paralelas com aro indicar a origem (x, y) adotada? 2) Organize seus dados numa tabela de x ± x e y ± y para cada potencial V ( i =1,2,3,4,5).

3) Para o caso das placas paralelas, faça um gráfico no papel milimetrado dos dados (x, y) para obter as curvas equipotenciais. Desenhe e calcule o módulo, direção e sentido do campo elétrico (a intensidade do campo elétrico com seu respectivo erro) 4) Para o caso das placas paralelas com lâmina, faça um gráfico no papel milimetrado dos dados (x, y) para obter as curvas equipotenciais. Desenhe a direção e sentido do campo elétrico. 5) Para o caso das placas paralelas com aro faça uma previsão das curvas equipotenciais e desenhe a direção e sentido do campo elétrico fora do aro. 6) Como influi o efeito da ponta no caso das placas paralelas com lâmina? Explique. 7) Para o caso das placas paralelas com aro, obtenha o valor da intensidade do campo elétrico dentro do aro (para os itens 3 e 4). Explique a relação com a gaiola de Faraday. Bibliografia: 1) Halliday D; Resnick R; Merrill J. Fundamentos de Física vol.3, Eletromagnetismo, 3a Edição, LTC, RJ, 1995. Cap. 24 e 26. 2) Freeman I. M. Physics: Principles and Insights. McGraw-Hill, New York, 1968, pp.430-433. Biblioteca IFGW # 530.F877p. 3) Feynman R.P.; Leighton R.B.; Sands M. The Feynman Lectures on Physics; vol.2, cap.7, cap.9, cap.12. Addison-Wesley, 1964. 4) Flügge S. Handbuch der Physik, vol XVI, pp.159-163. Springer Verlag, 1958. Biblioteca IFGW # R530.3.F646e, vol.16.