JORNAL DA UFU: UMA EXPERIÊNCIA EM TELEJORNALISMO 1



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Transcrição:

JORNAL DA UFU: UMA EXPERIÊNCIA EM TELEJORNALISMO 1 Francine Naves de MEDEIROS 2 Guilherme Fragoso PRADO 3 Leonardo França HAMAWAKI 4 Marina Colli OLIVEIRA 5 Rinaldo Augusto MORAIS 6 Victor Pereira ALBERGARIA 7 Vanessa Matos dos SANTOS 8 Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia/MG Resumo O Telejornal intitulado Jornal da UFU foi produzido para a disciplina de Telejornalismo do curso de Comunicação Social habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia durante o ano de 2014. A ideia central desse projeto foi proporcionar aos alunos a experiência de fechar um telejornal. Para isso, o grupo fez diversas experimentações ao gravar reportagens, stand-up s, fazer links ao vivo, entrevistas no estúdio e a gravação de cabeças. Palavras-chave: Audiovisual; Jornal-laboratório; Telejornalismo; Televisão; 1 Trabalho submetido ao XXII Expocom, na categoria DT 1 Jornalismo, modalidade JO 06 Produção laboratorial em videojornalismo e telejornalismo (conjunto ou série), do XVII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste realizado entre os dias 19 e 21 de junho de 2015 2 Aluna-líder do grupo e estudante do 7º período de Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), email: francinenaves@gmailcom 3 Estudante de Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo da UFU, email: guilhermefragosso66@gmail.com 4 Estudante do 7º período de Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo da UFU, email: leonardohamawaki@gmail.com 5 Estudante do 7º período de Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo da UFU, email: marinacolli.oliveira@gmail.com 6 Estudante de Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo da UFU, email: rinaldo_augusto@hotmail.com 7 Estudante do 7º período de Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo da UFU, email: victorperalberg@gmail.com 8 Orientadora do trabalho. Professora de Telejornalismo da UFU, email: vanmatos.santos@gmail.com 1

1 INTRODUÇÃO Segundo Antonio Brasil (2001, p. 45), ensinar Telejornalismo deveria ser uma atividade tão dinâmica, criativa e inovadora quanto a própria televisão. Com essa proposta foi desenvolvido o Jornal da UFU, produto realizado como trabalho final da disciplina de Telejornalismo do curso de Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) no ano de 2014. A disciplina em questão teve três pilares didáticos: teórico, prático e reflexivo. Teórico, pois se debruçaram no embasamento e pesquisa acerca da prática da televisão, suas regras, convenções e fases de desenvolvimento. Cerca de metade da carga horária da disciplina era focada em exercícios práticos para exercitar a teoria abordada em sala. Contudo, o conteúdo transmitido não se restringia à mera replicação de pontos. A reflexão sobre a produção foi um processo importante. [...] a mensagem telejornalística requer uma abordagem precisa e cuidadosa. No ensino de Telejornalismo, acredito que estes são os conhecimentos e valores que só se adquirem produzindo, avaliando, redirecionando, mudando posturas, voltando a produzir, numa infindável espiral que evidencia que a escola deve vivenciar o espírito regente da vida prática das redações e centros de produção audiovisual. Os grandes exemplos nos mostram que a reflexão e a experimentação contínuas moldam excelentes produtos. (BRASIL, 2001, p 41 apud SQUIRRA, 1987): O trabalho foi avaliado com o critério de verificar se as teorias ensinadas em sala de aula foram assimiladas e aprendidas pelos alunos: estrutura da reportagem em TV, redação em telejornalismo, postura diante da câmera foram pontos avaliados. A escolha das pautas foi livre e grupo focou em temáticas sobre esporte (entrevista ao vivo, reportagem sobre rotina do jornalista e a prática esportiva como modo de relaxamento) e academia (inscrições para mestrado profissional), entre outros. Um diferencial do produto em questão está justamente no fato de que trabalhou os formatos (MACHADO, 2000) sempre com a dinâmica externo/ interno. Os conteúdos internos foram gravados no estúdio da TV Universitária da universidade por meio de um termo assinado entre a TV e o curso de Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo da UFU. 2 OBJETIVO 2

O objetivo geral do produto em questão foi proporcionar aos alunos de Comunicação Social: Habilitação em jornalismo da UFU a vivência prática das técnicas e teorias aprendidas durante a disciplina de telejornalismo. A orientação da professora era para que todos do grupo exercitassem o telejornalismo em frente às câmeras e também a parte de produção e edição do produto. Além disso, objetivou-se também dar a oportunidade de exercitar a cooperação e trabalho em conjunto que uma equipe de produção deve ter. Os alunos exercitaram todas as atividades, da pauta à cinegrafia. Com relação à cinegrafia, é importante destacar que alguns blocos foram gravados pelos próprios alunos com auxílio de câmera portátil. 3 JUSTIFICATIVA Vizeu (2005) afirma que o telejornalismo tem um carácter forte de influência social e política por sua abrangência e facilidade de acesso para a maioria dos lares. Assim, possui um papel crítico na formação de opinião pública do telespectador e cidadão brasileiro. Desta forma, a produção do telejornalismo não deve ser feita de forma leviana. Segundo de Alfredo Vizeu (2014, p. 64) a produção de programas de informação que alcançam todo o Brasil determinou o desenvolvimento de um processo de seleção de fatos baseado na amplitude da audiência. Esta lógica é aplicada também à construção de noticiários locais e universitários. Arlindo Machado (2000) classifica telejornais em duas categorias de acordo com a forma que a opinião é expressa: o modelo polifônico ou tradicional e o modelo centralizado ou opinativo. Segundo ele, Se o âncora tem poderes de decidir sobre as vozes que entram e saem, portanto de delegar voz aos outros, se ele permanece a fonte principal de organização dos enunciados, estamos diante de um telejornal de modelo centralizado e opinativo.[...] neste último modelo [polifônico] o apresentador é mais exatamente um condutor, em geral impessoal, cuja função principal é ler as notícias (visivelmente escritas por outros) e abrir passagem para os outros protagonistas. (MACHADO, 2000, p. 108). Para a produção do Jornal da UFU, pegamos como base uma audiência universitária local e, a partir disso, selecionamos e apuramos as pautas que se aproximam com a realidade e contexto sociocultural da audiência selecionada. Além disso, primamos 3

pelo modelo polifônico de Machado, com o telejornal sendo apresentado por duas pessoas que conduziam a entrada de reportagens e entrevistas. Ainda Vizeu (2014, p. 107) afirma que as pautas para televisão devem ser claras e diretas. Segundo ele, A notícia de televisão é concebida para ser completamente inteligível quando visionada na sua totalidade. O seu foco é, pois, um tema que perpassa toda a notícia e que se desenrola do início até o meio e do meio até o fim. Em comparação com a notícia de jornal, ela é mais coerentemente organizada e coesa. Além disso, as atividades desenvolvidas pela disciplina simularam a produção de uma edição de jornal diário. É importante ter essa experiência laboratorial no período de faculdade, pois sem a prática, não é possível aprender a produzir telejornalismo uma vez que esta possui características próprias. Brasil e Emerin (2011, p.3) definem telejornal como um programa que reúne uma seleção de notícias organizadas em blocos e por temas, geralmente exibidos com horário, cenário e apresentadores fixos No entanto, os telejornais produzidos dentro do âmbito universitário possuem características peculiares. Geralmente pautada pelos recursos estruturais disponíveis pela universidade, carga horária disponível durante a disciplina e a metodologia escolhida pelo professor para o ensino, o resultado final se difere dos transmitidos por redes televisivas. As principais diferenças se encontram na duração do produto, horário fixo de transmissão e apresentadores regulares. [...] o telejornal universitário (ou laboratório) constitui-se como um programa que reúne uma seleção de notícias organizadas num produto audiovisual com vistas a permitir o exercício prático da produção de notícias para a televisão (BRASIL; EMERIN; 2011, p. 8). O telejornal universitário possui também o carácter de experimentação. Por ser considerado um espaço aberto de treinamento e aprendizagem, o aluno tem a liberdade de testar técnicas diferentes e passar por todo o processo de produção e realização de um jornal com a segurança de um professor para orientá-lo. 4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS 4

O produto como um todo foi pensado a partir de uma ótica que buscou inovar o que já havia sido produzido anteriormente no curso de Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia. Inicialmente, foi discutido com a professora da disciplina que a ideia era utilizar-se de técnicas que aproximassem o público universitário (professores, técnicos e estudantes) e alguns de projetos de toda a sociedade, sem distinção. No fim, o telejornal chegou a esse objetivo, acrescentando apenas uma previsão do tempo (algo que o grupo entendeu ser útil para o público-alvo). A entrevista, além de proporcionar um novo formato informacional, acabou sendo chamativa para o público amante de esporte. A escalada do jornal foi feita com o uso de duas câmeras em primeiro plano, cada uma em um dos apresentadores. Com a música-tema do jornal sendo executada ao fundo, os âncoras faziam chamadas curtas de matérias que seriam apresentadas naquela edição do jornal. É bom lembrar que, buscando dar um ar mais jovem e informal, foi decidido pelo grupo a apresentação em pé, sem a utilização de bancadas ou quaisquer outros equipamentos semelhantes no estúdio. A partir daí, as pautas foram divididas em blocos delimitados. No primeiro bloco, as matérias eram relacionadas com eventos ou oportunidades relacionadas ao campo acadêmico: primeiramente, um VT do repórter Leonardo Hamawaki que mostrou a experiência de alunos de Engenharia da UFU que participariam de uma competição na área. A reportagem se se desenvolve com o professor orientador do trabalho e o líder do projeto, mescladas com imagens da construção do carro que participaria da disputa e também de arquivo pessoal. A reportagem ficou com três minutos e vinte e quatro segundos, contando com cabeça e nota pé feitos nos estúdios pelos apresentadores. Na sequência, um stand-up 9 que divulgava as inscrições para um mestrado profissional foi feito pela repórter Francine Naves, que conversou com a coordenadora da modalidade. Contando com a cabeça feita no estúdio, o VT 10 teve um minuto e vinte e quatro segundos. Após este, cada um dos apresentadores destacou uma matéria que seria apresentada no bloco seguinte e a vinheta de intervalo encerrou o bloco. Contando todos os momentos, a primeira parte do jornal teve cinco minutos e quarenta e nove segundos. 9 O stand-up é a notícia completa, apresentada pelo repórter em quadro (em foco), sendo que pode ser gravado ou ao vivo. O jornalista fica em pé durante toda a narrativa. Pode ser de abertura, de passagem ou de encerramento. É utilizado pelo repórter para transmitir informações importantes que não têm imagem.. (ARAÚJO; SOUZA, 2008, p.289) 10 Ainda segundo Araújo e Souza (2008, p.305), VT significa videoteipe, ou imagem exibida no vídeo. 5

O segundo bloco foi iniciado com uma reportagem via link 11 onde o repórter Guilherme Fragosso está em um museu divulgando uma exposição sobre a cultura indígena. Após ouvir a coordenadora do local, diversas imagens ilustrando o ambiente são exibidas enquanto o repórter transmite as últimas informações. Ao todo, contando com a cabeça que chamou o repórter, feita pelo apresentador Victor Albergaria, a divisão contou com dois minutos e vinte e sete segundos. Em seguida, um VT apresentou o projeto Brasil Olímpico, ocorrido na cidade de Uberlândia, em uma parceria com o Governo Federal e a Faculdade de Educação Física da UFU. Contando com a chamada realizada no estúdio, a reportagem teve três minutos e quarenta e seis segundos. Na sequência, uma ideia pensada pouco antes da gravação no estúdio foi colocada em prática. Pensando em uma interação dos apresentadores com o recurso do telão no estúdio, os alunos anunciam a previsão do tempo e iniciam um diálogo acerca das falas dos meteorologistas e como isso poderia impactar na vida da população. Este foi um momento de improviso, desprovido de falas roteirizadas. Utilizando um gráfico (devidamente creditado) da TV Integração, de Uberlândia, a previsão do tempo foi narrada em um momento posterior pela apresentadora Marina Colli. Contando desde o diálogo inicial até o fim do texto apresentado, a previsão do tempo usou quarenta e cinco segundos do bloco, que se encerrou depois do apresentador Victor Albergaria anunciar duas matérias que seriam apresentadas no bloco subsequente. Ao todo, esta segunda parte teve sete minutos e dezesseis segundos. O último bloco foi todo dedicado à editoria esporte e comportamento. Buscando inovar na estrutura do produto, os alunos (em conjunto com a professora da disciplina) decidiram realizar uma entrevista no estúdio. A entrevista foi realizada, tecnicamente, com a utilização de três câmeras, sendo uma no plano geral (enquadrando os dois entrevistadores e o entrevistado), outra no plano médio (enquadrando apenas os entrevistadores) e ainda uma terceira câmera em primeiro plano (focando apenas o entrevistado, em um enquadramento mais aproximado). Com a disposição de poltronas individuais no estúdio, o apresentador Victor Albergaria convidou um dos repórteres, Leonardo Hamawaki, especialista em esportes, para uma entrevista com o armador Luan, da equipe de basquete UNITRI, postulante ao título do campeonato nacional de basquete. Com uma linguagem jovem, mas sem fugir dos padrões 11 Links são as entradas ao vivo do repórter, do lado de fora do estúdio, em um telejornal ou na programação da emissora. O link é utilizado em coberturas especiais. (ARAÚJO; SOUZA, 2008, p.283). 6

jornalísticos, a entrevista foi conduzida por três minutos e onze segundos, onde o jogador explicou os planos da equipe para o referido ano (2014). Na sequência, a repórter Moeko Sato apresentou mais um stand-up. É importante destacarmos que a escolha para dois stand-ups em nosso produto foi proposital, já que o consenso era de que este estilo permitia algo mais vívido, que se aproximava mais do público do que uma matéria com suas regras de edição. No que diz respeito a este em destaque, a integrante contou a história de um aluno do curso de Jornalismo que, juntamente com seu professor, escreveram um livro contando a história de um importante título do time de futebol mais tradicional da cidade. Contando com a cabeça, feita no estúdio pela apresentadora Marina Colli, o VT registrou um minuto e cinquenta e oito segundos. Para encerrar o jornal, o grupo planejou algo ainda mais diferente dos padrões. Pensando em como levar um tom mais leve (e, por que não, mais humano) a um produto universitário, a equipe produziu uma matéria em que os profissionais que trabalham no meio jornalístico seriam os personagens do produto. Aqui, o repórter Rinaldo Morais apresentou casos de jornalistas que tem uma rotina acelerada, com duas ou mais atividades diárias relacionadas ao meio (sejam elas acadêmicas ou laborais) e buscam, no esporte, um caminho para seu relaxamento. Escolhido o tema, os personagens escolhidos foram: - Uma estudante de comunicação que, para conseguir filtrar seus pensamentos e relaxar de seus dois empregos na área, pratica kickboxing duas vezes por semana; - Um professor deste campo, que para se livrar do estresse diário das atividades acadêmicas e pessoais, joga tênis com amigos. Para corroborar o texto do repórter, pesquisas e seus números são apresentados na reportagem, além da fala de uma psiquiatra explicando o porquê do aumento de estresse em profissionais que hoje tem uma rotina acelerada. Para encerrar o VT, o repórter se torna personagem: ele usa roupas próprias para a prática esportiva, larga o microfone e pratica tênis, explicando que como futuro jornalista, também merece relaxar. Contando com a cabeça feita no estúdio pelos dois apresentadores, a reportagem durou quatro minutos e quarenta e um segundos. É importante também destacar que toda a edição das matérias foi feita pelos próprios alunos (com exceção das vinhetas gráficas e do quadro apresentado na previsão do tempo); 7

além disso, a indisponibilidade de equipamentos fez com que todo o produto fosse executado com quatro tipos de câmeras diferentes, sendo as duas do estúdio de televisão da universidade, uma designada ao profissional de vídeo do curso de Jornalismo, uma handycam 12 e duas câmeras fotográficas digitais. Destarte, a qualidade braçal do grupo se sobressaiu frente às dificuldades de tempo e equipamentos que foram enfrentadas. 5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO O produto audiovisual, intitulado Jornal da UFU, possui cerca de 23 minutos de produção, divididos em três blocos. O primeiro bloco tem cerca de seis minutos. O segundo sete minutos e o terceiro e último bloco tem aproximadamente dez minutos. O telejornal possui dois apresentadores, Victor Albergaria e Marina Colli, que fazem a abertura do programa e as chamadas das matérias. Durante o programa, eles também fazem a chamada para o link ao vivo. Victor e o comentarista Leonardo Hamawaki realizam também no estúdio uma entrevista com o jogador de basquete Luan, da equipe Unitri/Uberlândia que disputou o NBB (Novo Basquete Brasil) 7. Marina Colli fez a previsão do tempo para as regiões sudeste, do Triângulo Mineiro e, mais especificamente, da cidade de Uberlândia. Ao todo, foram produzidas pelo grupo quatro materiais para o telejornal, sendo duas reportagens e dois Stand-up s. A primeira reportagem foi feita pelo repórter Leonardo Hamawaki e mostra um projeto de carros automobilísticos Mini-Baja, desenvolvido por alunos de engenharia da UFU. A segunda reportagem fala sobre esportes e stress na rotina dos jornalistas, apresentada pelo repórter Rinaldo Augusto. Também é importante destacar que ao longo do jornal uma matéria foi introduzida, feita pela repórter Leidiane Campos, produzida por outros grupos na disciplina e posteriormente adicionados ao nosso produto. Esse rodízio aconteceu com todos os grupos. Com relação aos stand-up s, foram produzidos dois materiais. O primeiro foi feito sobre as inscrições do mestrado profissional em Tecnologias, Comunicação e Educação, com a repórter Francine Naves; o segundo foi feito pela estudante intercambista Moeko Sato, que veio do Japão. Ela entrevistou o autor de um livro sobre esporte que retrata os 30 anos da conquista da Taça CBF (Campeonato Brasileiro Série B) pelo Uberlândia Esporte Clube. 12 Tipo de câmera feita para o consumidor não profissional. 8

Ademais, um link foi realizado com o repórter Guilherme Fragosso mostrando a exposição Jogos Indígenas no Brasil, direto do Museu do Índio em Uberlândia. CONSIDERAÇÕES O telejornal é um dos principais produtos da grade televisiva de muitas emissoras e faz parte da rotina de muitos profissionais da área de comunicação. Por isso, a produção deste telejornal laboratório pelos integrantes do grupo foi essencial para a formação dos alunos enquanto jornalistas, contribuindo para a percepção do que se pode encontrar no mercado de trabalho. A experiência de finalizar um telejornal com fade 13 de 23 minutos de produção foi um bom desafio e percebemos o quanto é trabalhoso o fechamento de um jornal. Alguns elementos que são responsáveis pela concepção de um telejornal foram vivenciados pelos integrantes do grupo. Reuniões de pauta, produção de entrevistas, marcações de locais, captação de imagens, fechamento de texto, gravação de OFF, gravação de cabeças e edição deixaram de ser conceitos apenas teóricos e se tornaram elementos palpáveis e executáveis. O telejornalismo possui um sentido relevantes socialmente. O telejornal é responsável por levantar, apurar e construir as informações da maneira mais simples e objetiva possível, proporcionando para o consumidor um produto de qualidade. A notícia, desde a construção da pauta até a veiculação, passam por critérios jornalísticos que levam em consideração, principalmente, a seguinte pergunta: esse fato possui relevância para a sociedade? É uma informação importante para as pessoas? Vão ajudá-las de alguma maneira? Esse projeto também contribuiu para a prática de diversos produtos jornalísticos que são feitos para a produção de um telejornal. Construímos escalada, matérias externas, standup s, notas, previsão do tempo, entrevistas no estúdio, entradas ao vivo e utilizamos o teleprompter. O produto final pode ser acessado por meio do link: https://www.youtube.com/watch?v=tccwyci5j84 13 Tempo máximo de produção do telejornal, geralmente estipulado pela programação por meio do controle mestre ou máster. 9

REFERÊNCIAS BRASIL, Antonio. O ensino de telejornalismo no Brasil: entre a teoria e a prática. Logos, v. 8, n. 1, p. 40-46, 2001. BRASIL, Antonio; EMERIM, Cárlida. Por um modelo de análise para os telejornais universitários. Seminário Internacional Análise de Telejornalismo: desafios teórico metodológicos, 2011. MACHADO, Arlindo. As vozes do telejornal. A televisão levada a sério, 2000. ARAÚJO, Ellis Regina; SOUZA, Elizete Cristina de. Obras jornalísticas Uma síntese. Brasília: Vestcon, 2008. VIZEU JR, Alfredo. Decidindo o que é notícia: os bastidores do telejornalismo. EDIPUCRS, 2005. 10