TÍTULO: OS PRINCÍPIOS DO EQUADOR E O SISTEMA FINANCEIRO - FERRAMENTAS PARA A GESTÃO SOCIOAMBIENTAL BRASILEIRA 1



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TÍTULO: OS PRINCÍPIOS DO EQUADOR E O SISTEMA FINANCEIRO - FERRAMENTAS PARA A GESTÃO SOCIOAMBIENTAL BRASILEIRA 1 Vânia de Lourdes Marques, Sandra Hacon e Valéria da Vinha RESUMO Os Princípios do Equador, uma iniciativa do Banco Mundial e da IFC International Finance Corporation constituem padrão de referência internacional para tratar de riscos sociais e ambientais no financiamento de projetos de investimento de grande porte. O presente artigo analisa tal Acordo como mecanismo de auto-regulação aplicável ao sistema financeiro e ferramenta para a gestão socioambiental de grandes projetos de desenvolvimento. Aborda as bases conceituais do Acordo e levanta a situação atual de sua aplicação no Brasil, enfatizando os bancos signatários, parâmetros usados em sua aplicação, tipos de empresas atingidas e possíveis efeitos das medidas preconizadas nos tomadores do crédito em relação à sustentabilidade. Os projetos são classificados pelos bancos conforme o nível de risco social e ambiental e estes devem exigir dos financiados medidas para minimizá-los. O Acordo pode ser caracterizado como uma ferramenta de gestão socioambiental que contribui para o desenvolvimento sustentável nos países em que os bancos atuam, facilitando a identificação, avaliação e gestão dos riscos sociais e ambientais do crédito. Constitui ponto de partida para a adoção de práticas e procedimentos visando melhor qualidade dos créditos e o financiamento de projetos sustentáveis. Assim, pode contribuir para a criação e disseminação de uma cultura de crédito social e politicamente correta, agregando ao sistema bancário papel mais efetivo na indução da sustentabilidade. Para a obtenção de algumas informações e avaliação de como está sendo aplicada no Brasil, foi estruturada pesquisa exploratória em alguns bancos que atuam no País, inicialmente com a realização de revisão bibliográfica analítica, incluindo coleta e a avaliação de dados e informações, principalmente nos Relatórios Sociais e Websites dos Bancos. Em seguida, foi estruturado questionário simples, encaminhado a alguns bancos, visando complementar as informações inicialmente levantadas. PALAVRAS-CHAVE: sustentabilidade financeira, sustentabilidade socioambiental responsabilidade social sistema financeiro brasileiro 1. INTRODUÇÃO O setor financeiro brasileiro possui uma atuação bastante relevante no contexto social e econômico, financiando a produção, viabilizando investimentos, financiando a dívida pública e oferecendo produtos e serviços bancários à população. A competitividade gerada pela sua inserção no mercado globalizado, exige não só desempenho econômico-financeiro adequado, mas também a adoção de políticas e práticas que respeitem o meio ambiente e considerem o bem-estar da sociedade. O papel dos bancos vem sendo constantemente reavaliado, especialmente em relação à oferta de crédito, visto como o mais relevante instrumento de estímulo ao desenvolvimento. A concessão de crédito vem considerando, cada dia mais, além dos parâmetros tradicionais, os impactos sociais e ambientais dos empreendimentos. Nesse contexto, a criação dos Princípios do Equador (PE), há cerca de dois anos, surge como uma iniciativa de auto-regulação do setor que pode contribuir para tornar concretos os esforços no sentido de melhorar as práticas bancárias em especial em relação ao crédito. Este artigo se propõe a realizar uma análise preliminar da adoção dos PE pelos bancos que atuam no Brasil, bem como a avaliar o potencial desse instrumento como indutor da responsabilidade socioambiental nas empresas brasileiras. Destaca pontos fortes e possíveis limitações para a adoção dos Princípios levantando alguns questionamentos, tais como:! quais são os impulsionadores para adoção dos Princípios?! quais os critérios básicos utilizados em relação aos projetos a financiar? 1 Artigo apresentado no VIII ENGEMA, Rio de Janeiro, 2005.

! quais os ganhos obtidos pelos bancos nos negócios relacionados ao crédito?! qual o alcance das medidas previstas nos PE na indução de práticas socioambientais adequadas nos bancos e nas empresas?! quais são os fatores que facilitam ou limitam a implantação dos PE no Brasil? Entre os 28 bancos signatários em todo o mundo, mais de 60% são brasileiros ou atuam no Brasil (Fonte: www.equator-principles.com Acesso em: 13 de Jun. 2005). Tal interesse leva a crer que a referida ferramenta tende a influenciar significativamente o crédito direcionado a grandes empreendimentos no País 2. METODOLOGIA Este artigo constitui uma síntese da pesquisa de dissertação de mestrado, cujo tema é a sustentabilidade social, econômica e ambiental como ferramentas de gestão do Sistema Bancário, enfocando os Princípios do Equador como possível instrumento para a busca da sustentabilidade, através do crédito responsável. Esta pesquisa foi realizada a partir de uma revisão bibliográfica abordando os conceitos de sustentabilidade social, econômica e ambiental, responsabilidade social empresarial e os Princípios do Equador, seguida de ampla revisão bibliográfica em Relatórios Sociais e Websites dos bancos, entre outras fontes. Para viabilizar a pesquisa, que tem caráter exploratório, um estudo piloto foi desenvolvido junto a alguns bancos que atuam no Brasil. Para isto, foi elaborado um questionário simplificado, semi-estruturado, contendo questões abertas, tendo como base questionamentos estruturados a partir da revisão da literatura. Esse questionário foi enviado por e-mail para seis bancos signatários dos Princípios do Equador, obtendo-se 50% de retorno (3 bancos). Os bancos selecionados deveriam atender, no mínimo, aos seguintes requisitos: grande porte, estando entre os 20 maiores por ativos totais (Fonte: Marques, 2004) com forte presença no mercado, brasileiros e estrangeiros que atuam no Brasil, particulares e públicos. O reduzido número de questões elaboradas no referido questionário e a amostra utilizada justificam-se por tratar-se de uma pesquisa exploratória. Paralelamente, foi realizada uma pesquisa nos Sites dos seis bancos abrangidos, Banco Mundial, IFC, Equator Principles, BankTrack, etc., além de Relatórios Sociais desses bancos. O objetivo do questionário foi complementar os dados disponíveis nessas fontes e obter informações mais abrangentes e aprofundadas sobre a aplicação dos PE. Procurou-se avaliar, também, os possíveis efeitos indutores de práticas de sustentabilidade e responsabilidade social em organizações financiadas, bem como o alcance dessa transformação, através de pesquisa qualitativa e bibliográfica. Para incluir no estudo a visão das partes interessadas agregou-se à análise, outros atores sociais como a ONG BankTrack, que desenvolve o acompanhamento da implantação dos Princípios do Equador em nível mundial. 3. MARCO CONCEITUAL: SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA A partir do final do século passado, vimos assistindo à intensificação das discussões a respeito das conseqüências do desenvolvimento econômico, no tocante aos impactos ambientais gerados pelos projetos de desenvolvimento ao meio ambiente e à desigualdade social, que tem ampliado a distância entre as nações e populações ditas desenvolvidas e aquelas que ficaram à margem do desenvolvimento econômico. Os efeitos desse desenvolvimento, cujo foco maior são as questões econômicas, se fazem sentir através de graves problemas ambientais como poluição do ar e da água, efeito estufa, redução das reservas de recursos naturais, redução da biodiversidade, desmatamento e geração excessiva de lixo e resíduos e, consequentemente seus efeitos à saúde humana.. Os impasses no desenvolvimento humano e social se fazem sentir através de problemas que vão

da extrema pobreza e fome, passando pelo desrespeito aos direitos humanos fundamentais, falta de saneamento básico e assistência à saúde, falta de oportunidades de educação e trabalho, etc. O Relatório Brundtland, produzido pela Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, passou a difundir um outro conceito, chamado desenvolvimento sustentável, que combina as necessidades de desenvolvimento atuais, com aquelas das futuras gerações, de forma a preservar os recursos do planeta, numa perspectiva holística e de longo prazo (CMMAD, 1988). Desenvolvimento, portanto, passa a incorporar, além das questões econômicas, também aspectos ambientais e sociais. Segundo a GRI (Global Reporting Initiative), essas três dimensões compreendem:! a sustentabilidade econômica, ligada aos impactos econômicos causados pelas atividas da empresa nas diversas partes interessadas e nos sistemas econômicos;! social, relacionada ao impacto da organização no meio social onde inserida, podendo assumir abrangência local, nacional ou global.! Ambiental, concernente aos impactos nos sistemas naturais. (Fonte: www.globalreporting.org. Acesso em: 15.06.20054). Posteriormente, na Conferência Rio 92, a Declaração do Rio agrega questões fundamentais como o princípio poluidor-pagador (Princípio 15), em que o agente responsável pela poluição passa a ser responsável pelo ônus ambiental decorrente de suas atividades. Introduz, ainda, o princípio de precaução (Princípio 16), que recomenda a adoção de medidas para controle e prevenção de danos graves ao meio ambiente, independente de certeza científica sobre esses danos (Fonte: http://www.ibot.sp.gov.br/legislacao/wrio.doc. Acesso em: 01 de Fev. 2005). Embora as discussões sobre o desenvolvimento sustentável venham se sofisticando e se aprofundando, o conceito de sustentabilidade ainda não atingiu um consenso no seio da sociedade. Almeida (Trigueiro, Org, 2003) destaca a necessidade de integração entre o setor empresarial, a esfera pública e a sociedade civil, como forma de conjugar inovação, prosperidade. Para o autor, cabe aos governos fornecer as condições básicas para o desenvolvimento e às empresas atuarem em consonância com padrões mais sustentáveis de produção, observando os padrões éticos demandados pela sociedade civil. Recentemente, temos assistido no Brasil à ampliação da visão estratégica das empresas sobre seu negócio, que começa a ser percebido não como algo restrito aos muros da organização, mas algo mais orgânico, que afeta e é influenciado pelo ambiente onde está inserido, de forma cada vez mais ampliada, envolvendo os diversos atores sociais de relacionamento da empresa e conectando-se com as questões sociais e ambientais. É nesse sentido que caminham os movimentos ligados à busca da sustentabilidade e da responsabilidade social corporativa. Uma empresa socialmente responsável preocupa-se em desenvolver seu negócio considerando, além dos interesses dos acionistas, também os dos chamados stakeholders ou partes interessadas, criando valor para esses diversos públicos, de forma ética e transparente. Assim, ganha valor intangível que é incorporado à marca, presta contas à sociedade em relação ao comprometimento ambiental e social, práticas de governança e transparência e atrai investidores interessados em papéis de empresas comprometidas com tais valores e ações tendência que vem se ampliando em nível mundial. Muito embora empresas de diferentes setores estejam fortemente mobilizadas no sentido de conquistar reconhecimento do mercado e da sociedade, resultados práticos mais efetivos são ainda modestos. Até o momento, os Princípios do Equador constituem a principal ferramenta do setor financeiro capaz de viabilizar mudanças estratégicas na direção da sustentabilidade.

4. OS PRINCÍPIOS DO EQUADOR O surgimento dos Princípios do Equador está fortemente correlacionado com a atuação do Banco Mundial e da IFC International Finance Corporation, seu braço financeiro. O Banco Mundial é composto por cerca de 180 países. Possui cinco unidades autônomas, entre elas a IFC, maior fonte unilateral de financiamento de projetos do setor privado no mundo e cujo objetivo maior é a melhoria da qualidade de vida nos paísesmembro. Normalmente atua em conjunto com outros investidores ou como intermediária em sindicalizações. Presta consultoria aos governos visando estimular o fluxo de poupança interna e externa, via investimentos e contempla projetos técnica e economicamente viáveis, com boa perspectiva de fluxo de caixa e que beneficiem a comunidade local. (Cavalcanti e Misumi, 2002). A idéia de criar diretrizes para o crédito ambiental e socialmente adequado foi lançada em Outubro de 2002, em encontro entre o Banco Mundial, a IFC e diversos bancos. Em conseqüência, foi criado um padrão de referência visando o tratamento de riscos sociais e ambientais para projetos de investimento de grande porte (project financing). Em 4 de junho de 2003 os Princípios do Equador passaram a vigorar, como resultado desse processo. Os Princípios utilizam como referência os padrões da IFC e do Banco Mundial para concessão de crédito, criados entre 1990 e 1998, denominados salvaguardas, cuja aplicação é de responsabilidade dos bancos signatários, que precisam investir na qualificação de seus analistas de crédito para viabilizar o atendimento dos requisitos (Fonte: www.unibanco.com.br - Acesso em: 26 de Jun. 2005). Constituem um conjunto de nove Princípios a serem aplicados no financiamento de projetos de investimento de valor igual ou superior a US$50 milhões, atendendo não só aos critérios econômico-financeiros tradicionais, mas também a parâmetros de viabilidade socioambiental. Os bancos signatários devem comprometer-se a não fornecer recursos para clientes que não queiram ou não tenham condições adequar-se às políticas e procedimentos sociais e ambientais preconizados no documento. (Fonte: www.equator-principles.org Acesso em: 13 de Jun. 2005). Entre suas finalidades incluem-se:! agregar conseqüências sociais e ambientais desejáveis aos projetos financiados, promovendo o desenvolvimento sustentável nos países de atuação dos bancos;! proporcionar aos bancos a identificação, avaliação e gestão dos riscos ambientais e sociais dos empreendimentos financiados;! ser um ponto de partida e fornecer ferramentas aos bancos para a implantação de padrões e procedimentos de âmbito socioambiental nos seus negócios. Os projetos são classificados em três categorias, dependendo do tipo, localização, nível de sensibilidade e escala e ainda de acordo com a magnitude dos potenciais impactos negativos que possam causar, sob os aspectos social e ambiental: Categoria A alto potencial de efeitos negativos situações em que os efeitos ambientais possam ser significativamente adversos ou irreversíveis, afetar grupos étnicos ou minoritários, envolver deslocamento de populações ou afetar sítios de heranças culturais significativas. A avaliação ambiental deve contemplar os efeitos positivos e negativos do projeto, comparativamente a outras alternativas viáveis e recomendar medidas para prevenir, minimizar, mitigar ou compensar impactos adversos e melhorar a performance ambiental. Normalmente é requerido um levantamento ambiental completo, geralmente sob a forma de EIA (Estudo de Impacto Ambiental). Categoria B médio potencial de efeitos negativos situações em que os impactos ambientais em populações ou habitas naturais sejam menos severos. Esses efeitos muitas vezes estão restritos a algum site, poucos ou nenhum deles é irreversível, e muitas vezes medidas mitigatórias podem ser adotadas mais prontamente do que aqueles da Categoria A, permitindo que o escopo da avaliação ambiental seja mais reduzido.

Categoria C efeito negativo muito reduzido ou nenhum efeito negativo nesse caso, não é exigida a avaliação ambiental. Todas as categorias devem ser submetidas à análise do risco socioambiental, fundamentada nos critérios da IFC, porém o estudo de impacto socioambiental só será necessário para as categorias A e B, devendo abranger os seguintes tópicos:! a partir da análise dos impactos dos projetos A e B, um plano de gerenciamento socioambiental, se este for considerado necessário;! também para os projetos A e B, se considerado necessário, consulta e diálogo com as partes interessadas afetadas pelo projeto, analisados por especialistas independentes;! monitoramento do plano de gestão socioambiental, incluindo o descomissionamento ou desativação, se for o caso;! auditoria e relato, realizado por entidades externos;! verificação de regularidade em relação a contratos ou acordos anteriores. Os princípios são de caráter voluntário, constituindo um instrumento útil para que os bancos possam desenvolver estratégias competitivas e práticas de gestão para uso interno, nas operações de crédito, de forma a reduzir o risco socioambiental de suas operações, contribuir para melhor qualidade do crédito e para o desenvolvimento sustentável. Em número de nove, são eles (Fonte www.equator-principles.com Acesso em: 13 de Jun. 2005 ): 1) somente destinar recursos a projetos cujo risco tenha sido previamente categorizado de acordo com diretrizes internas baseadas nos critérios da IFC, inclusos no tópico Exhibit I do documento. 2) Para as categorias A e B o tomador do recurso deverá ter apresentado uma avaliação ambiental de acordo com as especificações do Acordo. 3) A avaliação do projeto deve ter contemplado 17 requisitos, incluindo: avaliação das condições preexistentes, atendimento à legislação e tratados internacionais pertinentes, uso de substâncias perigosas e de recursos naturais renováveis, saúde e segurança ocupacional, impacto em povos e comunidades indígenas, proteção da biodiversidade, impactos socioeconômicos, produção e uso eficiente de energia, prevenção da poluição e minimização de resíduos, etc. Em todos os casos, o projeto deve também atender aos requisitos mínimos preconizados pelo Banco Mundial e IFC previstos no documento Pollution Prevention and Abatement Guidelines (tópico Exhibit III) e, para projetos localizados em nações pobres ou em desenvolvimento (caso do Brasil), a Avaliação Ambiental deve considerar as políticas e salvaguardas da IFC (IFC Safeguard Policies - Exhibit II). 4) Para todos os projetos Categoria A e para alguns da Categoria B, o tomador deve apresentar um Plano de Gestão Ambiental envolvendo mitigação, monitoramento, plano de ação, gestão de riscos e compromissos. 5) Idem, quanto à consulta aos grupos afetados pelo projeto, disponibilizando os relatórios resultantes para o público. 6) O tomador se compromete a: executar o projeto de acordo com o Plano de Gestão Ambiental; providenciar relatórios regulares demonstrando a conformidade com o Plano e assegurar o adequado descomissionamento ou desativação do empreendimento, quando aplicável. 7) Quando necessário, os financiadores podem recorrer a especialistas externos para assegurar monitoramento e relato adicionais. 8) Em situações em que o tomador esteja em desacordo com os compromissos ambientais e sociais citados, de forma a colocar o financiamento em situação irregular, os bancos se comprometem a engajar-se nos esforços de regularização. 9) Aplicam-se a projetos cujo custo seja igual ou superior a US$ 50 milhões.

Os bancos signatários deverão ainda reportar-se às diretrizes setoriais específicas da IFC e do Banco Mundial, como o World Bank Pollution Prevention Abatement Handbook (PPAH). Quando não disponíveis para um determinado segmento produtivo, deverão ser usadas diretrizes gerais, como The World Bank General Guidelines e IFC General Health and Safety Guidelines, (Ref )com as modificações necessárias às peculiaridades do projeto. A IFC, no documento The Equator Principles, afirma acreditar que a aderência a tais princípios traz benefícios ao setor financeiro, a seus clientes e às partes interessadas, destacando sua capacidade de capacitar os bancos para documentar e gerir a exposição a riscos sociais e ambientais associados a projetos por eles financiados, bem como para agir proativamente junto aos stakeholders nas questões ligadas a políticas ambientais e sociais. Os Princípios já contam com 28 grupos signatários em nível mundial (18 deles no Brasil), responsáveis por cerca de 80% dos financiamentos de grande porte no mundo (Fonte: www.equator-principles.com ). Os bancos signatários estão relacionados no Quadro 1, abaixo: Quadro 1 - Bancos Signatários dos princípios do Equador em 06.05.2005 BANCOS BRASILEIROS BANCOS ESTRANGEIROS BANCOS ESTRANGEIROS QUE OPERAM NO BRASIL Banco do Brasil ABN Amro Real CIBC Banco Itaú e Itaú BBA Bank of América Dexia Group Bradesco Barclays EKF Unibanco BBVA KBC Calyon MCC Citigroup Mizhuo Corporate Bank Credit Suisse Royal Bank of Canada Dresdner Scotiabank HSBC The Royal Bank of Scotland HVB Wespac Banking Corporation ING Rabobank Standard Chartered WestLB Fonte: www.equator-principles.com e www.febraban.org.br Acesso em 06 de Maio 2005 5. O SISTEMA FINANCEIRO BRASILEIRO E O CRÉDITO Os bancos desempenham um papel de grande influência no cotidiano de governos, empresas, comunidades e no dia-a-dia das pessoas, o que ressalta a importância de sua atuação em relação à busca do desenvolvimento sustentável e ao incentivo de práticas empresariais socialmente responsáveis (Fonte: <www.febraban.org.br>. Acesso em: 28.03.2004.) O Sistema Financeiro brasileiro é responsável pelo fornecimento de produtos e serviços a um segmento expressivo da população brasileira, além de financiar a dívida pública nacional, via títulos públicos, e contribuir para a geração de riquezas, através do crédito. A exemplo do que ocorre com as empresas em geral, o papel dos bancos vem sendo rediscutido, sendo significativa a pressão da sociedade no sentido de intensificar sua atuação na redução das desigualdades sociais, crescimento da economia e democratização dos serviços e produtos bancários, e no finaciamento de projetos de desenvolvimento socioambientalmente sustentáveis ( Por favor coloque uma referencia do Banco Mundial). Segundo Sandroni (1999), o Sistema Financeiro Nacional pode ser assim definido:

Conjunto de instituições financeiras voltadas para a gestão da política monetária do governo, sob a orientação do Conselho Monetário Nacional (CMN). Abrange, além do CMN, o Banco Central do Brasil, Banco do Brasil, Banco Nacional de Desen-volvimento Econômico e Social e Bancos Regionais de Desenvolvimento, Banco Nacional da Habitação, sociedades de crédito imobiliário, associações de poupança e empréstimo, cooperativas habitacionais, Caixa Econômica Federal e as estaduais, Bolsas de Valores, fundos de investimentos, sociedades financeiras e de crédito e financiamento, distribuidoras de valores e corretoras. (Sandroni,1999, apud Marques e Alledi, 2004) Segundo COSTA e ARRUDA (1999), no sistema bancário brasileiro predominam os bancos múltiplos, organizações que oferecem produtos e serviços diversos, tais como financiamento ao setor produtivo e pessoas físicas, seguros, capitalização, cartões de crédito, project finance (operações estruturadas), comércio internacional, etc. Em 31 de dezembro de 2003, havia no Brasil 141 bancos múltiplos, 23 bancos comerciais, 31 bancos de investimento além de diversas outras instituições financeiras e de poupança e empréstimos (Fonte: www.unibanco.com.br - acesso em 06.07.2005). Os bancos têm sido citados como segmentos de alta rentabilidade, elevada freqüência de reclamações de consumidores e altos índices de demissão de funcionários, questões que têm levado a sociedade a questionar seu papel e sua forma de atuação. Como exemplo, Gomes(2001) cita a forte redução do contingente de bancários entre 1985 e 1999, que passou de 993,6 para 414 mil funcionários. Os Princípios do Equador contêm diretrizes que pode auxiliá-los na busca de uma atuação mais ética e social e ambientalmente adequada, de forma a apresentar respostas mais satisfatórias às demandas da sociedade e do mercado. A história da concessão de crédito bancário no Brasil está correlacionada com a própria evolução das questões ambientais, ou seja, até a década de 70 e parte dos anos 80 não havia maiores preocupações ambientais ou mesmo sociais. Segundo ADAMI (2004), com a Lei da Política Nacional de Meio Ambiente (Lei 6938/81), o crédito passou a ser considerado um dos instrumentos de comando e controle ambiental. O autor refere-se, ainda, à Lei de Crimes Ambientais (Lei 9605/98), que aborda as situações em que a atividade bancária possa ser considerada lesiva ao meio ambiente inclusive no tocante à atuação dos gestores dos bancos ( gestão temerária ambiental ), prevendo sanções penais e administrativas tanto para os bancos quanto para seus administradores. Afirma que a Constituição Brasileira pressupõe a responsabilidade dos bancos na concessão de crédito: O artigo 225 da Constituição Federal do Brasil encerra o dever do Poder Público, de preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações, mas também impõe o mesmo dever à Coletividade. Incluir-se neste conceito constitucional de Coletividade para os bancos, públicos ou privados, uma prioridade urgente, pois, não se pode admitir que os bancos pretendam estar fora da coletividade. (Fonte: ADAMI, 2004, Apud Marques, 2004) Assim sendo, cada dia fica mais difícil dissociar as instituições financiadoras das conseqüências do uso do dinheiro em projetos que não considerem aspectos sociais e/ou ambientais. A FEBRABAN considera o componente socioambiental do crédito como o item mais complexo na relação do setor bancário com o meio ambiente. O Relatório 2002 (Fonte: www.febraban.org.br. Acesso em: 28 de jun. 2005) apresenta algumas tendências, embora fundamentado em respostas qualitativas, mostrando que:! 39,5% dos respondentes afirmaram considerar aspectos socioambientais na concessão de crédito;

! 8% já realizam auditorias sócio-ambientais em seus clientes; 16% oferecem produtos e serviços de cunho socioambiental aos clientesentre os aspectos observados para a concessão de crédito, citados no Relatório FEBRABAN 2002 (19 bancos respondentes) (REG?)), incluem-se: risco de fluxo de caixa face a multas e encargos ambientais; obediência à legislação ambiental e exigência de licenças e pareceres; preocupação com aspectos sociais como geração de emprego e renda; foco em processos produtivos com menor impacto ambiental; apoio à recuperação de passivos ambientais; comprometimento do cliente com o desenvolvimento sustentável da região onde está inserido; possível rejeição do empreendimento pela população atingida e reclamações de ONGs, entre outros. (Fonte: www.febraban.org.br. Acesso em: 28.03.2004) Uma das modalidades de crédito é o Project financing, que será aqui conceituada devido à sua correlação com os PE. Segundo Rocca, Org. (2004), project financing é uma modalidade de financiamento que envolve projetos viáveis econômica e financeiramente e que geram fluxo de caixa suficiente para amortização e remuneração dos capitais investidos. Outras características de destaque são a gestão compartilhada, viabilidade comercial, remuneração variável, participação facultativa do setor público. O autor afirma que, no Brasil, este tipo de projeto aplica-se aos investimentos em infra-estrutura, geralmente realizados pela iniciativa privada, através de concessões governamentais. O sistema de captação de recursos envolve recursos próprios dos empreendedores, financiamento via BNDES e recursos captados de investidores através de debêntures de renda fixa ou variável, dentro do conceito de project finance. Segundo o BankTrack, (Fonte: www.banktrack.org Acesso em: ) ONG dedicada ao acompanhamento da implantação dos PE em nível mundial, muitas dessas operações estão respaldadas em forte endividamento, com o tomador assumindo apenas 20 a 40% dos recursos demandados pelo projeto. Esta modalidade é usada principalmente para novos empreendimentos, como grandes complexos industriais, barragens hidrelétricas, infraestrutura de comunicações, ductos de óleo e gás, plantas petroquímicas, elétricas e de papel e celulose e grandes empreendimentos imobiliários. Este tipo de projeto tornou-se muito popular na segunda metade dos anos 90, atraindo investimento privado para países emergentes e em desenvolvimento. Esses projetos interessam aos governos por direcionarem recursos privados para necessidades específicas de desenvolvimento do país. Para os tomadoras dos créditos, permite realizar a operação sem onerar o balanço. Para bancos e investidores, são atrativos porque ampliam o portfolio e diluem o risco entre diversos participantes. Como, em geral, envolvem impactos sociais e ambientais significativos, atraem o interesse de ONGs e da sociedade em geral. O Brasil é o país que recebeu mais recursos para project financing entre os países da América Latina e Caribe, no período de 1998 a abril de 2003: do total de US$184,7 milhões, recebeu US$ 85,8, ou 46,5% do total, em 156 operações. (Fonte: www.banktrack.org. Acesso em 03 de Jul 2005). Embora o Citigroup seja o principal player desse mercado na citada região, o BNDES-Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social é também considerado bastante importante, com operações envolvendo valores em torno de US$6,5 milhões. (Fonte: www.banktrack.org Acesso: 3 de Jul. 2005) As Parcerias Público-Privadas vêm sendo apontadas como possíveis responsáveis pela futura expansão desta modalidade de financiamento. As PPP envolvem projetos considerados de interesse público, que podem ou não apresentar viabilidade econômica e financeira e contam com garantia do setor público visando assegurar a remuneração do capital investido e o retorno do crédito concedido. Portanto, não são auto-sustentáveis, são calcados em dotação orçamentária, na qual pressupõe-se a participação do setor público; a gestão é tutelada e seu pagamento condiciona-se ao atingimento de metas e resultados ( Fonte: Rocca, Org. 2003).

Devido ao escopo desse trabalho, não incluímos, nessa etapa, dados sobre crédito no Brasil, especialmente as aplicações em project financing. 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO São apresentadas, em seguida, as informações obtidas a partir da analise de documentos, sites e os questionários aplicados para os bancos pesquisados, conforme definido na metodologia.inicialmente, serão abordados os bancos que responderam ao questionário e em seguida os três outros bancos pesquisados. 6.1 Bancos que responderam ao questionário 6.1.1. Para cada banco respondente, são registradas, a seguir lugar as informações de domínio público: a) Banco ABN-Amro Real Segundo informações constantes nos dois últimos Relatórios Socioambientais do ABN AMRO Real o Banco vem trabalhando com a incorporação de critérios socioambientais à análise e condução do crédito desde 2002, tendo analisado, sob tal enfoque, 2,2 mil empresasbrasileiras, especialmente as de grande porte. Tal experiência facilitou a obtenção de uma linha da IFC de US$51 milhões, exclusiva para projetos socioambientais e de governança corporativa para clientes de pequeno porte. Também contribuiu para que fossem adotados os Princípios. O Banco foi um dos participantes da elaboração dos Princípios, e fez parte do grupo pioneiro em sua adoção, ocorrida em 4 de junho de 2003, com oito projetos já aprovados. Para viabilizar sua implantação, treinou mais de dois mil funcionários em política socioambiental, em 2002; ainda naquele ano, 200 diretores, gerentes e analistas de crédito foram treinados pela IFC. No período 2002/2003 a ONG Amigos da Terra treinou 1.300 gerentes. De setembro a dezembro de 2002 mais 200 analistas de crédito e gerentes de contas de grandes empresas foram capacitados. O objetivo foi preparar o pessoal para detectar problemas de cunho socioambiental, como poluição hídrica, desmatamento ilegal e contratação de mão-deobra infantil, entre outros exemplos, além de saber reconhecer a atuação empresarial focada na sustentabilidade. (Fonte: Relatório Brasil versão 2002-2003) b) Banco do Brasil O BB foi o primeiro banco oficial brasileiro a aderir aos PE, em 3 de março de 2005 e vê a medida como forma de reforçar o enfoque de responsabilidade socioambiental que já vinha sendo adotado nas análises de crédito. O BB vem focando a responsabilidade socioambiental em seus negócios, especialmente a partir de 2004, e entende que o crédito é a forma mais importante de incorporar tais conceitos nos produtos e serviços. (Fonte: www.equator-principles.com, acesso em 11.03.2005) Reportagem do Jornal Valor Econômico informa que o BB foi além do que preconiza os PE, pois adotará os critérios previstos no documento, ainda que envolvendo análise simplificada, para todas as empresas com faturamento acima de RS$ 100 milhões ou projetos de valores superiores a R$10 milhões. A análise de risco de crédito será ajustada para contemplar as referidas questões socioambientais, o que reforçará os controles de risco de crédito. (Fonte: www.valoronline.com.br/veconomico/financas/ Acesso em: 07.04.2005) Na reportagem, executivo do Banco afirma que "São inúmeros os casos na história do próprio BB, principalmente na década de 1970, de projetos que não mediram adequadamente esses riscos, e terminaram por causar prejuízos ao banco. Até a adoção dos PE, o BB exigia dos tomadores apenas o atendimento da legislação, geralmente envolvendo entrega de documentos, como licenças ambientais, EIA-RIMA, etc, para a liberação dos recursos. O Banco entende que, apesar dos custos adicionais para as empresas, incorridos com as análises exigidas pelos PE, sua implantação compensa, por evitar prejuízos futuros.

Atualmente, o BB possui em carteira 13 projetos com valores acima de US$50 milhões, sujeitos, portanto, aos critérios do PE, número que deverá crescer com as Parcerias Público-Privadas (PPPs). Serão exigidos estudos socioambientais para 300 projetos da carteira, com valores acima de R$10 milhões. Mil grupos com faturamento acima de R$100 milhões por ano passarão por verificação de políticas e práticas socioambientais. d) HSBC Tendo adotado os Princípios em 4 de setembro de 2003, o Banco destaca, em seu (www.hsbc.com.br Acesso em: 26 de Jun. 2005) que, apesar de serem uma iniciativa recente, enquadram-se em compromissos antigos do Grupo com a gestão de riscos ambientais, expressos no Manual Group Standard Manual (GSM), já que os princípios para gestão do crédito dos PE são compatíveis com as orientações de tal documento (Fonte: www.hsbc.com.br Acesso em 26.06.2005).O HSBC comprometeu-se a analisar cuidadosamente cada proposta enquadrável nos parâmetros dos PE, visando o cumprimento de tais critérios e dos padrões ambientais e sociais requeridos pelo Banco. O Banco afirma exigir dos clientes algumas responsabilidades adicionais, para as Categorias A e B. 6.1.2. A seguir, são apresentadas as respostas ao Questionário, fornecidas pelos bancos ABN AMRO Real-ABN (Fonte: comunicação pessoal), Banco do Brasil-BB (Fonte: comunicação pessoal) e HSBC (Fonte: comunicação pessoal) consta do Quadro 2, abaixo. Quadro 2 Questionário aplicado aos Bancos Nº da Pergunta Pergunta 1 Respostas Pergunta 2 Respostas Pergunta 3 TEXTO DA PERGUNTA Quais foram as principais motivações dessa empresa para a adoção dos Princípios do Equador (PE)? ABN - influenciar o mercado a adotar práticas de sustentabilidade nos negócios; evitar riscos de imagem e de reputação associados ao financiamento de projetos contendo riscos socioambientais significativos; reduzir o risco de crédito devido à não aprovação por instâncias governamentais, multas, etc. BB decorre do processo de consolidação da cultura interna de responsabilidade socioambiental, fortalecido pela criação de área corporativa específica, em 2003. Contribuiu, também, a adoção de critérios e indicadores socioambientais na avaliação de risco de crédito, que já vinha sendo adotada e está sendo aprimorada com os PE. As mudanças incidirão inicialmente sobre empresas com faturamento superior a R$ 100 milhões e projetos de valor igual ou superior a R$ 10 milhões. HSBC - As motivações para adoção dos Princípios vieram do próprio comprometimento do Grupo (princípios e valores) para com o Meio Ambiente. Quais são os critérios básicos utilizados na escolha dos projetos a financiar, especialmente em relação ao valor mínimo? ABN parâmetro de valor previsto nos PE; previamente à análise pelos PE, utiliza os critérios de sua política socioambiental e sua lista de setores críticos em relação a risco de crédito e de imagem por isso não atendidos; Somente os projetos novos, chamados greenfield, são enquadrados nos PE; aplica critérios socioambientais, que guardam correlação com os PE, para repasse de linhas da IFC e outras linhas do Banco, usando metodologia de análise e acompanhamento diferenciadas. BB parâmetro de valor previsto nos PE. (Nota: na resposta à questão anterior informa outros parâmetros de valor a serem adotados pelo BB). HSBC - Relacionamento com o cliente, qualidade do projeto, saúde financeira e idoneidade (envolve princípios éticos, Pacto Global e respeito ao meio ambiente). Em sua opinião, quais são os ganhos propiciados pela adoção dos PE, no tocante aos negócios ligados ao crédito?

Respostas Pergunta 4 Respostas Pergunta 5 Respostas ABN ganhos: maior segurança no retorno dos capitais aplicados, já que as empresas tendem a associar boa gestão socioambiental com boa gestão econômico-financeira; ganhos de imagem, ao associar o nome do banco a clientes e empreendimentos com boa performance socioambiental; e a possibilidade de elaborar plano estratégico preventivo, evitando surpresas negativas e perdas decorrentes de problemas ligados a licenciamentos, consultas a partes interessadas, etc., permitindo a redução do risco e reduzindo o aprovisionamento de recursos em balanço. BB - maior segurança nas análises de crédito, em relação aos riscos socioambientais dos projetos, embasadas nos instrumentos do Banco Mundial; fortalecimento da imagem do Banco junto à sociedade e aos formadores de opinião. HSBC - Qualidade das empresas e segurança de seus projetos, pois uma empresa que se esquece de procedimentos, normas e leis, passa por cima de muitos outros critérios, os quais aumentam o risco inerente do relacionamento e do financiamento. Qual o alcance das medidas previstas nos PE, no sentido de induzir a incorporação de conceitos e práticas de responsabilidade socioambiental nas empresas brasileiras, potencializando o papel dos bancos na indução da sustentabilidade? ABN - os projetos das Categoria A e B geralmente são ligados a grandes empresas, em geral já sensíveis à questão, o que facilita a implantação dos PE. Algumas empresas menores têm reação inicial negativa, vendo a questão como mais uma burocracia. O Banco visita a empresa, passa os conceitos, são feitos contatos com órgãos ambientais, ONGs, entre outras medidas, gerando aprendizado, que aumenta a conscientização. Desde a adesão do Banco, 13 projetos foram analisados ao amparo dos PE. BB - para maior alcance das medidas, os Bancos não devem ficar restritos aos PE, mas adotar critérios socioambientais no desenvolvimento de produtos e serviços e em seus processos de análise de risco de crédito. Sugere que o setor financeiro estabeleça instâncias auto-regulatórias em relação à adoção de critérios socioambientais, fixando patamares mínimos de compromissos das empresas, que seriam acompanhados e avaliados pelas próprias organizações do setor, e observadores da sociedade civil. HSBC na empresa, o Pacto Global e Respeito ao Meio Ambiente envolve todas as operações, não só as acima de US$ 50 milhões. Isto gera mudanças de comportamento, permeia a instituição e se dissemina na rede de negócios. Para as condições brasileiras, quais seriam os facilitadores e as limitações para a aplicação dos Princípios do Equador? ABN facilitadores: legislação completa e abrangente: pressão das ONGs sobre os bancos, responsabilizando-os pelo financiamento de empreendimentos danosos ao meio ambiente ou à sociedade; pressão da sociedade, em relação à postura socioambiental dos bancos. São limitações: alguns parâmetros dos Guidelines do Banco Mundial podem ser mais restritivos que a legislação ambiental; os obstáculos para se assegurar a qualidade e tempestividade no processo de análise e licenciamento dos projetos por dificuldades inerentes aos órgãos ambientais. BB - Limitações: recomendações que impliquem aumento de custos, que podem comprometer a viabilidade econômica do investimento. Entretanto, a competitividade do mercado externo, em relação a parâmetros socioambientais, tornam obrigatórios tais custos e podem também transformar tais limitações em oportunidades de novos negócios. Facilitadores: crescente conscientização do consumidor e do investidor brasileiros. A pressão do mercado acaba tendo um resultado mais direto que muitos discursos engajados em relação à busca da sustentabilidade nos negócios. HSBC - Facilitadores: aumento do grau de conscientização; aumento do número de bancos que aderiram ao PE; Standars de checagem. Limitações: maior disseminação dos procedimentos e aplicação para empresas; conhecimento detalhado da legislação, seus processos e autorizações/autuações jurídicas; adesão por completo da sociedade; início de processo com alto grau de dificuldade financeira de investimento para empresas em países emergentes

Outros comentários ABN - destacou a importância das PPPs como um fator de futuro incremento da demanda por projetos de grande porte, o que aumentaria o número de operações enquadráveis. O Banco não considera que a adesão aos PE no Brasil, admitida em alguns círculos internacionais como fator de co-responsabilização legal dos bancos, seja empecilho à sua adoção, já que tais questões já são abordadas na legislação (Lei de crimes ambientais e Constituição Federal). No caso de consórcio de bancos, os participantes signatários devem zelar pelo cumprimento dos requisitos, ficando o banco líder do consórcio como o principal responsável.destaca que a legislação brasileira é bastante rigorosa e por isso geralmente ao atendê-la o projeto atende as Guidelines do Banco Mundial(*),O que significa o **. Fonte: Comunicação Pessoal 6.1.3. Análise dos bancos respondentes pelo Banktrack O Banktrack é uma rede internacional composta por catorze organizações da sociedade civil que monitora as operações das instituições financeiras privadas e seus impactos sobre as comunidades e o meio ambiente. A entidade funciona como centro de referência internacional para informações e criação de estratégias para ONGs, sendo fonte de notícias para a imprensa especializada. A ONG brasileira Amigos da Terra é um de seus componentes (Fonte: http://www.banktrack.org). O Banktrack já realizou duas avaliações anuais dos PE baseadas em informações disponibilizadas ao público, através de Relatórios Sociais, Relatórios Anuais e Websites dos bancos e do Equator Principles. Seu 2º Relatório, de Junho de 2003, busca levantar se os benefícios vêm sendo atingidos e verificar se os bancos vêm implementando e aplicando adequadamente os princípios, acreditando que sua efetividade será demonstrada pela performance dos projetos apoiados e se eles criam maior participação e benefícios para as comunidades afetadas. Uma análise resumida, feita pela referida ONG, é apresentada a seguir: a) Analisando o Grupo ABN mundial, o BankTrack afirma haver bastante transparência na apresentação de dados, detalhando número de projetos analisados, aprovados e recusados, ressaltando que todos aqueles enquadrados passam por uma reavaliação, dentro dos requisitos dos PE. Destaca que o Site e o Relatório 2004 mostram estudos de caso com informações sobre como o Banco lida com os Princípios em nível de projeto, incluindo comentários sobre impactos positivos nos clientes e nas comunidades. A ONG afirma que o Banco criou políticas setoriais e tomou medidas efetivas com o objetivo de adotar, na prática, os PE, incluindo treinamento e criação de setores específicos, preparados para avaliar todos os projetos Categoria A e B. Destaca que os maiores esforços para desenvolver os PE ocorreram em suas unidades brasileiras. O banco desenvolveu ferramentas diagnósticas, filtros e sistemas automatizados para estudar riscos sociais e ambientais e está finalizando ferramenta especial para utilização na implementação dos Princípios. b) O BB ainda não foi analisado pelo BankTrack, devido ao pouco tempo desde sua adesão. Entretanto, a ONG destaca os compromissos assumidos pelo Banco no sentido de rever seu processo de análise de operações e de adotar valores mais baixos do que os previstos nos PE, para enquadramento. c) O HSBC mundial apresenta um dos mais abrangentes relatos sobre os PE entre os bancos analisados. Seu site inclui os passos já adotados para a implantação de cada um dos Princípios, com atualização periódica. Alguns tópicos apenas reiteram itens do Princípios, porém outros apresentam informações úteis, como uma tabela das transações por categoria,

tipo de empreendimento, número e tamanho do projeto, informações sobre não aprovação de propostas, em parte devido aos PE. Oferece também algumas interpretações desses dados. O Banco é um dos que aplicam os princípios para financiamentos abaixo de US$50 milhões, além de adotar critérios socioambientais na análise e condução de empréstimos corporativos. Afirma estar adotando critérios internacionais em todos os empréstimos comerciais e desenvolvendo políticas setoriais e foi um dos poucos bancos a comentar seu envolvimento em empréstimos sindicalizados com bancos não signatários, afirmando que prefere participar quando os bancos o são, principalmente o líder. O HSBC criou vários sistemas para implementação dos PE. Em 2004 treinou 179 funcionários, incluindo suas equipes de global project finance. Estabeleceu procedimentos internos para categorização dos projetos e adequação ao plano de gestão ambiental. Foi um dos poucos bancos que informou como seleciona consultores sociais e ambientais. O HSBC afirma que houve melhoria nos padrões ambientais e sociais em pelo menos três projetos que financiou em 2004. Para 2005, pretende intensificar os treinamentos, além de manifestar a intenção de liderar, no tocante aos PE. 6.2. Bancos que não responderam ao questionário 6.2.1. Informações gerais obtidas a partir de consultas em fontes de caráter público disponibilizadas pelos bancos pesquisados a) Bradesco - aderiu aos PE em 08 de setembro de 2004, comunicando o fato ao mercado em 8 de novembro, através de carta à CVM - Comissão de Valores Mobiliários. Nela, afirma que seria observado o critério de valor mínimo previsto nos Princípios, não tendo sido encontradas referências à aplicação de critérios semelhantes para empréstimos de valores menores, nem à utilização de linhas da IFC para repasse. O Banco destaca que...seu papel como um dos maiores financiadores da atividade econômica no País proporciona oportunidades significativas de contribuir para uma administração ambiental responsável (Fonte: http://www.bradesco.com.br/ri/ Acesso em 26 de Jun. 2005) O Banco não respondeu ao Questionário enviado por e-mail. b) Unibanco Segundo o Jornal O Globo (Fonte: www.globo.com.br. Acesso em: 26.06.2004) o Unibanco foi o primeiro banco brasileiro e também de países em desenvolvimento, a adotar os PE, o que ocorreu em 1º de junho de 2004. O Banco já vinha aplicando tais critérios para linhas da IFC, de forma coerente com sua preocupação de associar ao crédito fatores que contribuam para o desenvolvimento do país, através da preservação do meio ambiente e do bem estar da sociedade. Segundo informações do Banco, tais critérios vinham sendo aplicados no repasse dessas linhas e, com os PE, tal política passou a valer para todos os projetos acima de US$ 50 milhões, independentemente da linha utilizada. O Banco destaca que sua adesão aos princípios foi decisiva para que recebesse importantes premiações associadas a boas práticas socioambientais, o que reforçou positivamente sua imagem. c) Banco Itaú - O Banco aderiu aos Princípios em agosto de 2004, quando treinou cerca de 40 profissionais de diversas áreas do Grupo (Banco Itaú: atende clientes individuais e empresas; Itaú BBA, especializado em grandes corporações), utilizando instrutores oriundos da própria IFC. (Fonte: www.itau.com.br. Acesso em: 26.06.2005) No Relatório Social de 2004 (Fonte: www.itau.com.br. Acesso em: 26 de Jun. 2005) o Itaú sintetiza suas motivações para a adesão aos PE, conforme abaixo: Indicadores de desempenho ambiental (Pág. 4)..., a questão de preservação do meio ambiente está intimamente ligada, no caso de bancos e instituições financeiras, com a qualidade ambiental dos projetos financiados. Há um risco ambiental embutido que pode gerar passivos jurídicos, sociais, de reputação e imagem para o Banco. Desta forma, a conservação do meio ambiente é parte importante da estratégia do Itaú, que busca a sustentabilidade e o

crescimento dos negócios no longo prazo. Foi com base nessa estratégia que o Banco Itaú e o Banco Itaú BBA aderiram, em 2004, aos "Princípios do Equador", se comprometendo a observar a política social e de meio ambiente da IFC (International Finance Corporation) nas operações de financiamento de projetos acima de US$ 50 milhões. 6.2.2. Análise do Banktrack em relação aos bancos que não responderam ao Questionário a) A análise do BankTrack conclui que o BRADESCO não fornece relatos públicos sobre a implementação dos PE, parecendo haver uma limitada capacidade de gestão ambiental e nenhum compromisso público de buscar essa capacidade, afirmação que é corroborada pela pesquisa feita para embasar o presente artigo (site e relatórios anuais disponíveis do Banco). b) Segundo o BankTrack, o Itaú BBA atua no repasse de linhas de crédito da IFC, cuja aplicação exige que o banco tenha sistema de gestão ambiental, para que sejam adotadas as políticas ambientais e sociais da IFC. O Itaú cumpre esse requisito, demonstrando claramente a existência de tal sistema. Embora o Banco não tenha previsto fornecimento de informações em relação à implementação dos PE, a holding financeira notificou os acionistas, nos relatórios anuais de 2003 e 2004 sobre a adoção dos princípios, o que pode ser interpretado como um sinal de compromisso. c) Segundo o BankTrack, Unibanco fornece poucas informações sobre a adoção dos PE. O Site inclui uma descrição dos Princípios e um press release anunciando sua adesão, mas não inclui informações básicas sobre projetos implantados ou sobre o processo de implementação dos PE. Seu Relatório Social de 2003 apresenta três estudos de caso de projetos, porém não foram exemplos de PE. O banco parece ter um sistema de gestão ambiental estabelecido, como resultado de repassar linhas da IFC. 6.2. Discussão A análise das informações obtidas não permite chegar a conclusões definitivas, uma vez que os Princípios do Equador, instituídos há menos de dois anos, contemplam empreendimentos de longa maturação. Entretanto, observado o escopo e os limites da pesquisa, a mesma permitiu gerar discussões sobre alguns temas e aprofundar questionamentos em outros, indicando possibilidades de pesquisas futuras sobre o assunto, para as condições brasileiras. Há indicativos de que a experiência de alguns bancos com o repasse de linhas da IFC contribuiu significativamente para a adoção de padrões socioambientais no crédito, facilitando, por sua vez, a adoção dos PE e funcionando como indutor para a adesão de outros bancos, por uma questão de competitividade. Para viabilizar a adoção de suas políticas sociais e ambientais, a IFC exige que os bancos adotem um sistema de gestão ambiental. Alguns fatores são essenciais para a implantação dos Princípios, a exemplo de treinamento, considerado como um pré-requisito básico pelo BankTrack. Os bancos que relatam medidas efetivas nesse sentido tendem a apresentar ações de implementação mais consistentes. O mesmo ocorre em relação à criação de políticas setoriais, de áreas corporativas específicas para tratar do assunto e sistemas de análise, ferramentas e metodologias. Embora haja indícios de que o número de operações enquadráveis no Brasil seja reduzido, o alcance dos PE tende a ser ampliado, não só pela adoção de valores inferiores a US$50 milhões, como pelo estímulo à incorporação de critérios socioambientais na cadeia de negócios dos bancos. As PPP abrem a possibilidade de ampliar tais números e valores. O Banktrack também informa que alguns bancos adotam valores inferiores, em nível mundial. Bancos estrangeiros que atuam no Brasil, como HSBC e ABN, contam com incentivo adicional de suas matrizes, porém há relatos de unidades no Brasil estarem à frente da Matriz nas questões socioamentais ligadas ao crédito, caso do ABN.

As operações de project financing geralmente envolvem vários bancos, sob a forma de sindicatos, em que cada um assume uma fatia do financiamento. Isto gera uma situação peculiar, em que alguns bancos são signatários e outros não. As discussões sobre como tratar a questão já se iniciaram e, embora ainda não haja posicionamento definitivo, alguns bancos, como o HSBC, já consideram a adesão aos PE na escolha dos componentes do sindicato. Parece ainda não ser viável avaliar as melhorias ambientais e sociais nos projetos, pois são de longa maturação e os bancos que o fizeram há mais tempo adotaram os PE há dois anos e ainda não divulgaram informações concretas nesse sentido. Entretanto, já se pode criar metodologias de pesquisa visando seu acompanhamento, que é de grande interesse das ONGs e da sociedade, além dos bancos, IFC e Banco Mundial. Os bancos que responderam ao questionário declaram, como motivação para adoção dos PE, o comprometimento com a incorporação de valores e criação de cultura socioambiental e sua intenção de incentivar tal processo nas empresas. O risco de imagem relativo à associação a empreendimentos com problemas socioambientais ou de conformidade com leis e órgãos ambientais é outro ponto abordado por esses bancos. O banco Itaú, que não respondeu ao questionário, fala de passivos jurídicos, sociais, de reputação e imagem... decorrentes de riscos ambientais embutidos nos projetos. O BankTrack reafirma que os PE têm o potencial de auxiliar os bancos a alcançar os compromissos com a sustentabilidade, ao melhorar o design de projetos, sob o aspecto socioambiental (impacto nos clientes) e possibilitando melhor desenvolvimento para as populações locais (impacto nas comunidades). Os três bancos respondentes informaram adotar os Princípios - ou critérios semelhantes a eles - para valores abaixo de US$ 50 milhões, nem sempre sendo claros sobre quais seriam esses critérios ou sobre os parâmetros de valor mínimo; no caso do Banco do Brasil, os valores fixados são bastante claros. A maior segurança na análise dos projetos e no retorno dos capitais, devido à redução de risco de crédito associado às questões socioambientais foi apontada por todos os bancos respondentes do Questionário, com variações de enfoque. Exceto o HSBC, os demais também se referiram a ganhos de imagem em decorrência da associação com projetos sustentáveis. A possibilidade de elaborar planejamento estratégico, evitando perdas decorrentes de multas, ações de partes interessadas, etc., foi citada pelo ABN. Embora admitindo que a adoção dos PE gera custos para as empresas, estes são compensados, por evitar prejuízos futuros. O alcance dos PE, segundo o ABN, é mais acentuado nas empresas menores, que no início reagem negativamente, porém ao longo do processo de acompanhamento tendem a assimilar os novos parâmetros, gerando um aprendizado que afeta positivamente suas práticas. O HSBC relata mudanças também nos projetos abaixo de US$ 50 milhões, pois os novos conceitos e práticas passam a permear os negócios, mudando comportamentos. O BB entende que, para maior alcance, as medidas não devem ficar restritas a grandes projetos. Sugere a criação de instância auto-regulatória formada pelo setor e pela sociedade civil, para evitar que os signatários, pelo maior custo das operações e até pela eventual perda de clientes que não possam ou não queiram enquadrar-se nos Princípios, fiquem em desvantagem. Como facilitadores para a implementação dos PE, o ABN indicou a legislação completa e abrangente e a pressão das ONGs e da sociedade; o HSBC apontou o aumento da conscientização e do número de bancos que aderiram e ainda a criação de padrões de checagem; o BB, a conscientização do consumidor e investidor e a pressão do mercado. Como limitações, o ABN relatou os Guidelines do Banco Mundial, às vezes mais restritivos que a legislação ambiental, e dificuldades ligadas à qualidade e tempestividade no processo de análise e licenciamento. O HSBC citou a pouca disseminação dos procedimentos para as empresas, a falta de conhecimento detalhado da legislação e das conseqüências de sua inobservância, a baixa adesão da sociedade e as dificuldades financeiras e de investimentos

para empresas, em países emergentes. O BB coloca o aumento de custos decorrentes das recomendações, comprometendo a viabilidade econômica dos projetos. Analisando a implementação dos PE de forma global, o BankTrack destaca sua preocupação com as dificuldades de implementação, embora os veja como iniciativa positiva, especialmente no tocante aos compromissos públicos gerados. Ressalta a necessidade de transparência nas informações e prestação de contas (accountability) em relação à implementação e conformidade com os Princípios, como forma de promover sua integridade, aplicação e potencial. Entende que, para analisar se os benefícios apontados no Preâmbulo dos PE ocorreram, tanto para os bancos quanto para clientes e partes interessadas, e se disso resultou um melhor engajamento, os bancos devem relatar o que têm feito e qual sua percepção das mudanças positivas provocadas pelos PE. Segundo a ONG, até por estar em fase inicial, cabe aos bancos identificar os desafios e estabelecer objetivos de melhoria, como um sinal de boa gestão, nesta fase inicial. Considerando a análise em nível mundial dos PE (2º Relatório), o BankTrack conclui que, após dois anos, os bancos fizeram algum progresso na implementação dos PE, mas o impacto maior ainda não está claro. Entre os aspectos que melhoraram, apontou o fornecimento de informações ao público sobre a implementação, o fato de alguns bancos aplicarem valores inferiores a US$50 milhões, Entre os problemas, destaca que: muitos bancos ainda não criaram ferramentas, padrões, procedimentos, sistemas de auditoria, etc. para implementação dos PE; as reduzidas informações sobre efeitos dos Princípios nos bancos, clientes e comunidades. O estudo critica os PE quanto à ausência de mecanismos que assegurem transparência e accountability (prestação de contas), além de mecanismos de governança, tais como comitês que avaliem o que está sendo feito, os resultados, como difundir experiências, lidar com os problemas, etc. Alguns bancos europeus têm resistido em aderir aos PE devido a um possível aumento da exposição a reivindicações de responsabilidade criminal. Advogados especializados afirmam que, com os PE, os bancos são obrigados a solicitar informações sobre questões ambientais aos clientes, já que devem estabelecer planos de gestão ambiental e o tomador tem que emitir relatórios regulares para a instituição financeira, que passa a ficar ciente de qualquer brecha legal, o que pode configurar responsabilidade criminal ou conhecimento e permissão à poluição. Considera que os clientes podem não querer trabalhar com esses bancos, se eles se arvoram em desempenhar um papel regulatório, sugerindo que os bancos se protejam através de suporte técnico e legal para lidar com tais relatórios ambientais. A reportagem, numa análise em nível mundial, afirma que alguns bancos vêm usando os PE como meras cortinas, enquanto outros vêm estendendo seu uso além do negócio ligado aos grandes projetos, demonstrando real comprometimento com os princípios, do topo à base de suas organizações. Na lista de recomendações para os bancos estão incluídas: maior transparência nas informações sobre decisões ligadas aos princípios, adoção de uma abordagem conservadora na definição do nível de risco dos projetos e dispensa do valor mínimo de US$ 50 milhões. (Fonte: http://www.environmental-finance.com Acesso em: 26 de Jun. 2005) 7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES O estudo permite constatar que, embora não esteja claro, para alguns dentre os bancos brasileiros analisados, o estágio de comprometimento em relação à implantação efetiva dos PE, alguns já relatam suas providências de forma consistente, refletindo comprometimento real com os princípios nos vários níveis da organização, inclusive para valores inferiores ao patamar mínimo por eles fixado.

O nível de adesão dos bancos que atuam no Brasil aos PE pode ser considerado elevado e vem crescendo, comportamento que também pode ser atribuído ao fato de o setor bancário estar reavaliando seu papel em relação ao desenvolvimento do país e ao relacionamento com a sociedade, conforme demonstra a análise do Relatório de 2002 da FEBRABAN (Fonte: Marques, 2004) Permite acreditar, também, que a utilização de linhas da IFC para repasse, que obrigava à utilização de critérios semelhantes aos dos PE, foi fator motivador para adoção dos Princípios para alguns bancos e pode ter induzido outros a assinar o acordo. Ficou patente a necessidade de treinar adequadamente as equipes para a aplicação dos conceitos e requisitos, especialmente aquelas ligadas à análise de crédito e risco de crédito. A questão da imagem é um grande motivador para a adoção, tanto ligada ao enfoque de evitar danos decorrentes de associação do Banco com projetos com problemas socioambientais, como dos benefícios agregados pelo olhar positivo do mercado e da opinião pública em relação à atuação responsável, proposta nos Princípios. Diferentemente do que ocorre em outros países, especialmente da Europa, a possível reivindicação de co-responsabilidade legal decorrente da aplicação dos Princípios não parece ser empecilho para adoção, provavelmente devido às especificidades da legislação brasileira. É fundamental que os bancos disponibilizem informações públicas, de forma transparente, abrangente e tempestiva, sobre sua política, compromissos, estágio de implementação e dados sobre os projetos, entre outras. Seus Sites e Relatórios Sociais devem estar preparados para veicular tais informações de forma adequada. Embora alguns bancos já relatem incorporação de práticas sociais e ambientais mais adequadas, aparentemente, ainda não há condições de tirar conclusões aprofundadas sobre os efeitos dos PE como indutores dessas práticas nas empresas, devido ao pouco tempo decorrido e também às poucas informações disponíveis. Como linhas de pesquisa, sugere-se a avaliação teórica e prática da implantação dos Princípios do Equador, envolvendo:! estudos de caso de projetos conduzidos ao amparo dos Princípios, visando avaliar sua efetividade na indução de critérios socioambientas e os efeitos positivos para as comunidades abrangidas, inclusive propondo metodologias de avaliação;! questões ligadas a treinamento e criação de metodologias e ferramentas para análise dos projetos;! estudo da legislação e da participação dos órgãos ambientais, visando agregar segurança às análises e à condução dos projetos! possibilidades de incremento ligadas às PPPs! formas de monitoramento da implantação dos Princípios no Brasil, envolvendo o setor bancário e a sociedade civil! análise dos padrões de relato e criação de propostas nesse sentido, visando municiar os stakeholders de informações adequadas e transparentes, considerando metodologias de relato já existentes, como Indicadores Ethos de Responsabilidade social e GRI (Global Reporting Initiative) 8. BIBLIOGRAFIA ADAMI, Humberto. A responsabilidade ambiental dos bancos (mensagem pessoal via e-mail). Artigo anexado à mensagem recebida de HACON, Sandra. por MARQUES, Vânia. Sustentabilidade empresarial no sistema financeiro brasileiro. Niterói: 2004. 84 p. Monografia (Especialização Gestão de Negócios Sustentáveis) Universidade Fed. Fluminense. ALMEIDA, Fernando. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. BANCO ABN Amro REAL. Homepage. Disponível em: <www.bancoreal.com.br>. Acesso em: 26 de Jun. 2005.

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