USO DO CICLOERGÔMETRO EM PACIENTES NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA. Francieli Bottega Mosquetta 1, Giulliano Gardenghi 2

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Transcrição:

USO DO CICLOERGÔMETRO EM PACIENTES NO PÓS-OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA Use of the cycle ergometer in patients in the postoperative period of cardiac surgery Francieli Bottega Mosquetta 1, Giulliano Gardenghi 2 1 Fisioterapeuta pelo Centro Universitário do Triângulo UNITRI, Uberlândia/MG e Pósgraduanda em Fisioterapia Cardiopulmonar e Terapia Intensiva pelo Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada - CEAFI Pós-graduação, Goiânia/GO. 2 Fisioterapeuta, Doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Coordenador científico do Centro de Estudos Avançados e Formação Integrada CEAFI Goiânia/GO; Coordenador científico do serviço de Fisioterapia do Hospital ENCORE Aparecida de Goiânia/GO; Coordenador do Programa de Pós-graduação em Fisioterapia Hospitalar do Hospital e Maternidade São Cristóvão São Paulo/SP. Francieli Bottega Mosquetta 1 Endereço: Rua 404, Qd. H, lt. 0, bl. 1, apto. 401, Condomínio Recanto das Praças II, Setor Negrão de Lima, CEP: 74650-360 E-mail: franci_bottega@hotmail.com Goiânia-GO 2017

RESUMO Uso do cicloergômetro em pacientes no pós-operatório de cirurgia cardíaca Introdução: A reabilitação cardíaca em pacientes no pós-operatório de cirurgia cardíaca tem como interesse a prevenção dos efeitos deletérios do repouso prolongado no leito e redução das complicações decorrentes dessa cirurgia. Atualmente, durante a prática fisioterapêutica, diferentes aparelhos e técnicas estão sendo usados, dentro desse contexto, encontra-se o cicloergômetro, que vem como uma nova opção de ferramenta a ser utilizada no processo de reabilitação. Objetivo: Buscar na literatura estudos que mostram o uso do cicloergômetro como ferramenta na reabilitação de paciente no pós-operatório de cirurgia cardíaca. Metodologia: Foi realizada uma revisão bibliográfica que abrangeu trabalhos publicados entre 2004 a 2016. Resultado/Considerações finais: O cicloergômetro é considerado seguro e viável de ser usado em pacientes no pós-operatório de cirurgia cardíaca, podendo ser recomendo com intuito de promover condicionamento cardiorrespiratório, melhora da função pulmonar e aumento da capacidade funcional, ajudando os pacientes no retorno mais rápido as atividades habituais. Palavras chave: cirurgia cardíaca, fisioterapia, reabilitação cardíaca e cicloergômetro.

ABSTRACT Use of the cycle ergometer in patients in the postoperative period of cardiac surgery Introduction: Cardiac rehabilitation in patients in the postoperative of cardiac surgery has as its objective the prevention of the deleterious effects of prolonged bed rest and the reduction of complications resulting from this surgery. Currently, during physiotherapeutic practice, different devices and techniques are being used, within this context, the cycle ergometer is found, which comes as a new option of a tool to be used in the rehabilitation phase I. Objective: To search the literature for studies that show the use of the cycle ergometer as a tool in the rehabilitation of patients in the postoperative period of cardiac surgery. Methodology: A bibliographic review was carried out covering articles published between 2004 and 2016. Results / Final considerations: The cycle ergometer is safe and feasible to be used in postoperative patients of cardiac surgery, and may be recommended to promote cardiorespiratory fitness, improvement of pulmonary function and increase of functional capacity, helping patients in the Quick the usual activities. Keywords: cardiac surgery, physiotherapy, cardiac rehabilitation and cycle ergometer.

4 INTRODUÇÃO No início do século XX, as doenças cardiovasculares eram responsáveis por menos de 10% dos óbitos em todo o mundo, no final desse mesmo século, as mesmas foram responsáveis por aproximadamente 50% dos óbitos nos países desenvolvidos e 25% nos países em desenvolvimento. No Brasil, as doenças degenerativas do aparelho cardiovascular são responsáveis por cerca de 30% dos óbitos, sendo a síndrome coronariana aguda a principal responsável 1,2. Diversos fatores podem contribuir para o surgimento das doenças cardiovasculares, entre eles: obesidade, hipertensão, diabetes mellitus, dislipidemia e etc. Esses fatores compõem a síndrome plurimetabólica e estão diretamente ligados ao estilo de vida de cada individuo 1,3. A cirurgia cardíaca pode ser considerada como um dos mais importantes avanços do século XX. No Brasil, em 2011 foram realizadas 100 mil operações cardíacas, sendo dessas, mais da metade para revascularização do miocárdio 4. Por se um procedimento complexo, que utiliza circulação extracorpórea (CEC), ventilação mecânica (VM), anestesia e repouso prolongado no leito (imobilismo), diversos efeitos deletérios podem ocorrer no pós-operatório, como: redução da capacidade funcional e da volemia, diminuição da eficácia da contração miocárdica, aparecimento de contraturas articulares, redução dos volumes e capacidades pulmonares, redução da força muscular respiratória e aumento dos níveis de ansiedade e depressão 2,3,5. Em decorrência dessa complexidade, a cirurgia cardíaca ocasiona importantes repercussões no organismo fisiológico do doente, necessitando assim de um cuidado maior no pós-operatório, o que irá resultar no aumento ou declínio da taxa de morbimortalidade 6. A fisioterapia tem sido considerada de fundamental importância na reabilitação de pacientes submetidos a cirurgias cardiovasculares 2. Grande parte do sucesso desse programa de reabilitação deve-se à terapia baseada no exercício físico de forma precoce, iniciada ainda na fase hospitalar, que proporciona ao paciente maior independência física, segurança para alta hospitalar e posterior retorno às atividades habituais, além de atuar diretamente na autoestima, diminuindo os problemas emocionais de alguns pacientes 2,3. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que a reabilitação cardíaca é o somatório das atividades necessárias para garantir aos pacientes portadores de cardiopatia as

5 melhores condições física, mental e social, de forma que eles consigam, pelo seu próprio esforço, reconquistar uma posição normal na comunidade e levar uma vida ativa e produtiva 7. Sabe-se, que os procedimentos fisioterapêuticos geram pequenas alterações hemodinâmicas e são considerados viáveis e seguros de serem realizadas em paciente com estabilidade hemodinâmica 6,8,9. Durante a prática fisioterapêutica, diferentes aparelhos e técnicas estão sendo usados com os pacientes na tentativa de aprimorar a funcionalidade física e reduzir as incapacidades. Dentro desse contexto, encontra-se o cicloergômetro, um aparelho estacionário, com rotações cíclicas e funcionamento mecânico ou elétrico, que pode ser utilizado na realização de exercícios passivos, ativos e resistido com os pacientes 10. O uso do cicloergômetro foi citado no estudo de Guimaraes et al. 11, como uma das atividades utilizadas no programa de reabilitação cardíaca de pacientes submetidos a transplante cardíaco na Unidade de Insuficiência Cardíaca e Transplante do InCor- HCFMUSP. Tendo em vista que a reabilitação cardíaca tem um importante papel na recuperação dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, e que o cicloergômetro vem ganhando espaço como uma nova opção de ferramenta a ser usado nos programas de reabilitação, torna-se de fundamental importância à pesquisa sobre o assunto, para que se tenha um maior conhecimento sobre a técnica e assim proporcionar uma melhor assistência aos pacientes submetidos a esse tipo de cirurgia. Diante disso, o presente estudo tem como objetivo buscar na literatura estudos que mostram o uso do cicloergômetro como ferramenta na reabilitação de paciente no pósoperatório de cirurgia cardíaca. MÉTODOS Este estudo trata-se de uma revisão bibliográfica, desenvolvida através de consulta a artigos científicos selecionados por meio de busca nos bancos de dados do Scielo, Bireme, Medline, Lilacs, dissertações de Mestrado, teses de Doutorado e artigos de conclusão de curso selecionados nas bibliotecas digitais de universidades brasileiras. Também foi citada uma linha de pesquisa que está sendo desenvolvida com conclusão para 2019. A busca

6 bibliográfica foi realizada entre setembro de 2016 e fevereiro de 2017, no idioma português e inglês, abrangendo trabalhos publicados entre 2004 a 2016. Foram analisados 30 trabalhos, sendo selecionados 20 para a elaboração deste estudo, conforme as palavras-chaves: cirurgia cardíaca, fisioterapia, reabilitação cardíaca e cicloergômetro. Destes 20 trabalhos, apenas 09 foram utilizados na discussão, pois preencheram os critérios de inclusão, os quais foram: trabalhos que abordassem o uso do cicloergômetro no pós-operatório de cirurgia cardíaca, o uso do cicloergômetro na mobilização precoce de pacientes e trabalhos sobre cirurgia cardíaca e reabilitação cardíaca. Foram excluídos: trabalhos anteriores ao período descrito acima e que utilizaram o cicloergômetro no pré-operatório de cirurgia cardíaca. RESULTADO Os estudos utilizados na discussão deste trabalho estão relacionados na TABELA I em ordem cronológica. TABELA I: Artigos utilizados na discussão Referências Objetivos Métodos Resultados /Conclusão Brum 18 Retrospectiva dos Revisão dos principais Os estudos mostram os 2004 principais estudos sobre: estudos conduzidos pelo efeitos agudos e crônicos do adaptações agudas e grupo nos últimos 10 anos. exercício físico em geral crônicas do exercício sobre a função cardiovascular físico sobre o sistema cardiovascular. e o efeito do exercício físico sobre a insuficiência cardíaca Borges 13 2006 Morais 14 2010 Avaliar a intensidade da dor e o nível de funcionalidade em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca. Avaliar a influência da dor no pré e pósoperatório de cirurgia cardíaca com CEC 4, na MIF. 41 pacientes que realizaram cirurgia cardíaca eletiva por toracotomia médio-esternal; avaliação da intensidade da dor realizada pela escala de VAS 1 e da funcionalidade pela escala MIF 2 ; realizada no pré-operatório, 7º DPO 3 e alta hospitalar. 22 pacientes cardiopatas submetidos à cirurgia eletiva toracotomia médio-esternal; avaliados através do MIF e EVA 5. e obesidade. Maior perda da funcionalidade e maior intensidade da dor foram no 7º DPO quando comparado ao pré-operatório e alta hospitalar, mostrando que a capacidade funcional é diretamente afetada no pósoperatório e que a dor é um fator importante. Mostrou que houve perda do desempenho funcional do pré-operatório para o 2 /3 DPO e um ganho deste para o 5 /6 DPO; a dor apresentou redução do 2 /3 DPO para o 5 /6 DPO.

7 Pires-Neto 9 2013 Cordeiro 8 2014 Almeida 3 2014 Lopes 12 2015 Analisar as alterações cardiorrespiratórias de pacientes durante o exercício ativo com cicloergômetro e verificar sua aceitação. Analisar as alterações hemodinâmicas do treino em cicloergômetro em pacientes no pósoperatório de cirurgia cardíaca. Verificar o comportamento das variáveis hemodinâmicas e do peack flow em pacientes no pósoperatório de CRM 13, submetidos a três diferentes intervenções fisioterapêutica. Verificar a capacidade funcional de indivíduos submetidos à revascularização do miocárdio, após a fase I de reabilitação com o uso do cicloergômetro. 38 pacientes com idade média de 48 anos realizaram exercício ativo de MMII 6 no cicloergômetro durante 5 min; as variáveis FC 7, FR 8, PA 9 10, SpO 2 e Borg foram avaliadas antes, durante e após o exercício, além de um questionário de satisfação. Estudo quantitativo do tipo coorte prospectivo; 12 pacientes submetidos ao treino em cicloergômetro; PA, FC, FR, SpO 2, mensurados antes, durante e após. 30 idosos; divididos em grupo A mobilização com cicloergômetro para MMII; grupo B - mobilização sem cicloergômetro; e grupo C (grupo controle) - sem qualquer atividade motora, mas com ventilação não invasiva; avaliação realizada no pré e pós-intervenção. 19 pacientes (>50 anos) submetidos à CRM; dois grupos: grupo controle (protocolo padrão: fisioterapia respiratória e fisioterapia motora) e grupo intervenção (fisioterapia respiratória e cicloergômetro); avaliação funcional: teste de Apoio Unipodal, TUG 14 e TC6 15 (pré-operatório e no 7º DPO). O cicloergômetro ativo implicou em pequenas alterações cardiorrespiratórias, mostrando ser viável de ser utilizado, além de apresentar elevado grau de aceitação por parte dos pacientes. Foi observado que o exercício com cicloergômetro implicou em pequena elevação da FC, PAS 11, PAD 12, SpO 2, com elevação estatística da FR. Confirmando que a aplicação do cicloergômetro em pacientes no pós-operatórios de cirurgia cardíaca é viável e segura de ser utilizado. Na comparação intragupo, foi observado aumento do peack flow em todos os grupos, redução da PAS no grupo A e aumento da FC e FR no grupo B; na comparação intergrupo, observou redução da PAD no grupo C. Concluise que as variáveis hemodinâmicas se comportaram dentro do esperado, mostrando que o exercício físico é considerado seguro em pacientes revascularizados no ambiente de cuidados intensivos. Na comparação intragrupo, o grupo controle apresentou uma redução na distância percorrida no TC6; na comparação intergrupo, sem ajuste, o grupo controle apresentou aumento do tempo no teste TUG. O uso do cicloergômetro resultou em efeitos semelhantes em relação à capacidade funcional ao protocolo já utilizado, podendo ser utilizado como ferramenta no processo de reabilitação de pacientes no pós-operatório de CRM.

8 Trevisan 17 2015 Dantas 19 2016 Avaliar a função pulmonar após realização da fase I de reabilitação com o uso do cicloergômetro. Analisar o comportamento das variáveis cardiorrespiratórias durante o uso do cicloergômetro em MMSS 20 e MMII em pacientes internados na UTI 21. 19 pacientes (>50 anos) submetidos à CRM; dois grupos: grupo controle (protocolo padrão: fisioterapia respiratória e fisioterapia motora) e grupo intervenção (fisioterapia respiratória e cicloregômetro). Avaliação da função respiratória: PFE 16, VEF-1 17, PIMáx 18 e PEMáx 19. Estudo retrospectivo; dados extraídos dos prontuários e ficha de coleta, em momentos diferentes e comparados entre si; FC, FR, PA, Borg e duploproduto coletados nos 5,15 e 30 de atividade e após. Na comparação intragrupo, observou redução da PEMáx e VEF-1 no grupo controle e redução do VEF-1 no grupo intervenção; na comparação intergrupos, sem ajuste, os valores da PIMáx e PEMáx foram significativamente mais altos no grupo intervenção. Ao final, foi visto que em relação à força dos músculos respiratórios, o uso do cicloergômetro no protocolo de reabilitação cardíaca fase I mostrou ser tão eficiente quanto os exercícios motores propostos no protocolo padrão. O uso do cicloergômetro ativo para MMSS e MMII, não apresentou diferença nas variáveis cardiorrespiratórias, entretanto, o seu tempo de aplicação foi variável de acordo com a resposta fisiológica (dentro dos valores de segurança). Legendas das abreviações: 1-VAS= Visual analogue scale; 2-MIF= Medida de independência funcional; 3- DPO= Dia de pós-operatório; 4-CEC= Circulação extracorpórea; 5-EVA Escala visual analógica; 6- MMII= Membros inferiores; 7-FC= Frequência cardíaca; 8-FR= Frequência respiratória; 9-PA= Pressão arterial; 10- Spo2= Saturação periférica de oxigênio; 11-PAS= Pressão arterial sistólica; 12-PAD = Pressão arterial diastólica; 13- CRM= Cirurgia de revascularização do miocárdio; 14-TUG= Timed and Go; 15-TC6= Teste de caminhada de seis minutos; 16-PFE= Pico de fluxo expiratório; 17-VEF-1= Volume expiratório forçado no primeiro segundo; 18-PIMáx= Pressão inspiratória máxima; 19-PEMáx= Pressão expiratória; 20-MMSS=Membros superiores; 21-UTI= Unidade de terapia intensiva. DISCUSSÃO A cirurgia cardíaca ocasiona importantes alterações no organismo como um todo. Um fator que é fortemente afetado no pós-operatório de cirurgia cardíaca é a capacidade funcional, que pode ser definida como a eficiência em corresponder às demandas físicas do cotidiano 12. Em seu estudo Borges et al. 13, tiveram o objetivo de avaliar o nível de funcionalidade e a intensidade da dor, de pacientes submetidos a cirurgia cardíaca eletiva por toracotomia médio-esternal (TME). O estudo mostrou que após a cirurgia cardíaca, os pacientes apresentaram prejuízo na capacidade funcional, pois o nível de funcionalidade foi menor no 7º

9 dia de pós-operatório (DPO) quando comparado ao pré-operatório e alta hospitalar, além de mostrar que a dor é um fator importante no prejuízo físico e psicológico dos pacientes. Essa redução da capacidade funcional também pode ser vista no estudo de Morais et al. 14, onde os pacientes que realizaram cirurgia cardíaca eletiva, apresentaram perda do desempenho funcional do pré-operatório para o 2 /3 DPO e um ganho deste para o 5 /6 DPO, confirmando que a intervenção cirúrgica, gera alterações na funcionalidade e habilidade dos pacientes, principalmente na fases iniciais do pós-operatório. Para que essas perdas funcionais, assim como as demais complicações decorrentes dessa cirurgia venham ser rapidamente revertidas, é indispensável que no pós-operatório ocorra um processo de reabilitação eficiente 15. A literatura 16 tem mostrado que os programas de reabilitação cardíaca podem aumentar de 20 a 30% a capacidade funcional aeróbica. Atualmente, durante o processo de reabilitação desses pacientes, os fisioterapeutas utilizam um protocolo que é composto por exercícios respiratórios, caminhadas, subidas e descidas de escadas, entre outros 14. O cicloergômetro vem como uma nova opção de ferramenta à reabilitação, podendo ser ofertado ao paciente visando melhora do desempenho funcional, aumento da capacidade cardiorrespiratória e redução do tempo de internação, além de deixar a reabilitação menos monótona e mais atrativa 10,17. O estudo de Lopes 12 utilizou o cicloergômetro no pós-operatório de pacientes submetidos à revascularização do miocárdio e avaliou a capacidade funcional dos mesmos no pré-operatório e após a fase I da reabilitação. Para isso, os 19 pacientes foram alocados em dois grupos: grupo controle que realizou o protocolo padrão e grupo intervenção que utilizou o cicloergômetro, e foram avaliados através de três testes: teste de Apoio Unipodal, teste Timed and Go (TUG) e teste de caminhada de seis minutos (TC6). Os resultados mostraram que conforme esperado, houve diminuição da capacidade funcional do pré para o pósoperatório. Entretanto, os pacientes que utilizaram o cicloergômetro no processo de reabilitação apresentaram um melhor desempenho nos testes, quando comparado com o grupo controle, mesmo esses resultados não tendo diferenças estatísticas significantes, ou seja, em relação à capacidade funcional, o uso do cicloergômetro resultou em efeitos semelhantes ao protocolo padrão, podendo ser utilizado como ferramenta no programa de reabilitação de pacientes no pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio. Além da capacidade funcional, os pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, desenvolvem no pós-operatório importantes alterações pulmonares, como redução significativa dos volumes e capacidades pulmonares, prejuízo na função pulmonar,

10 diminuição da complacência pulmonar, aumento do trabalho respiratório e alterações nas trocas gasosas, resultando em hipoxemia 3,17. Diante disso, Trevisan 17, em seu estudo com pacientes submetidos à revascularização do miocárdio, teve como objetivo avaliar a função pulmonar após realização da fase I de reabilitação com o uso do cicloergômetro. Os pacientes foram alocados em dois grupos: grupo controle e grupo intervenção (utilizaram cicloergômetro). Os parâmetros respiratórios foram avaliados através do pico de fluxo expiratório (PFE), volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF-1), pressão inspiratória e expiratória máxima (PIMáx e PEMáx), realizados no pré-operatório e 7º DPO. Nas comparações intragrupo, observou-se uma redução significativa da PEMáx e VEF-1 no grupo controle e uma redução significativa do VEF-1 no grupo intervenção; nas comparações intergrupos, sem ajuste, os valores médios da PIMáx e PEMáx após a intervenção foram significativamente mais altos no grupo intervenção, no entanto, após ajuste essa diferença deixou de existir. Ao final, foi visto que em relação à força dos músculos respiratórios, o uso do cicloergômetro no protocolo de reabilitação cardíaca fase I mostrou ser tão eficiente quanto os exercícios motores propostos no protocolo padrão, apontando o cicloergômetro como uma opção segura de ser utilizada. Seguindo essa mesma linha de pesquisa, o estudos de Almeida et al. 3, avaliaram a função pulmonar através do PFE de pacientes no pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio, submetidos a três tipos de intervenção fisioterapêutica, sendo que em uma delas utilizava-se o cicloergômetro. O trabalho evidenciou que os valores de PFE após intervenção, aumentaram em todos os grupos, possivelmente pelo aumento da ventilação induzida pelo exercício, mostrando que o cicloergômetro, assim como em outras técnicas, pode ser usado na melhora da função pulmonar. Nos estudos já citados 3,17, mostram que a força muscular respiratória e a função pulmonar são comprometidas devido às alterações fisiológicas e mecânicas ocorridas pela cirurgia cardíaca, consequentemente gera atraso na recuperação do paciente. A reabilitação cardíaca com o uso do cicloergômetro tem se mostrado segura, garantido resultando semelhantes aos programas de reabilitação já utilizados no pós-operatório, ajudando no ganho de força muscular respiratória e melhora da função pulmonar. A retrospectiva bibliográfica realizada por Brum et al. 18, mostra que o exercício físico implica no aumento instantâneo da demanda energética no organismo como um todo, consequentemente, caracteriza-se por retirar o organismo de sua homeostase. Assim, para suprir a nova demanda metabólica, várias adaptações fisiológicas são necessárias, dentre elas, à função cardiovascular. A magnitude e o tipo da resposta cardiovascular dependem das

11 características do exercício executado, ou seja, o tipo, a intensidade, a duração e a massa muscular envolvida. Estudos 3,18,19 mostram que o aumento da atividade nervosa simpática e diminuição da parassimpática durante o exercício físico levam ao aumento da frequência cardíaca, do volume sistólico e do débito cardíaco. Além disso, a produção de metabólitos musculares promove vasodilatação na musculatura ativa, gerando redução da resistência vascular periférica, observando aumento da pressão arterial sistólica e manutenção ou redução da diastólica. Já a queda pressórica pós-exercício aeróbio pode se dar pela redução do débito cardíaco, em função da diminuição do volume sistólico, ou em função da redução da resistência vascular periférica, ocasionada pela vasodilatação da musculatura em atividade pela liberação de óxido nítrico. Diante destes estudos que mostram que o exercício físico promovem alterações hemodinâmicas, Cordeiro et al. 8, tiveram o objetivo de analisar essas alterações em 12 pacientes no pós operatório de cirurgia cardíaca submetidos ao treino com cicloergômetro. O trabalho verificou que o exercício físico com o cicloergômetro ativo no pós-operatório de cirurgia cardíaca implicou em pequeno aumento da frequência cardíaca (FC), pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD) e saturação periférica de oxigênio (SpO 2 ), elevando estatisticamente apenas a frequência respiratória (FR), mostrando que a aplicação do cicloergômetro é viável e segura, sendo bem aceita pelos pacientes. Almeida et al. 3, também tiveram o objetivo de verificar o comportamento das variáveis hemodinâmicas (FC, FR, pressão arterial (PA), SpO 2 ), de 30 pacientes idosos no pósoperatório de cirurgia de revascularização do miocárdio, submetidos a três tipos de intervenção fisioterapêutica, divididos em grupo A mobilização com cicloergômetro para membros inferiores (MMII); grupo B - mobilização sem cicloergômetro, com exercícios ativos para membros ao longo do leito e treino de sedestação a beira do leito; e grupo C (grupo controle) - sem qualquer atividade motora, mas com ventilação não invasiva (VNI). Ao final, foi observado que após intervenção, na comparação intragrupo, ocorreu redução significativa da PAS no grupo A e aumento da FC e da FR no grupo B, e na comparação intergrupo observou-se redução da PAD no grupo C. Diante do que foi observado, as variáveis hemodinâmicas se comportaram dentro do esperado, inclusive no grupo que utilizou o cicloergômetro, mostrando novamente que o mesmo é considerado seguro de ser realizado em pacientes idosos revascularizados. Essas mesmas alterações hemodinâmicas também foram observadas nos estudos de Pires-Neto et al. 9 e Dantas et al. 19, que utilizaram o cicloergômetro em paciente críticos em

12 geral internados na unidade de terapia intensiva (UTI), apesar do perfil diferente dos pacientes em relação aos estudos citados anteriormente 3,8, as mesmas elevações de FC, FR, PAS foram observadas. Adaptações fisiológicas provenientes do exercício físico sobre o sistema cardiorrespiratório são esperadas, independente da prática realizada 18. Após análise dos estudos 8,9,19, podemos observar que com o uso do cicloergômetro não foi diferente, o mesmo promoveu alterações cardiorrespiratórias nos pacientes que o utilizaram, o que é esperado de forma fisiológica devido aumento do consumo de oxigênio pelo organismo, promovendo assim um ganho de condicionamento físico. Seguindo esta linha de trabalho sobre o uso cicloergômetro, em março de 2015 teve inicio um estudo 20 desenvolvido pela Universidade Federal de São Paulo (USP), através de sua pesquisadora responsável PhD. Ada Clarice Gastaldi, com titulo Cycle Ergometer Exercise in Phase I of Cardiac Rehabilitation After Cardiac Surgery, com previsão de conclusão em março de 2019. Este estudo tem como objetivo avaliar os efeitos do cicloergômetro no pós-operatório de pacientes submetidos a cirurgia cardíaca. Os pacientes serão avaliados através dos testes (força muscular respiratória, teste de exercício submáximo, escala de dispnéia, exames laboratoriais e exames radiológicos), realizados no terceiro DPO e alta hospitalar. Deste modo, percebe-se que novas pesquisas sobre o uso do cicloergômetro no pósoperatório de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca vêm ganhado espaço nos programas de reabilitação, trazendo futuramente novas informações sobre seus efeitos. CONSIDERAÇÕES FINAIS Após analise dos estudos encontrados, é possível concluir que o cicloergômetro é uma prática segura e viável de ser usado em pacientes no pós-operatório de cirurgia cardíaca, podendo ser recomendo com intuito de promover condicionamento cardiorrespiratório, melhora da função pulmonar e aumento da capacidade funcional, ajudando os pacientes no retorno mais rápido as atividades habituais. Além disso, o mesmo vem se mostrado uma excelente opção de ferramenta no atendimento de pacientes mais frágeis, pois anula o risco de queda, já que é realizado com o paciente deitado ou sentado e também pela facilidade no

13 controle dos dados vitais. Contudo, ainda são poucos os trabalhos que falam sobre o uso do cicloergômetro no pós-operatório de cirurgia cardíaca, fazendo-se necessárias novas pesquisas sobre o assunto a fim de termos um maior conhecimento a respeito desse tema. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 1- Ferreira LB, Viegas MO. Perfil epidemiológico dos pacientes submetidos à cirurgia cardíaca no Hospital Santa Genoveva em Goiânia [monografia]. Goiânia: Pontifícia Universidade Católica/PUC-GO; 2004 [Acesso em 20 set 2016]. Disponível em: http://www.pucgoias.edu.br/ucg/institutos/nepss/monografia/monografia_16.pdf. 2- Titoto L, Sansão MS, Marino LHC, Lamari NM. Reabilitação de pacientes submetidos à cirurgia de revascularização do miocárdio: atuação da literatura nacional. Arq Ciênc Saúde. 2005;12(4):216-19. 3- Almeida KS, Novo AFMP, Carneiro SR, Araújo LNQ. Análise das variáveis hemodinâmicas em idosos revascularizados após mobilização precoce no leito. Rev Bras Cardic. 2014;27(3):165-171. 4- Gonçalves MZ, Real AA, Nascimento JR, Machado AS, Albuquerque IM, Barbosa VA et al. Análise da prevalência de cirurgia cardíaca no serviço de reabilitação cardíaca do hospital universitário de Santa Maria - Revicardio e sua relação com a idade e gênero [monografia]. Santa Maria: Universidade Federa de Santa Maria/UFSM-RS; 2012 [Acesso em 22 set 2016]. Disponível em: http://www.unifra.br/eventos/sepe2012/trabalhos/5351.pdf. 5- Oliveira JC, Fantinati MS. Complicações pós-operatórias e abordagem fisioterapêutica após cirurgia cardíaca. Rev Movimenta. 2011;4(1). 6- Costa Junior JMF, Almeida KS, Santos MCS, Carneiro SR, Torres DC. Avaliação pedométrica em pacientes no pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio, após mobilização precoce. Rev de Med. 2015;29(2). 7- Morais RS, Nobrega ACL et al. Diretriz de Reabilitação Cardíaca. Arq. Bras. Cardiol. 2005;84(5). 8- Cordeiro AL, Barbosa AFN, Leitão LP, Araújo PAS, Carvalho S. Efeito hemodinâmico do treino em cicloergômetro em pacientes no pós-operatório de cirurgia cardíaca. Ver DERC. 2014;20(3):90-93. 9- Pires-Neto RC, Pereira AL, Parente C, Sant Anna GN, Esposito DD, Kimura A, et al. Caracterização do uso do cicloergômetro para auxiliar no atendimento fisioterapêutico em pacientes críticos. Rev Bras Ter Intensiva. 2013;25(1):39-43.

14 10- Lara CR. O uso do cicloergômetro no paciente crítico [artigo de conclusão de curso] Salvado-BA: Instituição de ensino Atualiza Cursos; 2015 [Acesso em 16 nov 2016]. Disponível em: http://bibliotecaatualiza.com.br/arquivotcc/lara-clarissa.pdf. 11- Guimarães GV, D Avila VM, Chizzola PR, Bacal F, Stolf N. Reabilitação física no transplante de coração. Rev Bras Med Esporte. 2004;10(5). 12- Lopes DGC. Uso do cicloergômetro durantes a fase I de reabilitação da cirurgia de revascularização do miocárdio: avaliação da capacidade funcional [Dissertação]. Porto Alegre-RS: Pontifícia Universidade Católica/PUC-RS; 2015 [Acesso em 02 jan 2017]. Disponível em: http://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/6242/2/473016%20- %20Texto%20Completo.pdf. 13- Borges JBC, Ferreira DLMP, Carvalho SMR, Martins AS, Andrade RR, Silva MAM, Avaliação da intensidade da dor e da funcionalidade no pós-operatório recente de cirurgia cardíaca. Braz J Cardiovasc Surg. 2006;21(4):393-402. 14- Morais DB, Lopes ACR, Sá VM, Junior WMS, Neto MLC. Avaliação do desempenho funcional em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca. Rev Bras Cardiol. 2010;23(5):263-269. 15- Neto AQM, Silva MMS, Maia MS, Brito MA. Intervenção Fisioterapêutica no pósoperatório de revascularização do miocárdio: uma perspectiva bibliográfica [Acesso em 28 dez 2016]. Disponível em: http://uninovafapi.edu.br/eventos/jic2006/trabalhos.pdf. 16- Henriques GCCC. Reabilitação e cirurgia cardíaca revisão sistemática da literatura [Dissertação]. Bragança-SP: Instituto Politécnico de Bragança Escola Superior de Saúde; 2016 [Acesso em 06 dez 2016]. Disponível em: https://bibliotecadigital.ipb.pt/handle/10198/13075.pdf. 17- Trevisan MD. Reabilitação cardiopulmonar e metabólica fase I no pós-operatório de cirurgia de revascularização do miocárdio utilizando cicloergômetro: um ensaio clínico e randomizado [Dissertação]. Porto Alegre-RS: Pontifícia Universidade Católica/PUC-RS; 2015 [Acesso em 02 jan 2017]. Disponível em: http://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/7395/1/000470731- Texto%2bCompleto-0.pdf. 18- Brum PC, Forjaz CLM, Tinucci T, Negrão CE. Adaptações agudas e crônicas do exercício físico no sistema cardiovascular. Rev Paul Educ Fis. 2004;18:21-23. 19- Dantas JCN, Neves JS, Andrade PHC, Martinez BP, Anjos JLM, Comportamento das variáveis cardiorrespiratórias durante uso do cicloergômetro ativo na unidade de terapia intensiva. Rev Pesq em Fisio. 2006;6(3):283-290. 20- Gastaldi AC. Cycle Ergometer Exercise in Phase I of Cardiac Rehabilitation After Cardiac Surgery. [Pesquisa]. São Paulo: Universidade de São Paulo USP; 2015/2019 [Acesso em 16 fev 2017]. Disponivel em: https://clinicaltrials.gov/ct2/show/nct02437552.