Produção e Acúmulo de Serrapilheira em Área de Caatinga no Seridó Oriental da Paraíba

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Transcrição:

Produção e Acúmulo de Serrapilheira em Área de Caatinga no Seridó Oriental da Paraíba Walleska Pereira Medeiros (1) ; Jacob Silva Souto (2) ; Patrícia Carneiro Souto (2) ; Alciênia Silva Albuquerque (1) ; Mileny Galdino da Silva (1) (1) Discentes do Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Campina Grande; Campus de Patos, Paraíba, walleskap@hotmail.com. (2) Professor, Universidade Federal de Campina Grande, Campus de Patos- PB, jacob_souto@yahoo.com.br RESUMO Há uma falta de conhecimentos em área de caatinga em relação à deposição e decomposição da serrapilheira, mesmo diante da importância biológica do processo de movimentação de nutrientes entre solo-planta. No presente estudo objetivou-se estimar a deposição e acúmulo da serrapilheira em área de caatinga do Semiárido paraibano. A área compreende uma vegetação de caatinga hiperxerófila, em área de estágio sucessional tardio. As coletas foram realizadas bimestralmente, totalizando seis coletas. Para avaliar a produção de serapilheira foram utilizados 20 coletores de 1,0 m x 1,0 m, atrelada a tela de náilon, a serapilheira coletada foi separada nas frações folhas, galhos, material reprodutivo e miscelânea. Para a quantificação do estoque de serapilheira acumulada foi utilizada moldura metálica com dimensões de 0,5 m x 0,5 m, que era lançada de forma aleatória. Os resultados permitiram concluir que a fração folhas apresentou-se como predominante na serrapilheira devolvida ao solo, a precipitação interferiu na quantidade de serrapilheira depositada e acumulada e a deposição de serrapilheira obedece a seguinte sequência: folha > galho > material reprodutivo > miscelânea. Palavras-chave: Deposição; Semiárido; Ciclagem de nutrientes. INTRODUÇÃO O bioma caatinga é o único exclusivamente brasileiro, no qual nos últimos anos tem-se observado um crescente interesse quanto às condições de funcionamento, devido apresentar-se como um dos mais degradados e menos preservado, evidenciando que do ponto de vista ecológico não só a produtividade é importante, mas também o equilíbrio a longo prazo, que depende, em grande parte, da ciclagem de nutrientes. As áreas de caatinga, comparadas a outras formações brasileiras, apresentam várias características extremas dentre os parâmetros meteorológicos como: mais alta radiação, altas temperaturas médias anuais, baixa umidade relativa, elevada evapotranspiração e precipitações baixas irregulares. A vegetação é distribuída de forma irregular, contrastando áreas que se assemelham a florestas, com - Resumo Expandido - [1034] ISSN: 2318-6631-

áreas com solo quase descoberto. Apresenta uma grande biodiversidade com espécies de portes e arranjos fitossociológicos variados que a torna bastante complexa, onde pouco se conhece sobre a sua dinâmica (SOUTO, 2006). A falta de conhecimentos em área de caatinga em relação à deposição e decomposição da serrapilheira (produção, acúmulo, coeficientes de decomposição), mesmo diante da importância biológica do processo de movimentação de nutrientes entre solo-planta, principalmente quando se leva em consideração as severas condições edafoclimáticas predominantes no bioma, retratando assim o elevado nível de desconhecimento científico da sua vegetação e, em consequência, da sua utilização (SANTANA, 2005). Vários fatores bióticos e abióticos afetam a produção de serrapilheira, tais como: tipo de vegetação, altitude, latitude, precipitação, temperatura, regime de luminosidade, relevo, estágio sucessional e disponibilidade hídrica. Dependendo das características de cada ecossistema, um determinado fator pode prevalecer sobre os demais (FIGUEIREDO FILHO et al., 2003). A produção e decomposição são utilizadas como indicadores de restauração em projetos de recuperação de áreas degradadas (ARATO et al. 2003). A perda das folhas no período seco (caducifolia) caracteriza o principal mecanismo de adaptações fisiológicas das plantas da Caatinga ao estresse hídrico, para suportar a estiagem anual. Embasado nisso a produção da serrapilheira alcança seus maiores picos durante o início do período seco até o seu final. Com o presente estudo objetivou-se estimar a deposição e acúmulo da serrapilheira em área de caatinga no Semiárido paraibano. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi desenvolvida na Fazenda Cachoeira de São Porfírio, município de Várzea, mesorregião do Sertão Paraibano. Os solos predominantes são associações de NEOSSOLOS LITÓLICOS e LUVISSOLOS (Embrapa, 2013). A área compreende uma vegetação de caatinga hiperxerófila, em área de estágio sucessional tardio. Para quantificar a serrapilheira depositada, foram distribuídos aleatoriamente vinte coletores, com dimensões de 1,0 m x 1,0 m, constituídos de moldura de arame, em forma quadrada, fixados em piquetes de ferro no qual foi atrelada uma tela de sombrite com malha de 1 mm², que permite a deposição do material que forma a serrapilheira, sem permitir o acúmulo de água, evitando assim, o início do processo de decomposição do material no período entre as coletas, impedindo também a entrada de material da superfície do solo no interior do coletor e a saída deste pela ação do vento. As coletas foram realizadas bimestralmente, do período de agosto/2012 a julho/2013, totalizando seis coletas. Em cada coleta, a serrapilheira recolhida foi levada ao Laboratório de Nutrição Mineral de Plantas, onde as amostras foram separadas em folhas, estruturas reprodutivas (flores, frutos e sementes), galhos mais cascas e, miscelânea (material de difícil identificação e fezes de pássaros). Após a separação, as frações foram acondicionadas em sacos de papel, levados à estufa a 65 ºC até atingir massa constante. A massa de cada fração foi determinada separadamente em balança de precisão, com duas casas decimais. Esses dados permitiram estimar as médias bimestrais e anual de serrapilheira produzida pela vegetação estudada e percentagem de cada uma das frações. Foi estimado também o estoque de serrapilheira acumulada sobre a superfície do solo com coletas bimestrais, utilizando uma moldura metálica com dimensões 0,5 m x 0,5 m lançada aleatoriamente na área. A serrapilheira coletada, aquela circunscrita na moldura, era acondicionada em sacos de papel e colocada para secagem em estufa a 65 ºC, e posteriormente pesada em balança de precisão. Mensalmente foram coletados dados referentes a precipitação pluvial junto a Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (AESA, 2013). RESULTADOS E DISCUSSÃO - Resumo Expandido - [1035] ISSN: 2318-6631-

Serrapilheira (kg ha -1 ) Precipitação (mm) A precipitação total da área experimental durante o período de estudo foi de 156,4 mm, sendo os meses abril/2013 com 50,1mm e junho/2013 com 52,3mm foram os meses responsáveis pela maior precipitação. A produção de serrapilheira estimada em Várzea durante as seis coletas foi de 396,07 kg ha -1 ano -1. (Silva, 2013), em estudo realizado na mesma área durante um ano, com coletas realizadas mensalmente encontrou um valor de 2.999,96 kg ha -1 ano -1. As maiores deposições ocorreram nos meses de setembro/2012 com 118,16 kg ha -1, maio/2013 com 86,20 kg ha -1 e julho/2013 com deposição de 90,76 kg ha -1. Observou-se na (Figura 1) que as maiores deposições ocorreram no final do período chuvoso e início do período seco, e isso pode ser uma resposta das plantas a menor disponibilidade de água aos seus processos fisiológicos. A maior deposição da fração foliar no final da estação seca pode ser uma resposta da vegetação ao estresse hídrico, já que a derrubada de folhas reduziria a perda de água por transpiração (MARTINS & RODRIGUES, 1999). No entanto, a ocorrência de ventos fortes pode atuar como fator mecânico, causando também maior deposição de folhas (PINTO et al. 2008). Serrapilheira Precipitação Meses/Ano Figura 1 - Variação mensal da serrapilheira depositada em (kg ha -1 ) e precipitação em (mm), durante os meses de estudo, em Várzea-PB. A fração folha foi a que mais contribuiu com a deposição de serrapilheira durante o período estudado podendo ser visto na (Figura 2), com 303,48 kg ha -1, representando (76,62 %) do valor total, a menor deposição de folhas ocorreu entre os meses de novembro/2012 e janeiro/2013, visto que a maioria das espécies encontradas na área apresentam caducifolia, portanto, as árvores estavam totalmente desfolhadas, resultando na redução da produção. - Resumo Expandido - [1036] ISSN: 2318-6631-

Produtividade (Kg ha -1 ) Folhas Mat. Reprodutivo Galhos Miscelânea Figura 2: Produção de serrapilheira em (kg ha -1 ) das frações folhas, galhos, material reprodutivo e miscelânea, em Várzea PB. A estimativa da serrapilheira acumulada na superfície do solo foi feita com base em coletas bimestrais com início em setembro/2012 a julho/2013 (Tabela 1), a média anual foi de 630,47 kg ha - 1, observou-se que o maior acúmulo de serrapilheira nas áreas experimentais ocorreu no mês de setembro de 2012 (1574 kg ha -1 ) e novembro de 2012 (1015,6 kg ha -1 ), sendo esses os dois meses os que mais contribuíram para a média apresentada. A serrapilheira que nesse ecossistema protege o solo na estação seca quando as temperaturas são mais elevadas, mas, logo que chegam as primeiras chuvas, ela é degradada pelos microrganismos decompositores, não ocorrendo grande acúmulo de material orgânico na superfície (SOUTO, 2006). Observando que os menores valores encontrados foram nos meses que apresentaram maiores precipitações. Tabela 1: Valores de serrapilheira acumulada no piso florestal em kg ha -1, durante o período estudado, em Várzea-PB. Período de coleta ---------- 2012 ---------- ------------------------- 2013 ------------------------ Setembro Novembro Janeiro Março Maio Julho 1574 1015,6 755,3 346,7 74,4 16,4 Média 630,47 AGRADECIMENTOS Ao CNPq pelo financiamento do projeto e pela concessão da bolsa PIBIC. CONCLUSÕES A fração folhas apresentou-se como predominante na serrapilheira devolvida ao solo; A precipitação interferiu na quantidade de serrapilheira depositada e acumulada; A deposição de serrapilheira obedece a seguinte sequência: folha > galho > material reprodutivo > miscelânea. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Meses/Ano AESA. Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba. Precipitação Pluviométrica para o Município de Várzea: agosto de 2012 a julho de 2013. - Resumo Expandido - [1037] ISSN: 2318-6631-

ARATO, H.D.; MARTINS, S.V.; FERRARI, S.H.Produção e decomposição de serapilheira em um sistema agroflorestal implantado para recuperação de áreas degradadas em Viçosa-MG. Revista Árvore, v. 27, p. 715-721, 2003. EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 3 ed. Brasília: Embrapa-Solos, 2013. 353 p. FIGUEIREDO FILHO, A.; MORAES, G.F.; SCHAAF, L.B.; FIGUEIREDO, D.J. de Avaliação estacional da deposição em uma floresta ombrófila mista localizada no sul do Estado do Paraná. Ciência florestal, v. 13, n. 1, p. 11-18, 2003. PINTO, S.I.C.; MARTINS, S.V.; BARROS, N.F.; DIAS, H. C T. Produção de serapilheira em dois estádios sucessionais de floresta estacional semidecidual na reserva mata do paraíso, em Viçosa-MG. Revista árvore, v. 32, n.3, maio-junho, p. 545-556, 2008. MARTINS, S.V.; RODRIGUES, R.R. Produção de serapilheira em clareiras de uma floresta estacional semidecidual no município de Campinas, SP. Revista Brasileira de Botânica, v.22, p.405-412, 1999. SANTANA, J.A. da S. Estrutura fitossociológica, produção de serapilheira e ciclagem de nutrientes em uma área de Caatinga no Seridó do Rio Grande do Norte. 2005. 184 f. Tese (Doutorado em Agronomia) Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba, Areia, PB. SILVA, A.C.F. Dinâmica da serrapilheira e repartição da água de chuva por espécies da caatinga, 2013. 74f. Monografia (Graduação em Engenharia Florestal) Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, Patos PB. SOUTO, P.C. Acumulação e decomposição da serapilheira e distribuição de organismos edáficos em área de caatinga na Paraíba. Brasil. 2006. 150f. Tese. (Doutorado em Agronomia) Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Paraíba, Areia, PB. - Resumo Expandido - [1038] ISSN: 2318-6631-