Atividade inseticida do barbatimão sobre ovos da lagarta-da-soja e do cartucho-do-milho



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Transcrição:

17 Workshop de Plantas Medicinais do Mato Grosso do Sul/7º Empório da Agricultura Familiar PN Atividade inseticida do barbatimão sobre ovos da lagarta-da-soja e do cartucho-do-milho Débora L. Alves 1, Jéssica T. Lucchetta*², Nahara G. Piñeyro 3, Antônio S. Silva 2, Alessandra F. Freitas 4, Fabricio F. Pereira 4. 1 Universidade Federal da Grande Dourados. Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais (IC). 2 Universidade Federal da Grande Dourados. Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais (PG). 3 Universidade Federal da Grande Dourados. Faculdade de Ciências Agrárias (PG). 4 Universidade Federal da Grande Dourados. Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais (PQ). Autor de correspondência: jessicalucchetta@hotmail.com. Apresentador: dlopesalves2014@bol.com.br Universidade Federal da Grande Dourados - Unidade 2 Rodovia Dourados- Itahum, Km 12 - Cidade Universitaria. RESUMO O uso de inseticidas químicos vem sendo utilizado indiscriminadamente pelos agricultores, afim de controlar insetos praga, sem a consciência de que esse uso pode ao invés de ajudar, prejudicar a lavoura. O estudo de inseticidas botânicos se faz necessário, para utilização como um método alternativo ao químico, sendo que esse, por ser natural se degrada com mais facilidade no ambiente, afetando menos a população e o ambiente. O objetivo deste trabalho foi avaliar a atividade inseticida do barbatimão sobre ovos de Anticarsia gemmatalis e de Spodoptera frugiperda. O delineamento foi inteiramente casualizado com 2 tratamentos e 5 repetições e os dados obtidos foram submetidos a ANOVA, sendo o valor de F conclusivo. O extrato aquoso a 1% de barbatimão, causou mortalidade dos ovos de S. frugiperda, mas não causou uma porcentagem alta de mortalidade nos ovos de A. gemmatalis. Palavras-chave: extratos vegetais, Stryphnodendron adstringens, bioinseticidas INTRODUÇÃO O uso indiscriminado de inseticidas sintéticos pode acarretar o desenvolvimento da resistência do inseto a esses produtos; aparecimento de novas pragas ou ressurgência das existentes; desequilíbrios biológicos; efeitos prejudiciais ao homem e inimigos naturais, peixes e outros animais, além dos altos custos que envolvem sua utilização (CRUZ, 1995). A planta Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville popularmente conhecida como Barbatimão, é uma espécie pertencente à família Fabaceae e distribui-se amplamente pelo cerrado brasileiro. Na composição do barbartimão são encontrados os taninos, que são produtos naturais de composição polifenóica os quais são produzidos pelo metabolismo secundário da planta contra o ataque de insetos e microorganismos. A aplicação mais antiga dos taninos vegetais consiste no curtimento de peles e animais (tanning) (COVINGTON, 1997)

2 A lagarta-do-cartucho do milho, Spodoptera frugiperda (Smith1797 pode causar perdas de 17 a 38,7% na produção, tanto no milho como no sorgo, dependendo do ambiente, cultivar e, principalmente, do estádio de desenvolvimento e nutricional das plantas atacadas (CARVALHO, 1970; CRUZ e TURPIN, 1983; WILLIAMS e DAVIS, 1990; CORTEZ e WAQUIl, 1997; CRUZ et al., 1999). Para o manejo dessa praga, são recomendadas várias estratégias, incluindo métodos culturais e biológicos. Dentre as pragas mais importantes na soja, Anticarsia gemmatalis Hübner, 1818 (Lepidoptera: Noctuidae), apresenta-se como a lagarta desfolhadora que acarreta maiores prejuízos para a cultura (HOFFMANN-CAMPO et al., 2000). É considerada um dos principais insetos daninhos da soja no Hemisfério Ocidental (HERZOG e TODD, 1980; TURNIPSEED e KOGAN, 1976). Inicialmente as lagartas mais novas raspam as folhas, produzindo pequenos danos, mas à medida que crescem, ficam mais vorazes, destruindo as folhas e até hastes mais finas (PANIZZI et al., 1977). O objetivo do trabalho foi avaliar a mortalidade dos ovos das espécies de lagartas citadas acima, utilizando uma solução feita a partir do extrato metanólico bruto de barbatimão. MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram realizados no Laboratório de Entomologia e Controle Biológico (LECOBIOL) e no laboratório de Plantas Medicinais da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Criação de Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae). As mariposas foram mantidas em gaiolas de PVC e alimentadas com uma solução de água e mel embebidas no algodão, sendo essas gaiolas forradas com papel sulfite, onde as fêmeas colocavam suas posturas. Os ovos foram acondicionados em placas de Petri, após três dias ocorreu a eclosão dos ovos e as lagartas foram colocadas em recipientes contendo a dieta artificial. Ao atingirem aproximadamente 8 dias, essas lagartas foram individualizadas em recipientes descartáveis contendo a mesma dieta, onde foram mantidas durante todo seu desenvolvimento larval até atingirem a fase de pupa. Reiniciando o ciclo que dura em média 30 dias. Criação de Anticarsia gemmatalis. A criação foi mantida a 25 ± 2 ºC, umidade relativa de 70 ± 10%, fotofase de 14 horas no Laboratorio de Entomologia e Controle Biológico da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federa da Grande Dourados. Os ovos foram colocados no interior de placas de Petri (10,0 x 2,5 cm) e as lagartas recémemergidas, acondicionadas em potes plásticos de 1.000 ml contendo dieta artificial

3 (GREENE et al., 1976). As pupas de A. gemmatalis foram colocadas em gaiolas teladas (30 x 30 x 30 cm), revestidas internamente em suas laterais com papel sulfite, como substrato para oviposição e os adultos emergidos alimentados com solução aquosa de mel a 10%. Secagem do material e obtenção do extrato bruto. Os extratos foram preparados a partir das folhas de barbatimão. As plantas utilizadas foram coletadas no município de Dourados e identificadas pela Dra. Zefa Valdivina Pereira. O material vegetal foi seco em estufa de ar circulante a 45 C, durante quatro dias. Depois, as folhas trituradas em moinho de faca e colocados em um recipiente de vidro, contendo metanol 100%. A cada dois dias foi feita a filtragem do material e o líquido obtido colocado no rotaevaporador em temperatura de no máximo 60ºC, para retirar todo metanol, restando no recipiente apenas o extrato bruto. O extrato concentrado foi transferido para um recipiente previamente pesado e após completado a eliminação do solvente, o recipiente foi novamente pesado para obtenção do peso do extrato obtido. Esta extração foi submetida exaustivamente (FORMAGIO et al., 2010). Obtenção da solução do extrato. Foi preparada uma solução aquosa do extrato bruto na concentração a 1% da espécie S. adstringens. Desenvolvimento Experimental. O delineamento foi inteiramente casualizado com 2 tratamentos e 5 repetições. Os tratamentos consistiram na aplicação de três gotas de agua destilada para o controle, e três gotas de extrato da planta. Cada repetição foi composta por grupos de dez ovos; totalizando 50 ovos por tratamento. As avaliações foram realizadas diariamente durante cinco dias, consistindo na observação em lupa de quantos ovos tinham eclodido. Os dados obtidos foram submetidos a ANOVA, sendo o valor de F conclusivo. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para A. gemmatalis (82,0±11,0)% das larvas eclodiram no controle (agua destilada) e (76,0±11,4)% das lagartas eclodiram quando tratadas com extrato vegetal, sendo que não houve diferença entre o tratamento com extrato e o controle, pelo teste F a 5% de probabilidade (Tabela 1). Para S. frugiperda, houve diferença entre o tratamento com extrato e o controle. No controle eclodiram (92,0±11,0)% das lagartas e no tratamento com extrato eclodiram (2,0±0,4)% das lagartas.

4 Isto sugere que o extrato aquoso a 1% de barbatimão, causou mortalidade dos ovos de S. frugiperda, mas não causou uma porcentagem alta de mortalidade nos ovos de A. gemmatalis. Tabela 1.- Porcentagem de lagartas que eclodiram após 120 dias A. gemmatalis S. frugiperda Controle (82,0±11,0)% a (92,0±11,0)% a Barbatimão (76,0±11,4)% a (2,0±0,4)% b C.V. (%) 14,15 16,80 Médias seguidas pelas mesmas letras, nas colunas, não diferem, pelo teste F, a 5% de probabilidade. O papel biológico dos taninos nas plantas tem sido investigado e acredita-se que eles estejam envolvidos na defesa química dos vegetais contra o ataque de herbívoros vertebrados ou invertebrados e contra microrganismos patogênicos (SIMÕES et al., 2004). Quimicamente, o barbatimão é constituído por: taninos, alcalóides, amido, flavonóides, proantocianidinas, matérias resinosas, mucilaginosas, corantes e saponinas (SIMÕES et al., 1999). O barbatimão está inscrito na Farmacopéia Brasileira (2. ed., pp. 126, 1959) e sua casca contém de 20 a 30% de substâncias tânicas. Essas substancias podem ser responsáveis pela mortalidade dos ovos de S. frugiperda. Futuros trabalhos deverão ser feitos para explicar a ação das substancias inseticidas da planta barbatimão. O presente trabalho consiste no ponto de partida respondendo à pergunta: o extrato de barbatimão tem atividade inseticida sobre ovos de lepidópteros? Os próximos passos serão responder a perguntas que surgirão neste trabalho como: qual é a forma de ação das substancias inseticidas do barbatimão? Qual é o efeito fisiológico que causa mortalidade dos embriões de S. frugiperda, mas, não a causa em ovos de A. gemmatalis? Em conclusão, o extrato da planta barbatimão tem potencial inseticida sobre ovos de Spodoptera frugiperda. AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão das bolsas.

5 REFERÊNCIAS CARVALHO, R. P. L. Danos, flutuação populacional, controle e comportamento de Spodoptera frugiperda (Smith, 1797) e susceptibilidade de diferentes genótipos de milho em condições de campo. 1970. 170 f. Tese (Doutorado) Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 1970. CORTEZ, M. G. R.; WAQUIL, J. M. Influência de cultivar e nível de infestação de Spodoptera frugiperda (J. E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) no rendimento do sorgo. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v. 26, p. 407-410, 1997. COVINGTON, A.D., Modern tanning chemistry. Chemical Society Reviews, v.26, p.111-126, 1997. CRUZ, I. A lagarta-do-cartucho do milho. Embrapa-CNPMS, Circular Técnica, p. 21-45, 1995. CRUZ, I.; FIGUEIREDO, M. L. C.; OLIVEIRA, A. C.; VASCONCELOS, C. A. Damage of Spodoptera frugiperda (Smith) in different maize genotypes cultivated in soil under three levels of aluminum saturation. International Journal of Pest Management, v. 45, p. 293-296, 1999 CRUZ, I.; TURPIN, F. T. Yield impact of larval infestation of the fall armyworm (Lepidoptera: Noctuidae) to midwhorl stage of corn. Journal of Economic Entomology, v. 76, p. 1052-1054, 1983. FORMAGIO, A. S. N.; MASETTO, T. E.; BALDIVIA, D. S.; VIEIRA, M. C.; ZÁRATE, N. A. H.; E PEREIRA, Z. V. Potencial alelopático de cinco espécies da família Annonaceae. Revista Brasileira de Biociências, v.8, p.349-354, 2010. GREENE, G. L.; LEPPLA, N. C.; DICKERSON, W. A. Velmetbean caterpillar: A rearing procedure and articifial médium. Journal of Economic Entomology, v. 69, n.04, p. 487-488, 1976. HERZOG, D. C.; TODD, J.W. Sampling velvetbean caterpillar on soybean. In: KOGAN, M. & HERZOG, D. C., ed. Sampling methods in soybean entomology. Springer. p. 107-40, 1980. HOFFMANN-CAMPO, C. B.; MOSCARDI, F.; CORRÊA-FERREIRA, B. S.; OLIVEIRA, L. J.; SOSA-GOMEZ, D. R.; PANIZZI, A. R.; CORSO, I. C.; GAZZONI, D. L.; OLIVEIRA, E. B. Pragas da soja no Brasil e seu manejo integrado. Londrina: EMBRAPA Soja 2000. 70p. (Circular Técnica, 30). PANIZZI, A. R.; CORREA, B. S.; GAZZONI, D. L.; OLIVEIRA, E. B.; NEWMAN, G. G. & TURNIPSEED, S. G. Insetos da soja no Brasil. Londrina, EMBRAPA-CNPSo, 1977, 20p. (Boletim Técnico, 1).

6 SIMÕES, C. M. O.; SCHEMKEL, E. P.; GOSMANM, G.; MELO, J. C. P.; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R.. Farmacognosia da Planta ao Medicamento. 5. ed. UFRGS Editora, Florianópolis-SC: p. 1102, 1999. SIMÕES, CM.O.; SCHEMKEL, E. P.; GOSMANM, G.; MELO, J. C. P.; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R. Farmacognosia da planta ao medicamento. 5º ed. Porto Alegre/Florianópolis: UFRGS e UFSC, p. 643, 2004. TURNIPSEED, S. G. & KOGAN, M. Soybean entomology. Annual Review of Entomology, v. 21, p. 247-282, 1976. WILLIAMS, W. P.; DAVIS, F. M. Response of corn to artificial infestation with fall armyworm and southwestern corn borer larvae. Southwestern Entomologist, v.15, p.163-166, 1990.