Revelia. O OBJETIVO DESSE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ A APRESENTAÇÃO DO INSTITUTO DA REVELIA NO PROCESSO PENAL BRASILEIRO A INEXISTÊNCIA DA REVELIA NO PROCESSO PENAL Conforme ensinamentos de COSTA MACHADO a REVELIA (de rebellis, rebeldia) é o estado de contumácia do réu, ou seja, a situação de inércia do réu quanto ao seu direito de defesa (MACHADO, 2006, p. 693). No âmbito do Direito Processual Civil o instituto da revelia está previsto no Art. 319 Do Código de Processo Civil que determina in verbis: "Se o réu não contestar a ação, repuar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor". Percebe-se que o dispositivo supracitado aborda os efeitos materiais da revelia. No entanto, surge a perplexidade, pois tal instituto tem aplicação no Direito Processual Penal brasileiro? No Direito Processual Penal caso o acusado seja CITADO ou INTIMADO pessoalmente para qualquer ato processual e deixar de comparecer sem motivo devidamente justificado, ou por outro lado, mudar de residência, sem, contudo, comunciar ao juiz, terá sua revelia decretada nos exatos termos do Art. 367 do Código de Processo Penal. O dispositivo supracitado determina in verbis: "Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não comunicar o novo endereço ao juízo". Todavia, diferente do que ocorre no Direito Processual Civil, a revelia não gera a presunção de veracidade dos fatos alegados pelo acusador (Ministério Público ou Querelante) na DENÚNCIA ou QUEIXA-CRIME. Assim, o Art. 319 do Código de Processo Civil não tem aplicação no Direito Processual Penal. No Direito Processual Penal a revelia não tem os mesmos efeitos do Direito Processual Civil, haja vista o PRINCÍPIO DO ESTADO OU PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (PRINCÍPIO DA NÃO- CULPABILIDADE), previsto, expressamente, no Art. 5º, inciso LVII da Constituição da República. Portanto, a acusação continua com o ônus de provar o alegado, se não o fizer será o acusado absolvido (GONÇALVES; REIS, 2015, p. 445). No Direito Processual Penal o único efeito prático da revelia é determinar que o acusado não seja mais intimado pessoalmente dos atos processuais posteriores, podendo, no entanto, realizar sua defesa normalmente. Ademais, seu defensor, será sempre notificado e/ou intimado da realização de qualquer ato
processual. Nesse sentido, é importante salientar o Art. 261, caput, do Código de Processo Penal que determina in verbis "Art. 261. Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor ". Entretanto, o acusado deverá sempre ser INTIMADO DA SENTENÇA PROLATADA. Nesse sentido, a doutrina pátria tem defendido que no Direito Processual Penal não há, efetivamente, observância do instituto da revelia. Senão vejamos: "Pensamos que, no processo penal, inexiste a figura da revelia, tal como ocorre no processo civil, Neste, conforme prevê o art. 319 do Código de Processo Civil, caso o réu não conteste a ação, quando devidamente citado, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor na inicial. É o efeito da revelia, isto é, o estado de quem, cientificado da existência de ação contra si proposta, desinteressa-se de proporcionar defesa (...) Ora, totalmente diversa é a situação no processo penal. O réu, citado, que não comparece para ser interrogado, desinteressando-se por sua defesa, uma vez que os direitos são sempre indisponíveis nesse caso, terá defensor nomeado pelo juiz (art. 261, CPP), (...). Enfim, o que ocorre na esfera penal é a simples ausência do processo, consequência natural do direito de audiência" (NUCCI, 2013, p. 669/670). Nesse mesmo sentido, é o entendimento de AURY LOPES JUNIOR: "Atualmente, não há que se falar em 'revelia' no processo penal (ou pelo menos não no sentido próprio do termo, o que significa dizer que a utilização seria sempre imprópria e inadequada), pois a inatividade do réu não conduz a nenhum tipo de sanção penal (...) Não existe, no processo penal, revelia em sentido próprio. A inatividade processual incluindo a omissão e a ausência) não encontra qualquer tipo de reprovação jurídica. Não conduz a nenhuma presunção, exceto a de inocência, que continua inabalável. Nada de presumir-se a autoria porque o réu não compareceu!... Jamais" (LOPES, 2012, p. 762/763). Assim, no Direito Processual Penal brasileiro o termo "REVELIA" deveria ser substituido por "AUSÊNCIA", pois esta é a única consequência da falta do acusado. Destarte, no Direito Processual Penal vigora o famigerado princípio da VERDADE REAL ou MATERIAL.
PRESENÇA DO RÉU Quiz 1 Com relação ao instituto da revelia no processo penal é correto afirmar que: O juiz deverá reputar como verdadeiro tudo que for alegado pelo Ministério Público, haja vista a ausência do réu. O juiz deverá reputar como falso tudo que for alegado pelo Ministério Público, haja vista a ausência do réu.
O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, devendo nomear defensor dativo. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado pessoalmente para qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, não precisando nomear defensor para o réu. 2 O instituto da revelia não tem qualquer efeito no processo penal, salvo a própria ausência do acusado. Sobre isso é correto afirmar que: No processo penal o juiz não poderá reputar como verdadeiro os fatos alegado pelo Ministério Público, em caso de revelia, haja vista os princípios da presunção de inocência, bem como a busca pela verdade material. Ministério Público, em caso de revelia, haja vista os princípios da presunção de inocência e a verdade formal. Ministério Público, em caso de revelia, haja vista os princípios da presunção de culpa e a verdade material. Ministério Público, em caso de revelia, haja vista os princípios da presenção de culpa e a verdade formal 3 A revelia ocorreu quando: O réu está presente na audiência de instrução, debates e julgamento.
O réu está ausente na audiência de instrução, debates e julgamento para realização de seu interrogatório, bem como quando não constitui advogado. O réu está ausente apenas na oitiva de algumas testemunhas. nenhuma das alternativas anteriores. Referências BADARÓ, Gustavo Henrique Righi Ivahy. Processo Penal. 2.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. LOPES, Aury. Direito Processual Penal. 9.ed. São Paulo: Saraiva, 2012. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução penal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2013. REIS, Alexandre Cebrian Araújo. Direito Processual Penal esquematizado. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2014.