AUTOR(ES): CAIO GUSTAVO DA SILVA, ANTONIO CARLOS OLIVEIRA DE ALMEIDA, IGOR ALFONSO CARNEIRO RIBEIRO DE MENEZES

Documentos relacionados
MORBIMORTALIDADE DA POPULAÇÃO IDOSA DE JOÃO PESSOA- PB

INTOXICAÇÕES POR AGROTÓXICOS E DOMISSANITÁRIOS EM IDOSOS: DADOS EPIDEMIOLÓGICOS E CLÍNICOS ( )

Cargo: S01 - AGENTE DE POLÍCIA CIVIL Disciplina: Noções de Medicina Legal. Conclusão (Deferido ou Indeferido) Resposta Alterada para:

A prevenção de comportamentos suicidas na juventude

CARACTERIZAÇÃO DO SERVIÇO DE REFERÊNCIA EM DOENÇAS CEREBROVASCULARES HC-UFG

USO DE DROGAS POR CRIANÇAS E ADOLESCENTES

ANÁLISE DESCRITIVA DAS INTOXICAÇÕES POR MEDICAMENTOS EM GOIÁS

ÍNDICE E CARACTERÍSTICAS DAS MORTES VIOLENTAS EM IDOSOS NO ANO DE 2012 NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE/PB.

Tentativa de Suicídio: Uma Análise Geoepidemiológica

PLANO DE ENSINO/ 2009

Briefing. Boletim Epidemiológico 2011

Caracterização clínica e demográfica dos militares contratados internados no Serviço de Psiquiatria do Hospital Militar Principal em 2007

Sistematização e análise de casos notificados de violência contra a mulher em Viçosa-MG.

MAIO DE 2017 PALMAS-TO

DISTRIBUIÇÃO DA HEPATITE B NA PARAÍBA: ANÁLISE DOS CASOS NOTIFICADOS PELO SINAN

ANÁLISE DO PERFIL DOS IDOSOS VÍTIMAS DE MORTE VIOLENTA NA CIDADE DE CAMPINA GRANDE

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE HEPATITE A NOTIFICADOS EM UM ESTADO NORDESTINO

Anais V CIPSI - Congresso Internacional de Psicologia Psicologia: de onde viemos, para onde vamos? Universidade Estadual de Maringá ISSN X

TÍTULO: AFOGAMENTOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE CUIABA CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE

PERFIL NUTRICIONAL E PREVALÊNCIA DE DOENÇAS EM PACIENTES ATENDIDOS NO LABORATÓRIO DE NUTRIÇÃO CLÍNICA DA UNIFRA 1

2 MATERIAIS E MÉTODOS

OCORRÊNCIA DE ANTECEDENTES FAMILIARES EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS NO ESTADO DE GOIÁS

Saúde Mental Na Adolescência. O Suicídio. Filipe Silva Joana Couto Raquel Santos

Desemprego e Inatividade no Estado do Pará: Evidências da Técnica de Regressão Logística Multinomial

TUBERCULOSE NA TERCEIRA IDADE NO BRASIL

Índice de massa corporal e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis em idosos institucionalizados

CARACTERIZAÇÃO DE ÓBITOS REGISTRADOS NO INSTITUTO MÉDICO LEGAL DO MUNICÍPIO DE MARINGÁ NO TRIÊNIO

Anotações de aula Aline Portelinha 2015

PREVALÊNCIA DOS SINTOMAS DA ASMA EM ADOLESCENTES DE 13 E 14 ANOS

Tipos de Estudos Clínicos: Classificação da Epidemiologia. Profa. Dra. Maria Meimei Brevidelli

PREVALENCIA DAS DOENÇAS CRONICAS NÃO-TRANSMISSIVEIS EM IDOSOS NO ESTADO DA PARAIBA

GEOGRAFIA - 2 o ANO MÓDULO 16 DEMOGRAFIA: CONCEITOS E TRANSIÇÃO

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA LEPTOSPIROSE NO ESTADO DE SÃO PAULO NO PERÍODO DE 2007 A 2011

ATENDIMENTOS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA NA UPA E CORPO DE BOMBEIRO. Maria Inês Lemos Coelho Ribeiro 1 RESUMO

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO HANSENÍASE- N 01/2011

IDADE GESTACIONAL, ESTADO NUTRICIONAL E GANHO DE PESO DURANTE A GESTAÇÃO DE PARTURIENTES DO HOSPITAL SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE PELOTAS RS

MORTALIDADE POR CÂNCER NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL, BRASIL, NO PERÍODO DE 1998 A 2007

Desigualdades sociais e doenças crônicas de adultos:

Questionário - Medicina Legal Faculdade de Direito UFG

1 Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal//SUPLAV

ESTADO NUTRICIONAL E FREQUÊNCIA ALIMENTAR DE PACIENTES COM DIABETES MELLITUS

EPIDEMIOLOGIA E ESTATÍSTICA VITAL

RIPSA - Causas externas

TÍTULO: PREVALÊNCIA DE LESÕES EM CORREDORES DOS 10 KM TRIBUNA FM-UNILUS

U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D A B A H I A SUPERINTENDÊNCIA ACADÊMICA SECRETARIA GERAL DOS CURSOS EPIDEMIOLOGIA E ADMINISTRAÇÃO SANITÁRIA

Características da gestante adolescente em estudo prospectivo de 4 anos: realidade em Teresópolis

Introdução. Graduada em Serviço Social ESUV/UNIVIÇOSA. 2

Vigilância de Causas externas

CRONOTANATOGNOSE - QUESTÕES

AVALIAÇÃO SÓCIOECONÔMICA DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO ESTADO DE MINAS GERAIS POR MEIO DA ANÁLISE DE CORRESPONDÊNCIA

METODOLOGIA TIPOS DE PESQUISA

REGISTO NACIONAL DE AN MALIAS CONGÉNITAS O RENAC Resumo

INDICADORES DE SAÚDE I

BIOESTATÍSTICA. Prof ª Marcia Moreira Holcman

PROJETO DE PESQUISA REFERENTE AO SUICIDIO SOB A PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA

CAMPANHA INSTINTO DE VIDA Redução de homicídios ABRIL 2017

Indicadores de Doença Cardiovascular no Estado do Rio de Janeiro com Relevo para a Insuficiência Cardíaca

ANÁLISE DOS DADOS DE MORTALIDADE DE 2001

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Instituto de Química Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Bolsista: Márcia Menezes

PREVALÊNCIA E RISCO DE SUICÍDIO NO BRASIL E NA CIDADE DE BARRA DO GARÇAS (MT): REVISÃO DE LITERATURA

INDICADORES DE SAÚDE I

Vigilância de Causas externas

ANAIS DO II SEMINÁRIO SOBRE GÊNERO: Os 10 anos da lei Maria da Penha e os desafios das políticas públicas transversais

Morre-se mais de doenças do aparelho circulatório, mas os tumores malignos matam mais cedo

AUTOR(ES): LUIS FERNANDO ROCHA, ACKTISON WENZEL SOTANA, ANDRÉ LUIS GOMES, CAIO CÉSAR OLIVEIRA DE SOUZA, CLEBER CARLOS SILVA

AVALIAÇÃO DO AUTOCONHECIMENTO SOBRE O CÂNCER DE BOCA DOS IDOSOS NO MUNICÍPIO DE QUIXADÁ: PROJETO DE PESQUISA

RESULTADO DE AVALIAÇÕES DAS REUNIÕES PLENÁRIAS DO CEP - CESUMAR ATÉ O DIA 14/12/2012

PSICOLOGIA E DIREITOS HUMANOS: Formação, Atuação e Compromisso Social

Perfil das pessoas mortas na cidade de São Paulo em circunstâncias violentas (2011)

Desenhos de estudos científicos. Heitor Carvalho Gomes

FIEP BULLETIN - Volume 82 - Special Edition - ARTICLE I (

PALAVRAS-CHAVE: Estratégia de Saúde da Família, Câncer de colo uterino, Saúde da Família, Exame de prevenção e Colpocitologia.

B O L E T I M EPIDEMIOLÓGICO SÍFILIS ano I nº 01

O que é uma pesquisa de vitimização?

INDICADORES DEMANDA DE DROGAS

SUICÍDIO COMO IDENTIFICAR?

1) Introdução à Epidemiologia 2) Epidemiologia e suas áreas de interesse 3) Medidas em epidemiologia 4) Freqüência absoluta versus relativa

ESTATÍSTICA DESCRITIVA

ESTRUTURA E DINÂMICA DO SETOR PROVEDOR DE SERVIÇOS DE SAÚDE NO BRASIL: UMA ANÁLISE DOS EMPREGOS E SALÁRIOS NA DÉCADA DE 1990

EXCESSO DE PESO E FATORES ASSOCIADOS EM IDOSOS ASSISTIDOS PELO NASF DO MUNICÍPIO DE PATOS-PB

CARACTERIZAÇÃO DOS ATENDIMENTOS DO SERVIÇO MÓVEL DE URGÊNCIA SAMU, MARINGÁ-PR

DEPARTAMENTO DE ANATOMIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO BMA ANATOMIA HUMANA IV CURSO: FISIOTERAPIA

Aspectos Socio-Econômicos do Câncer no Brasil

2 MATERIAL E MÉTODOS 1.1 OBJETIVOS DO TRABALHO

EDITAL INTERNO Nº 001/2016 PROCESSO SELETIVO PARA CONTRATAÇÃO DE DOCENTE POR TEMPO DETERMINADO

OS FATORES DE RISCOS PARA NÃO REALIZAÇÃO DO PARTO NORMAL

TÍTULO: ANÁLISE ANTROPOMÉTRICA DE SACROS DO SEXO MASCULINO E FEMININO DO ESTADO DE SÃO PAULO

CARACTERIZAÇÃO DE LESÕES DE PELE EM UM CENTRO DE TRATAMENTO INTENSIVO ADULTO DE UM HOSPITAL PRIVADO

Genética Quantitativa. Recursos Computacionais. Estatística. no Processo da Pesquisa. Desenvolvimento Avícola. Nutrição Manejo. Modelos Estatísticos

PERFIL DOS IDOSOS INTERNADOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO EM CAMPINA GRANDE

SUICÍDIOS NO ESPÍRITO SANTO

Aumento dos suicídios em 2014

Rita Nicolau Ausenda Machado José Marinho Falcão. Departamento de Epidemiologia

TÍTULO: ESTEROIDES ANABÓLICOS ANDROGÊNICOS: MECANISMO DE AÇÃO E EFEITOS COLATERAIS

A INCIDÊNCIA DE CASOS NOVOS DE AIDS EM CRIANÇA NO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA/RS/BRASIL 1

3.4. TIPOLOGIAS DE SITUAÇÕES DE HOMICÍDIO COM UM AGRESSOR E UMA VÍTIMA

CISTICERCOSE BOVINA EM PROPRIEDADES RURAIS DO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA-MG: INVESTIGAÇÃO E FATORES DE RISCO

Vigitel Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico

aula 12: estudos de coorte estudos de caso-controle

FELIPE AUGUSTO CUNHA 1 ; MAKILIM NUNES BAPTISTA 1; LUCAS DE FRANCISCO CARVALHO 1 1. UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO, Itatiba, Brasil

Transcrição:

6 TÍTULO: ENFORCAMENTOS EM CUIABÁ: UMA TRISTE REALIDADE CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: MEDICINA INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VÁRZEA GRANDE AUTOR(ES): CAIO GUSTAVO DA SILVA, ANTONIO CARLOS OLIVEIRA DE ALMEIDA, IGOR ALFONSO CARNEIRO RIBEIRO DE MENEZES ORIENTADOR(ES): PAULO LUIZ BATISTA NOGUEIRA

RESUMO O suicídio tornou-se uma questão de saúde pública no mundo, pelo seu frequente número de casos que vem ocorrendo nas últimas décadas. O Brasil é o oitavo país no ranking mundial do número absoluto de suicídios. Existem várias categorias de suicídio, entre elas está o suicídio por enforcamento. Dessa forma foi realizado uma análise epidemiológica descritiva das vítimas de suicídio por enforcamento de Cuiaba e região. Foram analisados prontuários de necropsia em vítimas de morte por enforcamento. Traçando o perfil do suicida por enforcamento, pode-se concluir que ele possui as seguintes características: sexo masculino, normolíneo, pardo, com idade entre 0 a 45 anos, sendo o local mais comum de ocorrência do suicídio em sua própria residência, utilizando como material uma corda, com enforcamento completo (corpo totalmente suspenso), com nó posicionado assimetricamente e apenas um sulco (quantidade de laços). No que se refere ao exame cadavérico, dentre os sinais analisados, os presentes com maior frequência observado foram os livores de hipóstase, cianose, equimose visceral (pulmão hiperinsuflado, mancha de Tardieu), aprofundamento do sulco e a lesão traumática de vasos do pescoço. Em contrapartida as descrições pouco descritas ou ausentes nos laudos de necropsia foram: cogumelo de espuma, projeção de língua, equimose de pele e mucosas, otorragia, exoftalmia, escoriações nos bordos do sulco, equimose retrofaringea de Brouardel. Dentre as características específicas, a coloração do sangue escura, os pulmões armados, e o estado de conservação do corpo consecutivo (0 4 horas), foram os mais frequentes. INTRODUÇÃO O suicídio é uma atitude intencional para ceifar sua própria vida. As tentativas anteriores ao suicídio, tais como a depressão e a dependência de álcool e drogas, histórico de suicídio na família, são os principais fatores associados ao suicídio (MOREIRA; BASTOS, 05). Analisando os meios mais utilizados entre as vítimas de suicídio, o enforcamento foi um dos meios mais empregados entre homens e mulheres (MACENTE; SANTOS; ZANDONADE, 009, PONCE; ANDREUCCETTI; JESUS; LEYTON; MUNOZ 008). Entre os homens, o principal agente foi o enforcamento (4,%) e o segundo, foi ferimento por arma de fogo (4,9%), em contrapartida, o principal agente causador da morte entre as mulheres foi a intoxicação (8,%), por exemplo, envenenamento ou ingestão de medicamentos, seguido do enforcamento

(,%) (PONCE; ANDREUCCETTI; JESUS; LEYTON; MUNOZ, 008, CAVALCANTE; MINAYO; MANGAS, 0). Há causas de morte por enforcamento. A primeira é a morte por asfixia mecânica na qual obstrui as vias respiratórias, comprometendo a oxigenação. A segunda explicação é a morte por obstrução mecânica circulatória das carótidas comuns e vertebrais. Por fim, é a morte por inibição, na qual a constrição exercida pelo laço lesa os nervos vagos e os seios carotídeos, determinando a morte do indivíduo. Essas interrupções são causadas por um laço fixo colocado na região cervical e o peso da vítima age como força ativa para tal obstrução das vias aéreas (FRANÇA, 05). OBJETIVO O artigo tem como objetivo analisar os casos de enforcamento no Instituto Médico Legal do município de Cuiabá no ano de 04, averiguando variáveis como a idade, sexo, cor, circunstancias e uma séries de aspectos de suma importância para a medicina legal, de cada caso analisado no prontuário de necropsia, fornecendo assim, embasamento estatístico para posteriores estudos. METODOLOGIA Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo, com dados do Instituo Médico Legal de Cuiabá, no qual foram analisados 00 prontuários de necropsias referentes ao período de janeiro a dezembro de 04 sendo elegíveis casos. Os critérios de inclusão foram: todas vítimas cujos corpos foram encaminhados ao Instituto médico legal da Grande Cuiabá que abrange toda a região metropolitana; no histórico da requisição do exame necroscópico as vítimas deveriam apresentar as características de um enforcamento: laço fixo colocado na região cervical e o peso do corpo agindo como força ativa para a obstrução das vias aéreas; não houve distinção de idade, sexo, raça e cor. Foram analisadas as seguintes variáveis conforme protocolo estabelecido: data e hora da realização da necropsia; sexo; idade; cor; estado de conservação do corpo; sinais externos; sinais externos gerais do corpo; sinais internos gerais; sinais internos específicos (FRANÇA, 05). Utilizando o programa Epiinfo versão.5., que é um software de domínio público criado pelo CDC (Centers for Disease Control and Prevention) voltado à área da saúde na parte de epidemiologia, foi criado um questionário que busca englobar

todas as variáveis supracitadas. Posteriormente estes dados foram transferidos para Microsoft Excel para a criação de gráficos e tabelas. DESENVOLVIMENTO No ano de 04, foram realizadas cerca de 00 exames cadavéricos no IML de Cuiabá-MT, no entanto apenas possuíam como causa da morte asfixia mecânica, correspondendo a,6% de todas as necropsias realizadas na instituição. Traçando o perfil do suicida por enforcamento, pode-se concluir que ele possui as seguintes características: sexo masculino, normolineo, cútis parda, com idade entre 0 a 45 anos, que comete suicídio em residência, utilizando como material uma corda, com enforcamento completo (corpo totalmente suspenso), com nó posicionado assimetricamente e apenas um sulco (quantidade de laços). Observou-se que o perfil encontrado no presente estudo vai de encontro à literatura vigente (MACENTE; SANTOS; ZANDONADE, 009, LOVISI; SANTOS; LEGAY; ABELHA; VALENCIA, 009, PARENTE; SOARES; ARAÚJO; CAVALCANTE; MONTEIRO, 007, MENEGUEL, 004) Em 0, no Brasil, foram registradas.8 mortes, sendo 9.98 homens e.6 mulheres (taxa de 6,0 para cada grupo de 00 mil habitantes). Entre 000 e 0, houve um aumento de 0,4% na quantidade de mortes alta de 7,8% entre mulheres e 8,% entre os homens. A razão entre as taxas dos sexos aponta uma sobremortalidade masculina importante, superior a,7. (CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, 04, LEON; BARROS, 00, MENEGUEL, 004) Analogamente, as taxas encontradas, neste estudo, foram de encontro com os índices supracitados, pois como verifica-se na tabela, a incidência de morte por enforcamento no sexo masculino foi cerca de vezes maior do que em vítimas do sexo feminino. A menor ocorrência de suicídio entre as mulheres tem sido atribuída à baixa prevalência de alcoolismo; à religiosidade; às atitudes flexíveis em relação às aptidões sociais e ao desempenho de papéis durante a vida. Além disso, as mulheres reconhecem precocemente sinais de riscos para depressão, suicídio e doença mental, buscam ajuda em momentos de crise e participam nas redes de apoio social (MENEGUEL, 004). Em relação a idade, vários estudos, demonstram uma maior incidência de suicídio na população jovem, na faixa etária de 0 a 9 anos, com taxas variando entre 0 a 40% dos casos (LOVISI;SANTOS;LEGAY;ABELHA;VALENCIA, 009, PARENTE; SOARES; ARAUJO;CAVALCANTE, 007). Em contrapartida, neste

estudo, foi na faixa etária entre 0 a 45 anos, que foi encontrada a maior incidência de suicídio. Segundo França GV (05), Del-Campo ERA (007), Hercules HC (04), Croce D (0) na asfixia mecânica por enforcamento existem certos sinais que em conjunto permitem desde logo um diagnóstico, porém nenhum é constante e, muito menos, patognomônico. Indo de encontro ao relatado na literatura vigente, o presente estudo, constatou que em um caso de enforcamento, espera-se que a vítima tenha utilizado uma corda como material, sulco único, com direção obliqua, sem escoriações nos bordos do sulco. Em relação aos sinais gerais externos, de acordo com França (05), Alcântara (04) e Del-Campo (007), na maioria dos casos de enforcamento estão ausentes: exoftalmia, otorragia, projeção de língua e cogumelos de face e mucosas. Sendo assim, após a análise dos resultados, do presente estudo, e literaturas, observou-se a consonância das informações, que não divergiram nestes aspectos. No que se refere as lesões internas gerais, o presente estudo, verificou, que a maioria dos casos apresentou o coração sem alterações, coloração do sangue escura, pulmão distendido, e equimose visceral. Segundo Pagani, Souza, Rocha (04), França (05) e Hercules (04) relataram em seus trabalhos, que em casos de enforcamento, espera-se que o coração não apresente alterações, que o pulmão esteja distendido, que a coloração do sangue seja escura e, principalmente, apresentar a característica mais comum, que é a equimose visceral. Portanto, verificase a harmonia das informações do presente estudo com a literatura vigente. Conforme Croce, Junior (0), nos achados internos específicos, a incidência destes sinais varia muito, não sendo possível estabelecer um perfil de achados característicos. Outro fato que prejudicou a avaliação destas variáveis, é a inconstância de informações presentes nos laudos, como pode ser verificado na variável de fratura/instabilidade da coluna cervical, que somente foi relatado sua presença ou ausência em 4 laudos. Segundo França (05), os erros mais comuns nas necropsias medico-legais são: exame externo omisso ou sumario, interpretação por intuição, falta de ilustração, entendimento errado no post mortem, necropsias incompletas, obscuridade descritiva. Assim sendo, o presente estudo, teve como maior dificuldade, a ausência de informações importantes nos prontuários.

RESULTADOS Traçando o perfil do suicida por enforcamento, pode-se concluir que ele possui as seguintes características: sexo masculino, normolineo, cútis parda, com idade entre 0 a 45 anos, que comete suicídio em residência, utilizando como material uma corda, com enforcamento completo (corpo totalmente suspenso), com nó posicionado assimetricamente e apenas um sulco (quantidade de laços). Segundo França (05), os erros mais comuns nas necropsias medico-legais são: exame externo omisso ou sumario, interpretação por intuição, falta de ilustração, entendimento errado no post mortem, necropsias incompletas, obscuridade descritiva. Tabela - Características gerais das mortes por enforcamento. Nº % Sexo Masculino Feminino Faixa Etária 4 a 9 0 a 45 46 a 60 6 ou mais Raça Branco Negro Pardo Prejudicado Biótipo 5 8 0 6 4 5 5 75,8% 4,% 0,% 48,5%,% 9,%,% 5,% 45,5% 6,% Normolíneo Brevilíneo Longilíneo Material Usado Corda Cinto Outro Local de Morte Via Pública Residência Tipo de Enforcamento Completo Incompleto Posição do Nó Simétrico Assimétrico 7 5 9 4 5 84,4% 6,4% 9,4% 54,5% 9,% 4,5% 9,% 80,8% 75% 5% 48,% 5,7% Assim sendo, o presente estudo, teve como maior dificuldade, a ausência de informações importantes nos prontuários.

Tabela - Descrição dos achados externos do corpo humano. Nº % Estado de Conservação do Corpo Consecutivo Putrefativo Exoftalmia 0 9 9,% 8,8% 0% 87,9% Otorragia Projeção de Língua Cogumelos de Face e Mucosas Cianose Equimose de Pele e Mucosas Sulco Único Duplo Triplo Quadruplo Direção do Sulco Obliquo Transverso Obliquo/Transverso Presença de escoriações nos bordos do sulco Livores de Hipótase 0 9 9 0 0 5 4 5 9 5 5 4 0% 87,9% 8,7% 6,% 0% 90,9% 5,7% 48,% 46,4% 5,6% 90,6%,%,%,% 74,% 6,% 9,7% 7,9% 8,% 84,0% 6,0%

Tabela - Achados internos das grandes cavidades corporais. Lesões Internas Gerais Abertura do Crânio Sim Não Nº % 9 9,4% 90,6% Abertura Cervical Sim 97,0% Coração Petéquias Sem Alterações Coloração do Sangue Vermelho Escuro Pulmão Armado/Distendido Retraído Petéquias Equimose Visceral (Pulmão, Manchas de Tardieu) Abertura do Abdômen Sim Não 8 6 4 5 9 4 7 4,% 57,9% 5,9% 94,% 6,6%,6%,7% 90,5% 9,5% 45,% 54,8% Tabela 4 - Descrições das lesões cervicais e resposta aos quesitos oficiais.. Nº % Fratura/Instabilidade da Coluna Cervical Fratura de Osso Hioide Lesão Traumática de Vasos do Pescoço 9 8 50% 50% 50,0% 50,0% 5,9% 47,%

Aprofundamento de Sulco Sim Não Equimose Retro faríngea de Brouardel Houve Qualificação de Morte Sim Não Prejudicada Instrumento ou Meio Contundente Prejudicado Corto- Contundente Físico Físico-químico Causa Mortis Asfixia Mecânica Causa Indeterminada 8 4 9 8 87,5%,5% 47,8% 5,% 57,6%,0% 9,4%,0%,0%,0% 4,% 66,7% 96,9%,% CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste trabalho, coletamos informações que podem auxiliar a sociedade médica, desde a prevenção deste agravo até o momento do exame cadavérico, e pode ajudar a sociedade a desmitificar a cultura e o tabu em torno do tema. Esperase que esta contribuição ajude no enfrentamento deste grave problema de saúde pública. Porém a produção de conhecimento e a discussão a respeito do tema ainda são escassas, principalmente, a respeito das características analisados no momento do exame cadavérico, sendo assim, os profissionais de saúde no geral têm pouca informação sobre formas de detecção de casos de depressão com risco suicida e da própria abordagem feita durante a necropsia. Sendo assim, o presente estudo, tem por objetivo dar embasamento teórico de qualidade para futuros trabalhos acadêmicos a respeito do tema. Quanto maior o conhecimento acerca do tema suicídio, maiores as chances de prevenção. Este trabalho propôs-se a trazer informações relevantes sobre esta

complexidade que o assunto merece, dando embasamento teórico de qualidade para futuros trabalhos acadêmicos a respeito do tema. A respeito dos dados encontrados, verificou-se que os resultados vão de encontro aos dados publicados em literaturas renomadas na academia médica, como o Genival Veloso França. Outro ponto importante a ser lembrado, é a qualidade dos exames cadavéricos e dos laudos produzidos, pode-se perceber que muitos dados não são relatados pelos peritos médicos durante a realização do exame, prejudicando assim, estudos futuros a respeito do tema. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FRANÇA, G.V. Medicina Legal. 0. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 05. 748p. HERCULES, H.C. Medicina Legal.. ed. São Paulo: Atheneu, 04. 800p. GOMES, H. Medicina legal.. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 004. 565p. CROCE, D.; CROCE, D.J. Manual de Medicina Legal. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 0. 864p. ROGERS, J.R. Theoretical Grounding: Themissing Link in Suicide Research. Journal of Counseling e Development, v.79, n., p.6-5, 00. LEÓN, L.M.; BARROS, M.B.A. Mortes por suicídio: diferenças de gênero e nível socioeconômico. Revista de Saúde Pública, v.7, n., p. 57-64, 00. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA. Comportamento Suicida: Conhecer para Prevenir, dirigido para profissionais da imprensa..ed. Rio de Janeiro: ABP, 009. 9p. BAPTISTA, M.N.; BORGES A. Suicídio: aspectos epidemiológicos em Limeira e adjacências no período de 998 a 00. Estud Psicol, v., n.4, p. 45-4, 005. MACENTE, L.B.; SANTOS, E.G.,; ZANDONADE E. Tentativas de suicídio e suicídio em municípios de cultura pomerana no interior do estado do Espírito Santo. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v.58, n.4, p. 8-44, 009.

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Suicídio: Informando para Prevenir.. Ed. Brasília: CFM/ABP, 04. 5p. PONCE, J.C.; ANDREUCCETTI, G.; JESUS, M.G.S,; LEYTON, V.,; MUNOZ, D.R. Álcool em vítimas de suicídio em São Paulo. Revista de Psiquiatria Clínica, v.5, n., p. -6, 008. TSURUMI, W. Manual de Suicídio Completo. ºEd. 99. 98p. CAVALCANTE, F.G.; MINAYO, M.C.S,; MANGA, R.M.N. Diferentes faces da depressão no suicídio em idosos. Ciênc. Saúde coletiva, v.8, n.0, p.985-994, 0. ALCÂNTARA, H.R. Perícia Médica Judicial.. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 006. 508p. PAGANI, M., et al. Perícia Médica Judicial: Teoria e Prática.. ed. São Paulo: NVersos, 04. 58. MENEGUEL, S.N. Características epidemiológicas do suicídio no Rio Grande do Sul. Rev Saúde Pública, v.8, n.6, p. 804-80, 004 PARENTE, A.C.M.; SOARES, R.B.,; ARAUJO.,; CAVALCANTE, I.S. Caracterização dos casos de suicídio em uma capital do Nordeste Brasileiro. Rev. Bras. Enfermagem, v.60, n. 4, p. 77-8, 007. LOVISI, G.M.; SANTOS, A.S.,; LEGAY, L.,; VALENCIA, E. Análise epidemiológica do suicídio no Brasil entre 980 e 006. Rev. Bras. Psiquiatria, v., n., p.86-9, 009. MOREIRA, L.C.O.; BASTOS, P.R.H.O. Prevalência e fatores associados à ideação suicida na adolescência. Psicologia Escolar e Educacional, v.9, n., p.445-45, 05.