Resumo Políticas públicas de lazer e a ótica do idoso O presente estudo, a partir da proposta nacional das políticas públicas de esporte e lazer, analisou nas cidades de Bauru (SP) e Lapa (PR) as possibilidades e conhecimento dos espaços e equipamentos de lazer sob a ótica dos idosos. A pesquisa é de caráter qualitativo e os procedimentos metodológicos adotados foram a técnica de revisão de literatura, pesquisa documental e a pesquisa de campo, com aplicação de questionário a 85 idosos. Os resultados obtidos apontam que as cidades possuem alguns espaços e equipamentos de lazer, mas não atendem a demanda da população idosa, sendo necessária à implementação de políticas públicas de esporte e lazer para esta faixa etária. Observamos indícios para prover e ampliar projetos públicos, no qual o idoso esteja inserido de forma participativa, opinar sobre atividades que favoreçam a promoção da qualidade de vida, o convívio social e o lazer. Palavras-Chave: Lazer. Idoso. Políticas públicas.
Introdução Sabe-se que o lazer faz parte da vida das pessoas podendo ser dividido em quatro etapas na vida infância, juventude, adulta e idosa, o qual muitas vezes é associado ao tempo de descanso, divertimento e desenvolvimento pessoal e social. O lazer é identificado dentro do processo histórico da humanidade, e Santos Filho (2004, p. 159) pontua que é brincando que o homem desenvolve a socialização, faz amigos e aprende a conviver com o outro, no qual o ser humano pode vivenciar suas fantasias e exercitar os sentidos, explorando e sentindo melhor o seu mundo, fatos estes também presentes na terceira idade. Nesse sentido, torna-se relevante compreender o lazer nas diferentes fases da vida humana e torna-se essencial em todas as faixas etárias, pois democratizando-o é possível [...] alcançar a origem dos corpos participantes e sua necessidade específica não de forma isolada, mas com real interesse em seu bem estar e qualidade de vida, dando continuidade á sua cultura e possibilitando o acesso ao esporte recreativo e às manifestações de lazer, como direito reconhecido (BRASIL, 2008). Entre as diferentes etapas da vida verificamos, atualmente, o aumento do número de pessoas que chegam à fase da terceira idade, melhor idade, ou seja, os idosos. Assim, à chegada da fase idosa se deve a vários fatores, entre eles podemos citar: a taxa de fecundidade da população, a expectativa de vida ao nascer, o avanço da medicina, entre outros. O Guia Brasileiro da Terceira Idade (1999) aponta que o Brasil vai ter em 2025 a sexta maior população idosa do mundo. Portanto, cabe aos diversos profissionais que atuam com os idosos, refletir e compreender os acontecimentos que ocorrem no seio dessa parte da população que mais cresce no país, para que o seu atendimento seja realizado com qualidade. Neste contexto, dada a amplitude do assunto, este trabalho teve como recorte identificar na cidade de Bauru (SP) e Lapa (PR) as possibilidades e conhecimento dos espaços e equipamentos de lazer sob a ótica dos idosos e analisar o papel das políticas públicas, a partir da proposta nacional para o lazer. Nesse ínterim, acredita-se que este estudo pode contribuir acerca da identificação dos espaços e equipamentos de lazer para usufruto dos idosos. Procedimentos metodológicos Trata-se, portanto, de uma pesquisa de ordem qualitativa, classificada como um estudo descritivo analítico, e para Schwandt (2006, p. 205) esta investigação baseia-se em uma profunda preocupação com a compreensão do que os outros seres humanos estão fazendo ou dizendo, bem como um terreno ou uma arena para a crítica científica social, do que como um tipo específico de teoria social, metodologia ou filosofia (SCHWANDT, 2006, p. 194). Utilizou-se em sua metodologia, em um primeiro momento, a técnica de revisão de literatura, utilizando como procedimento o levantamento do referencial bibliográfico sobre temas que tratam do entrelaçamento da Educação Física, Lazer e Idoso. Um segundo momento do estudo se deu por meio da pesquisa documental, acerca do Estatuto do Idoso e Programa de Esporte e Lazer da Cidade (Pelc) do Ministério do Esporte, entre outras fontes documentais que possam contribuir com a pesquisa. Na pesquisa documental considera-se como documento qualquer registro que possa ser usado como fonte de informação (ALVES- MAZZOTTI, GEWANDSZNAJDER, 1998), tendo como técnica a análise documental (BRUYNE; HERMAN; SCHOUTHEETE, 1991). Por fim, realizou-se uma pesquisa de campo, com a aplicação de um questionário a 85 idosos, sendo 40 idosos da cidade de Bauru, interior do estado de São Paulo, e 45 idosos na cidade da Lapa, no estado do Paraná. Os idosos foram selecionados aleatoriamente, com a preocupação de aplicar o questionário aos participantes a fim de abranger diferentes regiões de ambas as cidades, utilizando-se alguns locais como clubes, praças, centros recreativos e até mesmo a rua. A aplicação do questionário teve como premissa traçar um diagnóstico sobre a temática, visando oferecer subsídios para as outras técnicas. Sobre essa técnica Oliveira (1997, p. 165) pontua que o questionário é um instrumento que serve de apoio ao pesquisador para a coleta de dados, apresentando os seguintes aspectos: é a espinha dorsal de qualquer levantamento; pode reunir todas as informações necessárias e cada levantamento é uma situação nova.
Nesse contexto, para análise dos resultados foi realizado um processo de tratamento estatístico descritivo. Tal tratamento consistiu em informações a respeito das possibilidades de lazer sob a ótica dos idosos, expressos em números absolutos e relativos (%). Fundamentação teórica Lazer e as fases da vida: o idoso em questão O indivíduo na fase adulta se associa às obrigações, principalmente, no trabalho considerado produtivo, e a partir do momento em que deixa de produzir é deixado de lado, sofrendo, talvez, discriminações, abandono etc. Podemos considerar que neste momento o indivíduo acaba se tornando um peso para a sociedade, sendo considerado velho. Portanto, cabe nesse momento compreender melhor essa fase da vida, o idoso. Da mesma forma que as demais fases (ISAYAMA; GOMES, 2008; SILVA; MAR- CELLINO, 2006; DELGADO; STOPPA, 2006; ALVES; ISAYAMA, 2006), torna-se difícil de conceituar e delimitar a velhice ou o envelhecimento. Segundo o Estatuto do Idoso no artigo 1, do Título I, as pessoas são consideradas idosas a partir de 60 anos de idade (BRASIL, 2003). Para muitos as pessoas idosas constituem uma parcela da população que mais cresce no mundo, porém encontram-se vulneráveis a exclusões e discriminações, sendo necessário esclarecer que a velhice é um processo dinâmico que todos estão sujeitos um dia vir a participar desse processo (ISAYAMA; GOMES, 2008). O próprio Estatuto do Idoso ressalta que o lazer é um direito a ser assegurado pela família, pela sociedade e pelo poder público. Isayama e Gomes (2008) chamam a atenção para o lazer nesta etapa da vida, fazendo com que essas pessoas possam aumentar o vínculo das amizades, transpor barreiras, inserir no âmbito social aumentando a sua autoestima, favorecendo as descobertas das relações sociais, psíquicas e físicas, portanto não sendo classificados como fardos dentro da sociedade. Contudo, ainda encontramos muitos idosos com sentimento de improdutividade e inferioridade, cabendo ao profissional que atua com essas pessoas substituir ações negativas por ações positivas, buscando estratégias diferenciadas para que o idoso seja participativo e tenha autonomia dos afazeres diários, quebrando os preconceitos, estigmas, estereótipos e injustiças existentes nesta população (BARBOSA; CAMPAGNA, 2006). Dessa maneira, torna-se necessário, segundo os autores, encorajar o idoso para atitudes e condutas lúdicas através de ambientes motivadores e coerentes com as necessidades básicas, buscando mostrar que o brincar não é apenas coisa de criança e que todos podem participar de brincadeiras, independente da sua idade. Dentro deste contexto, para atuar com as diversas faixas etárias, como animador sociocultural, deveríamos compreender e estar atento aos aspectos como: o conhecimento prévio de cada grupo, em especial o grupo de idosos, propiciando ao grupo a condição de participante, podendo opinar, realizar a troca de experiências, saber se socializar em grupo, organizar as atividades em conjunto sempre que possível, entre outras. Assim, tanto os profissionais como os idosos poderão ter uma troca de experiências significativas, fornecendo subsídios para o profissional. Para este profissional a atuação no lazer exige conhecimentos específicos ou a eles relacionados, além de estar capacitado para planejar, administrar, projetar, pensar, mediar, instigar e animar as atividades de lazer, ou seja, um agente transformador procurando atender as demandas exigidas pela sociedade, bem como propiciar a quebra de possíveis paradigmas de alienação (CORRÊA, 2009). Cabe a esses profissionais compreender melhor a relação que se estabelece entre o idoso e lazer, as políticas públicas para essa faixa etária, bem como os espaços e equipamentos para a prática de atividades de lazer. Atualmente verifica-se no Brasil o acelerado crescimento da população idosa, sendo que este fato se dá, entre outros fatores, pelo aumento da expectativa de vida, diminuição da taxa de fertilidade, avanços na área da saúde, do saneamento básico e da tecnologia em questão (GOLDMAN, 2009, p.30). O envelhecimento envolve muitas variáveis como: genética, estilo de vida e doenças crônicas, as quais influenciam o modo de vida do idoso, podendo reduzir as capacidades físicas, (CORAZZA, 2005, p. 56) percebendo-se alterações funcionais e/ou estruturais, as quais estão relacionadas à: redução da capacidade aeróbica; força muscular; flexibilidade; habilidades motoras.
À medida que o indivíduo envelhece suas funções vitais vão sendo diminuídas e a partir desse momento o sentimento de velhice começa aparecer, ocasionando uma série de doenças crônicas e degenerativas. Devido a isso o idoso pode se distanciar do mundo que o rodeia, da família, dos amigos, podendo desenvolver sinais de depressão, angústias, levando-os ao distanciamento do meio social (DIAS; SCHWARTZ, 2005). Mediante essas características por ora apresentadas, deveria ser garantido aos idosos seus direitos por meio de políticas públicas, uma vez que a legislação assegura a esses indivíduos o acesso e a convivência em diversos setores da sociedade. De acordo com a Lei n 10.741, de 1 de outubro de 2003, que dispõe sobre o estatuto do idoso, em seu art. 3 É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 2003, grifo nosso). Nesse interim, buscamos informações referentes às políticas públicas de esporte e lazer na perspectiva nacional a partir do Programa de Esporte e Lazer da Cidade (Pelc), onde o Ministério do Esporte (ME) em documento criado no ano de 2008 formulou políticas públicas sociais na qual propiciava condições à população ao acesso a programas de esporte e lazer, sem distinção de classe social e econômica (BRASIL, 2008). Assim, para o Ministério do Esporte, [...] o compromisso do Programa Esporte e Lazer da Cidade, que visa, em síntese, suprir a carência de políticas públicas e sociais que atendam às crescentes necessidades e demandas da população por esporte recreativo e lazer, sobretudo daquelas em situações de vulnerabilidade social e econômica, reforçadoras das condições de injustiça e exclusão social a que estão submetidas (BRASIL, 2008). Nesse percurso, o PELC possui duas ações: a primeira envolve todos os seus segmentos (criança, adolescente, jovem, adulto, idoso, bem como pessoas com deficiência e com necessidades educacionais especiais). A segunda ação, objeto desse estudo, atende especificamente pessoas acima de 45 anos, sendo denominada Vida Saudável (BRASIL, 2008). Mediante as possibilidades apresentadas pelas diretrizes e princípios norteadores, o Pelc Vida Saudável procura atender a uma crescente demanda de políticas específicas para a população idosa no Brasil. Esse programa visa: [...] implementar núcleos de atividades físicas/práticas corporais, esportivas e de lazer à faixa etária a partir de 45 anos com vista à melhoria da qualidade de vida dessa população, sem abrir mão do atendimento a pessoas com deficiência e ou necessidades especiais, em atividades sistemáticas de oficinas de esporte, dança, ginástica, teatro, música, orientação à caminhada, capoeira e outras dimensões da cultura local, bem como a organização popular na realização de macros eventos de lazer (BRASIL, 2008). A fim de anteder as características do Pelc, o ME partiu de alguns conceitos que afirmam a concepção do programa, sendo difundidos pelos colaboradores envolvidos nas ações de formação dos agentes sociais, para que a comunidade atendida possa compreender, desfrutar e refletir de forma crítica esses conceitos (Lazer; Esporte; Cultura Lúdica; Cultura Corporal; Práticas Corporais; Atividade Física; Animação Cultural, ver BRASIL, 2008). Frente a essas possiblidades mencionadas pelo ME, torna-se relevante o desenvolvimento de políticas públicas, talvez, de forma descentralizada, a fim de garantir o direito do idoso. As políticas públicas surgiram com a concepção do Estado Moderno no século XIX o qual tem o direito de estabelecer política pública para atender a sociedade (Suassuna, 2007). Segundo Marcellino (1996), ao citar Requixa (1980), pontua que as diretrizes gerais de uma política municipal de lazer não poderiam se restringir somente a uma política de atividades, mas contemplar também questões referentes à formação e reciclagem de quadros para atuação, aos espaços e equipamentos e critérios de ordenação do tempo. Segundo dados do IBGE (2002), a população idosa corresponde a 15 milhões da população, o qual representa 8,9% da população brasileira e podendo ultrapassar 30 milhões de pessoas daqui uns 20 anos, correspondendo 13% da população. Assim é importante investir em políticas públicas de esporte e lazer para esta parcela da população, a qual contribui para o bem estar e promove melhoria da qualidade de vida dos mesmos (BRASIL, 2008). No Brasil a seguridade de políticas públicas em favor do idoso foi formalizada com a Lei n 8.842 de 4 de janeiro de 1994 implantando a política nacional do idoso, assegurando os direitos sociais do mesmo, garantindo a autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. Já o Estatuto do Idoso ampliou as possibilidades as necessidades do idoso (BRASIL, 2008).
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas) é assegurada a qualidade de vida ao idoso ativo através de políticas públicas: O envelhecimento ativo é uma recomendação da ONU (Organização das Nações Unidas) para as políticas públicas relacionadas ao envelhecimento. Ele prevê a otimização das oportunidades de saúde a fim de aumentar a qualidade de vida conforme as pessoas envelhecem. Se envelhecer é natural não significa que o idoso vai aceitar a queda na saúde e da qualidade de vida como uma coisa natural. No art. 9 do Estatuto do Idoso é obrigação do Estado, garantir à pessoa idosa a proteção à vida e a saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permeiam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade (BRASIL, 2003). Faz necessário criar espaços de lazer e esporte, buscando oportunizar vivências para o idoso nestas áreas para que eles encontrem afinidade nas mesmas e busquem uma melhoria de vida e promoção da saúde (BRASIL, 2008). As políticas públicas para o idoso foram direito adquirido e construído, porém é necessário que seam colocaos ea prátice esse direito, deixando apenas de ser política de papel, concretizando as ações, serviços e atendimento (BRASIL, 2008). Resultados e discussões O lazer sob a ótica dos idosos Os dados obtidos, por meio de pesquisa com o questionário a 85 idosos, apresentaram o ponto de vista que esse público tem em relação ao lazer destinado para eles, bem como a participação e informação dos mesmos em programas realizados pelo município, verificando as discrepâncias das cidades que mantêm projeto de políticas públicas para essa faixa etária. Considerando o Estatuto do Idoso, foram realizadas pesquisas com pessoas a partir de 60 anos. Sendo questões fechadas e abertas, conforme apresentas na sequência do trabalho. A primeira indagação foi saber a idade dos participantes da pesquisa acima de 60 anos, distribuídas em faixas etárias a cada cinco anos. Houve predominância dos idosos com idade entre 60 a 64 anos, totalizando 42% dos entrevistados. Outra faixa etária presente com números expressivos é a população entre 70 a 74 anos de idade, que representam 19% dos pesquisados, seguido pelos idosos de 65 a 69 que contribuíram com 13%. A faixa de idade menos significativa foram os idosos acima de 75 anos que figuram com 11% do total de pesquisados. Na questão dois verificou-se que o público respondente foi representado por ambos os sexos, contudo o sexo feminino demonstrou maior interesse pela prática do lazer na terceira idade, representado por 58%, enquante o público masculino representa uma parcela de 27% dos entrevistados. Ao serem questionados se se consideram idosos, a maioria dos entrevistados (67%) não se julga idoso, pois acreditam que são física e mentalmente ativos, assim não estariam na fase idosa, mesmo o Estatuto do Idoso considerando a pessoa a partir de 60 anos como idosa. Os participantes foram questionados sobre o que seria lazer para eles, os resultados entre as duas cidades foram diferentes em alguns apontamentos. Os participantes elencaram várias atividades que consideram como lazer, pois segundo Dumazedier (1980) o lazer pode ser compreendido de diversas maneiras, com um conjunto de ocupações as quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade. A predominância pela busca do lazer na cidade de Bauru (SP) é verificada nas atividades de música, dança e teatro (25%), seguida da atividade física, leitura e atividade prazerosa, enquanto que na cidade da Lapa (PR) as atividades que são relacionadas como lazer para os idosos em Bauru ficam em terceira opção 14,59%). Lá, a atividade de lazer que os idosos classificaram como principal foi à ginástica (18,45%), atividade do interesse físico-esportivo, sendo que as demais opções citadas por eles tem menos diferença entre elas do que as citadas pelos idosos em Bauru, e isso provavelmente ocorre por haver projetos públicoa nessa região que facilitam a prática de atividades diversificadas e que tem como objetivo a melhoria da qualidade de vida da população. Sobre a existência ou não de locais de lazer próximo a residência dos idosos constatou-se que para 55% dos idosos de Bauru existem locais e equipamentos de lazer destinado ao idoso em seu bairro, enquante na cidade da Lapa há uma inversão de papéis, sendo que 58% desconhecem locais em seu bairro. Quanto às atividades praticadas no bairro oa próximo as suas residências, os idosos mencionaram: ginástica, dança, esportes, música, teatro, pintura, artesa-
nato, bingo, entre outras. Verificamos uma diversidade referente às atividades vivenciadas nas cidades de Bauru e Lapa, ou seja, são desenvolvidos os diferentes conteúdos do lazer como o físico/esportivo, artístico, social, manual etc. Os idosos foram questionados se teriam acesso ao lazer na cidade, e na cidade da Lapa (PR) onde são desenvolvidos programas que favorecem a prática do lazer e esporte para o público idoso o desconhecimento quanto ao acesso aos locais/ equipamentos de lazer é de apenas 2%, sendo que as atividades realizadaa nessa cidade são divulgadas visando à conscientização desse público quanto à realização de atividades que propiciam o prazer e a qualidade de vida, o que não acontece na cidade de Bauru, onde essa porcentagem é de 32,5%, ou seja, 1/3 dos assinalaram que não teriam acesso ao lazer. A seguir buscou-se saber os possíveis locais para a prática de atividades de lazer. Foram elencados os locais que os idosos costumam frequentar para a prática do lazer, sendo que na cidade de Bauru entre os que mais se destacaram estão: os clubes que oferecem atividades como dança, ginástica, música, esporte, natação, hidroginástica, que totalizam 63,4%. Outros locais também são utilizados para desenvolver atividades que beneficiem a saúde e melhora a qualidade de vida das pessoas da terceira idade, como a igreja, associação de moradores, bosque que desenvolvem atividades de coral, pintura, ioga, caminhada e promovem bailes para esse público. Já na cidade da Lapa, prática de atividades de lazer se dá nos locais onde acontecem as atividades do Pelc-Vida Saudável, destinado para o público idoso, uma vez que a maioria dos locais são adaptados, e fazem parte das políticas públicas específicas para esta parcela da população. Questionados sobre as atividades que gostariam que tivessem no bairro ou na cidade os participantes relataram que gostariam de atividades, como: hidroginástica, futebol, natação, dança, sinuca, baralho, música, teatro, artesanato, esportes. Para que essas atividades fossem desenvolvidas são necessários equipamentos, como: clubes, quadras esportivas, academias, locais destinados para leitura, salão de jogos, pista de corrida e caminhada. Os ambientes abertos como as praças também foram citados como forma de distração e convívio social, nos quais poderiam ter aparelhos de ginástica para desenvolver atividades ao ar livre. Tanto o gráfico da cidade de Bauru, quanto o da cidade da Lapa comprovam que os idosos buscam atividades diversificadas para desenvolver o lazer, porém no Paraná a busca de espaços abertos para essa prática é mais reivindicada do que em ambientes fechados como é o caso do estado de São Paulo. Por fim, os participantes da pesquisa responderam sobre a motivação para participar de eventos e frequentarem espaços para a busca do lazer, nota-se para a população idosa a procura por esses espaços é em virtude da qualidade de vida, amizade, divertimento, dança, o interesse social, namorar, ouvir música, entre outras possibilidades. Segundo Nascimento et al. (2009, p. 1), prática da atividade física na terceira idade está sendo cada vez mais aceita como estratégia como melhoria da qualidade de vida e bem-estar da população sua importância é incontestável já que apresenta benefícios a curto médio e longo prazo. Sabe-se que a prática da atividade física pode melhorar as atividades da vida diária do idoso, como deslocar-se em seu lar, tomar banho sozinho, fazer compras, telefonar, utilizar o transporte coletivo, tornando-os capazes de realizar as atividades que durante toda vida foram executadas. Sendo assim, as atividades de lazer, do interesse físico-esportivo podem desempenhar pontos positivos que auxiliam o desenvolvimento motor, cognitivo, psicológico, pessoal e social (BORGES; MOREIRA, 2009). Portanto, o lazer pode ser compreendido como um dos elementos indispensáveis na vida do ser humano, independente da idade, percebeu-se que os idosos buscam praticar atividades de lazer, em diversos espaços, sendo essas atividades oferecidas pelo poder público ou não. Considerações finais Tendo como proposta de trabalho analisar o papel das políticas públicas a partir da proposta nacional do lazer, verifica-se que a cidade que destina um programa específico para esta parcela da população está mais preparada quanto a espaços para realização das atividades, bem como sua diversificação e a busca da qualidade de vida ao público idoso. Com relação ao objetivo dessa investigação observou-se que na cidade de Bauru as oportunidades e os locais de lazer são inúmeros, desde clubes, associações de bairros/moradores, entre outros, nos quais os indivíduos procuram o diverti-
mento e o convívio social, enquanto que na cidade da Lapa os lugares são específicos para a realização do programa, porém a busca pela saúde, pela prática esportiva e pela amizade se destacam. Sobre averiguar se os indivíduos têm o conhecimento dos locais e possibilidades que o município oferece a esse público observa-se que a maioria desconhece eventos e programas que Bauru destina para a prática do lazer das pessoas da terceira idade. Já na cidade da Lapa a porcentagem que desconhece os eventos é praticamente nula, sendo que este fato pode ser relacionado ao programa vida saudável existente na cidade, o qual faz divulgação de atividades para os idosos. Nesse sentido podem-se observar indícios para se ampliar projetos públicos, onde o idoso esteja inserido, podendo opinar sobre atividades que favoreçam a qualidade de vida, promova a distração, o convívio social e o lazer os quais estabelecerá vínculos com o município, sendo indispensável à participação para a inclusão social. Referências ALVES, C.; ISAYAMA, H. F. Considerações sobre o lazer na idade adulta. In: MARCELLINO, N. C. Lazer e recreação: repertório de atividades por fases da vida. Campinas: Papirus, 2006. p. 111-115. ALVES-MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1998. BARBOSA, F. S.; CAMPAGNA, J. Animação sociocultural e o segmento idoso: reflexões e sugestões. In: MARCELLINO, N. C. Lazer e recreação: repertório de atividades por fases da vida. Campinas: Papirus, 2006. p. 147-154. BORGES, M. R. D.; MOREIRA, A. K. Influências da prática de atividades físicas na terceira idade: estudo comparativo dos níveis de autonomia para o desempenho nas AVDs e AIVDs entre idosos ativos fisicamente e idosos sedentários. Motriz, Rio Claro, v. 15, n. 3, p. 562-573, jul./set. 2009. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de outubro 1988. Brasília, DF, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm>. Acesso em: 25 nov. 2012. BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 3 out. 2003. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm>. Acesso em: 25 nov. 2012. BRASIL. Ministério do Esporte. Secretaria Nacional do desenvolvimento de Esporte e Lazer. Orientações para implementação do programa esporte e lazer na cidade ações: Funcionamento de núcleos, vida saudável e eventos interdisciplinares 2008. In: BRASIL. Ministério do Esporte. Secretaria Nacional do desenvolvimento de Esporte e Lazer. Material didático. Brasília, DF, 2008. BRUYNE, P.; HERMAN, J.; SCHOUTHEETE, M. Dinâmica da pesquisa em ciências sociais. 5. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1991. CORAZZA, M. A. Terceira idade e atividade física. São Paulo: Phorte, 2005. CORRÊA, E. A. Formação acadêmica e intervenção profissional de Educação Física no âmbito lazer. Motriz, Rio Claro, v. 15 n. 1 p. 132-142, jan./mar. 2009. DELGADO, M.; STOPPA, E. A. A juventude e o lazer. In: MARCELLINO, N. C. Lazer e recreação: repertório de atividades por fases da vida. Campinas: Papirus, 2006. p. 65-69. DIAS, V. K.; SCHWARTZ, G. M. O lazer na perspectiva do indivíduo idoso. Revista Digital, Buenos Aires, n. 87, ago. 2005. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd87/idos. htm>. Acesso em: 4 out. 2009. DUMAZEDIER, J. Teoria sociológica da decisão. São Paulo: Sesc-Codes/Dicote-Celazer, 1980. Guia brasileiro da 3ª idade. São Paulo: HB Editorial, 1999. IBGE. Dados estatísticos. Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ home/presidencia/noticias/25072002pidoso.shtm>. Acesso em: 25 out. 2009. ISAYAMA, H. F.; GOMES, C. L. O lazer e as fases da vida. In: MARCELLINO N. C. (Org.). Lazer e sociedade: múltiplas relações. Campinas: Alínea, 2008. MARCELLINO, N. C. Lazer e sociedade: algumas aproximações. In: MARCELLINO, N. C. (Org.). Lazer e sociedade: múltiplas escolhas. Campinas: Alínea, 2008. MARCELLINO, N. C. Estudos do lazer: uma introdução. Campinas: Autores Associados, 1996. MELO, V. A. Lazer e juventude: o lazer como cultura e a cultura como forma de mobilização. Licere, Belo Horizonte, v. 3, n. 1, 2000. NASCIMENTO, B. P. et al. Melhoria da qualidade de vida e nível de atividade física dos idosos. Revista Digital, Buenos Aires, n. 131, abr. 2009. Disponível em: <http://www. efdeportes.com/efd131/nivel-de-atividade-fisica-dos-idosos.htm>. Acesso em: 4 out. 2009. OLIVEIRA, S. L. Tratado de metodologia científica. São Paulo: Pioneira, 1997. REQUIXA, R. Sugestões de diretrizes para uma política nacional de lazer. São Paulo: Sesc, 1980. SANTOS FILHO, S. J. A. Atividades recreativas e envelhecimento. In: SCHWARTZ, G. M. (Org.). Atividades recreativas. Rio de Janeiro: Guanabara Koognan, 2004. p. 156-165.
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