Linfedema em mulheres submetidas à cirurgia por câncer de mama

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Transcrição:

DOI: 10.15253/2175-6783.2017000300007 www.revistarene.ufc.br Artigo Original Linfedema em mulheres submetidas à cirurgia por câncer de mama Lymphedema in women undergoing breast cancer surgery Priscila Lara Vieira Bonisson 1, Mei Rosemary Fu 2, Selme Silqueira de Matos 1, Giovana Paula Rezende Simino 1, Elenice Ribeiro de Paula Lima 1, Flávia Falci Ercole 1 Objetivo: estimar a prevalência e identificar possíveis fatores associados à ocorrência do linfedema em mulheres submetidas a tratamento para câncer de mama. Métodos: estudo de prevalência, com 125 mulheres. Foi realizada entrevista e consulta ao prontuário utilizando-se de questionário. Realizou-se análise univariada e multivariada por meio da regressão logística. Resultados: encontrou-se uma taxa de prevalência de 34,4%. A obesidade, a biópsia de linfonodo sentinela, a radioterapia e a presença de alguma complicação do tratamento mostraram-se estatisticamente significativos para a ocorrência do linfedema. Conclusão: a prevalência de linfedema neste estudo foi alta. As variáveis positivamente relacionadas ao linfedema, consideradas como fatores associados, foram: obesidade, biópsia de linfonodo sentinela, radioterapia e ter alguma complicação relacionada ao tratamento (aderência, retração, parestesia, seroma, fibrose, infecção e deiscência). Descritores: Neoplasias da Mama; Mastectomia; Linfedema; Excisão de Linfonodo; Enfermagem. Objective: to estimate the prevalence and to identify possible factors associated with the occurrence of lymphedema in women undergoing treatment for breast cancer. Methods: a prevalence study with 125 women. An interview and a consultation of the medical record were carried out using a questionnaire. Univariate and multivariate analysis were performed through logistic regression. Results: a prevalence rate of 34.4% was found. Obesity, sentinel lymph node biopsy, radiotherapy, and the presence of some treatment complications were statistically significant for the occurrence of lymphedema. Conclusion: the prevalence of lymphedema in this study was high. The variables positively related to lymphedema, considered as associated factors, were: obesity, sentinel lymph node biopsy, radiotherapy and some treatment related complications (adhesion, retraction, paraesthesia, seroma, fibrosis, infection and dehiscence). Descriptors: Breast Neoplasms; Mastectomy; Lymphedema; Lymph Node Excision; Nursing. 1 Universidade Federal De Minas Gerais. Belo Horizonte, MG, Brasil. 2 University of Nova York. Nova York, USA. Autor correspondente: Giovana Paula Rezende Simino Av Alfredo Balena, 190 - CEP: 30.130.100. Belo Horizonte, MG, Brasil. Email: gsimino@yahoo.com.br Submetido: 13/02/2017; Aceito: 02/05/2017. 329

Bonisson PLV, Fu MR, Matos SS, Simino GPR, Lima ERP, Ercole FF Introdução O câncer de mama é o mais incidente e a principal causa de morte por câncer entre as mulheres no Brasil. Estimou-se o número de casos novos de câncer para todos os estados brasileiros e respectivas capitais para o biênio 2016/2017, sendo esperados aproximadamente 58.000 novos casos de câncer de mama no Brasil e 5.160 novos casos em Minas Gerais (1). Dentre os tratamentos do câncer de mama, o cirúrgico ainda é considerado a primeira escolha para o câncer de mama. Dependendo das características clínico-patológicas do tumor, a cirurgia envolve a ressecção de linfonodos axilares e o rompimento de vias linfáticas, o que compromete a drenagem linfática da região e ocasiona o acúmulo de fluido ao longo do tempo, causando linfedema (2). O linfedema, caracterizado pelo aumento do volume do membro superior devido ao acúmulo de linfa no interstício, é uma grave morbidade que, se não prevenida ou tratada adequadamente, resulta em importante comprometimento do membro afetado. Ainda, o linfedema traz limitação de movimento e coordenação motora, depressão, ansiedade e isolamento social (3-4). Como o linfedema é causado pela disfunção linfática que leva ao acúmulo anormal de fluido intersticial contendo proteínas de alto peso molecular, a radioterapia aumenta o risco de linfedema devido à possibilidade do agravamento da obstrução linfática (5). No mundo, a prevalência do linfedema é desconhecida. A taxa de prevalência do linfedema secundário ao câncer de mama varia de 5 a 60,0% (6-7). Nos últimos anos, a mastectomia radical foi trocada por técnicas mais conservadoras e o esvaziamento axilar pela biópsia do linfonodo sentinela para os tumores em estádios iniciais, resultando em melhoria da sobrevida com menos complicações associadas (8). A prevenção do linfedema engloba o conhecimento da mulher sobre esta sequela. A obtenção de informações sobre o linfedema aliado à prática de comportamentos podem reduzir sua ocorrência (9). No que concerne à prática clínica do enfermeiro, é sua competência a prevenção e reabilitação de morbidades relacionadas à terapia do câncer, prevenindo complicações, aliviando sintomas, e promovendo a qualidade de vida (10). O controle do linfedema inclui o conhecimento das mulheres para adesão às medidas de proteção com práticas de vida saudáveis, roupas de compressão e controle de peso (11). Trabalhos que avaliam o conhecimento de mulheres sobre a prevalência do linfedema e o conhecimento de mulheres podem trazer subsídios para a modificação da prática clínica (12). Assim, este estudo objetivou estimar a prevalência e identificar possíveis fatores associados à ocorrência do linfedema em mulheres submetidas a tratamento para câncer de mama. Métodos Trata-se de um estudo de prevalência, desenvolvido no ambulatório de atendimento do Sistema Único de Saúde, de um hospital de grande porte de Belo Horizonte, MG, Brasil. A amostra de 125 mulheres foi obtida por amostragem probabilística aleatória simples. O cálculo da amostra considerou a prevalência de 10,0%, confiabilidade de 95,0% e um erro de 5,0% (6). Critérios de inclusão foram: sexo feminino e tratamento cirúrgico para câncer de mama há pelo menos seis meses. Foi considerado caso, mulheres, com diagnóstico de linfedema realizado pelo médico e registrado em prontuário. Os dados foram coletados no período de janeiro a março de 2012, por meio de entrevistas individuais utilizando-se questionário semiestruturado e consulta ao prontuário com instrumento de coleta que continha dados sociodemográficos e clínicos das pacientes. Ambos instrumentos foram desenvolvidos pela pesquisadora. Considerou-se como variável resposta a presença ou ausência de linfedema. Foram analisadas as seguintes variáveis possivelmente associadas a ocorrência de linfedema: idade (em anos), estado civil (casada, solteira, divorciada/viúva), nível de esco- 330

Linfedema em mulheres submetidas à cirurgia por câncer de mama laridade (menos de 4 anos, entre 5 e 8 anos e mais de 9 anos de estudo), renda familiar ( menor que um salário mínimo, entre 1 e 3 salários e mais de 3 salário mínimos), índice de massa corporal (normal, sobrepeso e obesidade), biópsia de linfonodo sentinela (sim e não), linfadenectomia axilar (sim e não), abordagem cirúrgica (mastectomia total, mastectomia parcial e tumorectomia), reconstrução da mama (sim e não), tratamento complementar (quimioterapia e radioterapia), complicações do tratamento (sim, não e quais), nível de conhecimento a cerca do linfedema (alto, baixo e fraco), receber informação a cerca de como prevenir o linfedema (sim e não). A prevalência do linfedema foi calculada para o período do estudo. Na análise descritiva dos dados foram utilizadas frequência simples, medidas de tendência central (média e mediana) e medidas da variabilidade (desvio padrão). As análises bivariada e multivariada foram realizadas utilizando-se a Regressão Logística. As variáveis que apresentaram um valor-p menor que 0,25 foram selecionadas para o modelo multivariado logistico. Na análise multivariada, as variáveis selecionadas foram retiradas uma a uma pelo método stepwise backward, considerando valor de p menor que 0,05, Teste de Hosmer-Lemeshow e o pseudo R 2 de Nagelkerke indicando a contribuição da variável para melhor ajuste do modelo. O estudo respeitou as exigências formais contidas nas normas nacionais e internacionais regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Resultados A idade média das 125 participantes do estudo foi de 54,4 anos (±10,5). Predominantemente, as mulheres eram casadas (72;57,6%), apresentaram grau de escolaridade até quatro anos de estudo (77;61,6%), e renda familiar de um a três salários mínimos (64;51,2%). Mais da metade das mulheres (65;52,8%) realizou biópsia do linfonodo sentinela e os linfonodos axilares foram removidos em 114 (91,2%). Foram submetidas à mastectomia radical 96 (77,4%) mulheres, à radioterapia 80 (64,0%) e a quimioterapia 120 (96,0%), sendo que 91 (72,8%) apresentaram alguma complicação relacionada ao tratamento, tal como retração da ferida operatória, seroma e infecção. Das 125 mulheres, 43 (34,4%) desenvolveram linfedema, com diagnostico médico registrado em prontuário. Observou-se, neste estudo, que a idade média dessas mulheres com câncer de mama que desenvolveram linfedema foi de 53,5 anos ±10,3. Durante o período de estudo, dentre as 125 mulheres mastectomizadas, 43 tiveram linfedema, portanto a prevalência no período foi de 34,4%. A análise bivariada mostrou associação da maioria das covariáveis com a variável resposta linfedema (p<0,25), conforme apresentado na Tabela 1. As variáveis relacionadas às características clínicas das participantes que tiveram linfedema (índice de massa corporal, a realização de biópsia de linfonodo sentinela, a mastectomia total, a tumorectomia, a realização de radioterapia e quimioterapia e a presença de complicações do tratamento) foram levadas para a análise multivariada. A variável quimioterapia que apresentou zero em uma das caselas, não foi levada para o modelo multivariado. Na Tabela 2 é apresentado o modelo logístico final. As variáveis mastectomia total e tumorectomia não permaneceram no modelo final da análise multivariada. Houve diferença estatisticamente significativa (p=0,013) em relação a ocorrência de linfedema entre os pacientes que tinham peso normal e os pacientes que eram obesos. Os pacientes que eram obesos apresentaram uma chance de ter linfedema 3,79 [1,32; 10,88] vezes maior que os pacientes que tinham o peso normal. Não houve diferença significativa (p=0,241) entre os pacientes que tinham peso normal e os pacientes que tinham sobrepeso. 331

Bonisson PLV, Fu MR, Matos SS, Simino GPR, Lima ERP, Ercole FF Tabela 1 - Análise bivariada das covariáveis em relação à ocorrência de linfedema Variáveis Índice de Massa Corporal Linfedema Não (n = 82) Sim (n=43) Odds Ratio IC (95%)* p n (%) n (%) Normal 35 (77,8) 10 (22,2) 1 - Obeso 20 (52,6) 18 (47,4) 3,15 [1,22; 8,13] 0,054 Sobrepeso 27 (64,3) 15 (35,7) 1,94 Biopsia de linfonodo sentinela Não 46 (76,7) 14 (23,3) 1 0,012 Sim 36 (55,4) 29 (44,6) 2,65 [1,22; 5,73] Removeu linfonodo axillar Não 9 (81,8) 2 (18,2) 1-0,328 Sim 73 (64,0) 41 (36,0) 1,66 [0,51; 9,09] Linfonodos removidos Mediana (mín.máx.) 16 (0-40) 15 (0-33) - - 0,793 Linfonodos removidos positivos Mediana (mín.máx.) 2 (0-13) 2 (0-15) - - 0,753 Mastectomia total Não 16 (55,2) 13 (44,8) 1-0,177 Sim 66 (68,8) 30 (31,2) 0,56 [0,24; 1,31] Mastectomia parcial Não 70 (67,3) 34 (32,7) 1-0,371 Sim 12 (57,1) 9 (42,9) 1,54 [0,59; 4,02] Tumorectomia Não 79 (66,9) 39 (33,1) 1-0,231 Sim 3 (42,9) 4 (57,1) 1,98 [0,61; 11,01] Reconstrução Não 68 (64,2) 38 (35,8) 1-0,421 Sim 14 (73,7) 5 (26,3) 0,64 [0,21; 1,91] Radioterapia Não 35 (77,8) 10 (22,2) 1-0,032 Sim 47 (58,8) 33 (41,2) 2,46 [1,07; 5,65] Quimioterapia Não 5 (100,0) - 1-0,164 Sim 77 (64,2) 43 (35,8) 2,76 [0,33;114,34] Complicação do tratamento Não 26 (76,5) 8 (23,5) 1-0,118 Sim 56 (61,5) 35 (38,5) 2,03 [0,83; 4,99] Nível de conhecimento Alto 8 (57,1) 6 (42,9) 1 - Fraco 26 (76,5) 8 (23,5) 0,41 [0,11; 1,54] 0,261 Médio 47 (61,8) 29 (38,2) 0,82 [0,26; 2,61] *Intervalo de confiança Tabela 2 - Modelo de regressão logística final das covariáveis em relação à ocorrência de linfedema Fonte Índice de Massa Corporal = Normal Modelo Final Odds IC (95%) Ratio * Índice de Massa Corporal = Obeso 3,79 [1,32; 10,88] 0,013 Índice de Massa Corporal = Sobrepeso 1,86 [0,66; 5,23] 0,241 Biopsia de linfonodo sentinela = Não Biopsia de linfonodo sentinela = Sim 4,08 [1,69; 9,82] 0,002 Radioterapia = Não Radioterapia = Sim 2,89 [1,16; 7,20] 0,023 Complicação do tratamento = Não Complicação do tratamento = Sim 2,77 [1,03; 7,40] 0,043 Pseudo R² (Negelkerke) 23,8% Teste de Hosmer-Lemeshow (p-valor) 0,322 *Intervalo de confiança Houve influência significativa (p=0,002) da biopsia de linfonodo sentinela sobre o linfedema, sendo que os pacientes que tinham feito biopsia apresentaram uma chance de ter linfedema 4,08 [1,69; 9,82] vezes maior que dos pacientes que não tinham feito biopsia. Também houve influência significativa (p=0,023) da radioterapia sobre o linfedema, sendo que os pacientes que tinham feito radioterapia apresentaram uma chance de ter linfedema 2,89 [1,16; 7,20] vezes maior que dos pacientes que não tinham feito radioterapia. As complicações relacionadas ao tratamento de câncer de mama foram descritas no prontuário de 35 (81,4%) das mulheres com linfedema. As complicações mais frequentes foram: retração, parestesia, aderência, seroma e fibrose. Houve influência significativa (p=0,043) na ocorrência de complicações do tratamento sobre o linfedema, sendo que os pacientes que tiveram complicação apresentaram uma chance de ter linfedema 2,77 [1,03; 7,40] vezes maior que dos pacientes que não tiveram complicação. O Índice de Massa Corporal, a biopsia de linfonodo sentinela, a radioterapia e a complicação do tratamento foram capazes de explicar 23,8% da ocorrência de linfedema. p 332

Linfedema em mulheres submetidas à cirurgia por câncer de mama Pelo teste de Hosmer-Lemeshow o modelo final com as variáveis índice de massa corporal, biópsia de linfonodo sentinela, radioterapia e complicação do tratamento, apresentou um bom ajuste (p=0,322). Discussão Os estudos seccionais possuem limitações metodológicas, pois não separam causa e efeito. Neste estudo utilizou-se de amostragem aleatória simples, o que aumenta a validade interna, e a validade externa, possibilitando a extrapolação dos resultados. Apesar da limitação do método quanto impossibilidade de estabelecer relação de causa e efeito, estudos de prevalência são importantes para o conhecimento do problema. Não foram encontrados trabalhos publicados que avaliassem a prevalência de linfedema em mulheres sobreviventes para câncer de mama em Minas Gerais. O câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres no Brasil e no Mundo, sendo que as mulheres mais acometidas possuem idade acima de 50 anos. Pode-se explicar este fato devido características oncogenéticas que se acumulam durante a vida. A idade superior a 50 anos está em concordância com este estudo (11-14). O nível de instrução das mulheres sobreviventes do câncer de mama é relevante para a realização de práticas de prevenção do linfedema (13). Apesar de a maioria das participantes desta pesquisa possuírem quatro ou menos anos de estudo, não foi encontrado significância estatística entre escolaridade e linfedema. Não foram encontrados estudos que associassem renda familiar e a ocorrência de linfedema. O linfedema é uma morbidade que pode levar a limitações físicas, funcionais, psicológicas e sociais gerando um grande impacto na qualidade de vida dessas mulheres (11-15). Neste trabalho, notase uma relação significativa entre mulheres com renda familiar entre um e três salários mínimos e o desenvolvimento de linfedema. A prevalência de linfedema varia muito na literatura, de 6,0% a 49,0%, dependendo dos critérios adotados para mensuração e definição de linfedema, do tempo transcorrido da cirurgia até a avaliação e das características da população estudada, sendo que as diferentes metodologias utilizadas podem impactar nos resultados (16). O conhecimento dos fatores de risco para o desenvolvimento do linfedema é importante para o planejamento e execução de condutas preventivas durante todas as etapas do transoperatório (13). Neste estudo a prevalência foi elevada e, ainda, pode estar subestimada, uma vez que, foi considerado caso de linfedema apenas o relato médico em prontuário. Desta maneira, podem ter sido incluídas somente as mulheres com linfedema em estágio mais avançado ou com sintomas referidos, uma vez que a avaliação não era conduta padronizada (6). Em relação ao índice de massa corporal, 33 (76,7%) das mulheres com linfedema tem o índice de massa corporal >25 (34,9% tem sobrepeso e 41,9% são obesas). Houve diferença significativa (p=0,013) da ocorrência de linfedema entre os pacientes com índice de massa corporal normal e os obesos, sendo que os obesos apresentam uma chance de ter linfedema 3,79 vezes maior. Autores consideram o aumento do peso corporal um fator de risco para o linfedema, apesar do mecanismo biológico desta relação ainda não está claro (13-17). A biópsia de linfonodo sentinela é uma técnica pouco invasiva e constitui-se uma alternativa potencial para evitar a linfadenectomia axilar. Pesquisas mostram que o linfedema é menos incidente em mulheres submetidas à biópsia de linfonodo sentinela do que nas que realizaram linfadenectomia radical. Diversas morbidades estão relacionadas à não realização da biópsia de linfonodo sentinela, entre elas, seroma, desordens sensoriais e linfedema, redução do movimento do braço, fraqueza do membro ipsilateral à mama tratada e dor (18-20). No presente estudo as mulheres submetidas à biópsia de linfonodo sentinela, que tinham o linfonodo positivo, também foram submetidas à linfadenec- 333

Bonisson PLV, Fu MR, Matos SS, Simino GPR, Lima ERP, Ercole FF tomia e radioterapia. Somente uma mulher foi submetida apenas à biópsia de linfonodo e esta não teve diagnóstico de linfedema até a data da entrevista. Não foi encontrada relação estatisticamente significativa para linfadenectomia axilar (p=0,32), número de linfonodos removidos (p=0,79) e positividade dos linfonodos retirados (p=0,75) com linfedema. No grupo de pacientes com diagnóstico de linfedema 41 (95,3%) das mulheres foram submetidas à linfadenectomia, tiveram uma média de 15 linfonodos retirados e destes quatro, em média, eram positivos. A linfadenectomia é fator de risco de grande importância para o desenvolvimento de linfedema conforme literatura (4-14). Porém, diante dos resultados obtidos, entende-se que os mecanismos compensatórios que ocorrem pós linfadenectomia axilar e também fatores individuais que envolvem as mulheres estudadas podem ter interferido nos resultados obtidos. Diante dos achados avaliou-se em conjunto os seguintes fatores associados, biópsia de linfonodo sentinela, linfadenectomia axilar e radioterapia. Somente 20 (16,0%) mulheres foram submetidas a um desses fatores, e destas, somente dois (12,5%) mulheres desenvolveram linfedema, ambas submetidas a linfadenectomia axilar. Do total da amostra, 105 (84,0%) foram submetidas a pelo menos dois destes fatores de risco, sendo que 41 (48,8%) desenvolveram linfedema. Em concordância com a literatura, entende-se que a etiologia e os fatores de risco para o desenvolvimento do linfedema em pacientes submetidas à cirurgia por câncer de mama parecem ser multifatoriais e ainda não completamente compreendidos (17). Estudo anterior demonstra que o tipo de cirurgia realizada e reconstrução mamária não possui associação com linfedema. Neste estudo não foi encontrada relação significativa entre tipo de cirurgia mastectomia total (p=0,17); mastectomia parcial (p=0,37); tumorectomia (p=0,23) e reconstrução da mama (p=0,42) com a ocorrência de linfedema (13). Em relação à radioterapia a literatura é unanime em afirmar que se trata de um fator de risco para o linfedema (14-17). No presente estudo 33 (76,7%) mulheres com linfedema e 47 (57,3%) das mulheres sem diagnóstico de linfedema foram submetidas à radioterapia. Submeter-se à radioterapia aumentou em 2,89 vezes a chance da mulher de desenvolver linfedema (p=0,023). Em acordo com a literatura, não foi encontrada relação entre realizar quimioterapia com o desenvolvimento de linfedema, odds ratio (p=0,16) (0,33 114,34) (13). Foi encontrado no presente estudo associação estatisticamente significativa entre a ocorrência de linfedema e a presença de complicação relacionada ao tratamento para câncer de mama (p=0,043). Ter algum tipo de complicação aumenta em 2,77 vezes a chance do aparecimento do linfedema. Em estudo de prevalência que avaliou complicações relacionadas ao tratamento cirúrgico encontrou-se com maior frequência o seroma, edema precoce e a infecção, corroborando com os achados neste estudo (6). Neste estudo, foi avaliado o nível de conhecimento das mulheres sobre linfedema e esta variável não apresentou relação estatisticamente significativa entre o linfedema e o surgimento deste (p=0,26). Segundo estudo realizado em hospital de ensino Nova York prover informação acerca de como prevenir linfedema é fator de proteção (12). Os profissionais de enfermagem devem propor programas de cuidado com orientações adequadas a essas pacientes, no que se refere aos cuidados com o membro superior homolateral à cirurgia, com o sítio cirúrgico, dreno aspirativo, proteção a área exposta durante a radioterapia, realização de exercício com o braço, proceder a avaliação e diagnóstico de sinais de edema, além de fornecer apoio emocional e serviço para reabilitação (15-16). Entende-se que os fatores de risco para o desenvolvimento do linfedema em pacientes submetidas à cirurgia por câncer de mama ainda não estão completamente compreendidos na literatura, pois há carência de pesquisa na área, sendo esta a primeira 334

Linfedema em mulheres submetidas à cirurgia por câncer de mama realizada no estado de Minas Gerais, Brasil. Este estudo é importante para embasar a prática clínica dos profissionais na assistência prestada às mulheres com câncer de mama sobreviventes, considerando que trata-se de uma morbidade crônica, de alta prevalência e incapacitante. Assim, pondera-se que os profissionais envolvidos necessitam de subsídios teóricos e clínicos, tanto para documentação do problema, como para se sensibilizarem quanto à relevância do linfedema para a mulher no que se refere a sua posição na sociedade, família e indivíduo. Desta maneira, este estudo traz ferramentas de aplicabilidade prática, no que tange à identificação dos fatores associados e a alta prevalência de linfedema em mulheres sobreviventes em um serviço de tratamento oncológico. Conclusão A prevalência de linfedema neste estudo foi alta. As variáveis positivamente relacionadas ao linfedema, consideradas como fatores associados, foram: obesidade, biópsia de linfonodo sentinela, radioterapia e ter alguma complicação relacionada ao tratamento (aderência, retração, parestesia, seroma, fibrose, infecção e deiscência). Colaborações Bonisson PLV, Fu MR, Matos SS, Simino GPR, Lima ERP e Ercole FF contribuíram na concepção, análise e interpretação dos dados, redação do artigo, revisão crítica relevante do conteúdo e aprovação da versão final a ser publicada. Referências 1. Ministério da Saúde (BR). Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. Estimativa 2016: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde; 2015. 2. Iyeyasu H. Câncer de mama. In: Lopes A, Chammas R, Iyeyasu H, organizadores. Oncologia para a graduação. São Paulo: Lemar; 2013. p.401-7. 3. Oliveira MMF, Amaral MTP, Gurgel MSC. Lymphatic compensation during the postoperative period after breast cancer treatment with axillary dissection. J Vasc Bras. 2015; 14(2):161-7. 4. Motomura K. Sentinel node biopsy for breast cancer: past, present, and future. Breast Cancer. 2015; 22(3):212-20. 5. Paskett ED. Symptoms: lymphedema. Adv Exp Med Biol. 2015; 862:101-13. doi: 10.1007/978-3- 319-16366-6_8 6. Bergmann A, Mattos IE, Koifman RJ. Incidência e prevalência de linfedema após tratamento cirúrgico do câncer de mama: revisão de literature. Rev Bras Cancerol. 2007; 53(4):461-70. 7. Fu MR, Lasinski BB. Lymphedema management. In: Ferrell BF, Coyle N, Paice J, organizadores. Oxford textbook of palliative nursing. Oxford University Press: New York; 2014. p.279-96. 8. Chong C, Walters D, Silva P, Taylor C, Spillane A, Kollias J, et al. Initial axillary surgery: results from the breast surg ANZ quality audit. ANZ J Surg. 2015; 85(10):777-82. 9. Krzywonos A, Ochałek K, Krzywonos-Zawadzka A, Pitala K. Assessment of knowledge of cancer and lymphoedema among breast cancer survivors. Prz Menopauzalny 2014; 13(5):273-9. 10. Prandi C, Garrino L, Clerico M, Sommovigo T, Vellone E, Alvaro R. Therapeutic Education to cancer patients: experiences of Italian nurses. Prof Inferm. 2014; 67(4):243-51. 11. Fu MR. Breast cancer-related lymphedema: symptoms, diagnosis, risk reduction, and management. World J Clin Oncol. 2014; 5(3):241-7. 12. Fu MR, Chen, CM, Haber J, Guth AA, Axelrod D. The effect of providing information about lymphedema on the cognitive and symptom outcomes of breast cancer survivors. Ann Surg Oncol. 2010; 17(7):1847-53. 13. Rebegea L, Firescu D, DumitruM, Anghel R. The incidence and risk factors for occurrence of arm lymphedema after treatment of breast cancer. Chirurgia (Bucur). 2015; 110(1):33-7. 335

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