COMISSÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E COMBATE AO CRIME ORGANIZADO PROJETO DE LEI Nº 6568, DE 2016 (Apensados os PL 2617/2015 e 2926/2015) Altera a Lei nº 13.254, de 13 de janeiro de 2016, que dispõe sobre o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (RERCT) de recursos, bens ou direitos de origem lícita, não declarados ou declarados incorretamente, remetidos, mantidos no exterior ou repatriados por residentes ou domiciliados no País. Autor: Senado Federal Relator: Deputado Alexandre Baldy I RELATÓRIO A proposição sob análise altera a chamada Lei da Repatriação de Bens. Tendo como autora a Comissão Diretora do Senado Federal (PLS 405/2016 na origem), seus autógrafos foram encaminhados a esta Casa com o Ofício 1323/2016. Acrescenta os 3º-A e 4º-A ao art. 1º da referida norma, assim como dá nova redação ao 1º do art. 5º, e dá nova redação ao art. 11. Pelo 3º-A amplia o prazo de aplicação aos não residentes em 30 de junho de 2016, desde que tenham sido residentes ou domiciliados no País entre 31 de dezembro de 2010 e 30 de dezembro de 2016. Pela redação do 4º-A torna aplicável ao espólio cuja sucessão tenha sido aberta até a data de adesão ao RERCT.
2 A alteração do 1º do art. 5º trata de aperfeiçoamento da redação, com o estabelecimento de data limite de cometimento dos crimes ali referidos, ou seja, a da publicação da lei. A nova redação do art. 11 cuida de excepcionar da aplicação da lei o Presidente da República, o Vice-Presidente da República, Senador, Deputado Federal, Governador, Vice-Governador, Deputados Estadual e Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador, assim como o agente público da administração pública direta ou indireta da União, de Estado, do Distrito Federal ou de Município no exercício de seu mandato ou investido em cargo, emprego ou função em 14 de janeiro de 2016. Exclui, portanto, do alcance da norma os cônjuges e parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, como consta da redação atual. O art. 2º do projeto reabre o prazo para adesão ao RERCT por cento e vinte dias, contados do trigésimo de publicação da nova lei, estabelecendo a data limite de 30 de junho de 2016, para regularização voluntária da situação patrimonial anterior a essa data. O 2º dispensa a declaração retificadora ao fisco. O 3º fixa a alíquota em dezessete inteiros e cinco décimos por cento. O 4º estipula a multa administrativa de cem por cento. O 5º prevê a distribuição de quarenta e seis por cento do produto da arrecadação da multa aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. O art. 3º submete a esses dispositivos do art. 2º os aderentes nos termos dos 3º-A e 4º-A. Pelo art. 4º é facultado ao contribuinte que aderiu ao RERCT, no prazo da lei, efetuar sua complementação pagando os respectivos imposto e multa. O art. 5º dispõe sobre a regulamentação da lei pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Apresentada em 24/11/2016 nesta Casa, a 6 do mês seguinte foi distribuída às Comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado (CSPCCO), de Finanças e Tributação (CFT), e de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), sujeita à apreciação do Plenário em regime de tramitação urgente. Na ocasião foi apensado o PL 2617/2015 e seu apensado, PL 2926/2015. No dia seguinte foi designado este relator.
3 O PL 2617/2015, do Deputado Manoel Júnior (PMDB/PB), pretende disciplinar a anistia tributária, cambial e criminal aos bens mantidos no exterior por pessoas físicas residentes no país, não previamente informados às autoridades brasileiras na forma da legislação aplicável, que venham a ser informados na forma e no prazo nele definidos. A proposição concede anistia em prazos específicos, desde que o beneficiário dos bens os declare e pague o imposto e a multa devidos pela intempestividade. Elenca quais crimes são objetos da anistia, traz algumas conceituações, faculta a atualização dos valores e pagamento do imposto e multa, disciplina os bens aplicados em fundos de investimento, hipóteses de sucessão, extinção das obrigações, prazo de preservação dos dados e seu sigilo, e interesses de terceiros. Na Justificação, o ilustre autor invoca legislação similar editada por outros países como Rússia, Itália, Portugal, Colômbia e Estados Unidos. Pondera que alguns crimes não são anistiados, como corrupção ativa ou passiva e desvio de recursos ao erário. Alega que o projeto limita os efeitos da declaração especial que seria criada para a regularização dos bens e direitos no exterior, criando sanções importantes para a violação de tais limites; aborda e regula o tema do tratamento fiscal dos trustes e das fundações; e estabelece um sistema de proteção do sigilo das informações prestadas, contra seu uso para fins diversos, com o objetivo especial de evitar vazamentos indevidos. O PL 2926/2015, de autoria do Deputado Sergio Zveiter (PSD/RJ), foi apresentado em 09/09/2015 e dispõe sobre anistia tributária, cambial e criminal aos bens mantidos no exterior por pessoas físicas residentes no País, não previamente informados às autoridades brasileiras na forma da legislação aplicável, que venham a ser informados na forma e no prazo desta lei, e dá outras providências. A proposição tem conteúdo quase idêntico ao da principal, diferindo na Justificativa, embora mantido o mesmo objetivo. É o relatório.
4 II VOTO DO RELATOR É da alçada desta Comissão Permanente a análise de matérias relativas ao combate ao contrabando, crime organizado, sequestro, lavagem de dinheiro, violência rural e urbana e legislação penal e processual penal, do ponto de vista de segurança pública, na forma do disposto no Regimento Interno da Câmara dos Deputados RICD (art. 32, inciso XVI, alínea b e f ). Tivemos oportunidade de ofertar parecer, com substitutivo, nesta mesma Comissão, ao PL 2617/2015 e seu apensado, PL 2926/2015, do qual transcrevemos trecho, plenamente aplicável à matéria sob exame: (...) Formalmente, contudo, verificamos que o conteúdo do projeto teve sua conveniência reduzida, pois destina-se a disciplinar o que já consta do ordenamento jurídico com a edição da Lei n. 13.254, de 13 de janeiro de 2016 (...). Referida norma é oriunda do PL 2960/2015, apresentado em 10/09/2015 pelo Poder Executivo, sendo contemporânea dos projetos sob análise (...). Destarte, consideramos que (...) não se mostram convenientes a guiar por sua redação original, pois tratam de matéria já positivada e, ressaltese, de forma mais completa pela novel norma de regência. O Regime (...) trazido pela Lei n. 13.254/2016 é programa temporário estabelecido para permitir que contribuintes brasileiros regularizem seus ativos mantidos no exterior e não declarados aos órgãos brasileiros de fiscalização. Ele se alinha ao movimento global de oportunizar uma última chance (last window) para a regularização amigável dos recursos, tendo em vista a mudança de paradigma acerca do compartilhamento de informações bancárias e fiscais entre as diversas nações. Cuidamos, contudo, que a Lei n. 13.254/2016, a despeito de recém-editada, é passível de alterações pontuais que tragam mais efetividade ao seu objeto e espanquem eventuais situações de insegurança jurídica que apresenta. (...) Fazse mister ajustar alguns artigos da legislação para aumentar a segurança jurídica e estimular a maior adesão, a fim de que as previsões arrecadatórias iniciais se confirmem. (...)
5 Entendemos que o projeto é bem-vindo. Com efeito, o 3º-A proposto ao art. 1º da norma, assim como o art. 2º do projeto tratam da dilação do prazo para adesão ao regime instituído (RERCT) e definição de datas limite. O 4º-A proposto ao art. 1º, assim como o 1º ao art. 5º são aperfeiçoamentos salutares da lei. A nova redação do art. 11 trata de excluir como beneficiários do regime certos agentes políticos e agentes públicos. O final desse dispositivo poderia suscitar alguma dúvida acerca de ser a investidura na data mencionada, o que corrigimos mediante acréscimo, por Emenda Modificativa, da expressão que esteja depois do vocábulo Município. Os demais artigos do projeto tratam de operacionalização do sistema e cláusulas legislativas. No mérito, portanto, somos pela aprovação da proposição principal, cujas alterações propostas nos parecem suficientes para aperfeiçoar a norma de regência. Entendemos que o conteúdo da proposição subapensada praticamente está contido na apensada e de forma mais abrangente. Esta, porém, trata de detalhes que já estão contemplados na norma. Cuidamos apenas de inserir, mediante emenda modificativa, de expressão esclarecedora na redação proposta para o art. 11 da lei, pelo art. 1º do projeto. Diante do exposto, concitamos os nobres pares a votar conosco pela APROVAÇÃO do PL 6568/2016, com a Emenda Modificativa ora ofertada, e pela REJEIÇÃO dos PL 2617/2015 e 2926/2015, apensados. Sala da Comissão, em de de 2017. Deputado Alexandre Baldy Relator 2016-19558.docx
6 COMISSÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E COMBATE E AO CRIME ORGANIZADO PROJETO DE LEI N. 6568, DE 2016 (Apensados os PL 2617/2015 e 2926/2015) EMENDA MODIFICATIVA (Do Relator Sr. Alexandre Baldy) Altera a Lei nº 13.254, de 13 de janeiro de 2016, que dispõe sobre o Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (RERCT) de recursos, bens ou direitos de origem lícita, não declarados ou declarados incorretamente, remetidos, mantidos no exterior ou repatriados por residentes ou domiciliados no País. Inclua-se a expressão que esteja depois do vocábulo Municípios, contida na proposta de alteração do art. 11 da Lei nº 13.254, de 13 de janeiro de 2016, dada pelo art. 1º do PL 6568/2016. Sala da Comissão, em de de 2017. Deputado Alexandre Baldy Relator 2016-19558