O USO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES POR PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO



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Transcrição:

Artigo apresentado no II Seminário de Pesquisas e TCC da FUG no semestre 2011-2 Coordenação, organização e formatação final: Prof. Dr. Rodrigo Irani Medeiros O USO DE ESTERÓIDES ANABOLIZANTES POR PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO Lourenzo Yanki de lima Firmino 1 Maurizan Gomes da Silva 1 Cássia Rodrigues dos Santos 2 RESUMO: A revisão de literatura nos mostra que a busca por substâncias que melhoram o desempenho físico é desde o homem primitivo até se chegar aos esteróides anabolizantes e que seu uso indiscriminado pode gerar várias reações adversas. A fisiologia nos mostra que a testosterona e o DHT são hormônios essenciais no organismo masculino, mas em grandes concentrações, os mesmos podem causar sérias alterações no organismo. Na análise dos dados obtidos verificamos grande variedade de respostas, onde tivemos resultados muito relevantes em relação ao uso de esteróides, ao motivo do uso, a origem da recomendação e os tipos e formas mais utilizados. Palavras-chave: Esteróides anabolizantes. Musculação. Efeitos colaterais. THE USE OF ANOBOLIC ESTEROIDS BY PRACTITIONERS BODYBUILDING ABSTRACT: The literature review shows that the search for substances that enhance physical performance is from the primitive man until they get to anabolic steroids and their indiscriminate use can cause various adverse reactions. Physiology shows that testosterone and DHT are essential hormones in boys, but at high concentrations, they can cause serious changes in the body. In data analysis we found great variety of answers, where we had very significant results regarding the use of steroids, the reason for use, the source of the recommendation and the types and forms used. Keywords: Anabolic steroids. Bodybuilding. Side Effects 1 Acadêmico do Curso de Bacharelado em Educação Física da Faculdade União de Goyazes 2. Professora Orientadora da Faculdade União de Goyazes

2 1 INTRODUÇÃO Em 1935 a testosterona foi sintetizada quimicamente para uso da médico e terapêutico, mas após o homem descobrir seus efeitos sobre o desempenho físico e na massa muscular, o seu uso ocorreu também para fins estéticos e esportivos, de forma indiscriminada causando grandes efeitos colaterais no organismo. De acordo com Guimarães Neto (1999, p.95) Esteróides são hormônios, responsáveis pela harmonia das funções primordiais no organismo. A busca por um corpo musculoso e com baixo percentual de gordura à curto prazo, faz muitas pessoas recorrerem ao uso abusivo de esteróides. Por causa do uso indiscriminado de esteróides por pessoas sem informações, que possivelmente terão graves conseqüências, realizamos essa pesquisa para mostrar às pessoas que o uso não é feito só por altetas de alto rendimento, que o uso abusivo dos mesmos podem causar sérios efeitos colaterais ao organismo e que o motivo do uso não é somente performance esportiva. Essa pesquisa tem o objetivo de verificar qual o motivo que leva o individuo ao uso de esteróides, qual o perfil do usuário como o grau de escolaridade do mesmo, tempo de treinamento, tempo de uso e etc. O artigo aborda a história dos esteróides quanto a sua origem, o seu conceito, os tipos e formas mais utilizados como os injetáveis e os orais e as possíveis reações adversas como calvície, hipertrofia prostática, agressividade e muitos outro. 2 Revisão de literatura 2.1 História dos esteróides A busca de substâncias que melhoram o desempenho físico é mais antiga do que se imaginam, antigamente os gregos faziam uso de cogumelos alucinógenos, em Roma na Itália, os gladiadores do Coliseu usavam estimulantes naturais e índios da América do Sul mascam folha de coca como um estimulante natural.

3 Os primitivos relacionavam a força e o poder com os orgãos masculinos e chegavam a comer órgãos de animais e até mesmo de seres humanos, com o intuito de ganharem vigor físico, os medievais também usaram esse método (SANTOS,2007). De acordo com Santos (2007, p.3), Em 1849, um cientistas alemão chamado Berthold fez uma experiência simples com seis pássaros. Mostrou que as mudanças nas penas, ocorridas quando eles foram castrados, poderiam ser prevenidas se os testículos removidos fossem transplantados para dentro da cavidade abdominal. Em 1889 o fisiologista francês Chales Edouard Brown-Séquard relatou atraso no seu processo de envelhecimento depois de uma série de experiências com cães e de se auto-medicar com uma aplicação de um extrato testicular. Após o relato de Brown sobre o efeito retardador do envelhecimento que teve, o interesse dos pesquisadores e cientistas em estudar a substância cresceu muito até que sua elaboração sintética foi concluída. (SANTOS,2007) No ano de 1935 a testosterona foi sintetizada na forma isolada e cristalina pela Schering Corporation com o de Butnandt e Hanish, pela Ciba de Berlim de Lepold Ruzicka e A. Wettstein e por ultimo pelo o grupo Laqueur com sua equipe e o cientista David. (SANTOS,2007) Os esteróides anabolizantes também foram muito utilizados na segunda guerra mundial para duas finalidades, uma delas era para recuperar nível positivo de nitrogênio em pessoas que teria sido obrigadas a ficar dias sem se alimentar, a outra utilização foi feita pelas tropas alemãs afim de elevar o grau de agressividade dos soldados. O uso de esteróides anabolizantes para melhoria do desempenho físico ainda gera muita dúvida quanto à data de finalidade. O primeiro uso para esse fim havia acontecido bem antes de 1939, foi em 1896, Brown-Séquard administrou em seu próprio corpo uma aplicação de um extrato testicular, o mesmo verificou o aumento na sua força muscular. (SILVA; DANIELSKI; CZEPIELEWSKI, 2002). Mas foi somente em 1954, durante um competição de levantamento de pesos em Viena que na verdade seria o primeiro registro do uso de

4 esteróides anabolizantes com o intuito de melhorar a performance dos competidores. Foi observado que os atletas que usaram os esteróides obtiveram resultados fantásticos, tiveram ganhos de força muscular acima do normal. (SILVA; DANIELSKI; CZEPIELEWSKI, 2002). Além disso, os esteróides foram utilizados em outros tipos de competições como o fisiculturismo, no qual: Durante a competição Mister America, em 1972, John Grimek estimou que 99% dos atletas estreantes fizeramou faziam uso de esteróides. Há mais de 30 anos os esteróides anabolizantes androgênicos (EAA) penetraram em outros esportes olímpicos, incluindo a natação, o esqui, o vôlei, o ciclismo, o handebol, o futebol, entre outros. O controle de dopagem para detecção de esteróides foram feitos somente na Olimpíada de Montreal, em 1976. O caso mais conhecido de uso de EAA foi o do corredor canadense Ben Johnson, medalha de ouro nos 100m rasos nas Olimpíadas de Seul, em 1988, cujo exame detectou a presença dos metabólitos do anabolizante estanozolol. (SILVA; DANIELSKI; CZEPIELEWSKI, 2002). O uso de esteróides anabolizantes teve maior incidência nos anos 60, a Alemanha querendo melhorar sua imagem diante dos demais países, resolveu investir no sucesso esportivo. Altos investimentos em projetos para melhoria de performance atlética foram feitos, o governo alemão também realizou triagens de talentos com crianças em escolas e até mesmo o uso sem indicação médica de fármacos ilegais em atletas. Isso tudo foi feito em cima de um plano muito bem organizado e de total sigilo, de maneira que não fosse descoberto. (MARCONDES; MOURA et al, 2004). Nessa época grandes teses de doutorado sobre os efeitos dos esteróides e reações adversas causadas pelo seu uso indiscriminado, foram elaboradas e financiadas pelo governo alemão de modo altamente sigiloso, desrespeitando todos os princípios éticos científicos e médicos. (ARAÚJO, 2003) Aos atletas foi passada a informação de que receberiam pílulas de vitaminas, quando na verdade eram esteróides anabolizantes, caso fosse necessário doses extras, eram feitas aplicações de ésteres de testosterona e de nandrolona se passando por medidas "profiláticas". Os atletas recebiam a

5 orientação de não comentar com ninguém absolutamente nada, nem mesmo com os familiares. (MARCONDES; MOURA et al, 2004) Nos jogos Olímpicos de 1968, os alemães passaram a utilizar hormônios masculinos sintéticos em atletas do sexo feminino. No ano de 1972 a Alemanha esteve junto com os Estados Unidos e a antiga União Soviética no ranking de quantidades de medalhas. Com isto os anabolizantes passaram a ser utilizados nos demais esportes e em outros países. No ano de 1989 o Comitê Olímpico Internacional (COI), criou controles antidoping em suas competições, que evidenciou o uso de drogas que elevam a performance física. Aos homens a melhora era maior nos esportes de força física e nas mulheres era em quase todas as modalidades esportivas. Mesmo assim, o uso de esteróides continuou por causa da baixa eficiência dos exames elaborados para verificação de substâncias anabolizantes no sangue dos atletas, mas com os exames sua administração foi diminuída. Após a intervenção do COI no controle e combate ao doping, muitos atletas não conseguiam obter e nem ultrapassar resultados obtidos nas competições passadas. Com o passar dos anos o controle e combate ao doping foi se evoluindo e sempre se aprimorando, com isso técnicas para fraudar exames antidoping vem sendo desenvolvidas. A queda do desempenho físico dos atletas não quer dizer que os mesmos não estão dopados, isto só mostra que nos dias atuais a incidência de doping é menor do que nas competições de antigamente (MARCONDES; MOURA et al, 2004) 2.2 O que são esteróides anabólicos? De acordo com Guimarães Neto (1999, p.95) Esteróides são hormônios, responsáveis pela harmonia das funções primordiais no organismo. Os esteróides anabolizantes são hormônios derivados do córtex da supra-renal, ovário e dos testículos. Os esteróides ou EAA são hormônios

6 sexuais masculinos ou derivado deles, responsáveis pela caracterização masculina, entre eles estão relacionados a testosterona e seus derivados. Na maioria das vezes, os esteróides anabólicos são derivados sintéticos da testosterona, ou substâncias que se convertem em testosterona e que geram anabolismo e masculinização. (SILVA; DANIELSKI; CZEPIELEWSKI, 2002). Guimarães Neto (1999) afirma que os esteróides anabólicos são um subgrupo de andrógenos, os mesmos são divididos em três categorias básicas que são: Estrógenos: São hormônios femininos produzidos pelo folículo ovariano em maturação e responsáveis pela caracterização sexual da mulher, agindo sobre o crescimento das células, pois as induzem a se proliferar, aumentando o tamanho de músculos, vagina, mamas, glândulas, quadris, coxas, dando um formato ovóide a essa região, diferentemente dos homens, que possuem a região do quadril afunilada. Possui função no crescimento de pêlos pubianos, desenvolvimento de pequenos e grandes lábios e deposição de tecido adiposo; Andrógenos: São hormônios masculinos que a maior parte da quantidade encontrada no homem é secretada pelos testículos e também é o grande responsável pela caracterização sexual masculina como maior massa muscular, maior força, a barba, o engrossamento da voz, recuperação muscular mais rápida, menor percentual de gordura corporal e muitos outros; Cortizona: Sua produção é feita tanto no homem quanto na mulher, gera uma reação analgésica e anti-inflamatória (SANTOS,2007). 2.3 Fisiologia dos esteróides androgênicos O esteróide sexual endógeno de maior quantidade no homem é a testosterona, sendo que a maior parte da mesma é produzida pelos testículos e uma pequena parcela desta quantidade é secretada pelas glândulas supra renais. A concentração de testosterona no organismo masculino é superior a de DHT, que mesmo sendo em quantidade inferior o DHT ainda é mais potente do que a testosterona. Estes hormônios são

7 produzidos em menores quantidades pelo organismo feminino. (MARCONDES; MOURA et al, 2004) As células testiculares intersticiais de Leydig, são responsáveis pela secreção de testosterona no homem, sendo que as mesmas são estimuladas pelo hormônio luteinizante (LH) hipofisário. Com isso, a secreção de testosterona é realizada de acordo com a quantidade de LH existente no organismo. (MARCONDES; MOURA et al, 2004) A testosterona testicular liberada na corrente sanguinea em proporção ao nível de LH no organismo, diminui indiretamente a produção do mesmo pela hipófise anterior. Grande parte desta diminuição na secreção de LH acontece por causa do efeito direto da testosterona sobre o hipotálamo, assim a secreção do hormônio liberador de gonadotropinas (GnRH) é feita em menor escala. Isso faz com que a produção de LH e de hormônio fólico estimulante (FSH) seja diminuida. Quando o percentual de testosterona está elevado, acontece um efeito automático de retro alimentação negativa, que é controlado pelo hipotálamo e da hipófise anterior, esse efeito regulariza a produção de testosterona. (SILVA; DANIELSKI; CZEPIELEWSKI, 2002) Quando a concentração de testosterona está baixa, o hipotálamo produz uma grande quantidade de GnRH, com aumento proporcional na produção de LH e de FSH, gerando assim uma alta na secreção de testosterona testicular. O FSH liberado pela hipófise anterior, se une a um receptor específico de FSH nas células de Sertoli dos túbulos seminíferos. A união do FSH com o receptor específico da célula de Sertoli, caracteriza o seu crescimento que passa a secretar variadas substâncias espermatogênicas. A testosterona e o DHT se espalham das células de Leydig testiculares para dentro dos túbulos seminíferos, causando efeito trófico sobre a espermatogênese, para isso é necessário a presença de testosterona e de FSH. (SILVA; DANIELSKI; CZEPIELEWSKI, 2002) A circulação de testosterona e seus derivados no organismo masculino, ocorre de forma livre ou ligados a uma proteína plasmática. Ao atingirem a célula alvo, a testosterona se separa da proteína transportadora, por ser lipossolúvel, ela passa facilmente pela bicamada lipídica da membrana plasmática. Quando a testosterona chega ao citoplasma da

8 célula, ela se liga a um complexo hormônio receptor de grande afinidade no núcleo celular. O complexo hormônio receptor passa pela membrana nuclear se unindo a sítios específicos da cromatina nuclear, que chamados de elementos de resposta a hormônios esteróides. (SILVA; DANIELSKI; CZEPIELEWSKI, 2002) A ativação do RNA polimerase, dá início ao processo de transcrição gênica onde uma fita de RNA mensageiro, complementa aquela de DNA que serviu de modelo, será produzida. A síntese protéica se desenvolve no citosol celular apartir da interação do RNA transportador e do RNA ribossômico. As proteínas estruturais ou enzimas, podem ser usadas por outras células. Por causa das reações que antecedem a síntese protéica, ocorre um certo atraso nas respostas da ação hormonal androgênica. A conversão local da testosterona a metabólitos ativos ou específicos como o DHT, garantem determinados aspectos da especificidade tecidual á atividade androgênica. (MARCONDES; MOURA et al, 2004) A testosterona se converte em DHT através da participação da enzima citoplasmática 5 redutase, formando um composto com maior afinidade pelo receptor androgênico do que a testosterona. Mesmo entrando na célula, a testosterona ainda pode ser convertida a estrogênio, através da ação aromatase citoplasmática, gerando o estradiol que irá se unir a receptores estrógênicos, interagindo com o DNA nuclear e causando resposta estrogênica. (MARCONDES; MOURA et al, 2004) Os hormônios estrogênicos são essenciais na deposição de tecido ósseo e na fusão epifisária ao final da puberdade. As variadas ações androgênicas no organismo são mediadas por um tipo de receptor androgênico, com função de ação singular. Enfim, a testosterona é um hormônio ativador e também um pró hormônio circulante para determinados tecidos que contenham as enzimas conversoras 5? redutase e aromatase. Isso não quer dizer que todas as ações promovidas pela testosterona são por intermédio de uma molécula de testosterona ou por receptores androgênicos. (MARCONDES; MOURA et al, 2004) Os hormônios androgênicos são de extrema importância no organismo masculino, a testosterona liberada pelo feto na fase intra uterina

9 tem a função de caracterizar a genitália externa e interna. A testosterona secretada pela gônada imatura é essencial no desenvolvimento do sistema Wolffiano, que é responsável pela caracterização dos órgãos sexuais masculinos internos, assim ocasionando a atrofia de estruturas construtoras dos órgãos sexuais femininos internos. A deficiência de enzimas 5 redutase, causa diminuição na conversão de testosterona em DHT, que é precursor do desenvolvimento da genitália externa durante a vida fetal e do crescimento secundário capilar na fase adulta. O desenvolvimento da genitália no padrão feminino, só acontece na ausência de testosterona. (SILVA; DANIELSKI; CZEPIELEWSKI, 2002) Toda a testosterona secretada através de ação da aromatase durante a vida intra uterina, é convertida a estradiol no sistema nervoso central. Essa conversão acontece para que o hipotálamo apresente uma característica não cíclica de secreção de GnRH durante a fase adulta do homem, e na mulher ocorre o mesmo processo, só que ao contrário do homem. Os chamados efeitos ativacionais, são as ações da testosterona e seus derivados na ativação da função testicular e na caracterização sexual secundária durante a fase da puberdade. (SILVA; DANIELSKI; CZEPIELEWSKI, 2002) A atuação dos hormônios masculinos também acontecem em outros tipos de tecidos como os ossos, o tecido adiposo, muscular, cérebro, próstata, fígado e rins. Por existir uma maior quantidade de receptores de testosterona nos órgãos sexuais, os efeitos androgênicos são maiores do que os anabólicos neste tipo de tecido, nos músculos esqueléticos e cardíacos os anabólicos são mais evidentes. (MARCONDES; MOURA et al, 2004) 2.4 Tipos de Esteróides anabolizantes e os mais utilizados Os esteróides sintéticos são de grande valia para a medicina, são utilizados em diversos tipos de tratamentos como no hipogonadismo em homens que tem deficiência na produção natural de testosterona ou

10 andrógenos, na sarcopenia que é a perda de massa muscular associada com o envelhecimento, no tratamento de pessoas com anemia muito severa e no combate contra a andropausa que ocorre em homens de mais idade causando uma queda na secreção de testosterona. (MARCONDES; MOURA et al, 2004) De acordo com a legislação, a venda de esteróides anabolizantes só pode ser feita mediante apresentação de receita médica, mas infelizmente não e difícil encontrarmos tais substâncias circulando livremente em academias, podendo ser adquiridas sem qualquer prescrição médica ou qualquer controle. A venda ilegal de esteróides anabólicos é caracterizada como crime no código penal brasileiro. (SILVA; DANIELSKI; CZEPIELEWSKI, 2002) A indústria farmacêutica desenvolveu vários tipos de esteróides anabólicos sintéticos em diferentes formas, como os injetáveis, orais, cremes, supositório, selo de fixação na pele e sublingual. Os esteróides anabólicos mais utilizados são:

11 Anabolicum Vister (quimbolone) Esteróide Forma Grau de hepatotoxidade Comprimidos Baixa Anabol (metandrostenolona) Comprimidos Alta Anavar (oxandrolone) Comprimidos Média Androxon (undecanato de testosterona) Deca-Durabolin (decanoato de nandrolona) Deposteron (cipionato de testosterona) Durateston (decanoato de testosterona, fenilpropionato de testosterona, isocaproato de testosterona e propionato de testosterona) Equipoise (undecilenato de boldenone) Cápsulas Injetável Injetável Injetável Injetável Não tóxica Média Alta Média Baixa Esiclene (formebolone) Injetável Média Garbomon (metiltestosterona) Comprimido Baixa Halotestin (fluoximesterona) Comprimido Alta Hemogenin (oximetolona) Comprimido Alta Parabolan (trembolone) Injetável Média Primobolan (mentelona) Injetável e comprimidos Média Proviron (mesterolona) Comprimidos Não tóxica Propionato de Injetável Média Testosterona Testoviron DEPOT Injetável Média (enantato de Testosterona) Winstrol (stanozolol) Injetável e comprimidos Média GH (hormônio do crescimento) Injetável Baixa 2.5 Reações adversas Segundo Guimarães Neto (1999, p.101) muitos efeitos colaterais de longo e curto prazo são relacionados com o uso de esteróides anabólicos. Efeitos colaterais, como calvície e acne, não são ameaças à vida, mas

12 podem ser psicologicamente preocupantes, ao passo que a hipertrofia da próstata é uma consequência que não pode ser ignorada. Os esteróides anabolizantes podem causar no organismo várias reações adversas, mas isso vai depender da predisposição genética que cada usuário terá para desenvolver determinado efeito colateral. O surgimento de efeitos colaterais pelo uso de esteróides anabólicos é causado na maioria das vezes pelo hormônio denominado Dihidrotestosterona (DHT), que no organismo humano o DHT a partir da testosterona sofre uma conversão pela enzima 5-alpha redutase. Os principais efeitos colaterais são: Calvície: causado pelo DHT que inibe o crescimento de cabelos do fólico capilar; Hipertrofia prostática: o crescimento prostático se dá também pela grande concentração de DHT, que normalmente ocorre em homens de mais idade; Acne: através da grande produção de óleo da glândula sebácea que associada com bactérias do ar, pele seca e outras coisas, se origina a acne que também o DHT tem grande participação nesse processo; Agressividade: este efeito psicológico é causado por esteróides mais androgênicos; Hipertensão: se dá pelo uso de esteróides que causam grande retenção hídrica no organismo e no sangue elevando a pressão arterial; Limitação do crescimento: a utilização de esteróides por longo tempo podem causar o fechamento dos discos de crescimento da epífise óssea; Aumento do colesterol: os esteróides elevam os níveis de colesterol ruim (LDL) e diminui os de colesterol bom (HDL), com isso surge os depósitos de gordura nas artérias, assim o risco de um enfarte ou de um derrame é maior; Virilização em mulheres: o engrossamento da voz, a hipertrofia do clitóris, a amenorréia e o crescimento de pêlos no rosto como barba,

13 acontece por causa da administração de esteróides altamente androgênicos; Ginecomastia: é o aparecimento de um nódulo logo abaixo do mamilo em indivíduos do sexo masculino, que é causada também por uso de esteróides altamente androgênicos que são mais suscetíveis à aromatização; Dor de cabeça: é outro efeito causado também pelos esteróides mais androgênicos; Impotência e esterilidade: devido à administração de testosterona sintética, a produção natural de testosterona do corpo humano é interrompida. Ao término das administrações de esteróides anabólicos, o individuo tem uma queda na libido que após certo tempo ela volta ao normal; Insônia: esta reação adversa ocorre por causa do efeito estimulante que os esteróides causam no sistema nervoso; Hepatotoxidade: ocorre porque a maioria dos esteróides são muito tóxicos e isso dificulta o seu processamento no fígado, gerando lesões hepáticas; Problemas de tendões e ligamentos: os esteróides anabólicos deixam os músculos mais fortes em um curto espaço de tempo, sendo que os tendões e ligamentos não tem o mesmo desenvolvimento, gerando inflamações, inchaços ou até mesmo rupturas; Câncer: é uma efeito colateral que depende muito da reação do organismo com o esteróide utilizado. Esse efeito pode ser proveniente da utilização de esteróides anabolizantes orais muito tóxicos que são processados pelo fígado, e que podem gerar tumores hepáticos devido a sua alta dificuldade de processamento. (Guimarães Neto,2003)

14 3. Metodologia Para a coleta dos dados deste artigo, foi realizada uma pesquisa de campo na qual foi aplicado vinte questionários a vinte usuários de esteróides anabolizantes e praticantes de musculação de Goiânia e Trindade, com o objetivo de verificar qual o motivo os levam a recorrerem ao uso de esteróide traçando assim o seu perfil.. 3.1 Amostra A amostra consiste em 20 praticantes de musculação que são usuários de esteróides anabolizantes, entre dezoito e vinte e oito anos de idade. 3.2 Instrumentos de coleta de dados O instrumento consiste em questionário com perguntas abertas e fechadas, como exemplo: a) Quanto tempo faz que você faz musculação? b) Você já usou algum esteróide anabolizante? c) Você já teve alguma reação adversa por conta do uso de esteróides? e) Quem te recomendou o uso de esteróides? entre outras. 3.3 Procedimentos Primeiro os indivíduos foram identificados em duas ou três academias de Goiânia ou Trindade. Após a identificação dos usuários de esteróides, os mesmos foram convidados a participar da pesquisa. Primando pela qualidade da pesquisa selecionamos os participantes que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido para em seguida responderem ao questionário.

15 4. Análise de dados Ao analisar os questionários verificamos grande variedade de respostas, nos quais obtivemos resultados muito relevantes em relação ao uso de esteróides, ao motivo do uso e quanto à origem da recomendação. 4.1 Assim, em relação à primeira pergunta do questionário que diz respeito ao tempo de treinamento que o usuário de esteróide tem de musculação, há uma diversidade de respostas, pois o tempo varia de três meses a quinze anos de treino. Tivemos relatos de três informantes, que dizem ter de três a seis meses de treino, nove informantes relataram ter de um a três anos de treino, outros cinco disseram que ter de quatro a cinco anos de treino e três deles informou ter de dez a quinze anos de treino. Desta maneira, vemos que o fator tempo de treino é bem variado, alguns iniciantes e outros praticantes assíduos da musculação 4.2 A segunda pergunta foi feita para verificar se os informantes praticam outra atividade esportiva além da musculação. Assim, constatamos que nove informantes praticavam somente musculação, que oito eram jogadores ou praticantes de futebol, que três praticam artes marciais, um informante relatou praticar natação e o outro faz aulas de dança. As respostas nos levam a pensar que grande parte dos informantes alia a musculação a outras modalidades esportivas e que por esta razão, talvez o uso do esteróide para melhorar a performance em sua determinada modalidade esportiva. 4.3 Quanto à terceira pergunta: Você faz uso de esteróides anabolizantes? Há quanto tempo? Mais uma vez os dados obtidos são de uma grande variedade de tempo, no qual tivemos, por exemplo, usuários que dizem ter apenas uma semana de uso e outros de até quatro anos de uso. O resultado da terceira pergunta pode ser visto na tabela seguinte:

16 Tempo de uso De uma semana a quinze dias De um mês De dois a três meses De cinco a seis meses De oito meses a um ano De dois a quatro anos Número de informantes Dois Dois Cinco Quatro Quatro Três Os dados da terceira pergunta demonstram que entre os informantes há alguns que estão iniciando o uso de esteróides e que outros já são usuários há algum tempo. 4.4 A pergunta de número quatro é em relação ao ganho de peso corporal que o usuário de esteróides teve com a administração dos mesmos. De acordo com os dados colhidos nesta questão, tivemos o seguinte resultado: * De dois a três quilos: dois informantes; * De quatro a cinco quilos: sete informantes; * De seis a oito quilos: quatro informantes; * De dez a quinze quilos: cinco informantes; * De dezoito a vinte quilos: dois informantes. O ganho de peso corporal com o uso dos esteróides é muito relativo, de acordo com a literatura os usuários que tem uma alimentação balanceada, que fazem uso de suplementos nutricionais constantemente, os mesmos tem um maior desenvolvimento muscular dos que utilizam somente os esteróides. 4.5 A quinta questão aborda o usuário de esteróides sobre os possíveis efeitos colaterais causados pelo uso de esteróides anabolizantes. De acordo com os dados obtidos, dezessete informantes alegam nunca terem tido nenhuma reação adversa por conta do uso de esteróides. Apenas três informantes relataram o aparecimento de alguns efeitos colaterais, como, um deles teve problemas no fígado, o outro sentiu falta de ar, febre e tontura, e

17 o último relatou que teve desmaio. Quanto a este último sintoma, de acordo com a literatura aqui descrita, o desmaio não é um efeito adverso causado diretamente pelo uso de esteróides, o que ocorre é que o mesmo acelera o metabolismo humano fazendo com que o organismo consuma mais glicose em menor tempo, podendo causar uma hipoglicemia que é a falta de glicose na corrente sanguínea, por esta razão, causando desmaio. 4.6 A sexta pergunta verifica qual a origem da recomendação do uso de esteróides. E quanto a ela, tivemos o seguinte resultado: Origem da recomendação Amigos ou colegas Vontade própria Pesquisas (revistas/internet) Número de informantes Dez Oito Dois Assim, vemos que dos vinte informantes, dez dizem ter recebido recomendação de um amigo, demonstrando que o boca a boca ainda influência as pessoas ao consumo de algum tipo de droga. Constatamos também que nenhum informante relatou ter sido o esteróide prescrito por um médico, revelando com isso uma prática recorrente na cultura brasileira que diz respeito ao consumo de medicações sem orientação médica, que consequentemente leva ao uso indiscriminado. Felizmente nesta pesquisa não foi registrado nenhuma recomendação para o uso de esteróides anabolizantes por parte de nenhum instrutor ou profissional de Educação Física da área de musculação. Profissional que normalmente tem associada a sua imagem como uns dos responsáveis por prescrever anabólicos ou até mesmo suplementação sem a devida habilitação. 4.7 Já a sétima questão se relaciona aos motivos que levam ao uso de esteróides anabolizantes. Desse modo, verificamos que os informantes relatam diversos motivos que os levaram o uso de esteróides, e como podem ser vistos na tabela abaixo:

18 Motivos Busca pelo corpo perfeito Aumento de massa muscular Aumento da performance esportiva ou condicionamento físico Resultados insatisfatórios na musculação Magreza Curiosidade Confirmar resultados Número de informantes Sete Cinco Dois Três Um Um Um Assim, na sétima questão percebemos que o principal motivo que leva o praticante de musculação ao uso de esteróides é a busca pelo corpo perfeito, estética ou beleza. A literatura também nos mostra que muitas pessoas recorrem ao uso de esteróides por complexo de inferioridade, por serem muito magras e se sentirem inferiores às outras, como forma de se impor em seu ciclo social e etc. O que acaba por reforçar o padrão de beleza estabelecido pela sociedade e mídia atual, levando as pessoas a buscarem resultados a qualquer custo em curto espaço de tempo. 4.8 A questão oito que diz respeito ao uso de esteróides, em que freqüência ele acontece, o resultado nos mostra que dezenove informantes usam raramente e que apenas um informante relatou que o uso é constante. Pelo fato dos esteróides serem substâncias muito tóxicas e de difícil processamento pelo organismo, de acordo com a literatura, os usuários fazem intervalos de 3 à 6 meses entre os ciclos de uso de EAA, isso para que o funcionamento do organismo volte ao normal quanto produção hormonal e também como forma de desintoxicação sanguínea. O uso ocorre na forma de ciclos, em doses crescentes que depois ficam decrescentes. 4.9 Através da pergunta de número nove, conseguimos verificar um dado muito relevante para essa pesquisa que é o grau de escolaridade do usuário de esteróide anabolizante, onde foi possível verificar que nove informantes

19 alegam ter apenas o segundo grau, sete informantes relataram ter nível superior incompleto e quatro informantes disseram ter nível superior completo. Pensamos que este dado seja relevante por acreditarmos que talvez o uso de substâncias sem a devida orientação tenha a ver com a falta de informação por parte do usuário, e que muitas vezes isto pode estar relacionado ao nível de conhecimento e falta de informação. Além disso, a escolha do tipo de anabolizante também pode estar ligada a esta questão, bem como ao nível socioeconômico do usuário. 5.0 De acordo com a décima questão, o tipo de esteróide mais utilizado pela maioria dos informantes é o injetável. Outro também muito utilizado é o oral, mais tivemos informantes que relataram usar os dois tipos. Os EAA injetáveis são mais utilizados pelo fato de promoverem melhores resultados e por alguns serem de baixa toxidade, isso de acordo com a literatura utilizada. 5.1 Finalmente, uma das também mais relevantes perguntas do questionário é a de número onze que é a seguinte: Quais os anabolizantes que você mais usa? Os anabolizantes verificados estão dispostos nas tabelas a seguir: Esteróides anabolizantes Mais utilizados Deca-Durabolin Durateston Winstrol Hemogenin Menor uso Deca Drobol Dianabol Deposteron Estigor com Estimil M. Drol De acordo com a literatura, constatamos que a escolha dos esteróides mais utilizados pelos informantes é por causa da eficiência do processo anabólico dos mesmos no organismo e do tipo de efeito adverso que eles

20 podem causar, já os menos utilizados é por causa dos tipos possíveis de reações adversas que podem ser muito nocivas ao organismo como, por exemplo, o Deposteron que pode causar rápida atrofia testicular, o Dianabol que pode causar sérios problemas renais e por causa da grande falsificação de algumas drogas, principalmente as importadas. 5.2 CONCLUSÃO Essa pesquisa nos mostra que na busca pelo corpo perfeito, estética e beleza, seguindo o padrão de beleza estabelecido pela sociedade e mídia atual, muitas pessoas buscam resultados a qualquer custo em curto espaço de tempo, com isso recorrendo a drogas ou meios muito perigosos, sem se importar com os possíveis efeitos colaterais que os mesmos podem causar. Verificamos que a maioria dos informantes entrevistados só tem o segundo grau, que maioria das recomendações para o uso de esteróides, partiu de amigos ou colegas e que o maior motivo para o uso dos mesmos é a busca pelo corpo perfeito. Constatamos também que os esteróides mais utilizados são os de baixo custo financeiro, como, por exemplo, o Hemogenin. E os menos utilizados é por causa da grande falsificação de algumas drogas, principalmente as importadas e por algumas drogas causarem sérios efeitos adversos como atrofia testicular e insuficiência renal como o Deposteron e o Dianabol. Além disso, há uma preferência pelos anabólicos injetáveis e os orais em menor escala. Concluímos também que, quanto à definição do usuário de esteróides anabolizantes, ao contrário do que muitos pensam, grande parte dos informantes não se associa somente a musculação, mas são também praticantes ou jogadores de futebol. Quanto ao uso de esteróides, percebemos que parece haver uma utilização indiscriminada por parte dos consumidores, pois todos os depoimentos coletados indicam que a nenhum deles fazem uso dessas substâncias por recomendação médica, no entanto, percebemos também que muito dos informantes estudam ou pesquisam a

21 respeito do uso de esteróides devido ao intervalo de um ciclo para o outro, isso em uma tentativa de minimizar os danos causados ao organismo. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SANTOS, A. M. O Mundo Anabólico, Barueri-SP: Manole, 2007. MARCONDES, F. K.; MOURA, Mª. J. C. et al. Esteróides anabólicos androgênicos e sua relação com a prática desportiva. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. UEC. Piracicaba- SP: 2004, p.167. ARAÚJO, J. P. O uso de esteróides androgênicos anabolizantes entre estudantes do ensino médio no distrito federal. UCB. Brasília- DF: 2003, p. 7. SILVA, P. R. P.; DANIELSKI, R.; CZEPIELEWSKI, M. A. Esteróides anabolizantes no esporte. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. UFRGS. Porto Alegre- RS: 2002, p. 237. NETO, G. W. Musculação: além do anabolismo. Rio de Janeiro: Phorte Editora, 2003. NETO, G. W. Musculação: anabolismo total. Rio de Janeiro: Phorte Editora, 1999.