Política Nacional de Resíduos Sólidos: Diretrizes, Implicações e Tendências Carlos R V Silva Filho ABRELPE Fevereiro/2011 2
O SETOR DE RESÍDUOS Mundo cada vez mais populoso = + resíduos 2004 = 6 bi hab = 1,2 tri/kg RSU Previsão crescimento: 7% a.a. 2010 = 9 bi hab = 1,8 tri/kg RSU Meio Ambiente e Sustentabilidade = SOBREVIVÊNCIA 3
Gestão de RSU e a PNRS Lei 12.305, de 02 de agosto de 2010 4
Sujeitos à Lei - art. 1º, 1º as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis direta ou indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as que desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou ao gerenciamento de resíduos sólidos. 5
Definições art. 3º XV - Rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada; XVI - Resíduos Sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d água, ou exijam para isto soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. 6
Definições art. 3º VII - Destinação final ambientalmente adequada: destinação de resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do Suasa, entre elas a disposição final, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, e a minimizar os impactos ambientais adversos. VIII - Disposição final ambientalmente adequada: distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, e a minimizar os impactos ambientais adversos. 7
LR HG RC 8
Definições art. 3º XVII - Responsabilidade Compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei; XII - Logística Reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social, caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada; 9
Hierarquia na Gestão Art. 9º - Na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade: não-geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. 10
Hierarquia na Gestão Os 5 degraus da hierarquia na gestão de resíduos indicam a ordem de prioridade de ações que deverá ser seguida na vigência da PNRS Lei 12.305/10. Redução Reuso Reciclagem Tratamento Disposição no solo 11
Dos Planos Plano Nacional art. 15 Coordenação: Ministério do Meio Ambiente. Vigência: prazo indeterminado. Horizonte: 20 anos. Atualização: cada 4 anos - O Plano Nacional será elaborado mediante participação social, incluindo audiências e consultas públicas 12
Dos Planos Planos Estaduais arts. 16 e 17 Condição para acesso a recursos da União. Além do plano estadual os Estados poderão elaborar os planos microrregionais e os planos específicos das regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas ( 1º). A elaboração dos planos microrregionais ou metropolitanos será feita obrigatoriamente com a participação dos Municípios ( 2º). PRAZO = 2 ANOS (artigo 55) 13
Dos Planos Planos Municipais arts. 18 e 19 Condição para acesso a recursos da União pelo DF e pelos Municípios. Prioridade no acesso a recursos da União: -Soluções consorciadas intermunicipais; - Coleta seletiva com participação de cooperativas ou associações de catadores. 14 Conteúdo Mínimo: I diagnóstico: origem, volume, caracterização e formas de destinação e disposição final; II identificação de áreas favoráveis para disposição final de rejeitos; III identificação das possibilidades de soluções consorciadas ou compartilhadas; IV identificação dos resíduos e geradores sujeitos ao plano de gerenciamento ou a sistema de logística reversa; V procedimentos operacionais e especificações mínimas para serviços limpeza urbana; VI indicadores de desempenho dos serviços de limpeza urbana; VII regras para o transporte e para gerenciamento de resíduos;
15 Dos Planos Planos Municipais arts. 18 e 19 Conteúdo Mínimo: VIII definição de responsabilidades; IX programas e ações de capacitação técnica; X programas e ações de educação ambiental; XI programas e ações para participação de grupos interessados catadores; XII mecanismos para criação de negócios, emprego e renda; XIII sistema de cálculo dos custos de prestação dos serviços; XIV metas de redução, reutilização, coleta seletiva e reciclagem; XV formas e limites de participação do P. Publico na coleta seletiva e logística reversa; XVI meios de controle e fiscalização dos planos de gerenciamento e logística reversa; XVII ações preventivas e corretivas; XVIII identificação dos passivos ambientais e áreas contaminadas; XIX periodicidade de revisão. - PMGIRS: pode estar inserido no Plano de Saneamento Básico
Planos de Gerenciamento Art. 20 - Quem? - geradores de resíduos dos serviços públicos de saneamento básico; industriais; de serviços de saúde e de mineração. - geradores de resíduos perigosos. - geradores comerciais e de prestação de serviços que gerem resíduos que pela natureza, composição ou volume não sejam equiparados aos resíduos domiciliares pelo P. Publico Municipal. - empresas de construção civil nos termos do regulamento ou de normas do Sisnama. - os responsáveis pelos terminais de transportes (portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários, ferroviários e passagens de fronteira). - os responsáveis por atividades agrossilvopastoris. 16
Conteúdo Mínimo do Planos de Gerenciamento art. 21 - Descrição do empreendimento ou atividade; - Diagnóstico origem, volume, caracterização + passivos ambientais; - Explicitação dos responsáveis pelas etapas do gerenciamento de resíduos; - Definição dos procedimentos operacionais sob responsabilidade do gerador; - Identificação de soluções consorciadas ou compartilhadas com outros geradores; - Ações preventivas e corretivas a serem executadas em situações de gerenciamento incorreto ou acidentes; - Metas e procedimentos relacionados à minimização da geração de resíduos e à reutilização e reciclagem; - Medidas saneadoras dos passivos ambientais; - Periodicidade de revisão, observando o prazo de vigência da licença de operação a cargo dos órgãos do Sisnama. 17
Responsabilidades Art. 25. O poder público, o setor empresarial e a coletividade são responsáveis pela efetividade das ações voltadas para assegurar a observância da Política Nacional de Resíduos Sólidos e das diretrizes e demais determinações estabelecidas nesta Lei e em seu regulamento. Art. 28. O gerador de resíduos sólidos domiciliares tem cessada sua responsabilidade pelos resíduos com a disponibilização adequada para a coleta ou, nos casos do art. 33 (logística reversa), com a devolução. 18
Responsabilidade Compartilhada art. 31 Sem prejuízo das obrigações estabelecidas no plano de gerenciamento, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes têm responsabilidade que abrange: - Investimento no desenvolvimento, na fabricação e na colocação no mercado de produtos: a) que sejam aptos, após o uso pelo consumidor, à reutilização, à reciclagem ou a outra forma de destinação ambientalmente adequada; b) cuja fabricação e uso gerem a menor quantidade de resíduos sólidos possível. - Divulgação de informações relativas às formas de evitar, reciclar e eliminar os resíduos sólidos associados a seus respectivos produtos. - Recolhimento dos produtos e dos resíduos remanescentes após o uso, assim como sua subsequente destinação final ambientalmente adequada, no caso dos produtos objeto de sistema de logística reversa; 19
Responsabilidade Compartilhada art. 32 - Embalagens devem propiciar a reutilização ou a reciclagem. - Cabe aos responsáveis assegurar que as embalagens sejam: * restritas em volume e peso às dimensões de proteção do conteúdo; * projetadas para reutilização tecnicamente viável; * recicladas, se a reutilização não for possível. 20 - Quem é responsável? * Quem manufatura embalagens ou fornece materiais para fabricação de embalagens; * Quem coloca em circulação embalagens, materiais para fabricação de embalagens ou produtos embalados, em qualquer fase da cadeia de comércio.
Logística Reversa art. 33 São obrigados a estruturar e implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviços público de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de: - agrotóxicos, seus resíduos e embalagens, bem como outros produtos cuja embalagem após o uso, constitua resíduo perigoso; - pilhas e baterias; - pneus; - óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; - lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; - produtos eletroeletrônicos e seus componentes. 21
Logística Reversa art. 33 - Conforme disciplinado por regulamento, acordos setoriais e termos de compromisso firmados entre o poder público e o setor empresarial, os sistemas de logística reversa serão estendidos a produtos comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro, e aos demais produtos e embalagens, considerando, prioritariamente, o grau e a extensão do impacto à saúde pública e ao meio ambiente dos resíduos gerados. 22
Logística Reversa art. 33, 4º, 5º, 6º CONSUMIDORES Efetuar a devolução após o uso Efetuar a devolução dos produtos e embalagens reunidos ou devolvidos COMERCIANTES / DISTRIBUIDORES FABRICANTES / IMPORTADORES Dar destinação adequada 23
24 Logistica Reversa Experiências Internacionais
Portugal - Embalagens Gestão pela SPV dos resíduos urbanos de embalagens: 25
Portugal - Embalagens VALOR PONTO VERDE (VPV) ECOVALOR O VPV pesa menos de 0,37% no valor total que o consumidor paga por um produto. Na França esse valor é de 0,39% e na Espanha é de 0,71%. PESO DO VALOR PONTO VERDE NUM CABAZ DE PRODUTOS DE GRANDE CONSUMO PRODUTO MATERIAL PESO EMBALAGEM (g) (1) PREÇO POR UNIDADE ( ) (2) VPV (TON) 2010 VPV EMBALAGEM % VALOR Cerveja Sagres garrafa 33cl Vidro 220,30 0,565 18,3 0,0040 0,71% Azeite Virgem Gallo 0,75 lts Vidro 566,22 2,940 18,3 0,0104 0,35% Açúcar branco granulado Sidul 1 kg Papel 7,73 0,940 86,3 0,0007 0,07% Esparguette Continente 1 kg Plástico 2,79 0,900 228,2 0,0006 0,07% Salsichas Nobre 10 und. Aço 60,00 0,840 96,0 0,0058 0,69% Atum Bom Petisco 120g Aço 34,35 1,350 96,0 0,0033 0,24% Detergente em Pó Máquina Roupa Xtra 58 doses Papel 354,71 8,990 86,3 0,0306 0,34% Leite Magro UHT Matinal 1lt Ecal 26,83 0,790 129,4 0,0035 0,44% Iogurte aroma Longa Vida Nestlé 4x125g Plástico 17,87 1,290 228,2 0,0041 0,32% Água Luso 1,5lt Plástico 31,72 0,398 228,2 0,0072 1,82% Total Cabaz 19,003 0,0702 0,37% (1) Valores pesados em balanças certificadas em auditorias a embaladores 26 (2) Valores referenciados no site Continente online no dia 06.01.2010
Portugal - Embalagens PRINCIPAIS VARIÁVEIS FINANCEIRAS VALOR PONTO VERDE (VPV) ECOVALOR - Representa menos de 0,37% no valor total que o consumidor paga por um produto. Na França esse valor é de 0,39% e na Espanha é de 0,71%. RECEITAS VALOR DE RETOMA (VR): Valor obtido com a venda dos lotes de resíduos, triados pelos Sistemas Municipais de acordo com as Especificações Técnicas, aos Recicladores. VALOR PONTO VERDE (VPV) ECOVALOR: Valor a pagar pelo cliente Embalador/Importador, por Kg de material e categoria de embalagem dos produtos que colocou no mercado nacional pela transferência de responsabilidades para a SPV; CUSTOS 27 VALOR DE CONTRAPARTIDA (VC): O Valor de Contrapartida corresponde às contrapartidas financeiras que a SPV deve disponibilizar para compensar os Sistemas Municipais pelos custos acrescidos com as operações de coleta seletiva e/ou triagem dos resíduos de embalagem que estejam de acordo com as Especificações Técnicas da SPV;
Suiça - REEE
Responsabilidade Compartilhada art. 35 Sempre que houver coleta seletiva pelo PMGIRS, os consumidores são obrigados a: - Acondicionar adequadamente e de forma diferenciada os resíduos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução; - Disponibilizar adequadamente os resíduos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução. -O Poder Público municipal pode instituir incentivos econômicos para os consumidores que participam do sistema de coleta seletiva. 29
30 Reflexões Finais
Reflexões Finais 31 PNRS: importante avanço para continentais. um país de dimensões Destinação Final = principal problema, porém não o único desafio. Gestão de Resíduos Sólidos = Sistema integrado ações encadeadas e conectadas. Não há solução única e nem medida isolada. Planejar é fundamental, mas não basta. É preciso implementar soluções. Fundamental: mudar da gestão linear para sistema cíclico.
Reflexões Finais Setor de resíduos = Redutor potencial de emissões de GEE Emissões Globais Anuais de GEE no setor de resíduos municipais da Europa 1990 2007 69 milhões de toneladas de CO2 eq 32 milhões de toneladas de CO2 eq 32
Reflexões Finais O SETOR DE RESÍDUOS NEUTRO EM CARBONO Redução da geração; Reciclagem; Tratamento biológico; Aproveitamento energético; Recuperação dos gases de aterros; Substituição de combustível das frotas; etc 33
Reflexões Finais A TENDÊNCIA gestão de resíduos gestão de recursos 34
Obrigado! Carlos R V Silva Filho carlos@abrelpe.org.br