FERTILIDADE E MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO COM INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA SOB PLANTIO DIRETO

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Transcrição:

FERTILIDADE E MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO COM INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA SOB PLANTIO DIRETO Henrique Pereira dos Santos 1, 3 Renato Serena Fontaneli 1,4, Silvio Tulio Spera 2 e Leandro Vargas 1 1 Pesquisador da Embrapa Trigo. Caixa Postal 451, CEP 99001-970 Passo Fundo, RS. E-mail: hpsantos@cnpt.embrapa.br; renatof@cnpt.embrapa.br; vargas@cnpt.embrapa.br. 2 Pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril. Rua dos Jacarandás, 2.639, CEP 78550-003 Sinop, MT. E-mail: silviospera@embrapa.br. 3 Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. 4 Professor Titular da FAMV, Universidade de Passo Fundo - UPF. A melhoria da qualidade do solo tem sido observada pela inclusão de leguminosas nos sistemas de produção com integração lavoura-pecuária (SPILP), que irão favorecer a acumulação de C orgânico. Portanto, o uso de leguminosas para a reciclagem de nutrientes e aumento de N dos SPILPs pode ser uma estratégia para atingir uma agricultura sustentável. Assim, o uso de SPILPs que incluam a combinação de pastagens perenes, além de culturas anuais produtoras de grãos, podem ser os mais eficientes na manutenção das qualidades do solo favoráveis às plantas. Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de SPILPs, sob sistema plantio direto (SPD), após quinze anos de cultivo, com relação a fertilidade e matéria orgânica do solo. O experimento foi conduzido em Passo Fundo em um Latossolo Vermelho distrófico típico. Os tratamentos consistiram em cinco SPILPs: sistema I - trigo/soja, aveia branca/soja e ervilhaca/milho; sistema II - trigo/soja, aveia branca/soja e pastagem de aveia preta e ervilhaca/milho; sistema III - pastagens perenes da estação fria (festuca, trevo branco, cornichão); sistema IV - pastagens perenes da estação quente (pensacola, aveia preta, azevém, trevo vermelho, cornichão) e; sistema V - alfafa para feno. As parcelas semeadas com alfafa foram corrigidas com 6,0 t ha -1 (em 1994) e com 3,0 t ha -1 (em 1999) de calcário (PRNT 100%) para elevar o ph a 6,5. Em setembro de 2005 e em abril de 2008, foram coletadas amostras de solo compostas nas parcelas, em cada uma

das seguintes camadas: 0-5 cm; 5-10 cm; 10-15 cm e 15-20 cm. A fim de comparação, também foram coletadas amostras de solo, nas mesmas profundidades, em floresta subtropical, próxima ao local do experimento. As análises químicas (ph em água, P, K, matéria orgânica, Al e Ca e Mg) foram realizadas conforme Tedesco et al. (1995). O C orgânico acumulado no perfil do solo, em cada camada, foi calculado pela expressão: C acumulado = C*Ds*L, onde C acumulado corresponde ao C acumulado em Mg ha -1 ; C é o conteúdo de C em g kg -1 de solo; Ds é a densidade do solo em g cm -3 ; e L é a espessura da camada em centímetros (Corazza et al., 1999). O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com quatro repetições, sendo a área da unidade experimental igual a 400 m 2. Os SPILPs foram comparados, em cada propriedade química do solo, na mesma camada amostrada. As camadas foram comparadas no mesmo SPILPs. As médias dos SPILPs foram comparadas pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade de erro. Na avaliação de 2008, o ph do solo (Tabela 1), em todas as camadas e SPILPs, mostrou valores menores do que os encontrados nas mesmas camadas, em 2005, exceto na camada de 5-10 cm do sistema IV. Como o calcário havia sido aplicado somente antes da instalação do experimento (em 1985), constata-se que houve acidificação, principalmente na camada superficial do solo. Em 2008, houve diferença entre os valores de ph do solo dos SPILP, em três das quatro camadas estudadas. O sistema V, na camada de 0-5 cm, mostrou ph do solo maior do que os sistemas II, III e IV e foi igual ao sistema I. Na camada de 5-10 cm, o sistema V mostrou ph maior que nos sistemas I e III. Na camada de 15-20 cm, o sistema II manifestou ph mais elevado, em comparação ao sistema III. Os valores de Al do solo, em 2008 (Tabela 1), em todas as camadas dos SPILPs, foram mais elevados do que os observados, na avaliação de 2005, sendo, portanto, consequência da acidificação. Em 2008, não houve diferença do valor de Al, nas camadas de 0-5, de 5-10 e de 10-15 cm, entre os SPILPs, mas na camada de 15-20 cm, o sistema III mostrou maior valor de Al do que os sistemas I, II e IV. Porém, o solo da floresta subtropical (FST), não corrigido indicou valor de Al muito maior do que os dos SPILPs. Nos sistemas I, II, III e IV, o teor de Al foi maior na camada de 5-10 cm, enquanto que, no sistema V, não houve diferença no teor de Al entre as camadas.

O valor médio de Ca e de Mg do solo (Tabela 1), em todas as camadas dos SPILPs foram maiores que os níveis críticos (40 e 10 mmol c dm -3, respectivamente). Porém, na avaliação de 2008, os valores de Ca e Mg, em todas as camadas estudadas, foram menores do que o encontrado em 2005. Em 2008, o sistema V mostrou maior teor de Ca do que os demais SPILPs, nas três primeiras camadas estudadas, mas foi devido à aplicação de calcário, em 1994 e em 1999, somente nesse sistema V. Na camada de 15-20 cm, o sistema V mostrou inclusive, teor mais elevado de Ca, em razão da incorporação do calcário pelo revolvimento. Quanto ao Mg, o sistema V mostrou maior teor, em comparação ao sistema I, nas camadas de 0-5 a 10-15 cm. Já os sistemas I, II, II e IV não receberam aplicação de calcário por 8 anos, e isto explica por que os valores de Ca nas camadas destes sistemas são baixos. Nos sistemas I e III, os valores de Ca foram maiores na camada superficial (de 0-5 cm), enquanto que com o Mg, isso ocorreu somente no sistema III. Os teores de matéria orgânica do solo (MOS), observados em 2008, em todas as camadas e SPILPs foram iguais ou superiores aos registrados em 2005 (Tabela 1). Somente em 2008, o sistema V mostrou, nas camadas de 5-10 e de 10-15 cm, teor de MOS maior do que os sistemas I, II, III e IV, o que pode ser resultado da incorporação dos resíduos. Em todas as camadas, porém, o sistema V mostrou teor de MOS similar ao da FST. O teor de MOS foi maior na camada superficial em comparação às camadas mais profundas, na maioria dos SPILPs. O teor de P de solo, de 2008, nas camadas de 0-5 e de 5-10 cm (Tabela 1), em todos os SPILPs, foi superior ao valor considerado crítico (9,0 mg kg -1 ). Os teores de P, nos sistemas I, II e V, em todas as camadas, em 2008 foram maiores do que os encontrados em 2005. Os sistemas I, II e V mostraram, em 2008, nas camadas de 0-5 e de 5-10 cm, teores de P maiores que os dos sistemas III e IV. O teor de P dos SPILPs foi bem superior ao da FST nas camadas superficiais. O teor de P, em todos os SPILP, na camada de 0-5 cm, foram 3,1 e 5,3 vezes maiores que o teor da camada de 15-20 cm. Os teores de K do solo encontrados em 2008 (Tabela 1), em todas as camadas e nos sistemas I e II, situam-se nas faixas alto a muito alto, em relação ao nível crítico adequado às culturas (80 mg kg -1 ). Além disso, o teor de K dos sistemas I, III e V, em todas as camadas, mantiveram-se acima dos encontrados em 2005. Também em

2008, o sistema V mostrou teor de K mais elevado do que os sistemas II, III e IV, em todas as camadas estudadas. Todos os SPILP mostraram teor de K maior do que a FST, em todas as camadas estudadas, embora com diferença não significativa nas camadas de 5-10 a 15-20 cm, nos sistemas III e IV. Houve diferenças em teor de K entre as camadas dos SPILPs. Também ocorreu acúmulo de K na camada superficial. O teor de K, na camada de 0-5 cm foi de 1,7 a 2,7 vezes maiores que a concentração observada na camada de 15-20 cm. O valor do C acumulado, na avaliação de 2008 (sistema I: 110a g kg -3 ; sistema II: 95ab g kg -3 ; sistema III: 94ab g kg -3 ; sistema IV: 96ab g kg -3 ; sistema V: 104a g kg -3 ; e FST: 87b g kg -3 ), foi mais elevado do que o observado em 2005 (sistema I: 85a g kg -3 ; sistema II: 85a g kg -3 ; sistema: 86a g kg -3 ; sistema IV: 89a g kg -3 ; sistema V: 83a g kg -3 ; e FST: 75a g kg -3 ), na camada de 0-20 cm. Ocorreu, nesse caso, uma recuperação dos estoques de C em todos os SPILPs. Em 2008, os sistemas I e V mostraram, maior acúmulo de C no solo, em comparação à FST. Pelo observado, no período de condução deste estudo, os SPILPs tenderam a mostrar maior teor de C acumulado do que a FST. Ocorreu acidificação na camada superficial do solo, nos sistemas I, II, III e IV, evidenciada pelos menores valores de ph e maiores de Al, todavia, não houve reaplicação de calcário. Enquanto os valores de ph diminuíram de 2005 a 2008, os teores de MOS, de P e de K aumentaram. Ao mesmo tempo, houve redução nos teores de MOS, de P e de K à medida que aprofunda a camada de solo, observando-se o inverso, em relação ao ph. Finalmente, observou-se que ocorreu recuperação dos estoques de C em todos os SPILP após 15 anos do início do experimento. Referências bibliográficas CORAZZA, E.J. et al. Comportamento de diferentes sistemas de manejo como fonte ou depósito de carbono em relação à vegetação de cerrado. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.23, p.425-432, 1999. TEDESCO, M.J. et al. Análise de solos, plantas e outros materiais. 2.ed. rev. e ampl. Porto Alegre, UFRGS, 1995. 174p. (Boletim Técnico, 5.).

Tabela 1. Valores médios de ph em água, Al, Ca, Mg, matéria orgânica, P e K, avaliados após as culturas de verão, em 2005 e em 2008, em quatro camadas de solo, em cinco sistemas de produção com integração lavourapecuária (SPILP) e em floresta subtropical. Passo Fundo, RS. 2005 2008 Sistemas Camada (cm) de rotação 0-5 5-10 10-15 15-20 0-5 5-10 10-15 15-20 PH (água 1:1) Sistema I 5,43 bb 5,44 bb 5,86 aa 6,05 aa 5,30 abc 5,30 bc 5,59 ab 5,87 aba Sistema II 5,33 bc 5,42 bc 5,83 ab 6,07 aa 5,26 bb 5,38 abb 5,76 aa 5,99 aa Sistema III 5,32 bc 5,38 bc 5,80 ab 6,00 aa 5,16 bb 5,19 bb 5,46 aa 5,59 ba Sistema IV 5,37 bc 5,30 bc 5,68 ab 5,99 aa 5,28 bc 5,33 abc 5,55 ab 5,78 aba Sistema V 5,70 aa 5,81 aa 5,94 aa 5,98 aa 5,48 ac 5,53 abc 5,69 aab 5,81 aba Floresta 5,00 ca 4,78 ca 4,60 ba 4,65 ba 4,95 ca 4,45 cb 4,75 bb 4,70 cb Alumínio (mmol c dm -3 ) Sistema I 1,96 bb 4,28 ba 1,02 bb 0,48 bb 3,85 bb 6,53 ba 3,95 bb 1,78 cc Sistema II 2,72 bb 4,87 ba 1,56 bbc 0,37 bc 5,51 bab 7,19 ba 3,60 bbc 1,88 cc Sistema III 3,49 bab 5,23 ba 1,43 bb 0,88 bb 7,18 bb 10,62 ba 8,27 bab 7,23 bb Sistema IV 1,93 bb 4,64 ba 2,40 bb 0,57 bc 5,13 bb 7,94 ba 4,54 bbc 2,05 cc Sistema V 1,15 ba 1,88 ba 2,63 ba 3,71 ba 3,47 ba 5,49 ba 4,52 ba 4,31 bca Floresta 12,68aC 23,38 ab 33,18aA 33,28aA 11,00 ab 31,17 aa 31,30 aa 30,60 aa Cálcio (mmol c dm -3 ) Sistema I 48 bcb 44 bc 51 bab 54 aa 43 ba 38 bb 44 ba 47 aba Sistema II 45 cc 41 bc 50 bb 55 aa 42 bbc 38 bc 46 bab 50 aba Sistema III 49 bcbc 47 bc 53 bab 56 aa 41 ba 37 bb 41 ba 42 ba Sistema IV 55 aba 44 bc 50 bb 55 aa 44 bbc 41 bc 46 bab 50 aba Sistema V 63 aa 62 aa 64 aa 62 aa 54 aa 52 aa 54 aa 54 aa Floresta 42 ba 23 cb 12 cb 10 bb 53 aa 19 cb 15 cb 13 cb Magnésio (mmol c dm -3 ) Sistema I 23 bb 22 bcb 26 aa 27 aa 21 bcbc 19 bc 22 bab 24 aa Sistema II 22 bc 21 cc 24 ab 26 aa 20 cb 20 bb 23 aba 25 aa Sistema III 26 aba 26 aba 28 aa 28 aa 23 abca 21 bb 22 ba 23 aa Sistema IV 28 aa 24 abcb 27 aa 28 aa 25 abab 23 abb 25 abab 27 aa Sistema V 28 aa 28 aa 29 aa 29 aa 27 aa 26 aa 27 aa 27 aa Floresta 22 ba 14 db 8 bb 8 bb 24 abca 11 cb 9 cbc 7 bc Matéria Orgânica (g kg -3 ) Sistema I 36 ca 27 abb 23 ac 22 ac 45 bca 32 bb 27 bc 25 bc Sistema II 37 bca 27 bb 23 ac 22 ac 42 ca 30 bb 26 bc 25 bc Sistema III 39 abca 28 abb 24 ac 23 ac 46 bca 33 bb 27 bc 26 abc Sistema IV 42 aba 31 ab 24 ac 22 ac 45 bca 31 bb 27 bb 28 abb Sistema V 35 ca 27 abb 25 abc 24 ac 49 aba 38 ab 32 ac 29 abc Floresta 44 aa 30 abb 25 ab 25 ab 53 aa 35 abb 33 ab 31 ab Fósforo (mg kg -3 ) Sistema I 27,8bcA 30,1 aa 13,6 ab 8,0 ab 38,0 aba 36,6 aa 19,2 ab 8,1 abc Sistema II 38,0 aa 37,9 ba 14,0 ab 7,4 ab 48,6 aa 38,1 aa 17,0 abb 9,2 abb Sistema III 21,3 ca 20,6 ba 11,2 ab 7,6 ab 29,4 ba 18,2 bb 11,0 abcc 6,9 abc Sistema IV 24,9bcA 20,6 ba 12,2 ab 6,1 ac 26,9 ba 14,4 bcb 7,9 bcb 7,9 abb Sistema V 31,7abA 20,9 bb 10,7 ac 7,0 ac 48,9 aa 34,2 ab 20,7 ac 15,9 ac Floresta 3,6 da 2,4 ca 2,2 aa 2,1 ba 4,5 ca 2,8 cb 2,5 cb 2,1 bb Potássio (mg kg -3 ) Sistema I 229 aa 167 ab 131 abc 108 ac 242 aba 180 bb 148 abbc 123 abc Sistema II 202 aa 169 aa 126 ab 92 ac 211 ba 163 bb 123 bc 102 bc Sistema III 93 ba 67 bb 48 bb 49 bb 148 ca 68 cb 63 cc 55 cc Sistema IV 130 ba 98 bb 72 bbc 51 bc 136 cda 76 cb 59 cb 53 cb Sistema V 228 aa 200 aa 145 ab 93 ac 280 aa 227 ab 169 ac 161 ac Floresta 117 ba 67 bb 44 bbc 36 bc 93 da 46 cb 31 cc 27 cc I: trigo/soja, aveia branca/soja e ervilhaca/milho; II: trigo/soja, aveia branca/soja pastagem de aveia preta + ervilhaca/milho; III: trigo/soja, aveia branca/soja e ervilhaca/milho após pastagem perene de inverno; IV: trigo/soja, aveia branca/soja e ervilhaca/milho após pastagem perene de verão; e V: trigo/soja, aveia branca/soja e ervilhaca/milho após alfafa. Médias seguidas da mesma letra minúscula, na vertical, entre SPILP e a mesma letra maiúscula, na horizontal, entre as profundidades, para todos os SPILP, não mostram diferenças, pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade de erro.