Brasil Inserção nos Fluxos Dinâmicos do Comércio Renato Baumann

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Transcrição:

Brasil Inserção nos Fluxos Dinâmicos do Comércio Renato Baumann IPEA e UnB Apresentação na FIESP, 02/12/2015

Diagnóstico da situação atual

Alguns Pontos Básicos - Cenário Interno 1. O parque industrial é diversificado 2. País é competitivo na produção de commodities, mas isso tem afetado a taxa de câmbio real 3. Preocupação com a baixa competitividade industrial e perda gradual de mercado 4. Desvalorização cambial recente é positiva, mas não suficiente 5. Custo do acesso a insumos importados permanece elevado

Pontos Básicos - Cenário Externo 1. Competitividade industrial crescentemente associada à produção de tipo fragmentado; Brasil participa pouco desse processo 2. Brasil tem presença em cadeias de valor, mas de forma secundária 3. Risco potencial de perda adicional de competitividade pelos mega-acordos recentes, dos quais o Brasil não participa 4. Não é claro se continua vigente a lógica de vantagens comparativas a partir de valores transacionados: importância crescente do Valor Adicionado 5. Apesar disso: país representa 2% das exportações mundiais => há 98% a serem explorados!

Produção fragmentada -> forte relação com dimensão regional É possível desenvolver mecanismo semelhante na América do Sul?

Desafio na América do Sul: Aliança do Pacífico Chile, Colômbia, Peru e México (mais 42 países observadores inclusive Paraguai e Uruguai) Em conjunto as 4 economias formam um PIB igual a 90% do PIB brasileiro 3 países membros da Aliança (Chile, México, Peru) também participam da TPP Transpacific Partnership

Efeitos para o Brasil Copo meio vazio` Perder (ainda mais) mercado para produtos asiáticos e participação na Ásia Perder oportunidade de criar encadeamentos produtivos na região Perder liderança` regional [impactos sobre, p.ex., candidatura ao Conselho de Segurança] Copo meio cheio` Percepção de que os parceiros asiáticos têm maior interesse na economia brasileira e na interação dos vizinhos com a economia brasileira Reconhecimento do potencial limitado de complementaridade produtiva sem a economia brasileira

Necessidade de postura mais pró-ativa Como identificar se é possível promover complementaridade produtiva aqui?

O instrumento mais usado para isso é a Matriz de Insumo-Produto (MIP)

Projeto IPEA Potencial de complementaridade produtiva na América do Sul` Construção da Matriz de Insumo-Produto da América do Sul Dez países Em conjunto com a CEPAL e a OCDE

Matriz insumo-produto regional 40 Setores = totalmente compatível com o Projeto TiVA, da OCDE Versão atual: 8 países sul-americanos (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Peru, Uruguai e Venezuela) Matriz de 320 x 320 = 102400 células Está sendo incorporado o Paraguai

Há quem pense que no âmbito regional o potencial de complementaridade é nulo MIP 0 0 0 0 0 0 0 Argentina MIP 0 0 0 0 0 0 0 Brasil MIP Bolivia 0 0 0 0 0 0 0 0 MIP Chile MIP 0 0 0 0 0 0 0 Colômbia MIP Peru MIP 0 0 0 0 0 0 0 Uruguai MIP Venezuela 0 0 0 0 0 0 0 0

O que a Matriz IPEA-CEPAL mostra é que esses números não são todos iguais a zero Isto é Existe um potencial de complementaridade Cabe explorar as possibilidades para a criação de cadeias produtivas regionais

Um primeiro resultado desse projeto foi identificar as importações por setores em cada país e ver o que poderia ser satisfeito por produtos da região Uma primeira aproximação ao que seria o potencial de complementaridade` na América do Sul

Para o Brasil, se o que se importa fosse suprido pelos vizinhos: Importações brasileiras desde países vizinhos sul-americanos em 2009-2012 (US$ milhões) Argentina Bolivia Chile Colombia Equador Paraguai Peru Uruguai Venezuela 15028,2 2553,8 3908,7 1145,6 109,6 766,8 1160,2 1679,9 980 Potencial de complementaridade (US$ milhões) 7487,0 262,0 4946,9 6268,6 1720,9 104,6 3495,0 418,1 179,5 Impacto sobre comércio bilateral (%) 50% 10% 127% 547% 1570% 14% 301% 25% 18%

Com efeitos sobre setores variados Valor (US$ milhões) Argentina Bolivia Chile Colombia Equador Paraguai Peru Uruguai Venezuela Produtos alimentícios: trigo e derivados, inclusive massas 82,5 1,2 9,3 55,2 1,3 0,1 55,1 3,9 0,1 Produtos alimentícios: açúcar e produtos de confeitaria 258,4 0,2 44,4 254,0 16,8 0,2 15,0 7,0 0,1 Outros produtos alimentícios 332,0 0,1 440,0 93,3 71,0 1,4 121,8 16,0 1,7 Bebidas 716,7 2,5 1307,6 27,0 67,1 0,7 40,7 4,2 9,1 Têxteis 15,8 4,2 57,9 101,6 5,9 0,5 95,1 8,8 0,0 Vestuário 35,2 29,8 106,7 276,3 5,4 17,5 894,8 2,6 0,9 Calçados 26,3 2,3 108,0 77,4 11,2 4,9 16,0 1,3 0,1 Madeira e produtos de madeira e cortiça 9,1 0,4 11,8 1,5 15,7 0,3 2,1 0,7 0,1 Papel, papelão, impressão e publicação 246,9 0,4 111,9 353,7 27,4 1,6 123,2 34,7 1,0 Combustíveis: coque, petróleo refinado e nuclear 241,1 31,0 498,5 2564,2 792,4 0,0 1213,6 6,3.. Outros produtos químicos 2048,9 5,3 117,3 521,7 38,9 9,0 127,9 27,6 13,5 Farmacêuticos 434,9 1,7 96,7 319,0 32,4 29,5 23,3 61,4 15,9 Borracha e plásticos 336,6 1,6 512,9 439,7 116,2 13,9 359,4 39,8 18,7 Produtos de minerais não-metálicos 52,4 3,2 38,7 169,5 9,6 6,2 88,0 3,5 1,8 Ferro e aço 5,5 0,1 2,9 0,8 0,2... 1,1 0,0 0,7 Produtos de metais não-ferrosos 9,7 0,0 5,8 22,5 6,6 0,0 1,9 0,3 14,9 Produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos 170,6 0,7 171,7 109,8 17,7 0,5 36,3 3,9 15,0 Máquinas e equipamentos, exceto máquinas elétricas 782,3 0,4 316,1 196,3 35,6 0,8 89,9 52,8 35,0 Máquinas de escritório, contabilidade e computadores 21,8 0,0 103,2 10,5 3,7 1,1 9,7 1,4 3,3 Máquinas e aparelhos elétricos 186,8 2,5 184,5 291,7 125,5 1,4 49,8 41,6 18,8 Equipamentos de rádio, televisão e comunicação 20,9 0,0 109,8 45,4 5,1 1,5 16,4 2,5 1,7 Instrumentos de precisão, ópticos e médicos 59,1 0,3 26,3 29,1 11,2 0,5 6,5 6,7 9,8 Veículos motorizados, trailers e semitrailers 959,0... 363,2 133,5 279,7 0,2 2,4 20,4 13,7 Indústria aeronáutica e espacial 360,5 110,3 51,8 0,9 0,1 5,4 4,5 1,4.. Outros equipamentos de transporte 1,4... 8,9 24,9 5,7 0,0 1,0 0,0 1,7 Outras manufaturas não especificadas; indústria de reciclagem 72,8 63,6 141,0 149,1 18,6 7,4 99,7 69,1 2,1 Total 7487,0 262,0 4946,9 6268,6 1720,9 104,6 3495,0 418,1 179,5

É preciso:. vontade política para definir o processo de inserção internacional da economia brasileira de maneira mais eficiente. orientar a política econômica de modo favorável a uma inserção internacional mais efetiva e sustentável

A agenda de políticas curto prazo Melhora nas condições de facilitação de negócios Melhora no acesso a insumos importados Ampliar as margens de preferências comerciais, via acordos com terceiros países Melhora na política tributária Ajuste na legislação trabalhista?

A agenda de políticas médio prazo Melhora na infraestrutura Melhora no setor de serviços basicamente iniciativa privada Melhora na educação Redução de outros componentes do custo Brasil